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fo Yn + OTe 97) 7 ae ) LY \ , ANP 2020 4 | Nos, mulheres do Coturno, | propomos aqui e agora um mundo livre. Livre Expressao! ‘Amores livres! Livre de preconceitos, livre de machismos, livre de determinismos, livre do imperialismo, livre de moralistas, livre de fundamentalistas, livre de disoriminagées. Um mundo livre para aprender e para ser o que se él Um jornal, um zine, um informativo, quem sabe um boletim. Nao importa se tem colunas ou medulas, o que importa é que tem opiniao. E que é feito por e para mulheres, mulheres boas e mas, novas ou nem tanto, mulheres loucas, mulheres lésbicas, bi, pansexuais (por que ngo?) Mulheres livres, atras de identidade, de expresso, © se toda forna de amor vale amar, toda forma de expressao vale a briga. Entao estamos aqui, de coturnos! PR UOTURNO, ne NA! - ANO 2005 - BRASILIA DE Brasilia / DF - ano 2004 - 1* Eaicao < a H [<9] ip) fe} = &) aA ntrio.) Castro], integrante atual da associagao, ela me falou que a Coturno tem “uma histéria de refazer algumas narrativas a partir do zi- ne”. Vocé poderia comentar sobre essa his- toria, a relagdo de vocés com o fanzine? MELISSA : Como sou professora de Arte, sem- ( Cotunms-) pre gostei das possibilidades e do alcance que o Fanzine pode ter. Como, no co- meco, nao tinhamos grana para fazer folder em grafica, 0 nosso primeiro zine foi feito com par- cerias, que duram até hoje. Atualmente faze- mos menos, mas sempre que ha uma oficina para tratar sobre algum tema, sempre fazemos fanzines. wir (zimtrio. i MELISSA “ E uma ferramenta disponivel e de ( Cotunms-) facil acesso para todas as pessoas. Porque para comegar, as pessoas so preci- sam de uma folha de papel, um lapis e um sentimento. : ) E o que é€ um fanzine para vocé? : Ju. Pelo que li nos zines da Coturno, eles (zimnro) veiculam informagoes, discursos, sabe- res que geralmente ficam de fora das midias e das ciéncias hegeménicas, junto a bilhetes, recados, e express6es artisticas, literatura, poesia.... do ponto de vista de um grupo de militancia sapataéo, como vocés veem essa jungao entre arte, conhecimento e politica, perceptivel nos zines da Coturno de Vénus? MELISSA A ideia principal dos nossos ( Cotunms-) fanzines é transmitir de forma facil e interessante as informagées para as lésbicas e sapatonas que os léem. Ju. Vocé poderia falar um pouco sobre o (zimrio.) significado do zine dentro dos grupos, coletivos e movimentos lésbicos brasileiros, antigos e atuais, no seu ponto de vista? MELISSA “ Nos primeiros anos de criacdo da ( Cotunme-) Coturno de Vénus, muitos grupos de lésbicas foram surgindo pelo Brasil todo, e a forma que algumas acharam para divulgar sua existéncia e suas atividades foi o fanzine. Que me lembre agora, 0 Mo.Le.Ca ( de Campi- nas) e a ALEM ( de Minas), fizeram zines infor- mativos. 6 MELISSA “© fanzine foi, e é uma ferramenta ( Cotunre-) que pode alcangar muitas pessoas, por isso a importancia dele. Isso sem falar que o Fanzine também pode virar um lambe e ser colado por toda a cidade. ( Ju. As primeiras palavras do primeiro zine Zimtrio-) de vocés (de 2004), escritas na capa, ao que me pareceu, falam sobre identidade de um modo que tensiona os limites entre diversas “etiquetas identitarias”, ao mesmo tempo em que afirma as poténcias da auto- identificagao, pela pluralidade. A partir dis- so, gostaria de perguntar como vocés pen- sam na necessidade de Se ir “atras de iden- tidade” - como sapatdo, lésbicas, bissexuais, pansexuais (e por ai vai!), hoje em dia? MELISSA: Cada lésbica, sapatao, fancha, (Cote) dyke, lady, entendida, caminho- neira, ou qual o nome que a pessoa Se iden- tificar, deve ser respeitado, porque faz parte da construgao do que ela é, e sobre tudo o que ela viveu. Somos diversas e podemos ser tudo o que quisermos.. COTURNO Brasilia / DF - Ano 2004 - 1* Edicao E-mail: coturnodevenus@yahoo.com.br Um jornal, um zine, um informativo, * quem sabe um boletim. Nao importa se tem colunas ou medulas, o que importa é que tem opiniao. E que é feito por e para mulheres, mulheres boas e mas, novas ou nem tanto, mulheres loucas, mulheres lésbicas, bi, pansexuais (por que nao?) Mulheres livres, atras de identidade, de expressdo, e se toda forma de amor vale amar, toda forma de expressao vale a briga. Entao estamos aqui, de coturnos! coturnodevénus associagdo (esbica Feminista de brasila pH Ju. Vocé acredita que a veiculagdo de (2réie) yarrativas historicamente invisibiliza- das, como as de lésbicas e bissexuais, se torna mais “facil” na “era digital”, com as re- des sociais e tudo mais? MELISSA : Estamos em um momento bem dife- (Cotunms) rente de tudo o que ja vivemos. Neste més de agosto [de 2020], essa “era vir- tual” foi fundamental para termos contato com organizacgoes e pessoas lésbicas e sapatonas de todo o Brasil e a America Latina. E isso com certeza sera mantido para o futuro. JU: E, nesse contexto, vocé acredita que 0 (zm46-) zine artesanal ainda tenha algum valor? me MELISSA: Com certeza. Pelas inumeras pos- (Coturne-) sibilidades que ele nos permite transmitir as informag6es e pelo alcance que pode ter. RLIRER na Ju: Muita gente lida com o aniversario co- (zmuio.) mo um momento de balancgo, em relagao ao passado, e de planejamento em relagado ao futuro. Nesse contexto de pandemia e crise, como a Associagdéo Lésbica Feminista de Bra- silia, Coturno de Vénus, tem pensado e plane- jado o futuro? MELISSA “ Estamos vindo de um processo de ( Cotunme) novas diretoras e novas possibili- dades ha alguns anos. Neste ano, completa- mos 15 anos de existéncia. Nao foi facil, mas foi divertido e emocionante. Para o futuro, que é agora, temos muitos planos e ideias mirabolantes para construgao de politicas publicas voltadas para as lésbicas e sapato- nas. O maior é a volta da Casa Roxa. Uo: Para terminarmos: no zine de 2004, vo- (zmte.) cés escreveram: “(...) e se toda forma de amor vale amar, toda forma de expressao vale a briga”. Na sua opinido, nos ainda es- tamos brigando? ELISSA: M Ba Sempre! Em todos os lugares que vamos, estamos ou permanecemos, sempre precisamos marcar presenga. Se a so- ciedade ainda insiste em nos invisibilizar, ain- da vale continuarmos com o pé na porta e pron- tas para a briga. p g 10 Acompanhe as acées atuais da Coturno de y Vénus pelo instagram e facebook: | coturnodevénus @coturnodevenus isto esc ferris de trotla a ou entre em contato atraves do e-mail: coturnodevenus@gmail.com Todos os zines da Coturno de Vénus, produzidos de 2004 até o presente, estado disponiveis digitalmente na zineteca digital LBT / feminista interseccional, da Zineria. Vocé pode encontrd-los nos links: https://zineriafeminista.wordpress.com https://issuu.com/zineriafeminista Acompanhe a Zineria nas redes: @zineriafeminista Rio de Janeiro, 29,08,2020 ZIN ERIN eae yints, anten, pminvrmos L BT anke- gu Jerre. 1020

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