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eee heey Mier ce | BONJORNO & CLINTON rundamental VOLUME UNICO Fisica | VOLUME UNICO JOSE ROBERTO BONJORNO Bacharel ¢ licenciado em Fisica pela Pontificia Universidade Catélica de Séo Paulo (PUC-SP) Professor de Matemdtica e Fisica REGINA AZENHA BONJORNO. Bachavel ¢ licenciada em Fisica pela Pontificia Universidade Catélica de Sée Paulo (PUC-SP) Professora de Motemética e Fisica VALTER BONJORNO Engenheiro naval pela Escola Politécnica do Universidade de Sé0 Paulo (USP-SP) CLINTON MARCICO RAMOS Bochorel e licenciado em Fisica pela Universidade Mackenzie (SP) Professor de Fisica Jeleplos 22 I cam.al ni APRESENTACA tsica Fundamental — Novo foi total- mente reformulado, ganhando um pro- Jeto grafico que o valorizou em todos os aspectos, e destina-se aos alunos do en- sino médio (2° grau) Procuramos atender ao rigor cientifico exigido no tratamento da Fisica sem, no entanto, tornd-la inacessfvel. Cada exposigao teérica é seguida de pro- blemas de aplicagao, que complementam, e ajudam no entendimento do texto e permitem ao aluno perceber como os conceitos de Fisica podem ser observa- dos no dia-a-dia. ‘Também foram incluidos problemas pro- postos nos mais recentes vestibulares do pais, para avaliar 0 conhecimento do aluno, No final do volume foram contemplados testes de vestibulares de todo o pais, per- mitindo que o aluno va se preparando para o vestibular. Nossa intencao foi apresentar um livro titil tanto para professores como para alunos. Esperamos ter conseguido esse objetivo! Os autores capiTULO 1 A FISICA COMO CIENCIA EXPERIMENTAL m Evolucao da Fisica se VO Wi Importancia da Fisica cee VA WLei fisica 15 MMétodo da Fisica 16 Sistema Internacional de Unidades oo VF 1 Unidades nao-pertencentes ao Sistema Internacional 19 mPoténcia de dex 20 m Ramos ca Fisica . me MDivisoes da Mecinica 22 ET capituto 2 DEFINIQOES E CONCEITOS 0 que a Cinematica? enn BM Ponto material e corpo extenso 24 BRepouso, movimento e referencial oy mTrajetsria 26 mPosicdo escalar 26 MDeslocamento ¢ caminho percorrido 28 i Velocidade escalar média od mVelocidade escalar instantanea wournnnnein BD capituLo 3 MOVIMENTO UNIFORME 0 que é movimento uniforme? 36 Fangio horétia 37 MW Ultrapassagem 43 MO que é0 som? Minterpretagio de graficos do movimento nierrie 47 2a propriedade do grAllco ¥ = £(0) sunninine BB CAPITULO 4 ‘MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO escalar média wenn SS scalar instanténea 56 Velocidad em funcio do tempo [v = £(1)] ....59 Célculo do espaco percorrido usando 0 grafico v = (0) 62 lM Posigzo em funcao do tempo [s = F(t) 65 Aceleragéo em fungdo do tempo [a = f(t)] ....66 ‘Encontro de dois corpos e ultrapassagem... Formula de Torricelli W Interpretacao de gréficos do movimento uniformemente variado ‘ lt’ + Posicdo em fungao do tempo [s = f(t] FT Aceleracao em fungao do tempo [a = (0)] 74 = Queda dos corpos.. » Langamento vertical para cima » Langamento vertical para baixo [uwioas BIG Cro CAPITULO 5 COMPOSIGAO DE MOVIMENTOS wVetor im Vetores iguals e vetores opostos BW Adigdo de dois vetores M Adicao de vetores de mesma direga0 mVetor diferenca Componentes retangulares de um vetor m Vetor posicao m Velocidade vetorial média 1m Velocidade vetorial instantanea Movimento resultante WLancamento obifquo. 9 mLangamento horizontal oo 102 CAPITULO 6 MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME. tm Velocidade angular média. 105 fm Velocidade angular instantanea 105 BO que é movimento circular uniforme (MCU) ... ssoeseane 106 mW Freqiiéncia e periodo sinc OS Relagdes matematicas no MCU ..... 107 mi Aceleracto centripeta 109 m Fungio horéria angular: lm Acoplamento de potias * Acoplamento por correia ‘* Acoplamento com mesmo eixo CAPITULO 7 FORGA E MOVIMENTO Teoria, sous criadores, sua prética ron TVS Forge Force resultante st ow 120 BEquilbri......... 122 * Equilibrio estético 122 * Equilibrio dinamico.. 123 tS Poncipio da inéreia ou 1* Lei de Newton... 123 Neco de um corpo 7 see VRE Btiocipic fundamental da dindrnica ou 2* Lei de Newton... ee OES BBP eso de um COMO nn renner VRB MMedida de uma £014 -.nvinenninenennnennn AP Mla de Hooke 131 Bibi ce who ereacto oa Laide jewton oven 1M msplicacdes das Leis de Newton wren 139 146 snmnnnnees VOB intazncia da resistencia do ar 151 MForca centri pet nnnnennmnenenene 1B caPiTULO 8 GRAVITAGAO UNIVERSAL introducio sesinennnsnencnanane VOB WBLes ce Kepler 164 LA da gravitagao universal 166 MAccleragao da gravidade 169 mSatélite estaciondtio ...n. wt capituLo 9 ENERGIA MO aue é energia 173 Wirabalho de uma forca eT Trabalho da forea PESO -.rnnnenrun 178 BPoténcia...... . oo 1BY BRendiMENt enrnnninnnninerinennnninanin VOM a nly) WTeorema da energia cinétiea senses VED ‘Energia potencial gravitacional 191 Energia potencial elastica.....aeennennen 19M Energia mecdnica on 196 ‘Principio da conservagao da energia 197 Principio da conservagao da energia mecénica 198 caPiTULO 10 IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO Mimpulso de uma forge nnceinnnneenneninn 20S Quantidace de movimento 206 WTeorema do impulso 208 Sistema isolado de forgas externas au Principio da conservagiio da quantidade de MoviMENtO on wer | CAPITULO 11 EQUILIBRIO DE UM CORPO Teoria, seus criadores, sua prética 216 Principio de transmissibilidade das forgas .. 217 Centro de gravidade..... 217 WCondigdo de equilbrio de um ponto material 219 j= Momento de uma forea 223 Momento resultante , 28 Im Equilibrio estatico de um corpo ext 229 lm Maquinas simples... 231 + Talha exponencial... 231 * Alavanca.. 233 1 Condigao de equforio de uma alavanca .. 236 DCN capiTULo 12 PRESSAO Teoria, seus criadores, sua prética 242 Fluido 242 MDensidade de ut COFPO nnn 243 MO que ¢ presto? 244 mPressdo de uma coluna de NqUid0 ninnens 2OF Pressio atmosférica 250 MCalculo da pressdo atMOSfETICA .nrnnnn BOO MTeorema de Stevin 253 Principio de Pascal 257 Prensa hidrdulica CAPITULO 13 EMPUXO MO que 6 empuxo? lTeorema de Arquimedes Equilibrio de corpos imersos e flutuantes aL caPiTULo 1 ‘TERMOMETRIA 18 Teoria, seus eriadores, sua pritica B Conceitos de temperatura ¢ calor MI Medida de temperatura MEscalas termométricas capiTULo 15 DILATAGAO TSRMICA introdugzo WDilatacéo linear SDilatagao superficial. MDilatacio volumétrica .. ‘MDilatagio dos Iiquidos caPiTULO 16 CALORIMETRIA Wintrodugio HO que é 0 calor ‘Unidades de quantidade de calor Calor sensivel ¢ calor latente Calor especifico .. MCapacidade térmica de um corpo ... Formula fundamental da calorimetria .. Principio da igualdade das trocas de calor lPases da matéria Winfiuéncia da temperatura no estado isico ‘ Mudangas de fase MTipos de vaporizagio + Byaporago + Bbuligao . Calor latente miCurvas de aquecimento e de resfriamento ‘mTransmissao de calor * Condugto » Convecra ... * Inadiagao. CAPITULO 17 ESTUDO DOS GASES introduca0 MLeis das transformagtes dos gases * Lel de Boyle-Mariotte * Lei de Gay-Lussac Lel de Charles .... “ MEquacao geral dos gases perteitos.... caPITULO 18 ‘TERMODINAMICA Introdugto ‘Energia interna... Trabalho em um sistema MPrimeiro principio da termodinamica Balango energético Wiransformagao cfelica Segundo principio da termodinamica Ciclo de Carnot 273 273 276 278 279 309 309 309 310 aut 312 317 317 317 320 321 323 327 328 ey CAPITULO 19 PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS Wleoria, seus criadores, sua pratica..nn 39S WA divisto da éptica 335 [Corpo luminoso e iluminado 335 WTransparéncia, translucidez ¢ opacidade .... 336 WVelocidade da luz 337 WPrincfpios da ptica geométrica Camara eseura CAPITULO 20 REFLEXAO DA LUZ Difusao e reflexdo regular da luz * Difusto da luz * Reflextio regular MEspelho... oe Leis da reflexao MFormagao de imagens ‘MAssociagtio de dois espelhos planos MA cor de um corpo Espelhos estéricos * Definigao + Condigoes de ritidez de Gauss + Raios particulares . * Construgao geométrica das imagens MEstudo analitico dos espelhos esféricos ...... # Convencao de sinais (referencial de Gauss) .. - 359 + Equaplo de Gauss e equagio do aumento linear transversal CAPITULO 21 REFRAQAO DA LUZ 338 342 MDefinicto Windice de refraglo absoluto indice de refragao relative... Leis da refragio = Conclusdes a partir da lei de Snell-Descartes.. MDioptro plano : Lamina de faces paralelas Prisma 6ptico ... im Feprnenos ave oeoerem por redrngto ou reflextio © Altura aparente dos astros.. ° Miragem ... © Arco-fris 363 363 364 365 SLentes esféricas *Introdugto * Blementos geométricos *Nomenclatura * Focos de uma lente * Raios particulares © Construgdo de imagens. Estudo analitico das lentes esféricas . © Convengao de sinais (referencial de Gauss) » Bquagdes das lentes esféricas CELI capitulo 22 ‘ONDAS Teoria, seus criadores, sta PrAtlCa onan BOM MIntrodugao on 395 Chassificagao 396 © Quanto & natureza .. 306 * Quanto & directo de propagagao au 396 © Quanto & directo de vibragto 397 MVclocidade de propagagio de uma onda unidimensional 397 Ondas peri6dleas rm 399 WReflexio de um pulso numa corda 401 Refragdo de um pulso NUMA COPE veerneuene SOD Principio da superposicao 404 SOndas estacionatigs -ennonnnsnnininnne 108 MiLeis da reflexio... sonia $OB * Leis da reflexdo 408 * Propriedades 408 Leis da refragio 408 Lets da refragd0 won 409 © Propriedades ..s.nennenne 409 CAPITULO 23 ACUSTICA Producao do som... @Transmisséo do som ‘= Qualidades do som MFendmenos sonor0s «1. +1" propriedade: reflexio propriedade: refracao 3" propriedade: difragaio 4" propriedade: interferéncia * 5* propriedade: ressonancia ‘WEfeito Doppler. ELETROSTATICA capiTULo 24 PRIMEIROS CONCEITOS Teoria, seus criadores, sua pratica 424 Carga elétriea . 426 eBstrutura da matéria 427 MPrincipios da cletrostatica 429 Mlsolantes e condutores 430 MEletrizagio por att nnn 431 MEletrizagto por contato . 43 MEletrizagio por indugao 434 SEletroscépio 435 * Péndulo eletrostatico 435 » Bletroseépio de folhas «0. 436 caPiTULO 25 FORGA ELETRICA Mei de Coulomb 3 : mRepresertago grea dale de Coulm capituLo 26 CAMPO ELETRICO MO que € 0 campo elétrico aa MVetor campo elétrico.. 442 MLinhas de forga do campo el6tiC0 wenn ©82 Campo elétrico de uma carga puntiforme fixa Campo elétrico de varias cargas puntiformes fixas MCampo elétrieo uniforme... capiTULO 27 ‘TRABALHO E POTENCIAL ELETRICO Trabalho da forca elétrica, 7 451 Expressiio do trabalho da forga elétrica ..... 451 Ss Bnergia potencial elétrica 452 MPotencial elétricn .. 453 ‘ Potencial de varias cargas 454 Diferenca de potencial Variagdo de potencial ao longo de uma linha de forea miterenga de poteieil num cargo eléicd uniforme 459 = Superticie eqiipotencial capiTuLo 28 CONDUTORES EM EQUILIBRIO ELETROSTATICO E CAPACITANCIA MDistribuigdo de cargas elétricas num condutor em equilfbrio .. 464 MBlindagem eletrostatica snene BOM BDensidade elétrica superficial... OS @ Poder das pontas os wns 465 ‘@ Campo e potencial de um condutor esterico ao7 * Ponto externo a esfera. 467 Ponto infinitamente proximo a esfera 467 © Ponto da superficie da esfera ........... 467 '* Ponto interno ........ wlio 468 ‘WM Capacidade de um condutor comer 470 ‘Energia potencial elétrica armazenada por um condutor eletrizado i sic a7) ‘Contato entre condutores eletrizados .... 472 capiTuLO 29 CAPACITORES ‘Energia armazenada por um capecttar we O76 ‘Capacitor plano .... waco xs 477 ‘@ Associacao de capacitores ............ 472 CAPITULO 30 CORRENTE ELETRICA HO que 6 a corrente elétrica WSentido da corrente elétrica ‘WNatureza da corrente elétrica. W Intensidade da corrente elétrica ‘Tipo de corrente elétrica ... MEfeitos da corrente elétrica * Efeito térmico ou efeito Joule * Efeito luminoso * Efeito magnético .... * Efeito quimico * Efeito fisiolégico ‘MElementos de um circuito elétrico CAPITULO 31 ESTUDO DOS RESISTORES Resisténcia elétrica MLeis de Ohm * 1? Lei de Ohm. #2 Lei de Ohm ‘MPoténcia elétrica dissipada ... MReostatos ... ‘= Curto-cireuito 9 mLampada de incandescéncia. WAssocingdo de resistOres sanctus * Associagao em série ... © Assoclacdo em paralelO w.n.cmnasunsesn » Associagao mista mUtlizagto dos dispositivos de seguranca e controle... Ponte de Wheatstone 528 caPiTULo 32 ESTUDO DOS GERADORES ®Gerador. 3 mBalanco energético. WRendimento do gerador.... Corrente de curto-cireuito Lei de Pouillet MAssociagio de geradores. * Associagao em série ... '* Associagao em paralelo CAPITULO 33 ESTUDO DOS RECEPTORES BO que é um receptor. MBalango energético Lei de Ohm generalizada .. 545 547 550 WM Leis de Kirchhoff. 53 # I let: lei dos nés ... ssn 3 © 2° lel: lei das malhas 554 ELETROMAGNETISMO CAPITULO 34 CAMPO MAGNETICO introdugio Winseparabiidade dos polos o i Substancias magnéticase nlo-magnéticas Campo magnético Indugao magnética “ Campo magnético criado por corrente elétrica num fio retilineo 564 = Campo magnético criado por uma espira circular. 569 18 Campo magnéticocrado por um solendide . 573 capiTULo 35 FORQA MAGNETICA Forea magnética sobre cargas elétricas....... 576 * Casos particulares.... 377 ss Forga magnética sobre um condutor retilineo 582 ryt AFISICA COMO CIENCIA EXPERIMENTAL EVOLUCAO DA FISICA O homem tem grande capacidade de acummu- lar conhecimentos, Isso permite a cada geracio partir do ponto em que a anterior chegou, sem pre- cisar recomegar do zero. A primeira tarefa do estu- dioso 6, entéo, conhecer o que ja foi feito na sua rea de estudo, para nao correr 0 risco de arrom- bar portas abertas. Todavia, a construcao do conhecimento nao se faz por simples actimulo. A cada nova descober- ta devemos incorporar conhecimentos anteriores. O espirito eritico é um dos postulados da ci- éncia. A historia da Fisica nos oferece muitos exem- plos disso: Copérnico, Galileu ou Einstein se nota bilizaram tanto pelas proposicdes novas como pela negacdo do que era aceito como verdade. As descobertas no campo da Fisica remon- tam a Pré-Histéria. Assim, quando o homem teve a idéia de usar uma pedra para abrir o cranio de um animal ou fez um arco para atirar uma flecha, ele estava incorporando conhecimentos elementares de Mecénica. Posteriormente, as primeiras civilizagdes, que surgiram na Mesopotamia e no Egito, aprenderam, entre outras coisas, a bombear 4gua para as planta- es, a transportar ¢ levantar enormes blocos de pedras, a construir monumentos. Esses numerosos conhecimentos, obtidos na tentativa de resolver problemas praticos, ndo esta- vam sistematizados em uma teoria explicativa, como € proprio da ciéncia moderna. As soluges € os inventos surgiram lentamente a partir da experién- cia empfrica, misturados a religio Com os gregos nasceu a Filosofia, ou seja, uma tentativa de explicar o mundo por meio da razao. Os gregos nao foram um povo nem mais nem menos iluminado do que os outros, mas herdeiros - de um longo processo de desenvolvimento cultural que ocorreu nas regides préximas do Mediterraneo. Ao procurar a razao de ser das coisas, os gre- gos formularam principios explicativos do movimen- to, da constituicao da matéria, do peso, do compor- tamento da Agua etc. Porém eles valorizaram de- masiadamente as idéias e muito pouco a experimen- tag&o. Além disso, quase ndo se preocupavam com a aplicacao prética dos conhecimentos, pois o tra- balho bragal era realizado por escravos. A decadéncia do Mundo Antigo e o advento da Idade Média representaram um enorme retro- cesso para a ciéncia Uma sociedade basicamente rural, dominada pela religiao, com 0 uso muito restrito da escrita e de livros, poucas possibilidades oferecia ao desen- volvimento cientifico. O renascimento do comércio e da vida urba- na, no final da Idade Média, criou um ambiente pr6- prio para renovacio cultural que lancou as bases da ciéneia moderna. Foi nesse universo urbano em formagao que viveu, no século XVI, 0 personagem. simbolo dessa ciéncia: Galileu Galilei. Galileu Galilei ousou contestar as verdades de Aristételes, que haviam sido reforgadas pela com- Dinagdo da Filosofia com o cristianismo. A Igreja Catélica contribufa, com sua autoridade, para difi- cultar a contestacao do pensamento de Aristételes. ARISTOTELES (384-322 a.C.) Filésofo, educador e cientista grego, foi um dos maiores e mais influentes pensadores da cultura ocidental. Como cientista é conhecido pelo realismo e pelo senso de observagao: para ele a ciéncia é a busca de causas universais que dao uma explicagéo comum a um grupo de fe- némenos. Arist6teles cometeu erros monumentais no campo da Fisica e Galileu os corrigiu. Com base na experimentacao, verificou que Aristételes estava errado ao afirmar, por exemplo, que quanto mais pesado fosse um objeto, mais répida seria a sua queda. Desse modo, Galileu introduziu um proce- dimento fundamental para o cientista: a necessida- de de testar, com experiéncias concretas, as for- mulagdes tedricas. Além disso, o genial italiano mos- trou, com sua prética, que o cientista precisa criar situagdes favordveis de observacao, eliminando fa- tores que interfiram na andlise do fenémeno a ser estudado ou a prejudiquem. GALILEU GALILEI (1564-1642) Astrénomo e fisico italiano, é considerado © fundador da ciéncia experimental moderna. Descobriu as leis da queda dos corpos e a lei que rege o movimento do péndulo. Enunciou o principio da composigao dos movimentos. Aper- feicoou instrumentos, como o relégio e o teles- cépio. Suas conclusées eram baseadas mais em observagées e nos resultados dos experimen- tos do que na légica dedutiva. Atualmente, hé consenso entre os cientistas de que a maioria dos experimentos s6 pode ser fei- ta mediante situagées artificialmente montadas. Outro momento importante na constituicao do conhecimento ligado a Fisica ocorreu no século XVII, com Isaac Newton. Ele realizou a primeira grande sintese da historia da Fisica, por meio da formulagao de leis gerais, possibilitando investiga ‘gdes novas em diversos campos. Newton criou, ainda, um sistema matemético para resolver problemas de Fisica que antes nao tinham solugdes. ISAAC NEWTON (1642-1727) Fisico e matematico inglés, tornou-se uma das maiores figuras da ciéncia em todos os tem- pos. Em Fisica, formulou os trés principios da Mecénica, conhecidos como leis de Newton, ¢ a teoria da gravitagao universal, Em Matematica, criou 0 célculo infinitesimal, Em 1666 fez as suas descobertas mais impor- tantes. Interrogado, sobre como as conseguia, res- pondeu: “Para descobrir todos os fendmenos que deseja, basta ao sabio trés coisas: pensar, pensar, pensar”. A partir dos fundamentos langados por Newton ocorreram importantes inovagoes cientifi- cas e técnicas. No decorrer dos séculos XVIIL e XIX, © progresso material oriundo dessas inovacdes foi notavel. O final do século XIX foi uma fase de excessi- vo otimismo. Muitos estudiosos julgavam conheci- dos os principios e as leis fundamentais do funcio- namento do universo. A teoria da relatividade, publicada por Hinstein em 1905, provocou uma verdadeira revo- lugao no campo cientifico, As mais arraigadas cer- tezas, baseadas nas leis mecanicas de Newton, veram que ser revistas. ALBERT EINSTEIN (1879-1955), Fisico alemao, criou a teoria da relativida- de, que completou a MecAnica classica onde esta era insuficiente. Em 1921, recebeu o Prémio Nobel de Fisica pela formulagao da lei do efeito fotoelétrico. Sua famosa equagao E — mo®(aener- gia é igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz) tornou-se a pedra funda- mental do desenvolvimento da energia atémica. De lé para cd, os avangos no campo da Fisica foram enormes. A obtencdo de energia a partir da desintegragao atémica, os satélites e as viagens es- paciais sao alguns importantes exemplos de pro- gresso recente. Muitos outros cientistas estao ligados 4 evolugdo do conhecimento humano acerca do mundo fisico. Essa evolugao nao é resultado da agao individual de alguns homens notaveis, mas fruto de uma obra coletiva. Sao as condi¢des histéricas de uma determinada sociedade que favorecem ou nao a ampliacio do saber. Alguns pafses produzem um grande niimero de conhecimentos, enquanto a maior parte das nagdes nao consegue sequer assimilé-los. Nao é uma simples coincidéncia o fato de os paises que conseguiram todo esse progres- so cientifico e técnico serem os mesmos que, no passado, realizaram a Revolugo Industrial. Quanta diferenea entre 08 equipamentos ultra-sofisticados — teleseépios gigantescos, aceleradores de particulas, supercomputadores — usados atualmente e os instrumentos ru- dimentares construidos por Galileu! Ao iniciar aqui os seus estudos de Fisica, vocé provavelmente compreenderd uma das ligoes mais importantes da ciéncia: a de que a aparéncia é muito enganadora. Desconfiemos, pois, da obviedade, IMPORTANCIA DA FISICA Uma das ciéncias mais antigas, a Fisica é responsavel por grande parte do desenvolvi- mento cientifico alcancado pela humanidade, Bla tem aplicacdes em praticamente todos os campos da atividade humana: na Medici- na, nos transportes, nos esportes, nas comunicagSes, na indtistria etc. Com a ajuda da Fisica, podemos utilizar algumas formas de energia e fazé-las trabalhar para nés: Energia elétrica: enceradeira, geladei- Energia mecimica: pontes, naves espaciais, ro- ra, computador, ferro elétrico etc. dovias, prédios etc. Energia sonora: radio, disco, telefone, Energia luminosa: maquina fotografica, telesc6- ultra-som, instrumentos musicais etc. pio, raio laser, analise de materiais etc. 1 Energia calorffica: maquina a vapor, cama- Energia nuclear: energia elétrica, ras frigorificas, motores de automével ete. bomba atémica ete. LEI FISICA A palavra fendmeno vem do grego phaindmenon, cujo significado 6 “aquilo que pare- ce”, Etimologicamente, podemos dizer entao que fenémenos so aquelas coisas que se nos apresentam. E comum considerarmos como fendmeno algo misterioso, como um arco-fris, um fura- c&o, uma tempestade etc. Em nosso curso, consideraremos como fendmeno toda e qualquer manifestacdo no tempo e no espaco, como, por exemplo, 0 movimento de um carro, 0 tiro de um canhao, 0 aquecimento da agua ete. Qs fendmenos nao se produzem ao aca- so: entre eles existe uma interdependéncia. ‘Tais relagdes de interdependéncia constituem as leis. Para estudar os fendmenos, a ciéncia procura, inicialmente, estabelecer uma relagao quantitativa entre eles — as leis quantitativas. Veja alguns exemplos: Y 0 calor dilata 0 ferro; V apressao diminui o volume dos gases; ¥ © atrito produz calor. conhecimento dessas leis nao é suficiente; um estudo mais profundo sugere medi- das quantitativas. Veja: V de quanto se dilata a barra de ferro entre duas temperaturas? ¥ de quanto diminui 0 volume do gés quando a pressao duplica? Y quantas calorias so produzidas por um carro ao brecar e parar? Quando ¢ possivel medir aquilo de que se esté falando e exprimir essa medida por miimeros, estabelecemos uma lei fisica. Lei fisica 6 a relagao matemética entre as grandezas que participam de um mesmo fendmeno, Arelagdo matemética % = ¥ relagho matemstiea zy = 77", gas com a temperatura Kelvin numa transformagao isobirica (lei de Gay-Lussac), por exemplo, é uma lei fisica que relaciona o volume do METODO DA FISICA Na pesquisa de um fendmeno e das leis que o regem, deve-se obedecer a uma ordem progressiva, que constitui o método da ciéncia. Nesse sentido, a Fi processos: a observagdo e a experimentagao. A observacao consiste no exame atento de um fendmeno e na pesquisa das circunstén- cias que o envolvem. Nesse caso, podemos utilizar os nossos sentidos ou instrumentos que aumentem o seu alcance (microscépio, luneta, telescépio, satélite, balanga, amperimetro etc.). Jé a experimentacao consiste em produzir o fendmeno artificialmente, em condicdes ideais para a observagao. Nesse caso, fazemos variar as circunstancias que rodeiam o fenémeno para verificar quais des- sas circunstancias influem nele. Consideremos, por exemplo, 0 movimento oscilatério de um péndulo e algumas circunstancias que o rodeiam: Podemos questionar: Y amassa do péndulo influino tempo de oscilacao? Y 0 comprimento do fio influi no perfodo? / atemperatura e a pressdo modificam o fendme- no? Y 0 local onde é realizada a experiéncia influi no tempo de oscilagao? Quando os fatores que intervém direta ou indiretamente numa lei fisica podem ser avaliados quantitativamente, isto é, podem ser medidos, passam a constituir uma grandeza fisica, classificada em escalar ou vetorial. As grandezas escalares so caracterizadas por um ntimero real, positive ou negativo, acom- panhado de uma unidade de medida. Exemplos: 1) massa (A massa de um corpo é de 3 kg.) 2) volume (0 volume de um cubo é de 20 cm’.) ‘As grandezas vetoriais so caracterizadas por um niimero real denominado médulo ou intensidade, acompanhado de uma unidade de medida, uma diregao e um sentido. | a == cure eens eeeneenineiesenitimeiiilaseeeeeneeemeemiemeeminenem epee, Como exemplo, considere um carro se movimentando numa estrada retilinea, com ve- locidade de 20 knvh. Para que a grandeza fisica velocidade fique caracterizada, precisamos conhecer seu médulo, sua diregdo e seu sentido. Neste exemplo, temos: ¥ médvulo: 20 ¥ diregdo: horizontal Y sentido: da esquerda para a direita SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES Nem sempre as unidades de medida usadas para medir o comprimento ou a massa de um corpo foram as mesmas em todo o mundo. Até meados do século XX eram usadas diferen- tes unidades de medida ou padrao. Observe, nos quadros, alguns desses padrdes ¢ os paises em que eram utilizados. Unidades de comprimento. VALOR APROXIMADO NOME DA UHIDADE EMMETROS (m) ; jarda 0,914 Inglaterra e Estados Unidos polegadas 0,025 : tsun 0,06 China a 58,8 Rissia versta 0,66 Unidades de massa | NOME DA UNIDADE Roa kg) - libra 0,45 Inglaterra e Estados Unidos cat 0,028 China pecul a Egito rotolo 0,69 Como cada pafs fixava seu proprio padrao, as relagdes comerciais ¢ as trocas de infor- macées cientificas entre os paises se tornavam muito dificeis. Para resolver os problemas oriundos desse fato, foram criados padrées internacionais. Surgiu, assim, o Sistema Internacional de Unidades (SI). OSlestabelece sete unidades de base, cada uma delas correspondente a uma grandeza. comprimento metro massa quilograma tempo segundo intensidade de corrente elétrica ampére temperatura termodinamica kelvin mol candela quantidade de matéria intensidade luminosa O SI é também denominado MKS, onde as letras M, K e S correspondem as iniciais de trés unidades do SI: COMPRIMENTO MASSA ‘TEMPO MKS om kg 8 Existem ainda dois outros sistemas, o CGS e o MKgfS: coMPRUMENTO NASA TeMPo ces cm 8 8 MKgis m ut. s correto é usarmos apenas as unidades do SI, mas comum 0 emprego, em algumas situagdes, das unidades dos sistemas CGS e MKgiS. Observacdes importantes: 15) Quando escritas por extenso, as iniciais das unidades deve ser sempre mintisculas, mesmo que sejam nomes de pessoas, Exemplo: metro, newton, quilometro, pascal ete. 28) A unidade de temperatura da escala Celsius, o grau Celsius, 6a tnica excegao a regra. Neste caso, utilizamos a letra maidscula. 34) Os simbolos representativos das unidades também sao letras mindsculas. Entretanto, serio maitisculas quando estiverem se referindo a nomes de pessoas, Exemplos: ‘UNIDDE | ampére newton —_pascal__—_—metro simgoo A N Pa m 4°) Os simbolos nao se flexionam quando escritos no plural. Assim, para indicarmos 10 newtons, por exemplo, usamos 10 Ne nao 10 Ns. 58) As unidades de base, combinadas, formam outras unidades, denominadas unidades de- rivadas, que serao estudadas no decorrer de nosso curso. essen UNIDADES NAO-PERTENCENTES AO SISTEMA INTERNACIONAL Algumas unidades do SI so empregadas conjuntamente com outras que nao fazem parte do SI, jé estando amplamente difundidas. Veja no quadro a segui GRANDEZA WOME simgoto VALOR EM UNIDADE DO Si | quilémetro km 1km=1000m | comeacimerite decimetro dm 1dm =0,1m eS centimetro cm Lem = 0,01 m milimetro mm Imm = 0,001 m minuto min 1min = 60s tempo hora h 1h = 60 min = 3 600s dia d 24h = 86 400s grau = Angulo plano | minuto i segundo, 4 volume litro massa tonelada t | grama Qresroxs Q 1 Dé os seguintes valores em unidades do SI: a) 7km 1) 85cm b) Sin 8) 600g 8h hae ) 580 em i) 32008 e) 15.000 mm @2 Escreva os seguintes valores em unidades do SI: a) 2km? 4) 12.000 mam* ) 0,08 km? e) 150 dm® c) 9000 cm? 1) 10cm? Q3 Transforme em unidades do SI: a) 1000em? a) 10¢ b) 5002 ©) 36 kwh c) 60dm* f) 1200 crv/min @4 Um fenémeno foi observado desde o ins- tante 2h 30min até o instante 7h 45min. Quanto tempo durou esse fenémeno? Q5 (Fuvest-SP) Umlivro possui 200 folhas, que totalizam uma espessura de 2 cm. A massa de cada folha é de 1,2 ge a massa de cada capa do livro € de 10 g. a) Qual a massa do livro? b) Qual a espessura de uma folha? Q6 Num campo de futebol nao-oficial, as tra- ves verticais do gol distam entre si 8,15 m. Con- siderando que 1 jarda vale 3 pés e que 1 pé mede 30,48 cm, qual a largura, em jardas, que mais se aproxima desse gol? Q7 A formula matemdtica a seguir mostra a re- lag&io que existe entre o volume V, em m’, de uma pessoa e sa massa 7, em kg, y=. 1000 Limite de validade: 2,5 kg < m < 130 kg a) Utilizando uma formula, calcule o seu volume. b) Quantas pessoas iguais a vocé caberiam em 1m’? Q Consideremos as seguintes medidas: calor, cardter, temperatura, poténcia, volume, 58m; 95,4 kwh; 12cm’ e 6 f curiosidade, coragem. a) Qual o nome das unidades em que esto ex- | . 0 ee a | @10 Qual o diametro, em centimetros, de um 'b) Qual o nome da grandeza a que essas unida- | cano de 8 polegadas de diametro? des se referem? Q11 De quantos quilémetros é 0 mar territorial do Brasil, sabendo que ele é equivalente a 200 Qo Das palavras a seguir, indique as que sao _milhas maritimas? grandezas fisicas: velocidade, fora, bondade, (Dado: 1 milha maritima = 1 852 m) POTENCIA DE DEZ Na pratica, escrevemos 0 valor de uma grandeza como um ntimero compreendido entre 1 10, multiplicado pela poténcia de 10 conveniente. Quando um numero é representado nesta forma, dizemos que est em notagdo cientifica. J® caso: o mimero 6 muito maior que 1. 136 000 = 1,36 - 10° “Salsas Exemplos: 1) 2.000 000 = 2 - 10° 2) 38.000 000 000 = 3,3 - 10" 3) 547 800 000 = 5,478 - 108 O expoente positivo do dez indica o nimero de vezes que devemos deslocar a virgula para a direita. 2° caso: o mimero é muito menor que 1. 0, papas 2 = 412-1077 517+ 10-* Exemplos: 1) 0,0034 = 3,4- 10° 2) 0,0000008 = 8 - 10-7 8) 0,0000000000517 O expoente negativo do dez. indica o nimero de vezes que devemos deslocar a virgula para a esquerda. Veja, no quadro abaixo, algumas grandezas fisicas expressas em notagio cientifica: © velocidade da luz no vacuo = 3- 10° m/s * massa de um proton = 1,6 + 10 g *raio do atomo de hidrogénio = 5 - 10-* cm numero de Avogadro = 6,02 + 10% Para evitar que se tenha que expressar grandezas muito pequenas ou muito grandes com o uso de ntimeros zeros, o SI contém prefixos que permitem a formagao de miltiplos e submuiltiplos decimais das unidades do SI. [ PREFIXO: SiMBOLO ATOR PELO QUAL A UNIDADE E MULTIPLICADA tera T 10% giga G 10" mega M 10° auilo k 10° heeto h 10° deca da 10 deci a 107! centi_ c 10° mili m 10" micro BH 10° nano n 10° pico P 10" Exemplo: A distancia do Sol até Pluto é de 6 Tm (seis terametros), ou seja, 6 - 10" m. @1 2 Escreva os seguintes mimeros em nota- Be cientifica =) 3.400000 1) 150 ©) 700.000 8) 0,001 <) 12.000 h) 0,000054 =) 5.000 000 000 i) 0,0006 =) 2.000 3 Expresse em notagio cientifica: @) ovolume da Terra 070 000 000 000 000 000 000 m?) ®) evolume do Sol ‘G_ 400 000 000 000 000 000 000 000 000 m*) =) ovolume da Lua (22.000 000 000 000 000 000 m*) 'Q14 Expresse em unidades do SI os seguintes walores: =) ins (1 nanossegundo) ©) Img (1 miligrama) ©) 1 dm (1 decimetro) =) Lum (1 micrémetro) Q115 Escreva em unidade do SI: a) 1 MW (1 megawatt) b) 1,2 GW (1,2 gigawatt) c) 5 Ts (5 terassegundo) @16 Numa campanha nacional de vacinacio, 1,0 10° criancas foram atendidas e receberam duas gotas de vacina cada uma. Supondo serem necessarias 20 gotas para preencher 1,0 cm*, qual é, emilitros, o volume de vacina usado nessa cam- panha? (Q17 Represente os ntimeros a seguir em no- tagao cientifica: 2) idade do universo: 500 000 000 000 000 000 s b) massa de um elefante: 5 000 kg. c) massa de uma partfcula de poeira: 0,0000000007 kg d) massa do proton: 0,000000000000000000000000002 kg RAMOS DA FISICA Para fins didaticos, dividimos a Fisica nas seguintes partes V Mecénica: estuda 0 movimento e as condigdes em que ele se realiza. / Termologia: estuda o calor e suas aplicacoes. ¥ Aciistica: estuda a teoria do som. ¥ Optica: estuda a luz. v Eletrologia: trata da eletricidade e de suas aplicagdes, / Fisica Moderna: estuda a estrutura do atomo, a radioatividade, a teoria da relatividade ete. ‘Também podemos dividir a Fisica em Classica (antes de 1900) eModerna (apés 1900) DIVISOES DA MECANICA ‘A Mecanica pode ser dividida em trés partes: v Cinemdtica: estuda o movimento dos corpos sem considerar suas causas. ¥ Estatica: estuda os corpos sdlidos ou os fluidos em equilibrio. ¥ Dinémica: estuda o movimento dos corpos, considerando suas causas. Observe, no exemplo a seguir, essas trés partes. Considere um carrinho de brinquedo, inicialmente parado, sobre uma mesa, AA parte da Fisica que estuda ‘em que condigBes 0 carinho fica em repouso & a Esttic. 0 carrinho empurrado até que entre em movimento. ‘A parte da Fisica que estuda ‘0 movimento do carrinho sem levar em consideragao a sua causa (empurtéo) & a Goodie | A parte da Fisica que estuda | 0 movimento levando em consideragéo a sua causa 6 a Dindmica. O que é mecanica quantica? ematica escalar | DEFINICOES E CONCEITOS 0 QUE EA CINEMATICA A Cinematica estuda 0 movimento dos corpos, independentemente das causas desse movimento. Seu objetivo é descrever apenas como se movem os corpos. A Dindmica preo- cupa-se com as causas do movimento. No campo da Cinemética, por exemplo, vamos estudar a velocidade de um carro, sua aceleracao e localizagao, aps um certo tempo de movimento. No campo de Dinamica, por sua vez, vamos conhecer por que 0 carro se move de deter- minada maneira, ou seja, as causas desse movimento PONTO MATERIAL E CORPO EXTENSO Consideremos um navio fazendo uma viagem do Rio de Janeiro até a Italia. Como as dimensdes do navio (comprimento, largura e altura) sio muito pequenas, quando comparadas com a disténcia do Rio de Janeiro até a Itélia, ele pode ter suas dimen- ses desprezadas. Neste caso, dizemos que 0 navio é um ponto material, uma particula ou um mével. Ponto material é todo corpo cujas dimensdes nao interferem no estudo de um determinado fenémeno. Observamos que o ponto material tem massa; 0 que 6 desprezivel 6 0 seu tamanho. Suponhamos, agora, 0 mesmo navio entrando num porto, Neste caso, suas dimensdes nao podem ser desprezadas, quando comparadas com a largura e 0 comprimento do porto; entéo o navio é denominado um corpo extenso. Corpo extenso é todo corpo cujas dimensées interferem no estudo de um determinado fenémeno. REPOUSO, MOVIMENTO E REFERENCIAL Consideremos uma pessoa A dentro de um carro que se move para a direita, e uma outra pessoa B em pé, no acostamento, ‘Tomando a pessoa B como referéncia, verificamos que a distancia entre ela ¢ A varia com o tempo. Neste caso, dizemos que A est4 em movimento em relacio a B. Supondo, agora, que B esteja junto com A no carro, e tomando novamente B como referéncia, verificamos que a distancia entre elas nao varia com o tempo. Neste caso, dizemos que A esta em repouso em relacdo a B. OcorpoB, que tomamos como referéncia nos dois exemplos, é denominado referencial. O referencial ¢ indispensavel para determinar a posicao de um objeto e também nece sério para verificar se um abjeto se movimenta ou esté em repouso. Observe que os conceitos de repouso e movimento so relativos, isto é, dependem do referencial adotado. TRAJETORIA A foto ao lado mostra esquiadores em movimento. A marca que o esquiador deixa na neve representa o caminho percorrido por ele em relagéo a uma pessoa parada no solo. Essa marca denominada trajet6ria. Trajet6ria é a linha determinada pelas diversas posigdes que um corpo ocupa no decorrer do tempo. A trajetéria depende do referencial adotado. Suponha, por exemplo, um avido voando com velocidade constante. Se num certo instante ele abandonar uma bomba, ela caira segun- do uma trajetéria vertical em relagao as pessoas do avido. Porém, para um observador para- do no solo, vendo de lado 0 avid, a trajet6ria da bomba ser parabdlica. De acordo com a trajetéria, os movimentos recebem os seguintes nomes: ¥ movimento retilineo: a trajetoria é uma reta. ¥ movimento curvilineo: a trajetéria é uma curva. POSICAO ESCALAR Quando conhecemos a forma da trajetéria, de um corpo, podemos determinar sua posigao no decorrer do tempo por meio de um tinico namero chamado abscissa do corpo. Exemplo: Consideremos um corpo movimentando-se sobre a trajetoria da figura. Para localizarmos esse corpo num determinado instante, adotamos arbitrariamente um pontoO sobre a trajetéria, ao qual chamaremosorigem das posigdes, ¢ orientamos a trajeté- ria positivamente, por exemplo, para a direita a partir de O. Para conhecer a posigao do corpo, isto é, sua abscissa, num certo instante, precisamos conhecer sua distancia em relacdo ao ponto O. Costumamos representar a posicao de urn corpo num instante dado pela letra s. Essa posigdo serd positiva se o corpo estiver a direita da origem e negativa se estiver & esquerda. Na trajetoria a seguir, temos: ¥ a posigao do corpo no instante t = 1hés = —4 km a posigao do corpo no instante t = 2h és = 3 km a posigao do corpo na origem és = 0 Observacoes: 14)Se o corpo P est em um plano, asuapo- 2*)Se 0 corpoP estiver em qualquer lugar do sicdo é definida por um par de coordena- —_—_espaco, sua posigo é definida por um ter- das (x, y). no (x, y, 2) de coordenadas. DESLOCAMENTO E CAMINHO PERCORRIDO Consideremos uma pessoa que sai do [ ponto A e passa pelos pontos B, Ce D, onde | péra, seguindo a trajetéria indicada na figura. | Podemos calcular o caminho (espago) | percorrido pela pessoa efetuando a soma: ¥ caminho percorrido = AB+BC + CD ¥ caminho percorrido = 100 + 400 + 400 = 900 m J4 0 deslocamento é a medida do seg- mento que representa a distancia entre a po- sigdo inicial e a posigao final da pessoa. Utilizando o teorema de Pitagoras, te- remos: a? = 400? + 300° @ = 160 000 + 90 000 d=500m Sea trajetéria é curva, o deslocamento do corpo ao passar do ponto A para o ponto B éa medida do segmento AB, e 0 caminho percorrido é a medida do comprimento do arco AB. Quando a trajetéria é uma reta e 0 corpo se movimenta sempre no mesmo sentido, o deslocamento e 0 caminho percorrido coincidem. Se houver inversao de sentido, eles nao sero iguais. QI Dizemos que os conceitos de movimento e | repouso so relativos, pois dependem do siste- ma de referéncia estabelecido. Com base nisso | € correto afirmar que: y(n) 400m 100m xm) | carinho <= percorrido Geslocamento trajetéria 11) Um livro colocado sobre uma mesa est erm repouso absoluto, pois, para qualquer refe- rencial adotado, sua posicio no varia com o tempo, II) Em relagao a um edificio, o elevador esta- pode estar em movimento em relacdo a ou- 1) Umcorpo parado em relagdo a um referencial | tro referencial. | cionado no terceiro andar esta em repouso. Porém, em relacao ao Sol, o mesmo eleva- dor encontra-se em movimento, $2 Quando podemos dizer que um corpo esta ‘*m movimento? QS A forma da trajetéria de uma particula de- pende do referencial adotado? Dé um exemplo. (Q4 Um garoto percorre os lados de um terreno setangular de dimensoes 40 m e 80m. tJ] SY; ®) Qual a distancia percorrida pelo garoto em duas voltas completas? ©) Qual a distancia percorrida eo deslocamento no percurso ABC? (QS Tima formiga desloca-se sobre a trajetéria mostrada na figura. Bia parte do ponto A, dirige-se para o ponto Be epois para o ponto C. #) Quais as posigdes inicial e final da formiga? ©) Qual o espago percorrido e qual o desloca- mento efetuado pela formiga? VELOCIDADE ESCALAR MEDIA A figura representa o circuito de uma pis- ta de corrida, Nela estao marcadas as velocida- des desenvolvidas por um carro em alguns tre- chos durante uma volta completa nesse circuito. Observe que a velocidade do carro nao é sempre a mesma durante toda a volta, isto 6, a yelocidade varia no decorrer do tempo. Conhecendo a extensao do circuito eo tempo gasto para percorré-lo, podemos saber quantos quilémetros, em média, 0 carro per- eerreu por hora, Para isso, basta dividir o espa- ¢ percorrido pelo tempo total de percurso. A esse quociente damos 0 nome de velocidade escalar média. Q6 Uma pessoa sai do ponto A e caminha pas- sando pelos pontos B, Ce D, onde pra. Com base na figura a seguir, calcule 0 deslocamento e ocaminho percorrido pela pessoa nos trechos: a) AB b) ABCD 110. xm) Q7 A distancia entre duas cidades, A eB, é de 96 km. Um motociclista parte de 4, vai até Be regressa aA. Determine o espaco percorrido e o deslocamen- to na viagem de ida e volta QB Consideremos um carro percorrendo uma ista circular de raio 80 m. Determine o deslo- camento e o espago percorrido pelo carro du- rante: a) um quarto de volta b) meia volta c) uma volta Se, por exemplo, 0 espago percorrido em uma volta completa é de 4,5 km e o tempo total de percurso é 90 s, a velocidade escalar média (v,,) desse carro é dada por: 45 km Ya “90s 7 Ya Ty 0 > v,, = 180 km/h Note que durante o percurso a velocidade do carro, em cada instante, as vezes foi maior, ¢ outras vezes menor ou igual a 180 kwh. Avelocidade escalar média representa a velocidade constante que o carro deveria manter para, partindo da mesma posicao inicial, chegar A mesma posicao final gastando o mesmo tempo. Para definir velocidade escalar média num intervalo de tempo, vamos considerar um carro percorrendo a trajetéria indicada na figura. > origem das 5 . as | I | } Considere o carro no instante inicial t,, com velocidade inicial v, e, no instante final t,, com velocidade final v, A velocidade escalar média v,, entre esses dois instantes é dada por: em que As = s, ~ s, 6 variagao de espaco no intervalo de tempo At = Os termos inicial e final nao significam 0 inicio e o fim do movimento, mas sim 0 infcio € 0 fim da contagem dos tempos. No céleulo da velocidade média 6 desnecessario saber a variagao da velocidade do car- ro durante o pereurso. Isto é, nao é preciso saber se ele ficou parado durante algun tempo por problemas mecdnicos ou se deu marcha a ré, pois para o célculo de v,, consideramos somente 0 espaco total percorrido e o tempo total gasto para percorré-lo. No Sistema Internacional (SI) a unidade de velocidade 6 o metro por segundo, que se indica por Vs, mas também é comum utilizarmos 0 quilémetro por hora (kat/h). Na formula v,, = 48, o intervalo de tempo At = t, — , 6 sempre positivo (At > 0), pois representa a diferenca entre o instante final t, e o instante inicial t,, sendo t, sempre maior que t,. Por outro lado, a variagao de espaco As s, pode ser positiva, ses, > s,,negativa, se s, V_ neceu parado em um grande congestionamento por aproximadamente 20 min, chegand, firal- mente, ao seu destino as 7h 30min, Sabendo-se que a distancia total percorrida foi de 60 km, calcule a velocidade escalar média do énibus nessa viagem, em knwh. Q14 (UFRJ Durante uma viagem entre duas cidades, um passageiro decide calcular a velo- cidade escalar média do énibus. Primeiramen- te verifica que os marcos indicativos de quilo- metragem na estrada estao dispostos de 2,0 km em 2,0 km. O 6nibus passa por trés marcos con- secutivos e 0 passageiro observa que o tempo gasto pelo dnibus entre 0 primeiro e o terceiro marco é de 3 min. Calcule a velocidade escalar média do 6nibus neste trecho da viagem, em knvh. Q15 Um automével, que trafega ao longo de uma rodovia, passa pelo marco de estrada 263,5 km as 19h 15min ¢ pelo marco 115 km as 20h 54min. Determine a velocidade escalar mé- dia, em mvs, desse automével, nesse intervalo de tempo. Q16 Umveiculo percorre, inicialmente, 40 km. de uma estrada em 0,5 h. A seguir, percorre mais 60 km, em Ih 30min. Determine a velocidade escalar média do veiculo, em kr/h, durante todo: ‘epercurso. (Q17 Umatieta percorre 1 milha terrestre em 5 minutos. Sabendo-se que 1 milha terrestre equivale a 1609 m, qual a velocidade escalar média desse atleta em: 2) milhas/hora? ©) quilometros/hora? ©) metros/segundo? Q18 Quando se diz que a velocidade de um navio é de 10 nés, queremos dizer que a sua ve- Jocidade é de 10 milhas maritimas por hora. milha maritima hora ‘Sabendo-se que 1 milha maritima = 1 852 m, qual 2 velocidade desse navio em: @) kh? b) mvs? in VELOCIDADE ESCALAR INSTANTANEA Q19 Um ciclista deve percorrer 35 kmem 1h. Ble observou que gastou 40 min para percorrer 20 kn. Qual deverd ser sua velocidad escalar média para percorrer a distancia restante den- tro do tempo previsto? @20 Um automével percorre metade de sua trajetéria com velocidade escalar média de 30 knvh ea outra metade com velocidade esca- Jar média de 70 kiwh. Qual a yelocidade escalar média em toda a trajetéria? Q21 (Fuvest-SP) A figura representa a traje- téria de um caminhao de entregas que parte de A, vai até Be retorna a A. No trajeto de A a Bo caminhdo mantém uma velocidade média de 30 Jow/h; na volta, de B até A, gasta 6 minutos Qual o tempo gasto pelo caminhao para ir de.A até B? Qual a velocidade média do caminhao quando vai de B até A, em krw/h? A velocidade também pode ser definida para um determinado instante. Essa velocida- de, denominada velocidade escalar instantdnea, é a velocidade escalar média para um in- tervalo de tempo muito pequeno. Por exemplo, o valor indicado pelo velocimetro de um carro, num certo instante, representa a velocidade escalar instantanea. As2h co As 2h 10min Coa) Para determinar a velocidade do carro em um instante, devernos calcular a velocidade média correspondente a intervalos de tempo cada vez menores (At tendendo a zero: At 0), fazendo com que esses intervalos incluam o instante considerado. Por esse proceso, a veloci dade média que se obtém aproxima-se de um valor que coincide com a velocidade instantanea. Esse processo, em Matematica, chama-se passagem no limite. Assim, a velocidade es- calar instanténea v 6 definida por: =a am AS = Him Vo = BM at Quando escrevemos At + 0 (lé-se: At tende a zero), isto significa que t, tende a t,. HA casos em que, para se obter maior precisao, as velocidade médias sao determinadas em intervalos de tempo da ordem de décimos, centésimos ou até milésimos de segundo. Dependendo do sentido do movimento do carro, a velocidade pode ser positiva ou negativa. ¥ Se 0 carro se movimentar no sentido positivo da trajetéria a velocidade ¢ considerada positiva (v > 0) e o movimento é chamado progressivo ¥ Se 0 carro se movimentar no sentido contrério do positivo da trajetéria a velocidade é considerada negativa (v <0) ¢ 0 movimento 6 chamado retrégrado. | ae 2) be ati, 0 8 16 2 ° 3 6 24 v > 0: movimento progressive v-< 0; movimento retrégrado A8icacio g _ Ummével com velocidade constante efetua um movimento retilineo mum de- terminado referencial. Suas posicdes variam com o tempo conforme os dados mostradosnatabela. [yy] 9 7. 2 8 4 5.6.7 a) Determine a posi- Gio inicialeavelo- Ls!m) cidade escalar do movimento. b) O movimento ¢ progressivo ou retrégrado? oie i To is Resolugao: a) A posicdo inicial do mével ¢ obtida quando t = 0. Logo: t=0 3 s5,=-5m Da tabela, observamos que o mével percorre distancias iguais em interva- los de tempo iguais (percorre 4 m em cada 1s). Logo, sua velocidade esca- lar é constante. Assim, escolhendo o intervalo de tempo de 2.8.25, temos: As _ 78 5-3 a att, =z b) Observando a tabela verificamos que as posicdes crescem algebricamente com 0 tempo, ou seja, 0 mével caminha no sentido positivo da trajetoria. Logo, 0 movimento é progressivo (v > 0). Resposta: 4 ns; b) progressivo y, ay, = av, = 4s ) s, = —Bmev, 22 Observe a figura. mo deve ser orientada a trajetéria para que a ocidade da menina seja negativa? E positiva? 23 Um mével efetua um movimento em rela~ aum certo referencial. Suas posigdes variam -mo tempo de acordo com os dados da tabela. ml o 1 2 45 6] am} 10 30 50 70 90 110 130 m]7 8 9 10 1 2 1B din) |110 90 70 50 30 10 -10 a) Determine a posigao inicial do mével b) Calcule a velocidade escalar média do mével nos intervalos de tempo de 1 ha he 6ha 12h. ©) Omovimento é progressivo ou retrdgrado nos intervalos de tempo do item b? ) Qual o deslocamento e o espaco percorrido nos intervalos de0a6h,6hal2he0a12h? Sci sania? — 80 kmh @24 0 que indica o velocimetro de um carro? @25 Numa viagem de automével o motorista pediu para o passageiro Vitor anotar os instan- ‘tes em que passavam pelos marcos quilométricos da estrada, A tabela mostra as anotagées feitas por Vitor [-warcoautontiaco—[tewro | 20 8h 10min | 26 8h 13min | 30 8h 17min | 33 8h 19min | 45 8h 27min 59 8h 87min a) Qual a velocidad escalar média do carro, em knvmin, entre os marcos 20 km e 26 km b) Determine, aproximadamente, o valor da vé locidade do automével no instante 8h 18min. Durante a chuva, uma camada de 4gua de varios cen- timetros de altura pode ocu- par a pista, Essa camada de agua é um perigo para o motorista, porque as rodas podem perder o contato com a pista e passar a deslizar como se fossem esquis. Isso é chamado aquaplanagem e ocorre quando 0 veiculo apresenta vel lade acima de 50 kiw/h. Com velocidade superior a 80 kwh o carro passa a planar desgovernado.

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