Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

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GABARITO da AD1 - Fundamentos de Análise Real - 2023-1

  
 a 0 
1. [7,0pt] Considere o conjunto D definido a seguir: D ,a ∈ R .
=def. 
0 a  

Denotamos a soma usual de matrizes por +̂. Seja +̂ : D × D → D a operação de adição.

Denotamos o produto usual de matrizes por ˆ·. Seja ˆ· : D×D  → Da operação
 de multiplicação.
a 0 b 0
Denotamos por < ˆ a seguinte relação de ordem em D:  ˆ
<  ⇔ a < b ∈ R.
0 a 0 b
ˆ satisfaz os 12 axiomas (A), (M), D e (O).
Verifique se D, com operações +̂ ,ˆ· e a relação <,
Utilize o exemplo
 abaixo
 (verificação
 da comutatividade (A1) para +̂) como modelo:
a 0 b 0
(A1): Sejam  ,   ∈ D.
0 a 0 b
     
a 0 b 0 a+b 0
Da definição de +̂, temos   +̂  = .
0 a 0 b 0 a+b
   
a+b 0 b+a 0
Da comutatividade de +, segue que  = .
0 a+b 0 b+a
     
b+a 0 b 0 a 0
Da definição de +̂, temos  =  +̂  .
0 b+a 0 b 0 a
       
a 0 b 0 b 0 a 0
Das igualdades acima, segue que   +̂  =  +̂  .
0 a 0 b 0 b 0 a
Logo (A1) é válida para +̂.

2. [3,0pt] Mostre que, dado qualquer n ∈ N, a equação x2 = 4n + 2 não tem solução x ∈ Q.

Solução (1)      
a 0 b 0 c 0
(A2): Sejam  ,  ,  ∈ D.
0 a 0 b 0 c
Da
 definição
 de  +̂, temos:
        
a 0 b 0 c 0 (a + b) 0 c 0 (a + b) + c 0
  +̂   +̂  =  +̂  = .
0 a 0 b 0 c 0 (a + b) 0 c 0 (a + b) + c
    
(a + b) + c 0 a + (b + c) 0
Da associatividade de +, segue que   = .
0 (a + b) + c 0 a + (b + c)
       
a + (b + c) 0 a 0 b 0 c 0
Da definição de +̂, temos   =  +̂   +̂  .
0 a + (b + c) 0 a 0 b 0 c
           
a 0 b 0 c 0 a 0 b 0 c 0
Das igualdades acima,   +̂   +̂   =  +̂   +̂  .
0 a 0 b 0 c 0 a 0 b 0 c
Logo (A2) é válida para +̂.
   
a 0 0 0
(A3): Sejam  ,   ∈ D.
0 a 0 0
     
a 0 0 0 a+0 0
Da definição de +̂, temos:   +̂  = .
0 a 0 0 0 a+0
     
a 0 0 0 a 0
Do elemento neutro de +, segue que   +̂  = .
0 a 0 0 0 a
Logo (A3) é válida para +̂.
   
a 0 −a 0
(A4): Sejam  ,   ∈ D.
0 a 0 −a
     
a 0 −a 0 a + (−a) 0
Da definição de +̂, temos:   +̂  = .
0 a 0 −a 0 a + (−a)
     
a 0 −a 0 0 0
Do elemento simétrico de +, segue que   +̂  = .
0 a 0 −a 0 0
Logo (A4) é válida para +̂.

As provas de M1 a M4 são análogas às provas e devem conter os mesmos

passos.
     
a 0 b 0 c 0
(D): Sejam  ,  ,  ∈ D.
0 a 0 b 0 c
Da  de +̂ e da definição
 definição   ˆ· ,temos: 
de   
a 0 b 0 c 0 a 0 (b + c) 0 a(b + c) + 0 0+0
  ˆ·   +̂   =   ˆ·  = .
0 a 0 b 0 c 0 a 0 (b + c) 0+0 a(b + c) + 0
O
 elemento
 neutro
  +, a distributividade
de   de · sobre + e a definição
 de +̂ 
implicam: 
a 0 b 0 c 0 ab + ac 0 ab 0 ac 0
  ˆ·   +̂   =  =  +̂  .
0 a 0 b 0 c 0 ab + ac 0 ab 0 ac
             
a 0 b 0 c 0 a 0 b 0 a 0 c 0
A definição de ˆ· implica   ˆ·   +̂   =   ˆ·   +̂   ˆ·  .
0 a 0 b 0 c 0 a 0 b 0 a 0 c
Logo D é válida para ˆ· sobre +̂.
       
0 0 a 0 0 0 b 0
(O1): Sejam  ˆ
<  e ˆ
< .
0 0 0 a 0 0 0 b
ˆ isto equivale a 0 < a, 0 < b. Como O1 vale para <, temos que 0 < a + b.
Da definição de <,
     
a 0 b 0 a+b 0
Da definição de +̂, temos   +̂   = .
0 a 0 b 0 a+b
   
0 0 a+b 0
ˆ temos que 
Como 0 < a + b, pela definição de <, ˆ
< .
0 0 0 a+b
ˆ
Logo (O1) é válida para <.

A prova de O2 é análoga à prova de O1 e deve conter os mesmos passos.

 
a 0
(O3) Seja   ∈ D. Por definição, a ∈ R.
0 a
Por O3, uma e só uma das afirmações a seguir é válida: ou 0 < a, ou a = 0 ou então 0 < −a.
ˆ que a sentença acima equivale à validade de somente uma das
Segue da definição de <,
afirmações abaixo:
           
0 0 a 0 0 0 a 0 −a 0 0 0
ou  ˆ
< , ou   =  ou então  ˆ
< .
0 0 0 a 0 0 0 a 0 −a 0 0
ˆ
Logo (O3) é válida para <.

Solução (2) De fato, suponha por absurdo que existe tal x em Q. Então existem p, q ∈ Z
tais que q ̸= 0, com p e q sem divisores comuns e x = pq . Mas como x2 = 4n + 2 = 2(2n + 1)
então p2 = 2(2n+1)q 2 . Assim, p2 é par, e portanto p é necessariamente par, digamos p = 2m,
para m ∈ Z. Consequentemente, 4m2 = 2(2n + 1)q 2 , ou seja (2n + 1)q 2 = 2m2 . Como 2n + 1
é ı́mpar, segue que q 2 é par; daı́ q é par. Portanto, p e q são pares o que é uma contradição com
a propriedade de não possuı́rem divisores comuns. Esta contradição mostra que a suposição
inicial da existência de um número racional x satisfazendo x2 = 4n + 2 é absurda. Conclui-se
que a equação x2 = 4n + 2 não possui solução x no corpo Q dos racionais.