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Envelhecimento da Sociedade Portuguesa

Fausto Correia

Coimbra 2012
Fontes de Informação Sociológica 2012

Faculdade de Economia

Universidade de Coimbra

Envelhecimento da Sociedade Portuguesa

Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de

Fontes de Informação Sociológica

Docente: Paulo Peixoto

Ano lectivo 2012-2013

Fausto Correia

Coimbra 2012

Foto capa:

http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.informenoticia1.com/wp-
content/uploads/2010/04/idoso.jpg&imgrefurl=http://blogs.estadao.com.br/dicas-de-
saude/page/3/&h=362&w=500&sz=90&tbnid=MVat0lQRn59WCM:&tbnh=90&tbnw=124&pre
v=/search?q=imagens+envelhecimento+idoso&tbm=isch&tbo=u&zoom=1&q=imagens+envel
hecimento+idoso&usg=__ixOasa50FGV85D7dLuEmpGnJ1tY=&docid=ucz8PvfdXDbvGM&hl
=pt-PT&sa=X&ei=i5XIUJ3IIY64hAe6wYCIAQ&ved=0CDkQ9QEwAw&dur=6687
Fontes de Informação Sociológica 2012

ÍNDICE

1. Introdução………………………………………………………………………… 1

2. Envelhecimentos………………………………………………………………… 2

2.1. Representação de Índices………………………………………………… 2

2.2. Razões de Envelhecimento da Sociedade Portuguesa……………….. 5

2.3. Representação de Pirâmides Etárias……………………………………. 8

2.4. Renovação de Gerações………………………………………………….. 9

2.5. O Envelhecimento e a Produtividade……………………………………. 11

2.6. Para Uma Sociedade mais Inteligente…………………………………... 13

3. A Pesquisa……………………………………………………………………….. 15

4. A Avaliação de Página da Internet…………………………………………….. 16

5. Ficha de Leitura………………………………………………………………….. 18

5.1. Conceitos de Envelhecimento……………………………………………. 19

5.2. Envelhecimento Individual………………………………………………… 19

5.3. Envelhecimento Colectivo………………………………………………… 19

5.4. Traços e Factores de Envelhecimento Demográfico…………………... 20

5.5. Envelhecimento Demográfico, Renovação de Gerações,

Produtividade, Segurança Social e Reformas………………………….. 22

5.6. Para Uma Sociedade Mais Inteligente, Novo Paradigma de Ciclo de

Vida, Situação no Trabalho……………………………………………….. 25

5.7. Síntese………………………………………………………………………. 26

6. Conclusão………………………………………………………………………… 27

7. Referências Bibliográficas……………………………………………………… 28

Anexo A: Obra que serviu de suporte à ficha de leitura.

Anexo B: Página da internet avaliada


Fontes de Informação Sociológica 2012

1 Introdução

O tema, envelhecimento da população, tem suscitado em mim um particular interesse,


desde há alguns anos. Penso que a fase da idade em que me encontro possa também
contribuir para esse interesse e para alguma reflexão que tenho vindo a fazer. Não ponho de
parte também o facto de ir perdendo as pessoas que sempre me foram mais queridas, os
pais, os avós e outros familiares mais próximos. A minha aldeia, da qual nunca estive
completamente afastado, faz parte também dessa reflexão. Há muitas casas vazias, (a
começar pela onde sempre vivi), há idosos, não há jovens, muito menos crianças, a minha
escola primária fechou. Não há crianças aos ninhos, a jogar à barra, ao espeta pau ou às
escondidas, nas ruas, nas varandas e noutros locais menos convencionais.

Confesso, todavia que, nunca como agora, pensei que esta realidade me impressionasse
tanto. O interesse pela informação que vai sendo disponibilizada. A leitura mais atenta sobre
a realidade do envelhecimento, não só em Portugal. A abordagem deste tema em unidades
curriculares de sociologia, como demografia e família, contribuíram para que este passasse
a ser um assunto quase nuclear.

Quando alguém, das minhas relações, me perguntou, mostrando mais estupefação do que
interesse, do “porquê eu ter com esta idade resolvido fazer uma licenciatura e em
sociologia”, a minha resposta foi: “ estar mais preparado para compreender a sociedade e
melhor preparado para poder contribuir para ajudar em algumas soluções”. Toda a minha
argumentação mental passava, como já deixei expresso noutra altura, por uma preocupação
e uma vontade de poder ser mais útil na sociedade em que me insiro.

Para poder fazê-lo melhor, nada como conhecer bem quais são as problemáticas que estão
associadas ao envelhecimento. O livro de Maria João Valente Rosa, “ O Envelhecimento da
Sociedade Portuguesa”, foi sem dúvida o clic despertador para este trabalho e também para
uma melhor compreensão de problemas que estão adjacentes ao envelhecimento.

É o que procurarei fazer com este trabalho.

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2 Envelhecimentos

O termo envelhecimento nunca me foi estranho. Já o mesmo não posso dizer em relação a
outras expressões como, envelhecimento individual, envelhecimento colectivo, pirâmides
etárias, envelhecimento demográfico, só para citar alguns, que não eram expressões do
meu quotidiano, nem às quais atribuísse um significado preciso.

Não deixa de ser interessante poder analisar o envelhecimento sobre perspectivas diversas.
Por exemplo, quando estamos a invocar o nosso percurso de vida e nos estamos a referir
ao nosso envelhecimento individual. Ou, por outro lado, se nos estamos a remeter para uma
sociedade como um todo e queremos avaliar o envelhecimento da população, e aqui
estamos a referir-nos ao envelhecimento demográfico. Ou ainda se nos queremos referir à
sociedade, e estamos neste caso a reportar-nos ao envelhecimento societal.

Para compreender melhor como se fundamenta uma pirâmide demográfica, cremos não ser
descabido alargarmos o nosso estudo à caracterização das estruturas demográficas por que
são constituídas. “ Uma vez decomposta uma estrutura demográfica em grupos funcionais
podemos proceder à sua manipulação, no sentido de os transformar em indicadores que
resumam a abundância de informação existente numa repartição por sexos e idades: são os
índices – resumo”. (NAZARETH 2009;p115).

Não querendo ser exaustivos, apresentamos os principais índices resumo das estruturas
demográficas:

2.1 Representação de Índices

Percentagem de «Jovens»

Fórmula: (População com 0-14 anos / População Total) x 100

Definição: Divide-se a população com menos de 14 anos pela população total e


obtém-se o indicador que mede a importância da juventude na população. É
também um indicador da medida do «envelhecimento demográfico «na base da
pirâmide das idades.

Percentagem de «Potencialmente Activos»

Fórmula: (População com 15-64 anos / População Total) x 100

Definição: Divide-se a população «potencialmente activa», ou seja, a que se situa


entre o fim da escolaridade obrigatória e o início da «reforma» pela população total e
obtém-se um indicador do potencial demográfico dos activos.

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Percentagem de «Idosos»

Fórmula: População com 65 e + anos / População Total) x 100

Definição: Divide-se a população idosa com mais de 65 anos pela população total e
obtém-se um indicador que mede a importância dos idosos na sociedade, sendo
também um indicador de medida do «envelhecimento demográfico» no topo da
pirâmide de idades.

Índice de Juventude

Fórmula: População com 0-14 anos / População com 65 e + anos) x 100

Definição: Compara directamente a população jovem com a população idosa. Por


cada 100 idosos existem x jovens. É também um indicador utilizado na medida do
«envelhecimento demográfico.

Índice de Envelhecimento ou Índice de Vitalidade

Fórmula: População com 65 e + anos /População com 0-14 anos) x 100

Definição: Tem a lógica inversa do índice anterior, ou seja, compara directamente a


população idosa com a população jovem. Por cada 100 jovens existem x idosos. É
também um indicador utilizado na medida do «envelhecimento demográfico».

Índice de Longevidade

Fórmula: População com 75 e + anos / População com 65 e + anos) x 100

Definição: Compara o peso dos idosos mais jovens com o peso dos idosos menos
jovens. É também um indicador de medida do «envelhecimento demográfico».

Índice de Dependência dos Jovens

Fórmula: (População com 0-14 anos / População com 15-64 anos) x 100

Definição: Compara o peso dos jovens com o peso da população potencialmente


activa. Por cada 100 potencialmente activos existem x jovens.

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Índice de Dependência dos Idosos

Fórmula: (População com 65 e + anos / População 15-64 anos) x 100

Definição: Compara o peso dos idosos com o peso da população potencialmente


activa. Por cada 100 potencialmente activos existem x idosos.

Índice de Dependência Total

Fórmula: População com 0-14 anos + 65 e + anos x 100


População com 15-64 anos

Mede o peso conjunto dos jovens e dos idosos na população potencialmente activa.
Por cada 100 potencialmente activos existem x jovens e idosos. É a soma dos
índices anteriores 8 Índice de dependência dos Jovens + Índice de Dependência dos
Idosos).

Índice da Juventude da População Activa

Fórmula: (População com 15-39 anos / População com 40-64 anos) x 100

Mede o grau de envelhecimento da população potencialmente activa. Relaciona a


metade mais jovem da população potencialmente activa com a metade mais velha.

Índice de Renovação da População Activa

Fórmula: (População com 20-29 anos / População com 55-64 anos) x 100

Definição: Relaciona o volume potencial da população que está a entrar em


actividade com o volume potencial da população que está a sair da actividade.

Índice de maternidade

Fórmula: (População com 0-14 anos / População com 15-49 anos) x 100

Definição: É um indicador que relaciona a população com menos de 5 anos de idade


com a população feminina em período fértil. Funciona como indicador da evolução
da fecundidade quando não dispomos de informação sobre os nascimentos.

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Índice de Tendência

Fórmula: (População com 0-4 anos / População com5-9 anos) x 100

Definição: É um indicador de tendência da dinâmica demográfica de uma população.


Quando apresenta valores inferiores a 100 significa que está em curso um processo
de declínio da natalidade e de envelhecimento.

Índice de Potencialidade

Fórmula: (População com 20-34 anos / População com 35-49 anos) x 100

Definição: É um indicador que relaciona as duas metades da população feminina no


período fértil onde, em princípio, ocorrem mais nascimentos.

(Fonte: Demografia a Ciência da População, J. Manuel Nazareth, 2009)

2.2 Razões de Envelhecimento da Sociedade Portuguesa.

O envelhecimento da sociedade, acontece por duas razões fundamentais. Um declínio muito


importante na mortalidade infantil e um aumento significativo da esperança média de vida.

Para além destes factores, há também uma outra razão que contribui para o envelhecimento
da sociedade portuguesa. O número de nascimentos por mulher em idade fértil deixou de
ser suficiente para garantir a renovação de gerações. Os quadros abaixo, mostra-nos
realmente as duas afirmações por nós produzidas. Relativamente à taxa de mortalidade,
podemos verificar que a mortalidade total se mantém praticamente estável desde 1960,
(10,7 por mil, para 9,7), enquanto a mortalidade infantil desceu de 77,5 em 1960, para
apenas 3,1 em 2010, sendo um dos valores mais baixos do mundo.

Gráfico 1

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Já no que diz respeito à renovação das gerações, é considerado que para que exista é
necessário que cada mulher em idade fértil tenha pelo menos 2,1 filhos. Em Portugal, desde
1982 que esse valor não é atingido, situando-se neste momento em 1,3.
Mostramos também um gráfico com o índice de fecundidade. O índice de fecundidade é o
número médio de crianças vivas nascidas por mulher em idade fértil (dos 15 aos 49 anos de
idade), admitindo que as mulheres estariam submetidas às taxas de fecundidade
observadas no momento. Valor resultante da soma das taxas de fecundidade por idades,
ano a ano ou grupos quinquenais, entre os 15 e os 49 anos, observadas num determinado
período (habitualmente um ano civil).

Gráfico 2

Como corolário do que temos vindo a afirmar, o abaixamento, por um lado, do índice de
fecundidade e, por outro, uma redução da taxa bruta de reprodução, acabam por traduzir-se
no quadro que apresentamos a seguir. O número de nascimentos em Portugal apresenta
um declínio permanente desde 1960, com um único período de excepção, entre 1990 e
2000. Não deixa de ser preocupante, já que o quadro apresentava o ano de 2010 com um
valor ainda de estimativa. Agora podemos afirmar já que, o valor de nascimentos em 2011
foi de apenas, 97.112 bebés, menos 4.269 do que em 2010. Para 2012 prevê-se que este
número seja ainda inferior, já que nos seis primeiros meses do ano nasceram menos 4.000
bebés do que em igual período de 2011.
Fonte: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=514171&tm=8&layout=122&visual=61:
Reportagem RTP.

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Gráfico 3

Temos vindo a mostrar um conjunto de indicadores de envelhecimento da sociedade


portuguesa. Uma das formas como a demografia mostra bem o comportamento das
sociedades é através das pirâmides de idades. As pirâmides de idades são representações
gráficas que permitem ter uma visão de conjunto da repartição por sexo e idades.

Se a primeira pirâmide (gráfico 4), nos apresenta a situação real da população portuguesa,
residente, em 2010. A segunda (gráfico 5), apresenta-nos uma projecção do que será a
realidade portuguesa em 2020. Aquilo que é mais visível nos dois gráficos é que no quadro
de 2020 há um estreitamente na base e um alargamento no topo. O que isto nos quer dizer,
é que vai continuar a haver um envelhecimento da sociedade portuguesa.

No seu livro “ Demografia a Ciência da População”, J. Manuel Nazareth, (2009) sobre a


forma das pirâmides diz;” No entanto em relação à forma, os dois grandes tipos de
pirâmides de idades que são utilizados como referência são os seguintes:

• Pirâmide em acento circunflexo__ é uma pirâmide de idades típica dos países em


desenvolvimento, das populações do Antigo regime ou das sociedades tradicionais;
a natalidade e a mortalidade são muito elevadas configurando uma forma que dá à
pirâmide uma base muito larga (elevadas proporções de jovens) e um topo da
pirâmide com efectivos reduzidos (diminutas proporções de pessoas idosas…

• Pirâmide em urna__ é uma pirâmide típica dos países desenvolvidos, que se


encontram na última fase da transição demográfica; os níveis de natalidade e de
mortalidade são muito baixos, o que implica a existência de uma pirâmide de idades
com uma base muito reduzida (baixas proporções de jovens) e um topo bastante
empolado (elevadas proporções de pessoas idosas). (Nazareth, 2009; pp109-110).

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Para alterar esta situação, não bastam medidas paliativas, como por exemplo premiar
casais que optem pela natalidade dupla ou tripla, ou ainda criar mais creches, ou até criar
condições de excepção para pais e/ou mães nos seu percursos profissionais, de molde a
incentivar a natalidade.

As sociedades desenvolvidas confrontam-se, na sua maior parte, com este flagelo.


Envelhecem, num mundo que vai continuar a crescer em termos populacionais. Conforme
refere Maria João Valente Rosa (2012), na sua obra, a sociedade alterou-se muito
significativamente, gerando um novo perfil de sociedade, podendo mesmo ser apelidada de
sociedade «4-2-1» (quatro avós, dois pais e um filho), em substituição da sociedade
passada, apelidada de» 1,2,4» (um avô, dois pais e quatro filhos).

2.3 Representação de Pirâmides Etárias

Gráfico 4

Fonte Pordata

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Gráfico 5

Fonte Pordata

Há um papel importante a desempenhar pelas migrações, na equação demográfica do


envelhecimento populacional. A imigração de índole económica, que concentra fluxos em
idades activas, pode atenuar o envelhecimento, actuando sobre os nascimentos. De
salientar que, por exemplo em Portugal, a população imigrante residente, que equivale a 4%
do total, já é responsável por uma parcela significativa dos nascimentos ocorridos no nosso
país, (segundo dados recentes em 13% dos nados vivos pelo menos um dos pais tem
nacionalidade estrangeira). Mas para que estes fluxos conseguissem ter um papel de
inversão significativa nos níveis de envelhecimento da sociedade portuguesa eles tinham
que ter uma ordem de grandeza duas ou três vezes superiores aos que se registaram em
2001 e 2002, anos em que estes valores apresentaram saldos excepcionalmente altos.
Significa isto que a população portuguesa, agora muito mais envelhecida do que em 2001,
vai continuar a envelhecer, pelo menos no médio prazo.

2.4 Renovação de Gerações

Para que possa haver uma renovação de gerações, é preciso acima de tudo que haja um
valor de nascimentos superior ao valor de óbitos. Ora, em Portugal, durante o século XX, já
se registaram valores de óbitos superiores aos nascimentos em pelo menos quatro anos,
1918, 2007, 2009 e 2010. Se exceptuarmos o ano de 1918, que foi marcado por uma grande
crise de mortalidade, provocada pela epidemia de gripe pneumónica, nos anos mais
recentes, o défice de nascimentos em relação aos óbitos é uma manifestação clara de uma
diminuição dos níveis de fecundidade. Para além da relação nascimento/óbitos, a ciência

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Fontes de Informação Sociológica 2012

demográfica diz-nos que para haver uma renovação assegurada, cada mulher em idade
fértil deve gerar pelo menos 2,1 filhos. Como vemos no quadro abaixo Portugal está bem
longe desse valor.

Gráfico 6

Fonte: http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?c=po&v=31&l=pt

No que concerne à taxa de mortalidade, porque cada vez há mais pessoas idosas , ela tem
tendência para aumentar, embora, como o quadro abaixo mostra, desde o ano 2000, a sua
variação não tem sido muito significativa.

Gráfico 7

Fonte: http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?v=26&c=po&l=pt

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São os países desenvolvidos e, principalmente, a Europa, que apresentam sinais de um


envelhecimento mais consistente e uma cada vez menor capacidade de inverter esta
tendência. A renovação de gerações nestes países só vai ser possível pela via das
migrações. A entrada cada vez mais massiva de população de outras partes do mundo em
franco crescimento demográfico, como é o caso de África, Ásia e América do Sul. Só que
este movimento carrega consigo um conjunto de receios e “ameaças”, aos olhos das
populações autóctones, já que se verão no futuro a perder protagonismo e a recearem que
os seus valores culturais sejam postos em causa. O grande problema da Europa no futuro,
pela perda de protagonismo não assenta em razões económicas por uma entrada maciça de
imigrantes, mas sim em receios essencialmente de ordem cultural.

Como diz Maria João Valente Rosa, “ Em resumo, a primeira grande ameaça que paira
sobre nós, associada ao envelhecimento progressivo da população, é a da
descaracterização do nosso modo de viver e da eventual alteração dos valores
civilizacionais que nos habituámos a respeitar” (2012;p39).

2.5 O Envelhecimento e a Produtividade

Portugal já era um país de fraca produtividade antes de entrar no processo acelerado de


envelhecimento. Podemos, pois, concluir que envelhecimento e produtividade podem não
estar directamente associados. O que está convencionado como período da idade activa
situa-se entre os 15 e os 64 anos. A evolução que se verificou na sociedade tem hoje
tendência para alterar estes dados. Primeiro porque os jovens envolvidos em processos
educacionais e escolares mais longos, entram mais tarde no mercado do trabalho. Por outro
lado, há um conjunto de actividades que podem ser exercidas com elevados desempenhos
por pessoas com mais de 65 anos. Não devemos ignorar também que a esperança de vida
é hoje bem diferente daquela que se verificava ainda há relativamente poucos anos.

Começamos pois a perceber que há um desajustamento, entre a sociedade actual e a forma


como são aproveitados os recursos humanos por parte dessa mesma sociedade. Podemos
começar por referir dois ou três pontos que nos parecem elucidativos para a nossa
justificação. A idade da reforma em Portugal está estabelecida para os 65 anos. Entretanto a
idade média da reforma é hoje de 62,5 anos. A taxa de actividade de pessoas no grupo de
55-64 anos é hoje em Portugal de apenas 55%, enquanto no escalão anterior (45-54 anos),
é de 85%. Mesmo dentro da idade activa há uma clara distinção em preferir, para ocupar
postos de trabalho, pessoas com menos idade. A partir de uma certa idade, que cada vez
tem tendência para ser menor, deixam de ser admitidos para início ou reinício de actividades
laborais. A reforma acontece muitas vezes mesmo antes de se ter atingido a idade
estatutária para a ela se ter direito. As empresas aproveitam as reestruturações para se
libertarem de trabalhadores mais antigos, ou utilizando o expediente das pré-reformas, ou o
expediente do desaparecimento da actividade que justificava os postos de trabalho, para
assim poderem justificar despedimentos, sem que esse procedimento seja penalizado.

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Os activos mais velhos são assim dispensados e atirados para uma situação de reforma
inactiva, num período em que ainda reuniam condições físicas e intelectuais, para
continuarem a dar um contributo valioso à sociedade, quer em termos económicos, quer
mesmo em termos sociais

Maria João Valente Rosa (2012;p44) sintetiza de forma muito assertiva todas as
contradições que são vivenciadas nesta sociedade tão contraditória. “ Em suma, são
inúmeros os receios que associam o envelhecimento da população à produtividade. Mas,
porventura, não é a produtividade que está em causa, mas a necessidade de uma profunda
mudança na forma da organização da sociedade, questionando certos direitos que
defendemos por adquiridos. É essa provavelmente, a verdadeira fonte de tais receios”.

Pelo quadro que apresentamos abaixo, podemos verificar que, os grupos de idades que
mais são penalizados com a situação de desemprego, são os jovens até aos vinte cinco
anos. Os restantes grupos etários repartem entre si valores muito semelhantes.

Gráfico 8

Porém já o quadro que é apresentado a seguir, mostra-nos o total da população


desempregada, pelos vários grupos de idades. Podemos verificar que, em 2011, para uma
população total de desempregados de 703.200 indivíduos, o grupo dos 25-54 anos,
representava 500.000, aproximadamente. O grupo até aos 25 anos, cerca de 130.00
indivíduos e o grupo de 55-64, à volta de 70.000. Hoje, estes números já estão
desactualizados, por defeito, já que a situação tem vindo a degradar-se a um ritmo muito
preocupante.

Gráfico 9

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Tudo em demografia é longo. A saída dos idosos do mercado de trabalho não tem criado
lugar para os mais novos.

2.6 Para Uma Sociedade mais Inteligente

O problema do envelhecimento existe porque a sociedade não se consegue, ou pelo menos


não tem conseguido, adaptar-se à nova realidade que ela própria criou. Continuamos a olhar
a idade como um marcador de papel na sociedade.

Muitas vezes definimos uma mesma situação com pareceres ou opiniões díspares. Assim,
ao olharmos para um copo com água, esse copo para um olhar pode estar meio vazio, e
para outro olhar ele pode estar meio cheio. São dois pensamentos, duas formas de análise
diferentes. É um pensar diferente.

É este desafio que está colocado à sociedade para que, com um pensar diferente, que
conduza a um agir diferente, se possa organizar para aproveitar no seu seio todas as
capacidades que podem ser geradas pelo envelhecimento. Parece-nos oportuno reproduzir
uma parte do texto de Maria João Valente Rosa, que temos vindo a analisar, referindo-se
aos dessafios que são colocados à sociedade pelo inexorável envelhecimento da
população.” Por isso, justifica-se que se pergunte: porque não aceitar uma revisão dessas
lógicas á luz dos desafios que se colocam ás sociedades actuais, em vez de perpetuarmos
a sua reprodução de modo acrítico? Porque não tomar consciência de que esses modelos
nos foram transmitidos _ durante séculos, provavelmente – por uma tradição cultural
dependente de acontecimentos, de homens, de organizações, de movimentos com os quais
já não temos qualquer afinidade? Numa palavra, porque não aceitamos o facto simples de
que poderíamos, hoje, ser diferentes do que somo se o que somos, ou como nos
organizamos em sociedade, nos está a conduzir a um impasse?” (2012;p51).

Todos os valores que hoje são transmitidos, como símbolos de uma sociedade que se
“alienou”, são os de juventude, de moda, de bem-estar, de movimento, de independência,
de individualismo, de prazer. Nestes conceitos, o envelhecimento demográfico é visto como
um excesso, já que a sociedade precisa de jovens activos, irreverentes e que são cada vez
mais insuficientes. Esta mesma sociedade, que se diz e quer livre, que se reclama do
conhecimento e que se identifica como global, deve reflectir sobre as razões por que se
torna tão premente reservar uma considerável parte das suas energias ao envelhecimento
demográfico. Parece-nos evidente que, a autora da obra que tem servido de suporte para o
n osso trabalho, não tem dúvidas quanto à existência de condições para que a sociedade
responda de uma forma humana aos desafios que são colocados resultantes dos avanços,
quer de ordem científica, quer de ordem material, económica ou cultural, que permitiram que
a vida seja cada vez mais prolongada e preservada.

Maria João Valente Rosa, defende um modelo de interligação, entre aquilo a que chama “
vantagens na coexistência entre juniores e seniores”, como uma resposta mais qualitativa à
ocupação de pessoas em ciclos mais avançados de idade. Neste campo avança com duas
ideias que nos parecem chave: o conhecimento como factor de competitividade e a
meritocracia.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

É um dado adquirido que a população portuguesa continuará a envelhecer

Fonte: http://www.vfbm.com/jmf/090‐099/097/97‐4344.pdf: Médico de Família

Os desafios que são lançados devem ser respondidos e apreendidos por toda a sociedade,
na qual se devem integrar os idosos, mas também o Estado e todas as estruturas sociais.
Do modelo de partição, que caracteriza a sociedade de hoje, como refere Maria João V.
Rosa, deve passar-se para um modelo de interligação. Significa que os mecanismos de
protecção do Estado Social terão que vir a reflectir estas mudanças. Por exemplo, se, como
sugere Maria João V. Rosa, for interrompida a actividade laboral para estudar e mudar de
rumo profissional, como se processa o cálculo do período e do valor da reforma por idade?
É possível antecipar algum desse valor/direito sobre o futuro para pagar esses estudos? Em
que moldes e limites? Abandona-se completamente a lógica de repartição, em que os
trabalhadores de hoje pagam as reformas dos trabalhadores de ontem (reformados de hoje),
já que a distinção entre reformado e trabalhador poderá fazer muito menos sentido?

São interrogações que devemos colocar, estas e outras, para que seja possível obter uma
resposta para um problema que nos vai tocar, no futuro mais, do que no presente, mas que
nos obriga a prepararmos as respostas necessárias hoje.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

3 A Pesquisa

Para a realização do presente trabalho, para além do recurso à obra de Maria João Valente
Rosa, já atrás citada, baseámos as pesquisas com consultas ao sítio da Pordata e ao sítio
do INE. Recorremos também a outros sítios, com a preocupação de reunir um maior número
de informação, que pudesse servir de suporte à argumentação que sustentámos.

Para além dos recursos utilizados nas pesquisas que efectuámos, salientamos também as
obras: Demografia a Ciência da População, de J. Manuel Fernandes, da Editorial Presença;
Demografia, Objecto, Teorias e Métodos, de Mário Leston Bandeira, da Escolar Editora e
Discriminação da Terceira Idade, de Sibila Marques, da Fundação Francisco Manuel dos
Santos.

Já tivemos oportunidade de referir o interesse que nos merece o tema “ envelhecimento”. A


abordagem de que tem sido alvo nos meios de comunicação social só veio ajudar a reforçar
a importância de que se reveste. Como meio de pesquisa também não devemos ignorar
todo um conjunto de outros suportes proporcionados por outras unidades curriculares, que
têm dado ao envelhecimento um tratamento preferencial e actual.

A responsabilidade pela execução do presente trabalho, constituiu também um factor para


realçar pormenores sobre o envelhecimento que podiam passar mais despercebidos em
circunstâncias normais. Resulta também como um dado interessante e que não deixo de
assinalar a possibilidade da realização de um trabalho com as Instituições de Coimbra;
Associação das Cozinhas Económicas Rainha Santa Isabel e Centro de Acolhimento João
Paulo II, para avaliar a possibilidade de constituir um refeitório solidário, numa IPSS á qual
estou ligado. As condições que venham a ser encontradas para a concretização do projecto,
passarão a objecto de uma intervenção no âmbito dos alunos de Sociologia que desejem
aceitar esse desafio.

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4 Avaliação de Página da Internet

A página da internet que escolhemos para avaliação está também relacionada com o
envelhecimento.
http://www.envelhecimentoativo.pt/conteudo.asp?tit=0.http://www.envelhecimentoativo.pt/defa
ult.asp

Ano Europeu – Portugal

Congratulando a decisão do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia, de


proclamar 2012 como o “Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as
Gerações”, Portugal compromete-se a desenvolver iniciativas que estimulem o debate
construtivo, o intercâmbio de boas práticas e a sensibilização social para a mudança cultural
perante o envelhecimento e aintergeracionalidade. De facto, NUNCA É TARDE DEMAIS
para partilhar experiências, iniciar uma carreira, dedicar-se a uma boa causa, fazer novos
amigos, decidir por si, divertir-se, ampliar horizontes, unir forças, cuidar dos outros, ter um
espírito aberto e viver intensamente a vida.

Se saber «dar anos à vida e dar vida aos anos» é uma vocação individual, poder envelhecer
bem exige o acesso à saúde, segurança e outras condições de vida tornando-se assim, também
uma missão política.

• Sugerimos que veja aqui o vídeo promocional oficial do Ano Europeu do Envelhecimento
Activo e da Solidariedade entre Gerações 2012 | "O primeiro passo para mudar
mentalidades" (1'00| Jan 2012).

Trata-se de uma página que tem a ver com o Ano Europeu do envelhecimento Activo. O
seu conteúdo pareceu-nos adequado, para além de ser muito informativa, bem delineada e
de fácil consulta. O seu título “ Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da solidariedade
entre gerações 2012”. Apresenta depois um conjunto de sete janelas: Ano Europeu-
Portugal; Iniciativas; Parcerias; Testemunhos; Recursos; Notícias; Ligações.

A Resolução do Conselho de Ministros nº 61/2011, de 22 de dezembro institui o Ano


Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações, designado por
AEEASG, em Portugal no ano de 2012. Trata-se, conforme é divulgado na página, de um
organismo transversal na sociedade portuguesa e que se propõe elaborar e coordenar as
acções a desenvolver no âmbito do Ano Europeu do envelhecimento activo em Portugal e
que inclui as seguintes entidades:

A Coordenação do AEEASG é apoiada por uma EO, com responsabilidade pela elaboração
e coordenação do programa nacional do Ano Europeu, que inclui as seguintes entidades:
a) Instituto da Segurança Social, I.P.;
b) Instituto de Emprego e Formação Profissional, I.P.;

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Fontes de Informação Sociológica 2012

c) Direção-Geral da Educação;
d) Direção-Geral de Saúde;
e) Instituto Nacional de Reabilitação, I. P.;
f) Instituto Português do Desporto e Juventude, I. P..

Iniciativas

• Emprego, Trabalho e Aprendizagem ao Longo da Vida


• Vida Autónoma (Saúde, Bem-estar e Condições de Vida)
• Participação na Sociedade (Solidariedade e Diálogo Intergeracional; Voluntariado e
Participação Cívica)

Parceiros

Possui uma variedade enorme de parceiros, desde Câmaras Municipais a Fundações, a


ministérios, a Institutos politécnicos, a Empresas.

Recursos

Agir sob o paradigma do "envelhecimento ativo", numa sociedade que prime pela igualdade
e solidariedade entre gerações, pode ganhar maior expressão se sustentado em recursos, entre
outros, éticos, científicos, metodológicos, tecnológicos e expressivos.

Esta é uma área, em permanente construção, com espaço para incluir recursos como:

• Dados sócio-demográficos
• Doc. técnicos&Publicações
• Apoios financeiros
• Multimédia
• Logos e material promocional

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Fontes de Informação Sociológica 2012

5 Ficha de Leitura

A partir do tema “ Envelhecimento e Discriminação Social”, escolhi para o meu trabalho a


obra “O ENVELHECIMENTO da Sociedade Portuguesa” Trata-se de uma obra de Maria
João Valente Rosa, integrada na colecção de ensaios da Fundação Francisco Manuel dos
Santos, com coordenação editorial Relógio D’Água, Editores, em Maio de 2012.

Maria Valente João Rosa, é professora da Universidade Nova de Lisboa. Licenciada em


sociologia e doutorada em Sociologia (especialidade Demografia). Autora e coordenadora
de inúmeros estudos publicados sobre a demografia portuguesa, designadamente
relacionados com a temática do envelhecimento. Está, desde 2009, a dirigir a Pordata –
Base de Dados Portugal Contemporâneo, projecto da Fundação Francisco Manuel dos
Santos.

A Fundação Francisco Manuel dos Santos, justifica a inclusão desta obra nos “ Ensaios da
fundação”, com o texto que vai reproduzido:

“ Todos envelhecemos, por isso o envelhecimento individual (de cada um de nós) faz parte
do nosso quotidiano. Porém, começámos recentemente a ser confrontados com um outro
envelhecimento, de tipo colectivo: o envelhecimento da população em geral.

A população envelhece porque a Humanidade cresceu em conhecimento técnico-científico e


as condições de vida das populações melhoraram. Mas apesar de o envelhecimento
populacional poder ser percebido como uma verdadeira ameaça ao futuro da sociedade em
que vivemos.

Este ensaio começa por falar das razões que conduziram à situação demográfica em que
nos encontramos. Argumenta, em seguida, que a aflição com o envelhecimento da
população é muito explicada por um outro envelhecimento mais profundo: a incapacidade de
a sociedade adaptar as suas estruturas sociais e mentais à evolução dos factos. Propõe, por
fim, um rumo alternativo de organização social sintonizado com as realidades
sociodemográficas em curso”.

Trata-se de um ensaio com um total de 86 páginas, em que o assunto principal é o


envelhecimento e no qual podemos incluir como palavras;-chave, envelhecimento,
envelhecimento demográfico e envelhecimento da população.É um trabalho que pode ser
incluído nas áreas científicas da gerontologia e da demografia. Maria João Valente Rosa,
propõe-nos a divisão do trabalho em quatro temas ou abordagens.

1__ Conceitos de envelhecimento.


2__ Traços e factores de envelhecimento demográfico.
3__ Envelhecimento demográfico, renovação de gerações, produtividade, segurança social
e reformas.
4__ Para uma sociedade mais inteligente, novo paradigma de ciclo de vida, situação no
trabalho.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

5.1 Conceitos de Envelhecimento

Cada vez se torna mais usual falarmos de envelhecimento. Seja porque o tema merece
mais atenção, seja porque o “ser velho” é uma realidade cada vez mais presente na
nossa sociedade. Mas sempre se envelheceu, embora fosse mais corrente usarmos
este termo para caracterizar o envelhecimento individual. Mais recentemente, começou
também a falar-se no envelhecimento colectivo. Embora com características comuns,
são termos com significados diferentes.

5.2 Envelhecimento Individual

Surgem assim duas situações para caracterizar o envelhecimento individual. Uma mais
ligada ao envelhecimento cronológico e outra ao envelhecimento biopsicológico. Uma
mais ligada à idade, vamos envelhecendo por um processo natural ao longo da vida. A
outra, embora reflexo do envelhecimento cronológico, não é tão linear, não é tão fixo em
termos de idade, porque cada pessoa envelhece de maneira diferente. Cada um de nós
apresenta de forma diferente e em diferentes períodos da sua vida sinais de
envelhecimento, mas que nos acabam de conduzir para a velhice.

“E embora não saibamos exactamente quem são os velhos, ou se já o somos, a


verdade é que ninguém resiste a falar da velhice, umas vezes enaltecendo-a, outras
repudiando-a. A velhice tem, com efeito, despertado valores diferentes consoante as
pessoas e as sociedades.”(M. J.V. Rosa, 2012;p 20).

Podemos concluir, resumindo que, sendo a idade cronológica um facto intrínseco e


indiscutível, a velhice não o é. Trata-se de um período menos rigoroso, porque mais
heterogéneo, que é experienciado e percepcionado de forma diversa. Levando ao
enaltecimento por uns, e ao repúdio de outros.

5.3 Envelhecimento Colectivo.

Tal como já referimos, para o envelhecimento individual, também o envelhecimento


colectivo comporta duas formas para ser abordado: envelhecimento demográfico (ou da
população) e envelhecimento societal (ou da sociedade).

“Para compreender o envelhecimento demográfico, é necessário ter presentes que


existem idades, consensualmente aceites, a partir das quais, para lá dos atributos
pessoais (classe social de pertença, qualificações e competências, capacidades, estado
de saúde, vivências anteriores, idade exacta, etc.), todos os indivíduos são classificados
indistintamente em categorias fixas. Estas categorias etárias são, por facilidade e

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Fontes de Informação Sociológica 2012

simplificação, usualmente referidas como as idades jovem, activas e idosa.” (M.J.V.


Rosa 2012; pp22,23)

Numa abordagem mais exaustiva (estado das artes), retomaremos este tema com maior
profundidade. Agora interessa-nos compreender que, para a identificação clara das
idades que estão associadas às três categorias acima mencionadas, em Demografia,
consideram-se essas fronteiras, a partir de marcadores administrativos. Sempre que
estamos a utilizar, em relação à vida ou à idade, valores que possam ser arbitrários,
eles são ao mesmo tempo precisos.

“Esses marcadores correspondem às principais fases do ciclo de vida: até aos 15 anos,
antes da entrada na idade em que é possível ser-se activo, os jovens; entre os 15 e os
64 anos, a idade activa; com 65 e mais anos, ou seja, a partir da idade «normal» de
reforma, os idosos, também referidos como «terceira idade».” (M. J.V. Rosa 2012; p 23).

Podemos partir destas categorias etárias para desenvolver o conceito de


envelhecimento demográfico. É também a partir da composição etária da população que
podemos construir a pirâmide etária, e qual a sua configuração.

“As pirâmides de idades são gráficos que permitem ter uma visão de conjunto da
repartição da população por sexos e idades. As idades são representadas no eixo
vertical. Os efectivos são representados em dois semi-eixos horizontais (o da esquerda
é reservado aos efectivos masculinos e o da direita é reservado aos efectivos
femininos).” (Nazareth,2009;p109).

Normalmente, aferimos o envelhecimento demográfico, através de indicadores


sintéticos, sejam eles o aumento da «idade média» da população, do aumento do
número de pessoas com 65 ou mais anos por cada 100 pessoas com menos de 15 anos
(índice de envelhecimento). Trataremos este assunto com recurso a outra informação no
decurso de outro trabalho. Ficamos para já com a ideia de que a população envelhece
sempre que a população com mais idade passa a valer mais em termos estatísticos.

5.4 Traços e Factores de Envelhecimento Demográfico.

A população portuguesa está muito mais envelhecida. Neste aspecto, acompanhou a


tendência que se verifica, principalmente a partir da segunda metade do século XX, nas
sociedades europeias. Quando estas começaram a confrontar-se com o factor que se
designa por “duplo envelhecimento”, envelhecimento na base e topo da pirâmide etária.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

“Segundo dados disponibilizados pelas Nações Unidas, a idade média da população no


mundo e na Europa passou respectivamente de 24 e 30 anos, em meados do século XX,
para 27 e 38 anos, em 2000, e estima-se que seja de 29 anos e de 40 anos em 2010,
podendo atingir, em 2050, os 38 anos no mundo e os 47 anos na Europa. Em Portugal, essa
evolução foi ainda mais forte que na Europa, passando a idade média da população de 26
anos, em 1950, para os 38 anos, em 2000, e para os 41 anos, em 2010, podendo a idade
média da população chegar aos 50 anos em 2050, segundo as previsões das Nações
Unidas.” (in, M.J.V.Rosa 2012;pp26-27).
Verificamos que, o envelhecimento demográfico é uma realidade que atinge todo o mundo,
embora apresente proporções bem mais fortes na Europa. Em Portugal este processo
apresenta um ritmo bem mais acelerado, influenciado também pela baixa dos níveis de
mortalidade e de fecundidade.
Comparativamente, com os anos 80, em que Portugal apresentava uma população menos
envelhecida do que a média da UE27, somos hoje um dos países mais envelhecidos da
Europa e consequentemente do mundo.
Para ilustrarmos este quadro com números, diremos que, entre 1960 e a actualidade,
Portugal perdeu um milhão de jovens (que representavam 29% da população e agora
representam 15%), tendo o número de idosos aumentado 1,3 milhões (representavam então
8% da população e agora representam 19%). Em Portugal, o grupo de pessoas com «65 e
mais anos» tem mais pessoas que o grupo de jovens, situação que acontece pela primeira
vez na história de Portugal no ano 2000.
Verifica-se ainda que a parcela de idosos mais velhos (com 80 e mais anos), que Maria
João Valente Rosa, qualifica como a «quarta idade», tem vindo a reforçar o seu peso
estatístico, representando já quase meio milhão, tendo o seu número quase quadruplicado
em Portugal, desde 1971.
A leitura destes números não é nada animadora para o futuro de Portugal. Portugal vai
continuar a envelhecer.
“Os resultados prospectivos do Instituto Nacional de Estatística, não deixam grandes
margens param dúvidas a este propósito. A população portuguesa deverá continuar a
envelhecer e poderá continuar a fazê-lo de modo particularmente intenso. Mesmo que os
níveis de fecundidade aumentem ligeiramente e que os saldos migratórios continuem
positivos no futuro, em 2060, a população de Portugal poderá continuar próxima dos dez
milhões de pessoas, mas será bem mais envelhecida do que hoje: o número de pessoas
com 65 e mais anos poderá ser quase o triplo do número de jovens (índice de
envelhecimento 271); um em cada três residentes em Portugal (32%) poderá ter 65 ou mais
anos (actualmente o valor é de 19%, portanto menos de um em cada cinco); a população
com 80 e mais anos de idade poderá equivaler a 1,4 milhões de pessoas e representar
cerca de 13% da população residente em Portugal; o número de pessoas em idade activa
por pessoa em idade idosa, actualmente um pouco superior a três, poderá ser inferior a
dois; a população em idade activa com menos de 40 anos poderá diminuir, aumentando, em
contrapartida, o número de indivíduos nas idades activas superiores (especialmente com 55
e mais anos.” (M. J.V. Rosa, 2012;pp28-29).

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Fontes de Informação Sociológica 2012

Os factores que a ciência demográfica mais tem identificado como as causas para o
processo do envelhecimento da população são dois; a redução da mortalidade e a redução
da fecundidade.
Todos nós aceitamos com o indesmentível que hoje se vive mais anos do que num passado
bem recente. A esperança de vida à nascença tem tido progressos muito assinaláveis.
Basta dizer que, no que toca a Portugal, por exemplo, em 1920, os homens tinham uma
esperança de vida de cerca de 36 anos. Em 1960 esta já atingia os 60 anos. Em 2010 a
esperança de vida dos portugueses à nascença é de cerca de 76 anos. Progresso
extraordinário.
Mas será que a estes avanços têm correspondido respostas eficazes, capazes de
acompanhar os progressos obtidos e que se traduzam num equilíbrio geracional que não
dramatize ainda mais a condição do envelhecimento?
Para além de outros factores, um dos que mais contribui para o envelhecimento da
população tem a ver com os baixos níveis de fecundidade. Trataremos com mais detalhe no
“estado das artes” este tema, mas não podemos passar sem o referir ainda que
superficialmente. Portugal tinha em 1960 um dos valores mais elevados na Europa, de filhos
por mulher, superior a três. Hoje esse valor situa-se em 1,4 filhos por mulher, sendo um dos
mais baixos da Europa e do mundo. Convém referir, que para haver renovação geracional é
necessário que cada mulher em idade fértil tenha 2,1 filhos.
Todo este conjunto de dados, vai forçosamente conduzir-nos para que tenhamos receios
quando nos debruçamos sobre as questões do envelhecimento demográfico no futuro.

5.5 Envelhecimento Demográfico, Renovação de Gerações, Produtividade, Segurança


Social e Reformas.

O envelhecimento da população, que se traduz num cada vez maior número de pessoas
idosas, tem reflexos muito significativos sobre todo o universo social. São maiores as
necessidades e a procura de cuidados de saúde. Doenças do foro degenerativo como;
tumores, diabetes, doenças cardiovasculares, alzheimer. As dificuldades de visão de
mobilidade, são também responsáveis por perdas significativas de autonomia e por uma
maior dependência de apoio, seja ele familiar ou social.
A vida moderna, associada à mobilidade imposta pelas condições de trabalho, conduz a que
o apoio geracional que sempre esteve associado à nossa forma de viver, no passado, se
tenha alterado radicalmente. A inexistência de infraestruturas suficientes para dar resposta
ao envelhecimento e às consequências que daí advêm geram situações dramáticas.
As famílias monoparentais, que nos idosos representam um valor muito elevado, por morte
de um dos cônjuges, são causa de solidão, isolamento e receio. Esta realidade está
associada a uma parcela muito elevada dos agregados familiares de idosos em Portugal.
As precárias condições de habitações, principalmente nos grandes centros populacionais,
onde residem a maioria das pessoas com 65 ou mais anos, aliada a bolsas de pobreza,
constituem por si só receios fundados, face ao envelhecimento da população em Portugal.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

Maria João valente Rosa, sobre os múltiplos receios face ao envelhecimento da população,
refere três ideias, que lhe parecem mais habituais quando se alude ao tema. Para a autora o
envelhecimento é mau porque: a população estagna e não há renovação de gerações; a
produtividade diminui; põe em risco a sustentabilidade da Segurança Social
É necessário renovar as gerações. Verifiquemos, mesmo que de forma algo superficial o
que se passa em Portugal. O número de óbitos tem-se mantido estacionário (cerca de
100.000 por ano), comum número de nascimentos em decréscimo, o saldo natural
(nascimentos menos óbitos), aproxima-se de zero ou até de valores negativos. Significa isto
que a população tenderá a diminuir pela via natural, por existirem mais óbitos que
nascimentos.

Uma forma de obstar a que esta situação se materialize tem a ver com as migrações.
Portugal depois de ter sido um país com inequívoca tendência para a emigração, sentiu
desde a década de oitenta um surto de imigração que contribuiu para atenuar a nossa
calamidade demográfica. Com efeito, a imigração de cidadãos brasileiros e, de uma forma
muito significativa, de todos os países com os quais partilhamos a língua e temos uma
relação de grande proximidade histórica e afectiva, contribuiu para tornar menos dolorosa a
nossa ameaça demográfica. Mais recentemente, outras nacionalidades, principalmente de
países do Leste europeu têm também contribuído para aumentar o fluxo da imigração.
Nem sempre são pacíficos ou pelo menos ausentes de receios estes movimentos. Os
imigrantes são confrontados muitas vezes com notícias ou referências que pouco dignificam
a presença destes grupos, sendo que o contrário não é tão frequente.
Deveremos reconhecer todavia que as sociedades envelhecidas e com fracos crescimentos
demográficos com estas opções: ou estão sujeitas a uma forte imigração, que seja superior
a emigração, ou a uma fraca imigração. Em qualquer dos casos uma certeza deve ser
reconhecida, a população autóctone irá progressivamente diminuindo em comparação com
a de outros territórios, no caso de a imigração ser fraca, ou diminuirá dentro do próprio
território caso a imigração seja forte.
Devemos aceitar que a globalização acontecerá também nos fluxos migratórios que se farão
sentir, cada vez com mais intensidade, e cada vez provenientes de locais do mundo que
apresentam índices de crescimento demográfico muito superiores aos verificados no
Ocidente.
Como refere Maria João Valente Rosa “a primeira ameaça que paira sobre nós, associada
ao envelhecimento progressivo da população, é a da descaracterização do nosso modo de
viver e da eventual alteração dos valores civilizacionais que nos habituámos a respeitar”
(2012;p39).
Portugal, nunca acompanhou os ciclos de industrialização e de desenvolvimento que foram
acontecendo ao longo da História no mundo e que por esse facto nunca desfrutou de
índices de produtividade que o aproximasse dos países desenvolvidos da Europa.
Agora que o nosso envelhecimento é particularmente acelerado, é mais um entrave à
produtividade. Somos levados a admitir que, ao envelhecer, um indivíduo produza menos.
Mas produzir menos não é o mesmo que deixar de produzir. Subsistem contudo
contradições que importa realçar. O tempo de vida que é dedicado à produção tende a
diminuir, o que parece um paradoxo com o aumento da esperança de vida.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

O aumento do tempo de escolaridade, que empurra os jovens para a entrada no trabalho


para idades mais tardias, ao mesmo tempo que os de idade mais avançada são empurrados
muitas vezes para reformas antecipadas, fazendo com que o seu ciclo produtivo termine
muitas vezes antes de atingir os 65 anos.
Não existe uma sintonia real, entre o que está estabelecido como sendo a idade activa e o
que acontece na realidade.

“A confirmá-lo, está a diminuição, em Portugal, das taxas de actividade até aos 25 anos,
entre 1983 e 2010: passaram de quase 70% para menos de 40%. Quer isto dizer que, até
aos 25 anos, são cada vez menos os jovens que integram o grupo da população activa, ou
seja, que se encontram em situação de empregado ou de desempregado.” (M.J.V. Rosa
2012;pp40-41).
São vários os processos e situações que concorrem para que possamos observar a
realidade que já apontámos. A idade da reforma em Portugal é hoje inferior a 62,5 anos,
apesar da idade estabelecida por lei se situar nos 65 anos. Já se olharmos para as taxas de
actividade observadas actualmente no grupo etário 55-64 anos, elas situam-se próximo dos
55%, enquanto as taxas de actividade do grupo etário imediatamente anterior, dos 45-54
anos, ficam próximo dos 85%.
Numa sociedade que envelhece como a nossa, ganhos de produtividade poderiam estar
associados à utilização de imigrantes que nos procuram com elevadas qualificações. Tal
não tem acontecido, principalmente com muitos imigrantes oriundos dos países da Europa
de Leste, com níveis de qualificação muito elevados, mas que não são colocados em
sectores mais competitivos da economia. Vemos sim, licenciados ou mesmo doutorados em
tarefas de construção civil ou para trabalhos em que o seu potencial foi completamente
desbaratado.
Quando falamos do envelhecimento da população, associamo-lo sempre ao agravamento
das despesas sociais, como a protecção social e as pensões de velhice.
O permanente agravamento destas despesas, coloca uma incerteza permanente na
sustentabilidade do sistema de Segurança Social e para o aumento progressivo do esforço
contributivo.
Em Portugal, um número muito significativo de pessoas desconhece na realidade, em que
base assenta o princípio da fórmula redistributiva das pensões. O modelo baseia-se no
princípio da solidariedade geracional. Isto estabelece que, as gerações activas,
trabalhadores e empregadores, ao descontarem, financiam as reformas dos actuais
reformados, pressupondo-se que estas mesmas gerações, quando atingirem a idade de
reforma, tenham alguém que financie as suas reformas.
Só que o número de activos, por pessoas reformadas, tem vindo a diminuir, o que põe em
risco a sustentabilidade futura do sistema, não garantido que o mesmo se mantenha nos
moldes em que hoje se encontra.
Maria João Valente Rosa identifica um conjunto muito alargado de constrangimentos que
põem em causa a solidariedade geracional e que são propiciadores para o aparecimento de
graves conflitos e atropelos ao modelo de financiamento da Segurança Social. No seu
entender a verdadeira razão dos problemas sociais está, antes, na inadequação de que dá

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Fontes de Informação Sociológica 2012

mostras a sociedade ao curso dos factos. Houve uma mudança significativa no seu «corpo
populacional», mas não mudaram os modelos e sistemas que a organizam.
“Logo, o problema não pode ser imputado à alteração do corpo populacional, mas às
adaptações, que abrangem múltiplas dimensões (como a relação com o trabalho, com a
formação, com os outros – conhecidos ou estranhos, com o lazer), obrigam a pensar de
forma diferente” (M. J. V. Rosa 2012;p49).

5.6 Para uma Sociedade Mais Inteligente, Novo Paradigma de Ciclo de Vida, Situação
no Trabalho.

Há sempre formas diversas de olharmos para um assunto que carece de resolução.


Podemos invocar o exemplo do copo meio cheio ou meio vazio, conforme se pretende
valorizar uma ou outra perspectiva. Nos dias de hoje, ouvimos com frequência a expressão
«transformar as ameaças em oportunidades», estas expressões e atitudes estão mais
ligadas ao mundo empresarial, mas não deixam de se revestir de interesse, quando temos
pela frente, uma necessidade urgente de pensar a sociedade de um modo diferente.
As sociedades têm mostrado sempre alguma resistência na aceitação de novas formas de
pensar. Apesar de tudo e talvez devido aos avanços alcançados nas áreas das novas
tecnologias, assistimos hoje a uma maior permeabilização à ideia de mudança.
É sobre esta janela de oportunidade que devemos centrar a nossa atenção e o nosso
empenho. Tal como refere Maria João Valente Rosa, as sociedades envelhecidas convivem
muito mal com o envelhecimento da população e pouco têm aproveitado este processo
demográfico para reverem alguns dos seus princípios, dos seus modelos, os quais se têm
revelado úteis em outras circunstâncias passadas embora diversas da realidade actual.
“Estamos no ponto em que o envelhecimento demográfico não desperta sentimentos
positivos. As pessoas idosas são referidas como sendo em excesso, os jovens como
estando em falha e as pessoas em idade activa como um grupo etário cada vez mais
insuficiente. A questão que então se suscita é a de saber se tal categorização terá de
necessariamente ser tão rígida. E, para isso, voltamos aos receios colectivos, que em pouco
resultam do envelhecimento demográfico, mas que lhe dão a tal forma muito desagradável
que temos vindo a descrever.” (M. J. V. Rosa 2012;p 51).
Apesar de esta sociedade se assumir como supostamente livre, baseada em atributos de
mérito de igualdade e de solidariedade, o valor de cada indivíduo não está apenas
relacionado em função das suas competências, mas em função de outras atribuições
externas e que nada estão relacionadas com as competências intrínsecas de cada um.
Este comportamento ou esta lógica provocam um elevado desperdício de capital humano, já
que consideramos que é no conhecimento que está a chave para o desenvolvimento das
sociedades.
A autora aborda sobre este assunto uma nova teorização sobre um modelo alternativo para
a classificação da sociedade, a que chama “lógica da interligação”, em confronto ou
oposição com o modelo actual de partição da sociedade. Abordaremos este tema com maior
profundidade, na realização do estado das artes.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

Como já vimos em referências anteriores, a sociedade olha para o idoso de maneiras muito
diversas. Mas há sempre determinados estereótipos que retratam estes tratamentos com
uma marca definida. A autora apresenta dois ou três casos que ilustram bem essa carga de
pré-definição, como lhe chama, referindo-se a notícias veiculadas sobre pessoas idosas:
«idoso atropelado», «idoso assaltado»; «idoso há cinco dias desaparecido». E questiona de
seguida se faria algum sentido que, em vez da palavra «idoso», estivesse a palavra
«adulto», ou «activo».

Aparece associado ao ciclo de vida o termo idadismo, que não poucas vezes sugere uma
classificação negativa não muito diferente das expressões utilizadas para o racismo ou para
a classificação de minorias étnicas.
As novas sociedades não carecem mais de uma mão-de-obra assente no esforço físico e,
portanto, na utilização de uma mão-de-obra assente em indivíduos apenas em idades
activas pujantes. Um conjunto muito alargado de ocupações de grande prestígio, podem
perfeitamente ser exercidas, com vantagem, por pessoas, que estão já, por imperativos
legais, fora do mercado de trabalho, por terem atingido o limite de idade.
O ciclo de vida, tal como temos vindo a referir, não pode continuar associado a uma
sociedade que já não existe. São diferentes as idades com que hoje se iniciam as carreiras
profissionais, são diferentes os percursos profissionais que hoje se estabelecem. A
formação já não acontece num período específico da vida, mas tem que ser uma constante.
A produção também não está hoje associada a uma única arreia ou percurso.
Todas estas alterações tendem a que sejamos desafiados a encontrar novas soluções que
compatibilizem, formação, trabalho, lazer, vidas mais longas e usufruto de bem-estar.

5.7 Síntese

Talvez por me encontrar num período da minha vida que me aproxima muito do tema desta
obra, ela me tem despertado tanto interesse e tenha sido alvo da minha escolha.
Há alguns anos atrás, no exercício das funções que então desempenhava nos corpos
gerentes de uma Associação da aldeia onde vivo e a propósito de dotar a referida
associação de outras valências de que ainda não dispunha, fui muito criticado por ter
defendido que o foco principal de via estar assente na protecção à «terceira idade». Numa
altura em que só se pensava em jardins-de-infância, os meus argumentos caíram muito mal.
Apesar de tudo, não vislumbrava já que a dimensão do problema tomasse as proporções
que hoje tem e em tão pouco espaço de tempo.
O desafio que retenho também desta obra, pela sua objectividade, fácil leitura, e quantidade
de informação disponibilizada, também se coloca no patamar de uma melhor compreensão
e preparação para poder agir e participar em acções de variado tipo e a variados níveis, por
forma a contribuir para que os problemas do envelhecimento, na sociedade portuguesa,
possam ser minorados.
A dimensão deste ensaio não o obriga a uma abordagem transversal do problema do
envelhecimento da sociedade portuguesa. Daí compreender que a autora não se tenha
referido ao problema das infraestruturas, ou da ausência delas, que são absolutamente
fundamentais para a evolução do envelhecimento da sociedade portuguesa.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

6 Conclusão

O tema “ Envelhecimento da Sociedade Portuguesa”, ganhou uma relevância pouco


habitual, com o contributo da obra de Maria João Valente Rosa. Numa pesquisa simples, na
internet sobre; “o envelhecimento da sociedade portuguesa”, verificamos 285.000
resultados. Mostramos abaixo alguns exemplos dos meios envolvidos na divulgação do
tema.

Esta visibilidade é benéfica para o problema do envelhecimento da população portuguesa e


para o processo demográfico que lhe está subadjacente. Esta visibilidade permite que cada
um de nós possa reflectir com um maior conhecimento do que está em causa e assim poder
dar um contributo mais adequado e mais empenhado.

O momento que vive a sociedade portuguesa não é o mais propício para este tipo de
reflexão. Os problemas sociais que vivemos no dia-a-dia podem distanciar-nos dessa
reflexão necessária. Mas hoje quando assistimos às notícias que nos informam e mostram a
degradação cada vez mais acentuada das condições de vida de faixas da população, que
até há pouco pensávamos completamente imunes, podemos mais facilmente antever e
compreender o que nos espera o futuro.

Se esta obra contribuir para esse debate e essa reflexão, é também um contributo
importante da Sociologia Portuguesa, para o trabalho de terreno que é necessário
implementar.

Terminamos este trabalho com uma frase com que Maria João Valente Rosa inicia a sua
obra.

“ O principal problema das sociedades modernas não é o futuro, é o passado”

27
Fontes de Informação Sociológica 2012

7 Referências Bibliográficas

Nazareth, J. Manuel. “As estruturas demográficas‐ As pirâmides de idades.” In Demografia a Ciência


da População, de J. Manuel Nazareth, 109. Lisboa: Editorial Presença, 2009.

Rosa, Maria João Valente. O Envelheciemnto da Sociedade portuguesa. Lisboa: Relógio D'Água, 2012.

—. O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa. Lisboa: Relógio D'Água, 2012.

Rosa, Maria João Valente. O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa. Lisboa: Relógio D'Água, 2012.

—. O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa. Lisboa: Relógio D'Água, 2012.

—. O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa. Lisboa: Relógio D'Água, 2012.

Texto escrito de acordo com a antiga ortografia.

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Fontes de Informação Sociológica 2012

Anexo A
Fontes de Informação Sociológica 2012

Anexo B

http://www.envelhecimentoativo.pt/conteudo.asp?tit=0

EUROPA |site do Ano Europeu EASG

À escala europeia, vale a pena explorar esta plaforma para saber de iniciativas, parceiros,
eventos, novidades, perceções e afinal, boas ideias para uma sociedade com vitalidade e
dignidade para todos...leia mais

Envelhecimento Ativo | Direção Geral da Saúde

A Organização Mundial da Saúde define Envelhecimento Activo como o


processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e
segurança, que melhorem a vida das pessoas que envelhecem...leia mais

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