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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 2
2 APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO ........................................................................................ 2
2.1 Territorialidade ........................................................................................................................... 2
2.2 Território Nacional ..................................................................................................................... 6
2.3 Mar Territorial ............................................................................................................................. 7
2.4 Extraterritorialidade ................................................................................................................... 7
2.5 Pena Cumprida no Estrangeiro ................................................................................................ 9
3 CONCURSO/CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS ......................................................... 10
3.1 Requisitos do Concurso Aparente de Normas .................................................................... 10
3.2 Princípios que Solucionam o Concurso Aparente de Normas .......................................... 10
4 QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................................. 13
5 LEGISLAÇÃO CITADA ..................................................................................................................... 16
6 SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................... 21
7 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ................................................................................. 22

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1 INTRODUÇÃO
Continuação do estudo da teoria da norma penal, analisando a aplicação da lei penal no espaço,
definindo territorialidade e extraterritorialidade, além de examinar o lugar do crime. Por fim, se estuda o
concurso aparente de normas penais, que ocorre quando duas ou mais normas estão vigendo ao tempo do crime
e, aparentemente, todas podem ser aplicadas. Assim, são examinados os princípios que solucionam estes
conflitos.

2 APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO


2.1 Territorialidade
Aplica-se a lei brasileira aos crimes ocorridos em território brasileiro. A territorialidade é um princípio
relativo, conforme o art. 5º do CP, sendo conhecido como territorialidade temperada:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.

Ademais, o Brasil se submete ao Tribunal Penal Internacional e, sendo assim, um crime cometido em
território nacional pode não se submeter a lei brasileira. A competência material que está no Estatuto e é do
TPI é para julgar os crimes internacionais de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra
e o crime de agressão, conforme artigos 5º e seguintes do Decreto 4.388/02.

> Genocídio:

Artigo 6o - Crime de Genocídio


Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se
enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou
religioso, enquanto tal:
a) Homicídio de membros do grupo;
b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física,
total ou parcial;
d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo;
e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.

> Crimes Contra a Humanidade:

Artigo 7o - Crimes contra a Humanidade


1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos
atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer
população civil, havendo conhecimento desse ataque:
a) Homicídio;
b) Extermínio;
c) Escravidão;
d) Deportação ou transferência forçada de uma população;
e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais
de direito internacional;
f) Tortura;

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g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada
ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável;
h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais,
nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de
outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com
qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal;
i) Desaparecimento forçado de pessoas;
j) Crime de apartheid;
k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento,
ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.

2. Para efeitos do parágrafo 1o:


a) Por "ataque contra uma população civil" entende-se qualquer conduta que envolva a prática múltipla
de atos referidos no parágrafo 1o contra uma população civil, de acordo com a política de um Estado ou
de uma organização de praticar esses atos ou tendo em vista a prossecução dessa política;
b) O "extermínio" compreende a sujeição intencional a condições de vida, tais como a privação do
acesso a alimentos ou medicamentos, com vista a causar a destruição de uma parte da população;
c) Por "escravidão" entende-se o exercício, relativamente a uma pessoa, de um poder ou de um
conjunto de poderes que traduzam um direito de propriedade sobre uma pessoa, incluindo o exercício
desse poder no âmbito do tráfico de pessoas, em particular mulheres e crianças;
d) Por "deportação ou transferência à força de uma população" entende-se o deslocamento forçado
de pessoas, através da expulsão ou outro ato coercivo, da zona em que se encontram legalmente, sem
qualquer motivo reconhecido no direito internacional;
e) Por "tortura" entende-se o ato por meio do qual uma dor ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais,
são intencionalmente causados a uma pessoa que esteja sob a custódia ou o controle do acusado; este
termo não compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente de sanções legais, inerentes a
essas sanções ou por elas ocasionadas;
f) Por "gravidez à força" entende-se a privação ilegal de liberdade de uma mulher que foi engravidada
à força, com o propósito de alterar a composição étnica de uma população ou de cometer outras violações
graves do direito internacional. Esta definição não pode, de modo algum, ser interpretada como afetando
as disposições de direito interno relativas à gravidez;
g) Por "perseguição'' entende-se a privação intencional e grave de direitos fundamentais em violação
do direito internacional, por motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade em causa;
h) Por "crime de apartheid" entende-se qualquer ato desumano análogo aos referidos no parágrafo
1°, praticado no contexto de um regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático de um grupo
racial sobre um ou outros grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime;
i) Por "desaparecimento forçado de pessoas" entende-se a detenção, a prisão ou o seqüestro de
pessoas por um Estado ou uma organização política ou com a autorização, o apoio ou a concordância
destes, seguidos de recusa a reconhecer tal estado de privação de liberdade ou a prestar qualquer
informação sobre a situação ou localização dessas pessoas, com o propósito de lhes negar a proteção da
lei por um prolongado período de tempo.

3. Para efeitos do presente Estatuto, entende-se que o termo "gênero" abrange os sexos masculino e
feminino, dentro do contexto da sociedade, não lhe devendo ser atribuído qualquer outro significado.

> Crimes de Guerra:

Artigo 8o - Crimes de Guerra


1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular quando cometidos como
parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga escala desse tipo
de crimes.

2. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crimes de guerra":


a) As violações graves às Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um
dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou bens protegidos nos termos da Convenção de Genebra
que for pertinente:
i) Homicídio doloso;
ii) Tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas;
iii) O ato de causar intencionalmente grande sofrimento ou ofensas graves à integridade física ou à
saúde;
iv) Destruição ou a apropriação de bens em larga escala, quando não justificadas por quaisquer
necessidades militares e executadas de forma ilegal e arbitrária;

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v) O ato de compelir um prisioneiro de guerra ou outra pessoa sob proteção a servir nas forças
armadas de uma potência inimiga;
vi) Privação intencional de um prisioneiro de guerra ou de outra pessoa sob proteção do seu direito a
um julgamento justo e imparcial;
vii) Deportação ou transferência ilegais, ou a privação ilegal de liberdade;
viii) Tomada de reféns;
b) Outras violações graves das leis e costumes aplicáveis em conflitos armados internacionais no
âmbito do direito internacional, a saber, qualquer um dos seguintes atos:
i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não participem diretamente
nas hostilidades;
ii) Dirigir intencionalmente ataques a bens civis, ou seja bens que não sejam objetivos militares;
iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou veículos que
participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência humanitária, de acordo com a Carta das
Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à proteção conferida aos civis ou aos bens civis pelo
direito internacional aplicável aos conflitos armados;
iv) Lançar intencionalmente um ataque, sabendo que o mesmo causará perdas acidentais de vidas
humanas ou ferimentos na população civil, danos em bens de caráter civil ou prejuízos extensos,
duradouros e graves no meio ambiente que se revelem claramente excessivos em relação à vantagem
militar global concreta e direta que se previa;
v) Atacar ou bombardear, por qualquer meio, cidades, vilarejos, habitações ou edifícios que não
estejam defendidos e que não sejam objetivos militares;
vi) Matar ou ferir um combatente que tenha deposto armas ou que, não tendo mais meios para se
defender, se tenha incondicionalmente rendido;
vii) Utilizar indevidamente uma bandeira de trégua, a bandeira nacional, as insígnias militares ou o
uniforme do inimigo ou das Nações Unidas, assim como os emblemas distintivos das Convenções de
Genebra, causando deste modo a morte ou ferimentos graves;
viii) A transferência, direta ou indireta, por uma potência ocupante de parte da sua população civil para
o território que ocupa ou a deportação ou transferência da totalidade ou de parte da população do território
ocupado, dentro ou para fora desse território;
ix) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios consagrados ao culto religioso, à educação, às artes,
às ciências ou à beneficência, monumentos históricos, hospitais e lugares onde se agrupem doentes e
feridos, sempre que não se trate de objetivos militares;
x) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de uma parte beligerante a mutilações físicas
ou a qualquer tipo de experiências médicas ou científicas que não sejam motivadas por um tratamento
médico, dentário ou hospitalar, nem sejam efetuadas no interesse dessas pessoas, e que causem a morte
ou coloquem seriamente em perigo a sua saúde;
xi) Matar ou ferir à traição pessoas pertencentes à nação ou ao exército inimigo;
xii) Declarar que não será dado quartel;
xiii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que tais destruições ou apreensões sejam
imperativamente determinadas pelas necessidades da guerra;
xiv) Declarar abolidos, suspensos ou não admissíveis em tribunal os direitos e ações dos nacionais
da parte inimiga;
xv) Obrigar os nacionais da parte inimiga a participar em operações bélicas dirigidas contra o seu
próprio país, ainda que eles tenham estado ao serviço daquela parte beligerante antes do início da guerra;
xvi) Saquear uma cidade ou uma localidade, mesmo quando tomada de assalto;
xvii) Utilizar veneno ou armas envenenadas;
xviii) Utilizar gases asfixiantes, tóxicos ou outros gases ou qualquer líquido, material ou dispositivo
análogo;
xix) Utilizar balas que se expandem ou achatam facilmente no interior do corpo humano, tais como
balas de revestimento duro que não cobre totalmente o interior ou possui incisões;
xx) Utilizar armas, projéteis; materiais e métodos de combate que, pela sua própria natureza, causem
ferimentos supérfluos ou sofrimentos desnecessários ou que surtam efeitos indiscriminados, em violação
do direito internacional aplicável aos conflitos armados, na medida em que tais armas, projéteis, materiais
e métodos de combate sejam objeto de uma proibição geral e estejam incluídos em um anexo ao presente
Estatuto, em virtude de uma alteração aprovada em conformidade com o disposto nos artigos 121 e 123;
xxi) Ultrajar a dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos humilhantes e degradantes;
xxii) Cometer atos de violação, escravidão sexual, prostituição forçada, gravidez à força, tal como
definida na alínea f) do parágrafo 2o do artigo 7o, esterilização à força e qualquer outra forma de violência
sexual que constitua também um desrespeito grave às Convenções de Genebra;
xxiii) Utilizar a presença de civis ou de outras pessoas protegidas para evitar que determinados pontos,
zonas ou forças militares sejam alvo de operações militares;
xxiv) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos sanitários, assim como
o pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das Convenções de Genebra, em conformidade com
o direito internacional;

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xxv) Provocar deliberadamente a inanição da população civil como método de guerra, privando-a dos
bens indispensáveis à sua sobrevivência, impedindo, inclusive, o envio de socorros, tal como previsto nas
Convenções de Genebra;
xxvi) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas nacionais ou utilizá-los para
participar ativamente nas hostilidades;
c) Em caso de conflito armado que não seja de índole internacional, as violações graves do artigo
3o comum às quatro Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos atos
que a seguir se indicam, cometidos contra pessoas que não participem diretamente nas hostilidades,
incluindo os membros das forças armadas que tenham deposto armas e os que tenham ficado impedidos
de continuar a combater devido a doença, lesões, prisão ou qualquer outro motivo:
i) Atos de violência contra a vida e contra a pessoa, em particular o homicídio sob todas as suas
formas, as mutilações, os tratamentos cruéis e a tortura;
ii) Ultrajes à dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos humilhantes e degradantes;
iii) A tomada de reféns;
iv) As condenações proferidas e as execuções efetuadas sem julgamento prévio por um tribunal
regularmente constituído e que ofereça todas as garantias judiciais geralmente reconhecidas como
indispensáveis.
d) A alínea c) do parágrafo 2o do presente artigo aplica-se aos conflitos armados que não tenham
caráter internacional e, por conseguinte, não se aplica a situações de distúrbio e de tensão internas, tais
como motins, atos de violência esporádicos ou isolados ou outros de caráter semelhante;
e) As outras violações graves das leis e costumes aplicáveis aos conflitos armados que não têm
caráter internacional, no quadro do direito internacional, a saber qualquer um dos seguintes atos:
i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não participem diretamente
nas hostilidades;
ii) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos sanitários, bem como ao
pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das Convenções de Genebra, em conformidade com
o direito internacional;
iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou veículos que
participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência humanitária, de acordo com a Carta das
Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à proteção conferida pelo direito internacional dos
conflitos armados aos civis e aos bens civis;
iv) Atacar intencionalmente edifícios consagrados ao culto religioso, à educação, às artes, às ciências
ou à beneficência, monumentos históricos, hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos, sempre
que não se trate de objetivos militares;
v) Saquear um aglomerado populacional ou um local, mesmo quando tomado de assalto;
vi) Cometer atos de agressão sexual, escravidão sexual, prostituição forçada, gravidez à força, tal
como definida na alínea f do parágrafo 2o do artigo 7o; esterilização à força ou qualquer outra forma de
violência sexual que constitua uma violação grave do artigo 3o comum às quatro Convenções de Genebra;
vii) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas nacionais ou em grupos, ou utilizá-
los para participar ativamente nas hostilidades;
viii) Ordenar a deslocação da população civil por razões relacionadas com o conflito, salvo se assim
o exigirem a segurança dos civis em questão ou razões militares imperiosas;
ix) Matar ou ferir à traição um combatente de uma parte beligerante;
x) Declarar que não será dado quartel;
xi) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de outra parte beligerante a mutilações físicas
ou a qualquer tipo de experiências médicas ou científicas que não sejam motivadas por um tratamento
médico, dentário ou hospitalar nem sejam efetuadas no interesse dessa pessoa, e que causem a morte ou
ponham seriamente a sua saúde em perigo;
xii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que as necessidades da guerra assim o exijam;
f) A alínea e) do parágrafo 2o do presente artigo aplicar-se-á aos conflitos armados que não tenham
caráter internacional e, por conseguinte, não se aplicará a situações de distúrbio e de tensão internas, tais
como motins, atos de violência esporádicos ou isolados ou outros de caráter semelhante; aplicar-se-á,
ainda, a conflitos armados que tenham lugar no território de um Estado, quando exista um conflito armado
prolongado entre as autoridades governamentais e grupos armados organizados ou entre estes grupos.

3. O disposto nas alíneas c) e e) do parágrafo 2o, em nada afetará a responsabilidade que incumbe a todo
o Governo de manter e de restabelecer a ordem pública no Estado, e de defender a unidade e a integridade
territorial do Estado por qualquer meio legítimo.

> Crimes de Agressão: este crime só passou a valer em 2018, sendo o uso da força armada por parte de
um Estado contra a soberania, a integridade territorial ou a independência política de outro Estado.

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A atuação da jurisdição do TPI está definida no artigo 13 do Estatuto de Roma, sendo possível exercer
a jurisdição em qualquer um dos crimes acima descritos quando um Estado-Parte denunciar ao Procurador
qualquer situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou vários dos crimes, devendo-se
observar o artigo 14 do referido estatuto:

Artigo 14 - Denúncia por um Estado Parte


1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar ao Procurador uma situação em que haja indícios de ter
ocorrido a prática de um ou vários crimes da competência do Tribunal e solicitar ao Procurador que a
investigue, com vista a determinar se uma ou mais pessoas identificadas deverão ser acusadas da prática
desses crimes.
2. O Estado que proceder à denúncia deverá, tanto quanto possível, especificar as circunstâncias
relevantes do caso e anexar toda a documentação de que disponha.

2.2 Território Nacional


O território nacional pode ser definido a partir de vários conceitos:
> Critério Jurídico: é o espaço dentro do qual um país exerce a sua soberania.

> Critério Material/Real/Concreto/Efetivo: é o espaço concreto.


a) Superfície terrestre: solo e subsolo.
b) Águas territoriais: marítimas, lacustres e fluviais.
c) Espaço aéreo correspondente.

> Critério por Extensão/Presunção/Ficção: as embarcações e as aeronaves, conforme prevê o art. 5º do


CP, em seus parágrafos:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e


aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou


embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional
ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

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Aplica-se a lei brasileira
Pública independentemente do lugar.

Brasileira
Aplica-se a lei brasileira apenas no espaço
Privada aéreo nacional e em águas neutras (alto-mar)
Embarcação
+
Aeronave
Aplica-se a lei estrangeira
Pública independentemente do lugar.

Estrangeira
Aplica-se a lei brasileira apenas no espaço
Privada aéreo e território marítimo nacional.

2.3 Mar Territorial


A Lei 8.617/93 estabelece que o mar territorial é de 12 milhas náuticas marinhas para frente do baixa-
mar continental e das ilhas. Assim, é no mar territorial que incide a lei penal brasileira.
a) Mar Territorial: 12 milhas náuticas marinhas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental;
b) Zona Econômica Exclusiva: entre 12 e 200 milhas náuticas marinhas, contadas a partir das linhas de
base que servem para medir a largura do mar territorial.

2.4 Extraterritorialidade
É a aplicação da lei brasileira a fatos que aconteceram no estrangeiro. Só é possível para crimes, pois
há a proibição da extraterritorialidade na Lei de Contravenções Penais.

ESPÉCIES DE EXTRATERRITORIALIDADE
> Incondicionada: não há nenhuma condição para aplicar a lei brasileira, por conta da relevância do bem
jurídico tutelado. Os crimes submetidos a extraterritorialidade incondicionada encontram-se no art. 7, I do CP:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(...)

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.

> Condicionada: os casos desta extraterritorialidade estão previstos no art. 7, II do CP, havendo requisitos
para aplicação da lei brasileira, ainda que o fato tenha sido praticado no estrangeiro:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

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(...)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
(...)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.

Requisitos

Crime que a lei Não ter sido absolvido


Agente entrar no Fato punível no país
brasileira autoriza ou cumprido pena no Não ter sido
território brasileiro que foi praticado
extradição estrangeiro

Perdoado no
estrangeiro OU

Não estar extinta a


punibilidade segundo
lei mais favorável

> Hipercondicionada: são casos de crimes praticados por estrangeiros, contra brasileiros, fora do Brasil.
Nestes casos, devem ser preenchidos os requisitos previstos no art. 7, §§2 e 3 do CP:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


(...)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

INCONDICIONADA CONDICIONADA HIPERCONDICIONADA

Não há requisito para Há requisitos cumulativos: Além dos 5 requisitos da


aplicação da lei penal condicionada, ainda

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brasileira, pela relevância 1. entrada do agente em apresenta mais dois (Total:
dos bens jurídicos tutelados território brasileiro; 7 requisitos):
2. Dupla tipicidade;
3. A espécie de crime a) não foi pedida ou negada
autorizar a extradição; a extradição e
4. Não ter sido o agente
absolvido no estrangeiro ou b) houve requisição do
não ter cumprido a pena; ministro da justiça.
5. Não ter sido perdoado no
estrangeiro ou não ter
ocorrido a atipicidade do ato.

PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA EXTRATERRITORIALIDADE


> Princípio da Proteção/Defesa/Real: se aplica a lei brasileira ao crime cometido no estrangeiro, visando
a tutela do bem jurídico nacional. Em outras palavras, o que se aplica é a lei da nacionalidade do bem
jurídico ofendido.

> Princípio da Universalidade/Justiça Penal Universal/Justiça Penal Cosmopolita: aplica-se a lei


brasileira ao crime cometido em qualquer localidade no território brasileiro, independentemente da
nacionalidade do sujeito.

> Princípio da Personalidade/Nacionalidade: em regra geral, aplica-se a lei da nacionalidade do agente.


Assim, se o agente for brasileiro, a lei aplicada será a lei penal brasileira.

> Princípio da Representação/Bandeira/Pavilhão/Substituição/Subsidiário: aplica-se a lei da


nacionalidade do meio de transporte privado em que praticado o crime.

2.5 Pena Cumprida no Estrangeiro


O Código Penal, em seu art. 8º, estabelece:

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Este dispositivo deve ser interpretado a partir do art. 6º do CP, que trata do lugar do crime,
utilizando a teoria da ubiquidade, uma vez que o lugar do crime é onde ocorreu a ação/omissão ou onde
se produziu o resultado:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Com relação aos crimes à distância, onde a conduta ocorre em um país e o resultado se produz em
outro país, haverá dois inquéritos e, poderá haver duas condenações pelo mesmo fato. Por tal motivo, se
utiliza a regra do art. 8º do CP. Assim, quando a pena cumprida no estrangeiro e a pena cumprida no Brasil

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forem idênticas (ambas penas privativas de liberdade, por exemplo), a pena cumprida irá ser computada,
diminuindo a pena brasileira. Se as penas forem de natureza diversas, a pena cumprida servirá apenas
como atenuante.

3 CONCURSO/CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS


Não se confunde com o “conflito de leis penais no tempo”, onde apenas uma das leis penais está
vigendo. No concurso aparente de normas penais, todas as normas penais estão vigendo ao tempo do crime,
mas apenas uma será aplicada ao caso.

3.1 Requisitos do Concurso Aparente de Normas

Pluralidade
(aparente) de
Normas

Concurso
Aparente
de Normas

Vigência
Unidade de Contemporânea
Fato (Crime) de Todas as
Normas

3.2 Princípios que Solucionam o Concurso Aparente de Normas


Os princípios não estão presentes na legislação, uma vez que é a doutrina e a jurisprudência que dão
estas soluções.

> Princípio da Especialidade (lex especialis derrogat legi generali): lei especial (que contém todos os
elementos da lei geral e acresce os elementos especializantes) afasta a aplicação da lei geral. Em crimes que
não são idênticos, mas que tutelam o mesmo bem jurídico, também se utiliza a especialidade. Por exemplo, o
homicídio e o infanticídio tutelam a vida, assim, o “matar alguém” do homicídio, já está dentro do infanticídio,
que acrescenta três regras especializantes: filho, parto e estado puerperal, transformando a lei geral em lei
especial.

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Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

O que importa é a especialidade, e não a gravidade que a lei traz, sendo que a análise é feita em
abstrato. E deve-se levar em conta o art. 12 do CP:

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso.

> Princípio da Subsidiariedade: uma norma que prevê uma ofensa mais ampla e mais grave, afasta outra
norma que prevê uma ofensa menos ampla e menos grave aquele bem jurídico. Esta norma que é menos
grave, é chamada de norma subsidiária.
a) Subsidiariedade Expressa/Explícita: a própria lei já diz de forma expressa que tal norma só será
aplicada se não houver norma com ofensa mais ampla e mais grave. Por exemplo, é o caso do art. 132 do CP:

Perigo para a vida ou saúde de outrem


Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

b) Subsidiariedade Tácita/Implícita: a norma subsidiária funciona como elementar ou circunstância


de norma mais grave. Como, por exemplo, o crime de dano (art. 163 do CP) é uma circunstância do furto
qualificado (art. 155, §4º, I do CP).

Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(...)
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

A análise das normas é feita em concreto!

> Princípio da Consunção/Absorção: há diversos desdobramentos:


a) Crime Complexo em Sentido Estrito/Puro: é o que resulta da fusão de dois ou mais crimes
autônomos (como, por exemplo, se houver roubo e homicídio, haverá o latrocínio). O art. 101 do CP prevê:

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Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se
deva proceder por iniciativa do Ministério Público.

O Crime Complexo em Sentido Amplo é o que resulta da fusão de um crime típico e um crime atípico,
como se houver ameaça (crime) e relação sexual (fato atípico), haverá estupro.

b) Crime Progressivo: para a prática de um deleito, necessariamente deve se praticar outro delito.
Para matar, deve se ferir, ou seja, passar pela lesão corporal (que será absorvida pelo homicídio). Aqui, na
origem, o agente está voltado ao crime mais grave.

c) Progressão Criminosa: há uma mutação no dolo do agente. Na origem, o dolo do agente está
voltado ao crime menos grave. É durante a prática do crime menos grave que se decide praticar o mais
grave. Todos os fatos devem ter ocorrido no mesmo contexto fático.

d) Fato Anterior Impunível: o crime-meio é absorvido pelo crime-fim. Por exemplo, a Súmula 17
do STJ estabelece que a falsificação de assinatura é absorvida pelo estelionato, se tudo ocorreu dentro do
mesmo contexto fático. Aqui, não importa se o crime-meio possui pena superior que o crime-fim:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. RITO PREVISTO NO ART. 543-C DO


CPC. DIREITO PENAL. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. DESCAMINHO. USO DE DOCUMENTO FALSO.
CRIME-MEIO. ABSORÇÃO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
1. Recurso especial processado sob o rito do art. 543-C, § 2º, do CPC e da Resolução n. 8/2008 do STJ.
2. O delito de uso de documento falso, cuja pena em abstrato é mais grave, pode ser absorvido pelo crime-
fim de descaminho, com menor pena comparativamente cominada, desde que etapa preparatória ou
executória deste, onde se exaure sua potencialidade lesiva.
Precedentes.
3. Delimitada a tese jurídica para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes termos: Quando o falso se
exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição
que não se altera por ser menor a pena a este cominada
4.Recurso especial improvido.
(REsp 1378053/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe
15/08/2016)

e) Fato Posterior Impunível: o fato posterior é um mero exaurimento do crime, influenciando na


pena, mas nunca caracterizando um crime autônomo. Como, por exemplo, se o agente furta e depois vende
o que furtou, só irá responder pelo furto.

> Princípio da Alternatividade: serve para resolver conflito entre verbos nucleares de um mesmo tipo
misto alternativo.

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4 QUESTÕES COMENTADAS

01 (Promotor de Justiça Substituto – MPE/MG – FUNDEP – 2017) No direito brasileiro, adota-se, no âmbito
espacial, como regra, o princípio da territorialidade. Dada, porém, a relevância de certos bens, protege-os o direito
até mesmo contra crimes praticados inteiramente fora do Brasil, em respeito a certos princípios. É o que chama a
doutrina de aplicação extraterritorial condicionada ou incondicionada, conforme o caso, da lei penal brasileira.
A esse respeito, assinale a alternativa INCORRETA:
a) A lei brasileira é aplicável, por força do princípio da justiça cosmopolita, ao crime contra a dignidade sexual de
criança praticado no estrangeiro, quando o agente ou vítima for brasileiro ou pessoa domiciliada no Brasil, falando
a doutrina, nesse caso, de aplicação extraterritorial incondicionada.
b) A lei brasileira é aplicável, por força do princípio da personalidade, ao crime praticado no estrangeiro por
brasileiro, falando a doutrina, nesse caso, de extraterritorialidade condicionada.
c) A lei brasileira é aplicável, por força do princípio da proteção, ao crime praticado no estrangeiro contra a
Administração Pública por quem está a seu serviço, falando a doutrina, nesse caso, de aplicação extraterritorial
incondicionada.
d) A lei brasileira é aplicável, por força do princípio do pavilhão, ao crime praticado a bordo de embarcação
mercante brasileira, quando em território estrangeiro e aí não seja julgado, falando a doutrina, nesse caso, de
aplicação extraterritorial condicionada.
Resposta: A
Comentários: A) FALSO. Não é hipótese de extraterritorialidade incondicionada. Segundo o princípio da justiça
universal: ou princípio da justiça cosmopolita, ou da competência universal, da jurisdição universal, da jurisdição
mundial, da repressão mundial ou da universalidade do direito de punir, é característico da cooperação penal
internacional, porque todos os Estados da comunidade internacional podem punir os autores de determinados
crimes que se encontrem em seu território, de acordo com as convenções ou tratados internacionais, pouco
importando a nacionalidade do agente, o local do crime ou o bem jurídico atingido. Fundamenta-se no dever de
solidariedade na repressão de certos delitos cuja punição interessa a todos os povos. Exemplos: tráfico de drogas,
comércio de seres humanos, genocídio etc. É adotado no art. 7.º, II, “a”, do CP: “os crimes que, por tratado ou
convenção, o Brasil se obrigou a reprimir” (extraterritorialidade condicionada).

B) CERTO. Princípio da personalidade ou da nacionalidade. Esse princípio autoriza a submissão à lei brasileira
dos crimes praticados no estrangeiro por autor brasileiro (ativa) ou contra vítima brasileira (passiva). De acordo
com a personalidade ativa, o agente é punido de acordo com a lei brasileira, independentemente da nacionalidade
do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido. É previsto no art. 7.º, I, alínea “d” (“quando o agente for brasileiro”),
e pelo inciso II, alínea “b”, do CP. Por sua vez, aplica-se o princípio da personalidade passiva nos casos em que
a vítima é brasileira. O autor do delito que se encontrar em território brasileiro, embora seja estrangeiro, deverá
ser julgado de acordo com a nossa lei penal. É adotado pelo art. 7.º, § 3.º, CP: A lei brasileira aplica-se também
ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo
anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça (extrat.
condicionada).

C) CERTO. Princípio da defesa, real ou da proteção: Permite submeter à lei penal brasileira os crimes praticados
no estrangeiro que ofendam bens jurídicos pertencentes ao Brasil, qualquer que seja a nacionalidade do agente
e o local do delito. Adotado pelo CP, em seu art. 7.º, I, alíneas “a”, “b” e “c”: a) contra a vida ou a liberdade do
Presidente da República; b) contra o patrimônio e e fé pública União e demais entes da administração direta e
indireta (inclusive territórios); c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço (extrat.
incondicionada).

D) CERTO. Princípio da representação ou princípio do pavilhão, da bandeira, subsidiário ou da substituição.


Segundo esse princípio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí
não sejam julgados. É adotado pelo art. 7.º, II, “c”, do CP (extrat. condicionada).

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02 (Procurador Jurídico – Prefeitura de Alumínio/SP – VUNESP – 2016) Um brasileiro, João, que reside em
Buenos Aires, Argentina, decide matar um desafeto, José, que reside na cidade de Alumínio, SP, Brasil. João, em
sua residência, fabrica uma “carta-bomba”, no dia 10, e, no mesmo dia, posta o objeto em uma unidade dos
correios de Buenos Aires, com destino a Alumínio. O artefato é recebido por José, em Alumínio, no dia 20. No dia
25 é aberto, explode e mata José. Com relação à aplicação da Lei Penal, e de acordo com os arts. 4º e 6º do CP,
assinale a alternativa que traz, respectivamente, o dia do crime e o local em que ele foi praticado.
a) 10; apenas Buenos Aires.
b) 10; Buenos Aires ou Alumínio.
c) 20; apenas Alumínio.
d) 25; apenas Alumínio.
e) 25; Buenos Aires ou Alumínio.
Resposta: B
Comentários:
> Dia do crime - "Teoria da Atividade" (tempus regitactum) - "Considera-se praticado o crime no momento da ação
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado" (art. 4º do CP). Assim, consoante o enunciado,
configura a data do crime o dia 10, uma vez que foi o dia em que João fabricou a “carta-bomba” e postou o objeto
em uma unidade dos correios, ainda que o resultado tenha se verificado, apenas, no dia 25.
: Local em que o crime foi praticado - "Teoria da Ubiquidade” - "Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado"
(art. 6º do CPP). Desta forma, conforme o enunciado, é local do crime Buenos Aires ou Alumínio.

03 (Juiz de Direito Substituto – TJ/RS – FAURGS – 2016)


I - Em nome do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, a abolitio criminis e a lexmitior alcançam
todos os fatos delitivos anteriores à sua entrada em vigor, inclusive aqueles previstos em legislação penal
temporária ou excepcional.

II - A lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos a bordo de embarcações e aeronaves estrangeiras de
propriedade privada que estejam localizadas no mar territorial ou sobrevoando o espaço aéreo brasileiro, sendo
também consideradas como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, localizadas em mar territorial ou no espaço aéreo de outro país, desde que estejam a
serviço do governo brasileiro.

III - Segundo dispõe o princípio da consunção, quando a concretização da prática de um crime depende direta e
necessariamente da prática de uma conduta delitiva antecedente, o juiz, no momento da sentença, deve afastar
o reconhecimento do concurso de infrações, aplicando ao réu apenas a pena do crime mais grave.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
Resposta: A
Comentários: I – INCORRETO. A lei temporária (ou temporária em sentido estrito) é aquela instituída por um
prazo determinado, ou seja, é a lei que criminaliza determinada conduta, porém prefixando no seu texto lapso
temporal para sua vigência. A lei excepcional (ou temporária em sentido amplo) é editada em função de algum
evento transitório, como estado de guerra, calamidade ou qualquer outra necessidade estatal. Perdura enquanto
persistir o estado de emergência.
As leis temporária e excepcional têm duas características essenciais: a) autorrevogabilidade e b) ultra-atividade.
Sobre a ultra-atividade, por tal circunstância, alcançam os fatos praticados durante a sua vigência, ainda que as
circunstâncias de prazo (lei temporária) e de emergência (lei excepcional) tenham se esvaído, uma vez que essas
condições são elementos temporais do próprio fato típico. Em outras palavras, não se sujeitam aos efeitos da
abolitio criminis (salvo se houver lei expressa com esse fim).

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II – CORRETO. Previsão do art. 5º, §§ 1º e 2º, do CP.

III – INCORRETO. No princípio da consunção não necessariamente será aplicada a pena do crime mais grave. É
o caso, por exemplo, do agente que falsifica documento (com pena de reclusão de 2 a 6 anos) e posteriormente
utiliza-o para a prática de estelionato (com pena de reclusão de 1 a 5 anos); aplicação da Súmula 17 do STJ
("Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido".)

04 (Analista Jurídico – MPE/SP – VUNESP – 2018) Sobre o conflito aparente de normas penais e os princípios
dirimentes, é correto afirmar que
a) a norma especial prevalece sobre a norma geral e, necessariamente, descreve um tipo penal apenado mais
severamente.
b) o conflito aparente de normas penais tem por requisito a unidade fática; a pluralidade de normas aplicáveis ao
mesmo fato (aparente) e a vigência contemporânea de todas elas.
c) a norma subsidiária descreve um grau maior de lesividade ao bem jurídico e, necessariamente, um tipo penal
apenado mais severamente.
d) a consunção, pela qual uma conduta absorve outra, é possível no crime progressivo, no crime complexo e na
progressão criminosa. Em todos, necessariamente, há unidade de desígnios do sujeito ativo, desde o primeiro
ato.
e) pelo princípio da subsidiariedade, prescinde-se do caso concreto para se saber qual a norma aplicável. A análise
é feita de forma abstrata, confrontando-se as normas.
Resposta: B
Comentários: a) FALSO. Entende-se como lei especial aquela que contém todos os elementos da norma geral,
acrescida de outros elementos que a torna distinta (chamados de especializantes). Não interessa se o crime
especial representa um minus (punido com menor rigor) ou um plus (punido com maior rigor) em comparação com
o tipo geral.
Ex: o art. 123 do CP (infanticídio- pena de 2 a 6 anos) prevalece sobre o art. 121 caput do CP (homicídio simples-
pena de 6 a 20 anos). O infanticídio não é mais completo nem mais grave, ao contrário, é mais brando, no entanto,
é especial.

b) CERTO. São pressupostos do conflito aparente de normas a unidade de fato e a pluralidade de normas
simultaneamente vigentes. Verificados esses pressupostos, impõe-se a solução do conflito (aparente).

c) FALSO. É o contrário. A norma subsidiária descreve um grau menor de violação de um mesmo bem jurídico,
ou seja, um fato menos amplo e menos grave. Só há que se falar em princípio da subsidiariedade quando a norma
principal for mais grave que a subsidiária.

d) FALSO. Na progressão criminosa não há unidade de desígnios desde o primeiro ato. Ocorre na progressão
criminosa a mudança no dolo do agente (dolo cumulativo).
Ex: agente que inicialmente pretende causar lesões corporais na vítima, porém, após consumar os ferimentos,
decide matá-la. O crime de homicídio absorverá a lesão.

e) FALSO. Para a aplicação do princípio da subsidiariedade, é imprescindível a análise do caso concreto, sendo
insuficiente a comparação abstrata dos tipos penais.

Para ajudar em ralação ao crime progressivo, progressão criminosa e crime complexo.


1- Crime Progressivo: o agente possui dolo único desde o ínicio da conduta. Todavia, para alcançar o delito mais
gravoso deve o criminoso praticar o crime menos lesivo, chamdo tambem de crime de passagem. Nessa situação
o agente responde somente pelo crime mais grave em razão da aplicação do princípio da consunção.
2- Progressão Criminosa: a Doutrina costuma mencionar que não há unidade de desígnios, na medida em que
após a prática do crime menos grave o deliquente decide - observem a presença de dualidade quanto ao dolo-
praticar o crime mais grave.
3- Crime complexo: a grosso modo pode ser conceituado como a junção de dois ou mais crimes. Exemplo é o
delito de roubo, onde há a violência ou grave ameaça aliada à subtração de coisa alheia móvel.

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5 LEGISLAÇÃO CITADA

> CÓDIGO PENAL e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro


ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
Territorialidade segundo a lei mais favorável.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime
convenções, tratados e regras de direito internacional, cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,
ao crime cometido no território nacional. se, reunidas as condições previstas no parágrafo
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como anterior:
extensão do território nacional as embarcações e a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço b) houve requisição do Ministro da Justiça.
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, Pena cumprida no estrangeiro
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
em alto-mar. diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações Legislação especial
estrangeiras de propriedade privada, achando-se Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar dispuser de modo diverso.
territorial do Brasil.
A ação penal no crime complexo
Lugar do crime Art. 101 - Quando a lei considera como elemento
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em constituem crimes, cabe ação pública em relação
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir- àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se
se o resultado. deva proceder por iniciativa do Ministério Público.

Extraterritorialidade Homicídio simples


Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora Art. 121. Matar alguem:
cometidos no estrangeiro: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Infanticídio
República; Art. 123 - Matar, sob a influência do estado
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, Pena - detenção, de dois a seis anos.
de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; Perigo para a vida ou saúde de outrem
c) contra a administração pública, por quem está a Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a
seu serviço; perigo direto e iminente:
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou Pena - detenção, de três meses a um ano, se o
domiciliado no Brasil; fato não constitui crime mais grave.
II - os crimes: Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
obrigou a reprimir; outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para
b) praticados por brasileiro; a prestação de serviços em estabelecimentos de
c) praticados em aeronaves ou embarcações qualquer natureza, em desacordo com as normas
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, legais.
quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados. Furto
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou alheia móvel:
condenado no estrangeiro. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime
brasileira depende do concurso das seguintes é praticado durante o repouso noturno.
condições: § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno
a) entrar o agente no território nacional; valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
b) ser o fato punível também no país em que foi reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
praticado; terços, ou aplicar somente a pena de multa.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica
a lei brasileira autoriza a extradição; ou qualquer outra que tenha valor econômico.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro Furto qualificado
ou não ter aí cumprido a pena;

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§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e forçada ou qualquer outra forma de violência no campo
multa, se o crime é cometido: sexual de gravidade comparável;
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à h) Perseguição de um grupo ou coletividade que
subtração da coisa; possa ser identificado, por motivos políticos, raciais,
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal
escalada ou destreza; como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros
III - com emprego de chave falsa; critérios universalmente reconhecidos como
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. inaceitáveis no direito internacional, relacionados com
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer
(dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou crime da competência do Tribunal;
de artefato análogo que cause perigo comum. i) Desaparecimento forçado de pessoas;
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se j) Crime de apartheid;
a subtração for de veículo automotor que venha a ser k) Outros atos desumanos de caráter semelhante,
transportado para outro Estado ou para o exterior. que causem intencionalmente grande sofrimento, ou
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) afetem gravemente a integridade física ou a saúde
anos se a subtração for de semovente domesticável de física ou mental.
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração. 2. Para efeitos do parágrafo 1o:
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) a) Por "ataque contra uma população civil"
anos e multa, se a subtração for de substâncias entende-se qualquer conduta que envolva a prática
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou múltipla de atos referidos no parágrafo 1o contra uma
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem população civil, de acordo com a política de um Estado
ou emprego. ou de uma organização de praticar esses atos ou tendo
em vista a prossecução dessa política;
Dano b) O "extermínio" compreende a sujeição
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa intencional a condições de vida, tais como a privação do
alheia: acesso a alimentos ou medicamentos, com vista a
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. causar a destruição de uma parte da população;
c) Por "escravidão" entende-se o exercício,
> DECRETO 4.388/02 relativamente a uma pessoa, de um poder ou de um
conjunto de poderes que traduzam um direito de
Artigo 6o - Crime de Genocídio propriedade sobre uma pessoa, incluindo o exercício
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por desse poder no âmbito do tráfico de pessoas, em
"genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se particular mulheres e crianças;
enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo d) Por "deportação ou transferência à força de uma
ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou população" entende-se o deslocamento forçado de
religioso, enquanto tal: pessoas, através da expulsão ou outro ato coercivo, da
a) Homicídio de membros do grupo; zona em que se encontram legalmente, sem qualquer
b) Ofensas graves à integridade física ou mental motivo reconhecido no direito internacional;
de membros do grupo; e) Por "tortura" entende-se o ato por meio do qual
c) Sujeição intencional do grupo a condições de uma dor ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são
vida com vista a provocar a sua destruição física, total intencionalmente causados a uma pessoa que esteja
ou parcial; sob a custódia ou o controle do acusado; este termo não
d) Imposição de medidas destinadas a impedir compreende a dor ou os sofrimentos resultantes
nascimentos no seio do grupo; unicamente de sanções legais, inerentes a essas
e) Transferência, à força, de crianças do grupo sanções ou por elas ocasionadas;
para outro grupo. f) Por "gravidez à força" entende-se a privação
ilegal de liberdade de uma mulher que foi engravidada
Artigo 7o - Crimes contra a Humanidade à força, com o propósito de alterar a composição étnica
1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por de uma população ou de cometer outras violações
"crime contra a humanidade", qualquer um dos atos graves do direito internacional. Esta definição não pode,
seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, de modo algum, ser interpretada como afetando as
generalizado ou sistemático, contra qualquer população disposições de direito interno relativas à gravidez;
civil, havendo conhecimento desse ataque: g) Por "perseguição'' entende-se a privação
a) Homicídio; intencional e grave de direitos fundamentais em
b) Extermínio; violação do direito internacional, por motivos
c) Escravidão; relacionados com a identidade do grupo ou da
d) Deportação ou transferência forçada de uma coletividade em causa;
população; h) Por "crime de apartheid" entende-se qualquer
e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade ato desumano análogo aos referidos no parágrafo 1°,
física grave, em violação das normas fundamentais de praticado no contexto de um regime institucionalizado
direito internacional; de opressão e domínio sistemático de um grupo racial
f) Tortura; sobre um ou outros grupos nacionais e com a intenção
g) Agressão sexual, escravatura sexual, de manter esse regime;
prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização

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i) Por "desaparecimento forçado de pessoas" iv) Lançar intencionalmente um ataque, sabendo
entende-se a detenção, a prisão ou o seqüestro de que o mesmo causará perdas acidentais de vidas
pessoas por um Estado ou uma organização política ou humanas ou ferimentos na população civil, danos em
com a autorização, o apoio ou a concordância destes, bens de caráter civil ou prejuízos extensos, duradouros
seguidos de recusa a reconhecer tal estado de privação e graves no meio ambiente que se revelem claramente
de liberdade ou a prestar qualquer informação sobre a excessivos em relação à vantagem militar global
situação ou localização dessas pessoas, com o concreta e direta que se previa;
propósito de lhes negar a proteção da lei por um v) Atacar ou bombardear, por qualquer meio,
prolongado período de tempo. cidades, vilarejos, habitações ou edifícios que não
estejam defendidos e que não sejam objetivos militares;
3. Para efeitos do presente Estatuto, entende-se que o vi) Matar ou ferir um combatente que tenha
termo "gênero" abrange os sexos masculino e feminino, deposto armas ou que, não tendo mais meios para se
dentro do contexto da sociedade, não lhe devendo ser defender, se tenha incondicionalmente rendido;
atribuído qualquer outro significado. vii) Utilizar indevidamente uma bandeira de trégua,
a bandeira nacional, as insígnias militares ou o uniforme
Artigo 8o - Crimes de Guerra do inimigo ou das Nações Unidas, assim como os
1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de emblemas distintivos das Convenções de Genebra,
guerra, em particular quando cometidos como parte causando deste modo a morte ou ferimentos graves;
integrante de um plano ou de uma política ou como viii) A transferência, direta ou indireta, por uma
parte de uma prática em larga escala desse tipo de potência ocupante de parte da sua população civil para
crimes. o território que ocupa ou a deportação ou transferência
da totalidade ou de parte da população do território
2. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por ocupado, dentro ou para fora desse território;
"crimes de guerra": ix) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios
a) As violações graves às Convenções de consagrados ao culto religioso, à educação, às artes, às
Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer ciências ou à beneficência, monumentos históricos,
um dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos,
bens protegidos nos termos da Convenção de Genebra sempre que não se trate de objetivos militares;
que for pertinente: x) Submeter pessoas que se encontrem sob o
i) Homicídio doloso; domínio de uma parte beligerante a mutilações físicas
ii) Tortura ou outros tratamentos desumanos, ou a qualquer tipo de experiências médicas ou
incluindo as experiências biológicas; científicas que não sejam motivadas por um tratamento
iii) O ato de causar intencionalmente grande médico, dentário ou hospitalar, nem sejam efetuadas no
sofrimento ou ofensas graves à integridade física ou à interesse dessas pessoas, e que causem a morte ou
saúde; coloquem seriamente em perigo a sua saúde;
iv) Destruição ou a apropriação de bens em larga xi) Matar ou ferir à traição pessoas pertencentes à
escala, quando não justificadas por quaisquer nação ou ao exército inimigo;
necessidades militares e executadas de forma ilegal e xii) Declarar que não será dado quartel;
arbitrária; xiii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a
v) O ato de compelir um prisioneiro de guerra ou menos que tais destruições ou apreensões sejam
outra pessoa sob proteção a servir nas forças armadas imperativamente determinadas pelas necessidades da
de uma potência inimiga; guerra;
vi) Privação intencional de um prisioneiro de guerra xiv) Declarar abolidos, suspensos ou não
ou de outra pessoa sob proteção do seu direito a um admissíveis em tribunal os direitos e ações dos
julgamento justo e imparcial; nacionais da parte inimiga;
vii) Deportação ou transferência ilegais, ou a xv) Obrigar os nacionais da parte inimiga a
privação ilegal de liberdade; participar em operações bélicas dirigidas contra o seu
viii) Tomada de reféns; próprio país, ainda que eles tenham estado ao serviço
b) Outras violações graves das leis e costumes daquela parte beligerante antes do início da guerra;
aplicáveis em conflitos armados internacionais no xvi) Saquear uma cidade ou uma localidade,
âmbito do direito internacional, a saber, qualquer um mesmo quando tomada de assalto;
dos seguintes atos: xvii) Utilizar veneno ou armas envenenadas;
i) Dirigir intencionalmente ataques à população xviii) Utilizar gases asfixiantes, tóxicos ou outros
civil em geral ou civis que não participem diretamente gases ou qualquer líquido, material ou dispositivo
nas hostilidades; análogo;
ii) Dirigir intencionalmente ataques a bens civis, ou xix) Utilizar balas que se expandem ou achatam
seja bens que não sejam objetivos militares; facilmente no interior do corpo humano, tais como balas
iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, de revestimento duro que não cobre totalmente o
instalações, material, unidades ou veículos que interior ou possui incisões;
participem numa missão de manutenção da paz ou de xx) Utilizar armas, projéteis; materiais e métodos
assistência humanitária, de acordo com a Carta das de combate que, pela sua própria natureza, causem
Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à ferimentos supérfluos ou sofrimentos desnecessários
proteção conferida aos civis ou aos bens civis pelo ou que surtam efeitos indiscriminados, em violação do
direito internacional aplicável aos conflitos armados; direito internacional aplicável aos conflitos armados, na
medida em que tais armas, projéteis, materiais e

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métodos de combate sejam objeto de uma proibição pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das
geral e estejam incluídos em um anexo ao presente Convenções de Genebra, em conformidade com o
Estatuto, em virtude de uma alteração aprovada em direito internacional;
conformidade com o disposto nos artigos 121 e 123; iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal,
xxi) Ultrajar a dignidade da pessoa, em particular instalações, material, unidades ou veículos que
por meio de tratamentos humilhantes e degradantes; participem numa missão de manutenção da paz ou de
xxii) Cometer atos de violação, escravidão sexual, assistência humanitária, de acordo com a Carta das
prostituição forçada, gravidez à força, tal como definida Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à
na alínea f) do parágrafo 2o do artigo 7o, esterilização proteção conferida pelo direito internacional dos
à força e qualquer outra forma de violência sexual que conflitos armados aos civis e aos bens civis;
constitua também um desrespeito grave às iv) Atacar intencionalmente edifícios consagrados
Convenções de Genebra; ao culto religioso, à educação, às artes, às ciências ou
xxiii) Utilizar a presença de civis ou de outras à beneficência, monumentos históricos, hospitais e
pessoas protegidas para evitar que determinados lugares onde se agrupem doentes e feridos, sempre
pontos, zonas ou forças militares sejam alvo de que não se trate de objetivos militares;
operações militares; v) Saquear um aglomerado populacional ou um
xxiv) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, local, mesmo quando tomado de assalto;
material, unidades e veículos sanitários, assim como o vi) Cometer atos de agressão sexual, escravidão
pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das sexual, prostituição forçada, gravidez à força, tal como
Convenções de Genebra, em conformidade com o definida na alínea f do parágrafo 2o do artigo 7o;
direito internacional; esterilização à força ou qualquer outra forma de
xxv) Provocar deliberadamente a inanição da violência sexual que constitua uma violação grave do
população civil como método de guerra, privando-a dos artigo 3o comum às quatro Convenções de Genebra;
bens indispensáveis à sua sobrevivência, impedindo, vii) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas
inclusive, o envio de socorros, tal como previsto nas forças armadas nacionais ou em grupos, ou utilizá-los
Convenções de Genebra; para participar ativamente nas hostilidades;
xxvi) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas viii) Ordenar a deslocação da população civil por
forças armadas nacionais ou utilizá-los para participar razões relacionadas com o conflito, salvo se assim o
ativamente nas hostilidades; exigirem a segurança dos civis em questão ou razões
c) Em caso de conflito armado que não seja de militares imperiosas;
índole internacional, as violações graves do artigo ix) Matar ou ferir à traição um combatente de uma
3o comum às quatro Convenções de Genebra, de 12 de parte beligerante;
Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos atos que a x) Declarar que não será dado quartel;
seguir se indicam, cometidos contra pessoas que não xi) Submeter pessoas que se encontrem sob o
participem diretamente nas hostilidades, incluindo os domínio de outra parte beligerante a mutilações físicas
membros das forças armadas que tenham deposto ou a qualquer tipo de experiências médicas ou
armas e os que tenham ficado impedidos de continuar científicas que não sejam motivadas por um tratamento
a combater devido a doença, lesões, prisão ou qualquer médico, dentário ou hospitalar nem sejam efetuadas no
outro motivo: interesse dessa pessoa, e que causem a morte ou
i) Atos de violência contra a vida e contra a pessoa, ponham seriamente a sua saúde em perigo;
em particular o homicídio sob todas as suas formas, as xii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a
mutilações, os tratamentos cruéis e a tortura; menos que as necessidades da guerra assim o exijam;
ii) Ultrajes à dignidade da pessoa, em particular por f) A alínea e) do parágrafo 2o do presente artigo
meio de tratamentos humilhantes e degradantes; aplicar-se-á aos conflitos armados que não tenham
iii) A tomada de reféns; caráter internacional e, por conseguinte, não se aplicará
iv) As condenações proferidas e as execuções a situações de distúrbio e de tensão internas, tais como
efetuadas sem julgamento prévio por um tribunal motins, atos de violência esporádicos ou isolados ou
regularmente constituído e que ofereça todas as outros de caráter semelhante; aplicar-se-á, ainda, a
garantias judiciais geralmente reconhecidas como conflitos armados que tenham lugar no território de um
indispensáveis. Estado, quando exista um conflito armado prolongado
d) A alínea c) do parágrafo 2o do presente artigo entre as autoridades governamentais e grupos armados
aplica-se aos conflitos armados que não tenham caráter organizados ou entre estes grupos.
internacional e, por conseguinte, não se aplica a
situações de distúrbio e de tensão internas, tais como 3. O disposto nas alíneas c) e e) do parágrafo 2o, em
motins, atos de violência esporádicos ou isolados ou nada afetará a responsabilidade que incumbe a todo o
outros de caráter semelhante; Governo de manter e de restabelecer a ordem pública
e) As outras violações graves das leis e costumes no Estado, e de defender a unidade e a integridade
aplicáveis aos conflitos armados que não têm caráter territorial do Estado por qualquer meio legítimo.
internacional, no quadro do direito internacional, a saber
qualquer um dos seguintes atos: Artigo 14 - Denúncia por um Estado Parte
i) Dirigir intencionalmente ataques à população 1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar ao
civil em geral ou civis que não participem diretamente Procurador uma situação em que haja indícios de ter
nas hostilidades; ocorrido a prática de um ou vários crimes da
ii) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, competência do Tribunal e solicitar ao Procurador que
material, unidades e veículos sanitários, bem como ao a investigue, com vista a determinar se uma ou mais

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pessoas identificadas deverão ser acusadas da prática relevantes do caso e anexar toda a documentação de
desses crimes. que disponha.
2. O Estado que proceder à denúncia deverá, tanto
quanto possível, especificar as circunstâncias

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6 SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIA

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. RITO PREVISTO NO ART. 543-C DO CPC.


DIREITO PENAL. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. DESCAMINHO. USO DE DOCUMENTO FALSO. CRIME-MEIO.
ABSORÇÃO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
1. Recurso especial processado sob o rito do art. 543-C, § 2º, do CPC e da Resolução n. 8/2008 do STJ.
2. O delito de uso de documento falso, cuja pena em abstrato é mais grave, pode ser absorvido pelo crime-fim de
descaminho, com menor pena comparativamente cominada, desde que etapa preparatória ou executória deste, onde
se exaure sua potencialidade lesiva.
Precedentes.
3. Delimitada a tese jurídica para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes termos: Quando o falso se exaure no
descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera por ser
menor a pena a este cominada 4.
Recurso especial improvido.
(REsp 1378053/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 15/08/2016)

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7 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

01 (Assistente Social – PC/ES – Instituto AOCP – 2019) A extraterritorialidade presente no art. 7º do Código
Penal se divide em condicionada e incondicionada. Na extraterritorialidade incondicionada, aplica-se a lei nacional
a determinados crimes cometidos fora do território, independentemente de qualquer condição, ainda que o
acusado seja absolvido ou condenado no estrangeiro, EXCETO
a) quando o crime for contra a vida ou a liberdade do Presidente da República.
b) quando o crime for contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,
de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público.
c) no caso de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
d) quando, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir o crime praticado.
e) quando o crime for contra a administração pública, por quem está a seu serviço.

02 (Investigador – PC/ES – Instituto AOCP – 2019) De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa
correta.
a) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
execução, mas não os efeitos penais da sentença condenatória
b) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, exceto se decididos
por sentença condenatória transitada em julgado.
c) Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente,
no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
d) Considera-se praticado o crime no momento em que o agente atinge o resultado pretendido.
e) Em nenhuma situação, a lei brasileira pode ser aplicada aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada.

03 (Assistente Jurídico – CORE/SP – INAZ do Pará – 2019) Marque a alternativa correta que representa o
princípio da territorialidade:
a) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território internacional.
b) Aplica-se a lei estrangeira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
c) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
d) Aplica-se a lei brasileira, com prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
e) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito nacional, ao crime cometido
no território nacional.

04 (Auditor-Fiscal da Receita Federal – SEFAZ/SC – FCC – 2018) Acerca da aplicação da lei penal no direito
brasileiro, o ordenamento vigente estabelece que
a) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, exceto se já houve o
trânsito em julgado da sentença, hipótese em que a decisão se torna imutável.
b) a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, somente se a sua vigência for
anterior ao início da prática delitiva, em razão do princípio da irretroatividade da lei penal mais severa.
c) as contravenções praticadas contra a Administração pública, por quem está a seu serviço ficam sujeitas à lei
brasileira, embora cometidas no estrangeiro.
d) a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando idênticas, ou nela
é computada, quando diversas.
e) a lei temporária aplica-se ao fato praticado durante sua vigência, embora decorrido o período de sua duração.

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05 (Analista Jurídico – APEX Brasil – IADES – 2018) Determinado empregado de uma empresa brasileira de
exportação, em negociação realizada fora do Brasil, oferece vantagem indevida a funcionário público estrangeiro
com o intuito de fechar negócio e, de imediato, a proposta ilícita é recusada pelo funcionário público estrangeiro.

Com base nos fatos hipotéticos narrados, assinale a alternativa correta.


a) O empregado brasileiro será punido nos termos do Código Penal Brasileiro, mesmo que esse oferecimento
tenha se dado fora do Brasil, e mesmo que o funcionário estrangeiro não o tenha aceitado.
b) Será possível punir o empregado brasileiro apenas nas leis estrangeiras.
c) Não será possível punir o empregado brasileiro apenas em razão de o fato ter ocorrido fora do Brasil.
d) Não será possível punir o empregado brasileiro com base nas leis penais brasileiras em razão de o fato ter
ocorrido fora do Brasil e de o funcionário público estrangeiro não ter aceitado a proposta.
e) Não será possível punir o empregado da empresa brasileira com base no Código Penal Brasileiro por não haver,
no referido diploma, a conceituação do que vem a ser estrangeiro.

06 (Papiloscopista – Polícia Federal – CESPE – 2018) Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas
ilícitas a bordo de um veículo, um traficante disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão
em unidade fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à
autoridade policial local e levaram o colega ferido ao hospital da região.

Nessa situação hipotética,


para definir o lugar do crime praticado pelo traficante, o Código Penal brasileiro adota o princípio da ubiquidade.

( ) Certo ( ) Errado

07 (Delegado de Polícia Civil – PC/PI – NUCEPE – 2018) Em relação à aplicação da lei penal
é CORRETO afirmar que:
a) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes cometidos contra a vida ou o
patrimônio do Presidente da República;
b) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados por brasileiro; mesmo que
o fato não seja punível também no país em que foi praticado;
c) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes contra o patrimônio ou a fé pública
da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
d) para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza privada onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras mercantes, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar;
e) é aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou em alto-mar.

08 (Procurador da República – PGR – Banca Própria – 2015) NA DISCUSSÃO SOBRE CONCURSO


APARENTE DE NORMAS PENAIS ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
a) O concurso de normas penais se confunde com a sucessão de leis ou normas penais;
b) A teoria da consunção por uma relação de meio a fim não se compatibiliza com a agravante do art. 61, II, b, do
Cód. Penal.
c) É indispensável para o tipo do art. 89 da Lei de Licitações que o agente se utilize de documento ideologicamente
falso;
d) São requisitos da consunção a unidade de agente e a pluralidade de normas aparentemente incidentes sobre
uma determinada situação de fato, abranja ou não essa situação pluralidade de condutas.

09 (Juiz Substituto – TJ/PR – PUC/PR – 2014) Com observância das assertivas abaixo, responda:

I. Há progressão criminosa quando o agente, a fim de alcançar o resultado pretendido pelo seu dolo,
obrigatoriamente, produz outro, antecedente e de menor gravidade, sem o qual não atingiria o seu fim.

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II. Há crime progressivo quando o dolo inicial do agente era dirigido a determinado resultado e, durante os atos
de execução, resolve ir além, e produzir um resultado mais grave.

III. Em relação ao concurso ou conflito aparente de normas, pode-se falar em princípio da consunção, quando um
crime é meio necessário ou normal fase de preparação ou de execução de outro crime, bem como nos casos de
antefato e pós-fato impuníveis.

IV. Em relação ao concurso ou conflito aparente de normas, pelo princípio da subsidiariedade, na ausência ou
impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave.

Assinale a alternativa CORRETA.


a) Somente as assertivas I e II são verdadeiras.
b) Somente as assertivas III e IV são verdadeiras.
c) Somente as assertivas I, II e III são verdadeiras.
d) Somente as assertivas I e III são verdadeiras.

10 (Advogado – CODEBA – FGV – 2016) Em uma embarcação pública estrangeira, em mar localizado no
território do Uruguai, o presidente do Brasil sofre um atentado contra sua vida pela conduta de João, argentino
residente no Brasil, que conseguiu se infiltrar no navio passando-se por funcionário da cozinha, já planejando o
cometimento do delito. O presidente do Brasil, porém, é socorrido e se recupera, enquanto João é identificado e
preso na Bahia, um mês após os fatos.
Considerando a situação narrada, sobre a aplicação da lei penal no espaço, é correto afirmar que a João
a) não pode ser aplicada a lei brasileira, já que o crime foi cometido no estrangeiro.
b) poderá ser aplicada a lei brasileira, com base no princípio da territorialidade.
c) poderá ser aplicada a lei brasileira, ainda que o autor do crime tenha sido absolvido ou condenado no
estrangeiro.
d) poderá ser aplicada a lei brasileira, desde que o autor do crime não seja julgado no estrangeiro.
e) não poderá ser aplicada a lei brasileira, já que o autor do crime é estrangeiro.

GABARITO

01.D 02.C 03.C 04.E

05.A 06.Certo 07.C 08.D

09.B 10.C

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