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LUIS MARTINS DE OLIVEIRA " COORDENADOR TERCEIRO SETOR CaRACTERISTICAS E GESTAO CENOFISCO Centro de Orientagao 1. As Entidades do Terceiro Setor Sumirio: 1.1. Introdugdo; 1.2. Aspectos da constituigtio legal de uma entidade do terceiro setor; 1.3. Importancia das entidades do terceiro setor; 1.4. As caracteris- ticas das entidades do terceiro setor ¢ das organizagdes nao governamentais sem fins lucrativos; 1.5. Terminologias existentes no Brasil para caracterizar as entida- des do terceiro setor; 1.6. Formas de constituicao legal. 1.1, Introducéo O objetivo principal deste livro é estudar algumas das ca- racteristicas das entidades do terceiro setor, apresentar modelos de um sistema contabil, formas para captacdo de recursos e de pres- tagao de contas, ferramentas disponiveis para o aprimoramento da gestao financeira, além de aspectos envolvendo a auditoria e a go- vernanga corporativa. Constituido por associagées e entidades sem fins lucrati- vos, 0 termo é de origem americana, Third Sector, muito utiliza- do nos Estados Unidos, sendo que o Brasil utiliza a mesma deno- minacio. As entidades do terceiro setor realizam seus trabalhos em atividades situadas entre os setores estatais (governo, o primeiro se- tor) ¢ o setor empresarial (conjunto de empresas, 0 segundo setor). As empresas sao movidas pelo lucro, que é 0 combustivel principal para a busca constante da eficiéncia ¢ eficdcia no ambien- te das corporagées. Boa parte delas possui modernos programas de participa¢ao dos diretores e demais colaboradores nos lucros anuais, que é a marca registrada do capitalismo, 0 que garante 0 comprome- timento dos envolvidos no negécio. 18 Terceiro Setor: Caracteristicas e Gestio O principal papel do Estado, por sua vez, ¢ oferecer as garan- tias constitucionais, para as empresas e pessoas fisicas, de protegao da soberania nacional, ao mesmo tempo cuidar da elaboragao, execugao e fiscalizacaio das normas legais para a arrecadagao e aplicagio dos tri- butos. Em suma, a principal fungao do Estado ¢ atender as necessida- des da comunidade e dos interesses sociais da coletividade, procurando proporcionar o bem-estar da populagio, além da gesto das organiza- ges estatais ¢ regulamentagio dos setores estratégicos da nagao. Nos paises desenvolvidos e ricos, esse atendimento é bas- tante satisfatério. Em paises pobres ou em desenvolvimento, como regra geral, o Estado nao tem condigdes de atender a todas as de- mandas sociais que surgem de todos os lados e a toda hora, seja nos aspectos quantitativos ou qualitativos. Dai que, para preencher as lacunas pelo poder publico, sur- giram as entidades do terceiro setor em diversas areas: satde, reli- giosas, assisténcia social, educagao, nos esportes etc. FIGURAL COMO SAO CLASSIFICADOS OS SETORES QUE COMPOEM A SOCIEDADE 1.2. Aspectos da Constituigio Legal de uma Entidade do Terceiro Setor O Codigo Civil, Lei n2 10.406/2002, em seu art. 44, defi- ne que as pessoas juridicas de direito privado s&o as que atendem a classificagao abaixo: Art. 44. Sao pessoas juridicas de direito privado: As Entidades do Terceiro Setor 19 I~as associacées; Il ~as sociedades; Ill ~as fundagdes; IV ~ as organizagées religiosas; (Incluido pela Lei n° 10.825, de 22/12/2003) V — 0s partidos politicos; (Incluido pela Lei n® 10.825, de 22/12/2003) VI —as empresas individuais de responsabilidade limitada. (In- cluido pela Lei n? 12.441, de 2011) § 1° Sao livres a criagdo, a organizagao, a estruturagao interna & o funcionamento das organizagées religiosas, sendo vedado ao poder ptiblico negar-thes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessarios ao seu funcionamento. (Incluido pela Lei n® 10.825, de 22/12/2003) § 22 As disposigdes concernentes subsidiariamente as sociedades que so objeto do Livro II da Parte Especial deste Cédigo. (Incluido pela Lei n° 10.825, de 22/12/2003) associagdes aplicam-se § 3° Os partidos politicos sero organizados e funcionarao con- forme o disposto em lei especifica, (Incluido pela Lei n® 10.825, de 22/12/2003) Ainda, segundo 0 Codigo Civil (Lei n¢ 10.406/2002): — As associagées podem ser definidas como a unido de pessoas para fins ndo econémicos (art. 53); — As fundagées constituem-se em patriménio designado por instituidor, para fins especificos, sendo somente per- mitidos fins religiosos, morais, culturais ou de assistén- cia (art. 62), devendo ser veladas pelo Ministério Pti- blico (art. 66). Para criagao de uma associagao ou fundacao pertencente ao terceiro setor, seus fundadores devem observar alguns procedimen- tos legais e formais especificos relativos a esse setor. 20 Terceiro Setor: Caracteristicas e Gestao Elaboracio do Estatuto Social da Entidade Inicialmente, devem se reunir os fundadores, os dirigentes e os demais interessados na criagdo da entidade, a fim de serem ex- plicitados os objetivos desta, sua importancia, divisdo de tarefas ¢ responsabilidades. Tais itens devem ser formalizados no estatuto so- cial da entidade, o qual sera analisado, discutido e aprovado em as- sembleia geral. Seguem os itens essenciais que devem constar nos es- tatutos, sob pena de nulidade, de acordo com o art. 54 da Lei n? 10.406/2002: Art. $4.[...] 1a denominagiio, os fins ¢ a sede da associagao; Il — 0s requisitos para a admissio, demissio ¢ exclusdo dos as- sociados; II 0s direitos e deveres dos associados; TV ~as fontes de recursos para sua manutengdo; V —o modo de constituigio e de funcionamento dos érgaos deli- berativos; (Redagao dada pela Lei n® 11.127, de 2005) VI-—as condigdes para a alteractio das disposiges estatutarias € para a dissolugao; VII —a forma de gestio administrativa e de aprovagao das res- pectivas contas. (Inclufdo pela Lei n® 11.127, de 2005) A partir da confecgao do estatuto e seu registro em cartorio, prece- dido de assinaturas e documentos acessdrios, inicia-se 0 registro nos demais 6rgaos governamentais, reguladores e cadastrais, tais como: Receita Federal, Prefeitura, Instituto Nacional do Seguro Social, Caixa Econémica Federal, sindicato da categoria, dentre outros, os quais devem ser consultados/verificados antes da constituicdo. A criagao de uma fundagao depende da dotagio, por meio de testamento ou escritura publica, de bens livres, especificando a finalidade e, conforme desejo do instituidor, a maneira como sera administrada. As Entidades do Terceiro Setor 21 Os arts. 62 a 69 do Codigo Civil tratam das fundag6es: Art. 62. Para criar uma fundagao, o seu instituidor fara, por es- critura publica ou testamento, dotagao especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser a maneira de administré-la. Pardgrafo ‘inico. A fundagaio somente podera constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assisténcia, Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundagiio, os bens a ela destinados serao, se de outro modo nao dispuser o insti- tuidor, incorporados em outra fundagio que se proponha a fim igual ou semelhante. Art, 64. Constituida a fundagao por negécio juridico entre vivos, 0 instituidor € obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se nao o fizer, sero regis- trados, em nome dela, por mandado judicial Art, 65. Aqueles a quem 0 instituidor cometer a aplicagao do patriménio, em tendo ciéncia do encargo, formulario logo, de acordo com as suas bases (art. 62), 0 estatuto da fundacao pro- jetada, submetendo-o, em seguida, 4 aprovagao da autoridade competente, com recurso ao juiz. Paragrafo unico. Se o estatuto nao for elaborado no prazo assi- nado pelo instituidor, ou, nao havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbéncia cabera ao Ministério Piiblico. Art. 66, Velaré pelas fundagdes o Ministério Publico do Estado onde situadas. § 1° Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Territério, cabe- ra 0 encargo ao Ministério Piblico Federal. § 22 Se estenderem a atividade por mais de um Estado, cabera 0 encargo, em cada um deles, ao respective Ministério Publico. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundacao ¢ mister que a reforma: I —seja deliberada por dois tergos dos competentes para gerir e representar a fundagao; II— nao contrarie ou desvirtue o fim desta; III —seja aprovada pelo érgio do Ministério Ptiblico, ¢, caso este a denegue, poder o juiz supri-la, a requerimento do interessado. 22 Terceiro Setor: Caracteristicas e Gestio Art. 68. Quando a alteragdo niio houver sido aprovada por vo- tagdio undnime, os administradores da fundagao, ao submeterem o estatuto ao drgtio do Ministério Puiblico, requererdo que se dé cigncia 4 minoria vencida para impugné-la, se quiser, em dez dias. Art. 69, Tornando-se ilicita, impossivel ou inttil a finalidade a que visa a fundagio, ou vencido o prazo de sua existéncia, 0 dr- gio do Ministério Puiblico, ou qualquer interessado, Ihe promo- verd a extingdo, incorporando-se o seu patriménio, salvo dispo- sigo em contrario no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundagao, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. Autenticagio dos Atos Constitutivos no Cartério de Registro Civil de Pessoas Juridicas Elaborado o estatuto social da entidade, este deve ser auten- ticado no Cartério de Registro Civil de Pessoas Juridicas, juntamen- te com seus demais atos constitutivos, livros de Atas, por exemplo, dando a entidade o status legal. Logo em seguida, a entidade deve requerer seu Cadastro Nacional da Pessoa Juridica (CNPJ) junto 4 Receita Federal. Para isso, basta procurar uma delegacia regional da Secretaria da Re- ceita Federal, com todos os documentos registrados em cartério, autenticados e carimbados e os documentos do responsdvel pela entidade. Obtencao da Declaracao de Utilidade Publica Devera ser solicitado, 4 Presidéncia da Republica, por inter- médio do Ministério da Justiga, pedido de Declaragao de Utilidade Publica, que, entre as vantagens, propicia 0 acesso a verbas ptblicas, isengdio de contribuigao ao INSS e captagao de donativos. A entidade devera preencher os seguintes requisitos para obtengiio do referido certificado: — constituir-se no Brasil; — ter personalidade juridica; As Entidades do Terceiro Setor 23 — estar em efetivo e continuo funcionamento, nos trés anos imediatamente anteriores, com a exata observancia dos estatutos; — nao remunerar, por qualquer forma, os cargos de direto- ria, conselhos fiscais, deliberativos ou consultivos e nado distribuir lucros, bonificagdes ou vantagens a dirigen- tes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto; — comprovadamente, mediante a apresentagao de relaté- rios circunstanciados dos trés anos de exercicio ante- riores 4 formulagao do pedido, promover educagio ou exercer atividades de pesquisas cientificas, culturais, in- clusive artisticas, ou filantrépicas, estas de cardter geral ou indiscriminado, predominantemente; — seus diretores possuirem folha corrida e moralidade comprovada; — obrigar-se a publicar, anualmente, a demonstragao da re- ceita e despesa realizada no periodo anterior, desde que contemplada com subvengao por parte da Unido, nesse mesmo periodo. Esse certificado sera um dos requisitos exigidos para que a entidade obtenha, junto ao Ministério ao qual estiver vinculada, a Cer- tificagdo de Entidades Beneficentes de Assisténcia Social (Cebas), que autoriza a isengdo da cota patronal da contribuigdo previdenc tia, de acordo com a atividade principal da organizagao, podendo ser: — assisténcia social — Ministério do Desenvolvimento So- cial e Combate 4 Fome; — satide — Ministério da Satide; — educagao — Ministério da Educagao. O art. 3° do Decreto n® 8.242/2014 relaciona a documenta- cdo necessaria para obtencao do respectivo certificado: Art. 3° A certificagdo ou sua renovagio sera concedida a enti- dade que demonstre, no exercicio fiscal anterior ao do requeri- 24 Terceiro Setor: Caracteristicas e Gestao mento, o cumprimento do disposto nos Capitulos 1a IV deste Ti- tulo, isolada ou cumulativamente, conforme sua area de atuagao, e que apresente os seguintes documentos: I — comprovante de inscrigao no Cadastro Nacional de Pessoa Juridica ~ CNPJ; I — copia da ata de eleigao dos dirigentes e do instramento com- probatorio de representagao legal, quando for o cas III — copia do ato constitutivo registrado, que demonstre o cumprimento dos requisitos previstos no art. 3° da Lei n® 12.101, de 2009; IV — relatério de atividades desempenhadas no exercicio fiscal anterior ao requerimento, destacando informagées sobre o publi- co atendido e os recursos envolvidos; V — balango patrimonial; V1 — demonstragao das mutagdes do patriménio liquido; VII — demonstragio dos fluxos de caixa; ¢ VIII — demonstragao do resultado do exercicio ¢ notas explica- tivas, com receitas ¢ despesas segregadas por Area de atuagao da entidade, se for o caso 13. Importancia das Entidades do Terceiro Setor No mundo todo, as entidades do terceiro setor, compreen- dendo as pessoas fisicas e juridicas, assumem cada vez mais papel relevante no processo de transformagao das sociedades, na incansa- vel busca do ser humano por um mundo melhor e com menos injus- tigas sociais. O conjunto dessas entidades representa parte representati- va do Produto Interno Bruto (PIB) em boa parte das nagdes. Cria- das com objetivos predeterminados, atuam no sentido de suprir ou complementar as atividades do poder publico de solidariedade so- cial, em que essas agdes estatais nado se fazem suficientes ou com- pletas para: — eliminar a miséria ou a pobreza de parte da comunidade; As Entidades do Terceiro Setor 25 melhorar as condigées de satide e atendimento das pes- soas carentes e que necessitam de servigos médicos, odontolégicos, ambulatoriais, hospitalares etc., muitas vezes servigos de alto custo, inacessiveis para boa parte da comunidade, principalmente os moradores de peque- nas cidades, vilarejos e comunidades; oferecer escolas gratuitas de boa qualidade para 0 ensino nos diversos niveis, para a preparacao das criangas, ado- lescentes e alunos de cursos superiore: prestar servicos nas areas de artes (teatro, exposigdes culturais, filmes, concertos etc.), esportivas ¢ recreativas etc., em que também o segundo setor nao atua, por di- Versos motivos, ou a um custo inacessivel, mesmo para a classe média. O objetivo das associagdes e entidades é chegar a locais on- de o Estado nao consegue, ou nao tem recursos suficientes, promo- vendo ages sociais e solidarias, visando a prestagio de assisténcia e ajuda aos menos favorecidos, assumindo, portanto, um papel fun- damental na sociedade. As associagées e as fundagées sao as formas juridicas de se constituir uma entidade do terceiro setor, e as nomen- claturas mais encontradas que o compdem sao: organizagdes nao governamentais (ONGs); associacao de pessoas fisicas; associagao de moradores; sociedades amigos de bairros; defensoras do meio ambiente; incentivadoras de educagao, esporte, ciéncia, tecnologia etc.; entidades de assisténcia social; creches; abrigos; 26 Terceiro Setor: Caracteristicas e Gestao — asilos ou casas de repouso; — fundagédes; — amparo a criangas com caréncias; — portadoras de deficiéncias; — preservadoras e defensoras; — meio ambiente; — cultura; — tradigdes populares; — artes etc. Configura, portanto, uma jungao entre o primeiro e o se- gundo setor, visando a resolver as caréncias deixadas pelo governo (primciro setor) ou pelas empresas (segundo setor) no atendimento as necessidades da populagaio, em uma relagao conjunta, proporcio- nando, a sociedade, a melhoria na qualidade de vida, atendimento médico, eventos culturais, campanhas educacionais, entre tantas ou- tras atividades. 1.4. As Caracteristicas das Entidades do Terceiro Setor e das Organizagées nto Governamentais sem Fins Lucrativos O conjunto das entidades do terceiro setor (organizacdes nao governamentais - ONGs) ¢ constituido por organizagGes priva- das, sem fins lucrativos, que desempenham ages de carater publi- co, arrecadando e investindo recursos (sob a forma de dinheiro e/ou materiais) pblicos e privados para finalidades publicas, que sao as metas de melhoria dos padrées sociais, culturais, educacionais, aten- dimentos médicos € sanitarios de uma comunidade. As entidades sem fins lucrativos assumem, no mundo mo- derno, um papel muito relevante na sociedade. Sao as grandes res- ponsaveis pela captagdo de recursos doados pelo poder piblico ¢ pela sociedade — pessoas fisicas e juridicas — e direcionamento de As Entidades do Terceiro Setor a7: tais recursos para investimentos na realizacao de atividades que pro- curam o bem-estar de uma determinada sociedade. A jornalista Fabiane Stefano publicou uma estimativa do total arrecadado pelas instituigdes humanitarias no mundo e dos re- cursos doados por regiao, em 2011, como segue, chegando a impres- sionante cifra de 136 bilhdes de délares: Regifio Percentual % | Bilhdes de délares Africa 37 50,320 Asia 28 38,080 Américas. 8 10.880 Europa 4 5,440 Oceania 2 2,720 DoagGes nao especificadas por regio 21 28,560 Total 100 136,000 Fonte: STEFANO, Fabiane. A ajuda que nao ajuda. Exame, Sado Paulo: Abril, p. 121, 6 fev. 2011. Estima-se que, atualmente, 1,3 bilhdo de pessoas vivem ao redor do mundo com menos de 1,25 dolar por dia. Desperdicios e ineficiéncias, tais como: rotinas burocratizadas na prestagao de tra- balhos humanitarios, falta de coordenacao nas operacées, nos gastos descontrolados dos recursos captados, na crescente corrupgao e des- vios de verbas, desmazelos de todos os niveis etc., levam ao descré- dito na atuacao de boa parte das entidades do terceiro setor. No Brasil, a situago também ¢ critica. De acordo com artigo de Joao Carlos Magalhaes,' 0 mimero de miseraveis reconhecidos em cadastro pelo governo chega proximo de 22,3 milhdes. E 0 que reve- lam dados produzidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate 4 Fome, com base no Cadastro Unico, que retine informa- ges de mais de 71 milhdes de beneficidrios de programas sociai: O mundo das ONGs ¢ extremamente heterogéneo. Ha orga- nizagées sérias, conduzidas por profissionais de varios setores que ' MAGALHAES, Jot Carlos. Indicador defasado ‘esconde’22 milhdes de mi- serdveis do pais. Disponivel em: . Acesso em: 19 maio 2013. 28 Terceiro Setor: Caracteristicas e Gestaio sabem o que estio fazendo. Também ha equipes bem-intenciona- das que fazem tudo errado, com as melhores das intengdes. E existe também a turma dos desonestos e mal-intencionados que procura se aproveitar do drama e da desgraga alheios para faturar e levar vanta- gens financeiras de formas ilicitas. Essas atividades podem ocorrer sob a forma de carater artis- tico, beneficente, filantropico, religioso, cultural, educacional, cien- tifico, literario, recreativo, de protecdo ao meio ambiente, esportivo e muitos outros servicos de cunho social, como seguem: Entidades — De carater beneficente, filantrépico e caritativo — Deassisténcia a saiide — Religiosas — De carater educacional, cultural, instrutivo, cientifico, artistico e literario — De cardter recreativo ¢ esportivo — Sindicais — Associagdes de classe —_ Sociedades cooperativas Fonte: OLAK, Paulo Arnaldo; NASCIMENTO, Diogo Toledo do. Contabilidade para entidades sem fins lucrativos (terceiro setor). 3. ed. Sao Paulo: Atlas, 2010. p.9. Tais entidades, associagées de classe e cooperativas contri- buem, dessa forma, significativamente, para o desenvolvimento eco- némico, social e politico de uma comunidade, principalmente nos paises mais pobres, pois realizam intmeras atividades que deveriam ser de responsabilidade do poder publico, mas que, por inumeras ra- zoes, este nao consegue atender. As principais caracteristicas podem assim ser resumidas: AS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DE UMA ENTIDADE DO TERCEIRO SETOR Objetivos institucionais Provocar mudangas sociais Principais fontes de recursos finan- | Doagées, contribuigdes, subvengdes e pres- ceiros € materiais tagiio de servigos comunitarios Meio para atingir os objetivos institucionais Lucro * © nao um fim As Entidades do Terceiro Setor 29 Objetivos institucionais Provocar mudangas sociais ae Nao ha participagao/distribuigaio aos prove- Patriménio/resultados ee Aoachael dores Aspectos fiscais e¢ tributarios Normalmente sao imunes ou isentos Dificil de ser mensurado monetaria e eco- Mensuragao do resultado social nomicamente Fonte: OLAK, Paulo Arnaldo; NASCIMENTO, Diogo Toledo do. Contabilidade para entidades sem fins lucrativos (terceiro setor). 3. ed. S80 Paulo: Atlas, 2010. p. 7. 1.5. Terminologias Existentes no Brasil para Caracterizar as Entidades do Terceiro Setor Sao utilizadas, em nosso pais, diversas terminologias enten- didas como sinénimas, as quais podem confundir a sociedade como um todo e os doadores de modo especifico: — Organizagdes nao governamentais (ONGs); — Organizagées sociais (OSs);? — Organizagées filantrépicas; — Organizagdes da Sociedade Civil de Interesse Publico (Oscips);> — Organizagées beneficentes; — Organizagées religiosas. 1.6. Formas de Constituicéo Legal As entidades sem fins lucrativos que integram 0 terceiro setor originam-se, quase sempre, a partir de movimentos comuni- tarios, religiosos e sociais, existindo varias organizagdes que atuam com mio de obra voluntaria, que sao as pessoas que trabalham e nado recebem remuneragao para isso. 2 Criadas pelo Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, pela Presidén- cia da Repiiblica, em 1995. Criada pela Lei n® 9.790, de 23 de margo de 1999. 30 Terceiro Setor: Caracteristicas e Gestio Dentre as varias definigdes encontradas, algumas delas sio amplamente utilizadas como referéncia pela sociedade, inclusive por organizagdes multilaterais e governos, como segue: formalmente constituida: alguma forma de oficializagao, legal ou nao, com um nivel de concretizagao de regras procedimentos, para assegurar a sua permanéncia por um periodo minimo de tempo; estrutura basica nao governamental: privada, ou seja, nao ligada institucionalmente a governos; gestao propria: realiza sua propria gestdo, nado sendo controlada externamente; sem fins lucrativos: a geracdo de lucros ou excedentes financeiros deve ser reinvestida integralmente na orga- nizagdo. A entidade nao pode remunerar ou distribuir di- videndos de lucros aos seus dirigentes; trabalho voluntario: possui algum grau de mao de obra voluntaria, ou seja, nado remunerada, ou 0 uso gratuito de equipamentos, como a computagao voluntaria.

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