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APRESENTACAO Reunimos, no presente volume, trés trabalho concernentes a Daseinsanalyse. S40 traducdes de artigos, que embora no se conjuguem na tratagio de um mesmo tema, tem em comum o fato de introduzirem «le manci- rm simples, num esboco inicial, temas vistos & luz da Dascinsanalyse € uma perepectiva histérica da mesma. © primeito trabalho surgiu da colaboragio entre Medard Boss € Gion Condrau, respectivamente presidente da Associagio Internacional de Daseinsanalyse € diretor do Instituto Daseinsanalitico de Psicoterapia e Psicossomitica, sediados em Zurich.Ai sio tracados as origens, fundamentos € horizontes na psicologia ¢ psicopatologia da nova visio proposta pela Daseinsanalyse. Este texto foi primeiramente publicado em maio de 1975 pela Encyclopedie Medicien Chir. Paris, O segundo estudo versa sobre um tema de particular atualidade: comunidad € solidio. Esta monografia de Medard Boss folespecialmente preparada para uma conferéncia pronunciada durante 0 XXV RIG (Res atiouales de Geneve). Seguese um estudo elaborado or Solon Spanoudis, responsével pela formacio da AB.A.TED. € seu atual presidente. Este trabalho originalmente publicado em 1973, no livro *Medard Boss - Zum Siebzigsten Geburstag" de Gion Condrau, recoloca a questio de ‘um problema que desafia a psicologia em nossos dias - a neurose do tédio, A publicacdo destes esrudos, ral como se apresentam, surge sobretudo da preocupacao em difundir e tornar mais acessivel a aproximagio da Daseinsanalyse dificultada, quase sempre, pelo problema da lingua. Neste sen- Lido, tivemos a colaboragao de Franklin Winston Goldgrub ¢ de Isabel da Silva Kahn no cuidado com a traducio dos textos. Ressaltamos também o incentivo de Medard Boss a quem agradecemos ‘pela assessoria na preparacio e publicacio desta apostila soutres Tate ABATED. Setembro de 1976. 122+ ANALISE EXISTENCIAL - DASEINSANALYSE COMO A DASEINSANALYSE ENTROU NA PSIQUIATRIA © termo “Daseinsanalyse* foi mum primeiro momento traduzido pos "Analyse existentielle” em francés e “existencial analysis" em inglés, como 0 testemunham manuais € diciondrios. Mas esta denominagio nao tardou a abranger as mais divergentes concepgdes da existéncia humana ¢ a reagrupar toda uma gama de métodos terapéuticos que, freqilentemente, se encontram ‘em flagrante oposicdo. Psses conceitos adquiriram assim uma tal extensio ‘que acabaram por perder quase todo significado. Tentando recuperito, tor nouse hibito manter o termo alemio Daseinsanalyse, mesmo em lingua e trangeira. Esta medida de precaucao nio trouxe, entretanto, a clareza necessic ria. Um grande ntimero de conceitos psicoldgicos e psiquidtricos assim como me1ys métodus terapeuticos continuam se qualificande come daseinsanaliticos apesar de terem muito poucos pontos em comum com a designacio original € de, alzumas vezes, nio se basearem absolutamente a compreensto do homem que, originalmente, deu seu nome a daseinsanalyse. Para eliminar qualquer possibilidade de erro, € preferivel fazer aqui um rapido retrospecto historico. As designagdes de “anilise do Da-sein” € Daseinsanalyses apareceram pela primeira vez. numa obra que marcou época - SER RTEMPO, publicada em 1927 pelo fildsofo alemao Martin Heidegger. Esses dois termos tinham como tinico objetivo denominar a explicitagao filosofica das"existencialias’ isto é,das carac- teristicas ontologicas constituintes do cxistir humano, Heidegger descreveu como “existenciilias” a abertura original ao mundo da “natureza humana”, a temporalidade do homem, sua especialidade original, sua afinagio ou seu tem- peramento, seu estarcom-o-outro, sua corporeidade, seu cariter mortal. Heidegger reuniu a andlise ce cada uma dessas“existencilias’ sob a denomina- io de Daseinsanalytik. Esta foi e permanece sendo uma tentativa puramente filos6fica, isto €,destinada a determinar a natureza fundamental do ser-huma- no (do Dasein) de um modo estritamente concerente a essa tina, Além disso, 0 verdadeiro intuito de Heidegger nao foi munca 0 de esclare- cer simplesmente a esséncia do homem. Visou na realidade, desde 0 inicio, esclarecer 0 sentido do Ser enquanto tal. As explicitagbes do existir humano que aparecem em Ser e'Tempo devem ser simplesmente consideradas como ‘uma primeira etapa no caminho de seu pensamento, Ser €'Tempo nunca teve a pretensio de oferecer de imediato uma antropologia completa Mas negligenciando este fato, Ludwig Binswanger nao tardou a descobrir - € nisso ele foi o primeiro - 0 quanto a concepcio heideggeriana da esséncia © palaveacriada para traduzir 0 alemio Leibhafigkit designando a esséncia especiica do ‘corpo do thomem vivo (Leib) opastaAquela de um corpo inanimado (Korpen), +23. do existir humano era capital pari a psiquiat I wervirla de nova base,e como as caracteristicas de ser do homem expostas em"Ser e'Tempo” se reves. ‘iam da maior importancia para a medicina cm seu conjunto ¢ para a psiquis- tria em particular. A conselho do psiquiatra suigo Jakob Wirsch, Ludwig Binswanger utilizou em seguida o conceito de daseinsinalyse que eri original mente de ordem puramente filos6fica ¢ ontol6gica, num s mente diferente, ntico. Em 1941, Binswanger considerou que i “daseinsanalyse psiquidtrica” trazia um novo método de investiga ‘que de- veria permitirlhe compreender e descrever, sob um angulo fenomenologico, os sintomas ¢ as sindromes concretos, distintos ¢ diretamente perceptivei sungidos da psicopatologia. Desviava-se assim, expressamente, do método de pensimento cientifico que prevalecia, até entio, no dominio da psiquiatria e ‘da psicanilise. Essas duas disciplinas estabeleceram de fato - como Freud compraziase em dizer, de modo um tanto chocante em nome de todos os ientistas - como principio absoluto,o interesse menor pelos fendmenos dire~ tamente perceptiveis, do que pelas forgas € tendéncias supostas e “escon das" atcis desses fendmenos. Seguindo o pensamento de Heidegger, Binswanger dedicouse entio, a um caminho fenomenol6gico: julgando no haver nada a procurar atrs dos fené: ‘menos, esforgotrse em esclarecer, de modo cada vez mais diferenciado,0s igni- ficados e as relacOes que se mostravam imediatamente a partir deles mesmos. Certamente, bem antes de tomar conhecimento do pensamento “daseinsanalitico” de Heidegger, Binswanger tinha percebido os limites do procedimento que consistia em apiicar & psiquiatria, o método de pensamen- to proprio das ciéncias naturais. Em particular os trabalhos do psiquiatra parisiense Eugene Minkowski, influenciado por Bergson, tinham despertado cua atengio, Entretanto, foi necessirio para Binawanger a forte impulsio do pensamento heideggeriano para demonstrar, com uma precisio espantosa, até que ponto a psiquiatria que prevalecia até entio, estava carente de bases soli das, Ele a recriminava por ter tomado emprestado, inconsiderada e arbitrari mente, a totalidade de seus conceitos fundamentais das disciplinas cientificas mais diveraas entre as quais, a neuropsicologia, a biotogia, antropologia ou simplesmente da linguagem falada cotidianamente. Demonstrou, passo a pas- 0, esse mecanismo indicando a que nivel e como desenrolar do pensamento das ciéncias naturais era insuficiente para estudar 0 comportamento humano « passava precisamente ao lado do cariter especifico da existéncia humana Apoiava-s¢ assim essencialmente na“destruigio" empreendida por Heidegger, {da idéia fundamental do matemitico ¢ filoséfico Descartes que no séc. XVII tinha tio desastradamente dividido*o mundo «lo homem" em duas partes: 2 rescogitans e a resextensa, Binswanger descobriu que ess divistio do mundo em objeto ¢ sujeito cestabelecida pos Descartes provoeava danos no dominio da psiquiatria, tendo ‘mesmo chegado a qualiicila de verdadeiro cincer da ciéncia. Aquele que “he nnela acreditava niio era, na realidade, somente incapaz de imaginar que um cspirito humano assim conecbide - isto €, compreendendo uma rercogitans existindo primordialmente em si - pudesse se dar conta de que ao seu lado existia uma coisa tal como 0 mundo exterior ¢,ainda menos, que um tal espi- rito pudesse sair dele mesmo para descobrir a existéncia de tudo 0 que com- de esse mundo exterior € atingHlo. Também Binswanger desejava suprimir €ssa divisio sujcito-objeto do dominio do pensamento psiquiatrico. Bmpe- nnhot:se nisto, fazencio uma descricio daseinsanalitica de mumerosos casos de esquizofrenia, Mas enganou-e na interpretacao de um ponto capital do pense: ‘mento heideggeriano. Enganou-se 20 sentirse obrigado a acrescentar 30 con- ceito heideggeriano de “zelar”®, 0 de*amor”. Essa preocupacio indica, por si 86, que 0 termo “zelas”,empregado por Heidegger num sentido estuitanente ontol6gico, ou seja, para designar 2 constituigao fundamental do homem, foi tomado em seu significado puramente éntico. Nao compreendiendo o sentido ontolgico que Heidegger deu a esse conceito, Binswanger nao compreendeu que nio se tratava absolutamente de um comportamento muito preciso, Sulicy, comerctw vu, ality de outa fornsa, de una relayi0 "aelosa”, preveupt com este ou aquele dado do mundo. Em Ser e'Tempo de Heidegger, como em todas suas obras posteriores, a palavra “zelae” € apenas uma primeira referén- cia ao carater constituinte fundamental (ontol6gico) do exist humano. Isto simplesmente designa que este existir € um jé-no-mundo-ser" que se encontra sempre, num relaao de entendimento com 0 que vem ao seu encontro. E ‘por isso que o termo“zelar”,no sentido que o entende Heidegger, no somen- te nido exclul as diversas formas de relacdes afetivas, como as inclui de imed- ato. Do mesino modo, todas as possibilidades de comportamento concreto, Ontico do homem repousam, de fato, sobre essa caracteristica fundamental que € o modo de ser sempre e primordiaimente em relagzo a alguma coisa Finalmente Binswanger descobritt 0 erro capital que havia cometido em sua interpretacio do pensamento heideggeriano € teve coragem de reconhecé-Jo publicamente. Coerente consigo mesmo, parou logo de qualifi car suas pesquisas de “daseinsanaliticas”, Voltou, entio, i posi¢io adotada por Hlusserl, o mestre de Heidegger, que nio tinha ainda chegado no ponto de ultrapassar a nogdo de consciéncia subjetiva existente primordialmente em si, € penetrado no sentido do fendmeno do*mundo” heideggeriano, Binswanger deu mesmo um outro nome & nova orientacio de sua pesquisa, intitulando-a de"fenomenologia antropol6gica”. stimulado pelos trabalhos de isinswanger ¢ descontente também, com a obscuridade dos fundamentos sobre os quais se apoiava a psiquiatria tradicio- nal, 0 psiqniatra e 0 psicoterapenta Medard Ross voltonse tamhém para o pensamento de Martin Heidegger. Certamente, exist, desde 0 inicio, uma di- ferenca importante entre suas motivagoes. Enquanto Binswanger foi antes dle © x.z-Do semto“sorge” qe sine: cular za preocupasse ee +255 tudo, levado a penetrar no pensamento desse fl6sofo por um “impulso pura- mente cientifico"¢ nlo, como Freud, por um intereswe de ole werapeutic, foram sobretudo preocupagies terapeuticas que determinarim 2 escolha de Boss. Esperava em primeiro lugar, que as recentes considenicdes floséticas de Heidegger Ihe fossem tteis no dominio da terapéutiea, A CONSTITUICAO FUNDAMENTAL DO HOMEM A LUZ DA DASEINSANALYSE Gragas ao ensinamento pessoal de Heidegger que Boss ¢ seus alunos rece- beram, a partir de 1947, muma série de cursos organizados varias vezes por ano, - 0 “seminatios de Zollikon’,~ a psicopatologia se enriqueceu com um ensamento fundamental novo que no st se esfiorcava em peacurae uma solucao paraa distingio cartestana sujeito-objeto,como nem mesmo permit, ue fal questio se colocasse. Esse pensamento servmi como base, para a elaboragio de novos caminhos ara uma nova aproximagio da medicina ¢ da psicologia. E por isso, que a ‘Daseinsanalyse” ndo deve ser consideradla como mais 1ima“escols” que sim- plesmente se agrupa a todas que jf existem. £, antes de tudo e primordiaimen- te, uma nova abordagem do conjunto dos feaémenos chamados normais € patoldgicos do existir humano. Mas esta abordagem nio é mais que um cami- ‘ho, um meio de acesso, Nio leva a um tesouro de conctusdes cientifias. ‘© caminho ou a abordagem daseinsanalitiea € de oniem fenomenologica. Em outros termos, tem essencalmente como intuito ver scm deformacoes aqui Jo que se mostra a nds de simesmo. Isto parece tratarse da coisa mais simples ‘mas para nds € hoje a mais cca uma vez que perdemos, ha muito tempo, a Possibilidade de ver a esséncia das coisas sob as exigéncias das intimeras expli- ‘cages cientifcas que nos foram datas. Firetanta,tenhamos agora a audcia de aprendermos essa nova forma de ver, Observase primeirimente que o homer rio se apresenta no mundo como uum corpo inanimado, Um corpo inanimado ‘esti sempre presente num lugar determinado no interior de outro dado inn ‘mado. ambém todo corpo inanimado ocupa uma posicio precisa de espaco, determinada por seu volume e sua superficie Além disso, esse tipo de corpo esti separado dos outros corpos inanimados por uma certa distancia, Assim, por exemplo, roupas guardadas num armirio nao sabem absoluta- mente que estao nesse lugar € 0 armario ndo tem a minima idéia de que contém roupas. Completamente diferente, € 0 sernomundo do homem. O existe no cessa nos limites da pele da homem e nela nfo esta contido. Seno, nunca uma pessoa olhando pela janela de seu quarto seria capaz de ver a casa situada @ sua frente como uma casa, © homem, lis, nunca ve uma casa como ‘uma “simples” casa; ela nao € para ele somente um objeto isolado, por assim dizer, suspenso no vazio.Ao primeico olhar, ji Ihe € dado ver a casa como uma ‘esa, ue the fala por una sérle de significados e de relagdes especificas. A casa enquanto tal indica, por exemplo, diretamente para aquele que a olha, ue ela serve de habitacio para os homens. E 0 leva, em seguida, 20 solo que a sustenta, Por intermédio de seu telhado, se revela como uma protecio tanto do calor solar quanto das tempestades. Estas sio algumas das iaumerivels referencias significavas que pertencem, de inicio,a cada Casa.Tais referencias nao sio feitas posteriormente pelo homem mas, elas mesmas, pertencem pi ‘motdiatmente & prépria casa. ‘Mas como essa possibilidade de ver, tanto no sentido “6ptico" como no sentido “figurado” seria possivel se 0 que se encontra entre a pessoa especta- ort © & cast Ua frente no fosse aberto, “transparente’? E além disso, seria, impossivel para essa pessoa ver uma case se ela mesma, enquanto espectado- ta,nio fosse em sua esséncia aberta,abertura que consiste em um poder com- preender 0s diversos significados quc Ihe chegam a partir dos lugares onde esti o que vem ao seu encontro,na abertura espacial e temporal de seu mun Jy. 0 homtem pode perceber uma casa enquanto a casa da frente, unicamente porque 0 existir humano subentende, ocupa, ou melhor ainda, € de imediato, uma abertura transparente ¢ estendida para 0 que se encontra no rmundo, do, ‘ais préximo ao mais longinquo, tanto no sentido espacial quanto temporal. Podemos também comparar a esséncia da existéncia humana a uma clareira ‘que consiste em um poder Ver 0 que Vem a0 sett Encontro. ASSIM, © ExiStit ‘humano € sempre conforme sua natureza mais profunda, um “ek-starc” no sentido proprio do termo e pode enquanto abertura iluminadora estar tanta aqui como ali ¢ se encontrar numa livre relacio com aquilo que se oferece a cle na abertura iluminadora de seu mundo. Ja que em sua esséncia 0 home, vem no somente a possibilidide de escolher ele mesmo que tipo de relacao quer estabelecer com os diferentes entes que se apresentam a ele em meio a multiplicidade de dados do mundo, mas também porque Ihe é necessatia « todo momento tomar pessoalmente tais decisbes, 0 ser humano — ¢ $6 cle — deve ser qualificado de sersianesmo. Esta possibilidade de existir no modo de serstmesmo, nao somente nao exclu, mas na realidade inclui, que todo homem se encontra primordialmente € sempre, co-existindo com outras pessoas. Nunca o homem se encantron primordiaimente como um sujeito individual, subsistindo apenas para si mes- ‘mo, sozinho, ¢ que apenas mais tarde teria sido levado a entrar em contato ‘com outras pessoas. Os homens estio primordiaimente e sempre co-existindo perto das mesmas coisas de um mesmo mundo; contribuem sempre primati- amente em comum, embora cada um a seu modo, para manter aherto este ‘mundo “descoberto”.F isto que constitu o cariter fundamental de sercomo- ‘outro primordial ¢ € sobre isto que se fundam os modos mais diversos de desdobramento do ser-como-outro € notadamente a possibilidade de uma ciéncia como a sociologia Assim, o existir humano também se apresenta primondialmente € sempre como seremurelagio seja com alguma coisa que 0 toca de perto, seja com ‘outra que 0 toca de longe ¢ o deixa indiferente. Esse modo de ser primordial ce sempre situado numa relacio de proximidade ou de afastamento face & face ‘com o que se apresenta no mundo, caracteriza a natureza original do homem. E, a0 mesmo tempo, o existir humano vive o tempo que the & dado sitwando- se de alguma maneira em relagio a0 que aparece, e correspondendo-the seja no modo da percepcao do pensamento ou da aco. £ assim que ele vive no tempo, ou dito de outra forma, que existic tem um fim € se completa 20 término da vida terrena. Pocemos dizer que © homem tem uma boa morte ‘quando cle souibe aceitar 0 destino de seu ser primordial foi capaz de dispor, de modo adequado, de sua qualidade de abertura iluminante na qual tudo o ‘que*ha para ser’ pode aparecer. Por outro lado, que tem uma morte mé se iio foi capaz de aceitar o destino de seu ser primordial Econtudo precisamente quando o homem morre que fica evidenciado algo também caracteristico do ser humano. De repente, aquilo que justamente cons- tituia a comporcidade do homem vive mudou de caracteristica de ser e toznou se um corpo inanimado, no espaco fisico mensurivel, Por muito tempo, foi freqtiente a medicina querer compreender a homem sadio ou doente a partir da reducio de seu exist a cadiver. Mas isto oferecia uma perspectiva de pesquisa unicamente para o estudo de anatomia. Ora,enquanto um homem ainda existe, sua corporeicade € de uma navurcza completamente diferente € nio pode ser comparada a0 cadaver. Qualquer corpo vivo no pode portanto ser compreen- dido, conforme sua natureza, a nio ser que seia considerado como a corporeidade da relagio com aquilo que se desvela ao homem, Se,por exemplo, lum sapateiro coloca sola num sapato, sua mao dircita nfo constitui uma parte objedvada de seu corp mas € primurdialnente integiante Jo todo welacioual dda tarefa em que ele esti empenhado, $6 se pode dizer de seu compo que ele é, ‘no existir humano.aquilo que pode ser percebido também pelos sentidos ¢ por {sso mesmo medido € calculado até certo ponto como todo objeto inanimado. Entretanto, a verdadeira esséncia da corporeidade escapa sempre ¢ imediata- ‘mente no momento exato eM que se faz USO da Possibiidade de ve-la como ‘qualquer objeto inanimado mensuravel. AS DESCOBERTAS DASEINSANALITICAS, BASE TEORICA DE UMA NOVA PSIQUIATRIA, Estas so as grandes linhas que canicterizim a constitu de sera‘ humano, tal qual Heidegger nos ensinou a ver e que cada um de n6s & capaz de perceber.a cada momento, se assim 0 desejar. Essa concepgio € de ‘uma importaneia capital para a medicina em geral e para a psiquiatria em +28 particular. De fato, qualquer modo do serdoente s6 pode ser compreendido a partir do modo de ser-sadio ¢ da constituicio fundamental do homem normal, nio perturbado, pois todo modo de serdocnte representa um aspecto privat vo de determinado modo de serio. Ora, a esséncia fundamental do homem. sadio caracteriza-se precisamente pelo seu poderdispor livremente do con- junto das possibilidaces de relacio que the foi dacio manter com 0 que se Ihe apresenta na abertura livre de seu mundo, Primordialmente 0 modo de ser- doente é também holista. Nio pode existir a no ser que haja limitagio desta liberdade proprio ao homem. £ por isso que a questo que do ponto de vista ‘cientifico convém ser colocada em relagao a cada doente, somente pode s¢ apresentar 2 principio sob estes trés aspectos: qual a possibilidade de rela- ‘clo pernishada? Qual é a esfera daquilo que vem a0 nosso encontro que est vvisada nessa relacao? Enfim, como esta perturbacio relacional se manifesta? ‘Tomando esta interrogicio fundamental como ponto de partida, somos leva- dos a elaborar uma patologia geral mais de acordo. ‘0 modo de seredoente pode subdividir-se em: 1. Serdoente caracterizado por uma perturbacia evidente da corporeidade do existir humano; 2. Serdoente caracterizado por uma perturbacio pronunciada da espacialidade de seu serno-mundo; 3 . Modos do serdoente constituindo privagdes importantes na realizacio ‘da afinagio propria 2 esséncia da pessoa; 4. Modos de ser-doente constituindo privagées importantes na realiza¢io do seraberto ¢ da liberdade. F intencionalmente que nessa classificaglo falamos de perturbagio evi dente, pronunciada ou importante impedindo a realizagao das diferentes ca- racteristicas de ser do existir humano, Enquuanto tragos fandamentais do ser ai, formam todos juntos uma estrucura total € indivisivel. Se um entre eles € per turbado em sua realizacio, todos os outros nao deixam de sofrer, igualmente, as conseqiiéncias, A primeira categoria citada reine, por exempto, problemas que as classifi cages da patologia tradicional colocam muito longe uns dos outros, como uma fratura da perna, uma paralisia histérica e uma deméncia péstraumatica devida a uma lesio no cérebro causada por uma pedra que caiu, Se se conside- ra uma fratura ¢ uma lesao cerebral simplesmente como uma perturbacto de um 6rgiio isolado, chegase apenas a uma compreensio extremamente reduzi- da da docnga, Certamente isto pode ser suficiente num plano pritico, por ‘exemplo no tratamento de uma fratura,na medida em que o acidentado esteja or outro lado sadio € nao apresente propensto para sofrer acidentes. Entre- tanto, qualquer modo da corporeidade faz parte a tal ponto ¢ tio diretamente do serno-mundo do homem, isto € de sua existéncia, que qualquer reducio {oca sempre ¢ imediacamente este serau-niundy € pur issu mesiny, tudes pox sibilidades de relacio com o mundo. Assim, uma fratura da perna constitui +29. primordialmente uma redugao da possibilidade existencial de se aproximar ou de se afastar daquilo que se oferece a nosso encontro no mundo, indepen- entemente aliis do fato dos sofrimentos provocaclos por um fratura reduzt rem consideravelmente a abertura para o mundo de um *da-sein", néo Ihe deixando mais do que um pequeno nimero de interesse.A queda de uma ppedra que é,n0 outro exemplo citado, a origem de uma deméncia traumtica, ito prejudicou somente um dngio icolado mas o que se pode chamar“o cere- bral" de uma existéncia. Tendo caido, esta pedra intervém dirctamente na rea- lizagio da possibilidade de ser do homem no espago em relacéo a0 que se oferecia, se oferece ¢ s¢ oferecerd a ele nesse espaco, Para compreender uma pparalisia histérica, a daseinsanalyse mio precisa mais recorrer & invencao de ‘um "descjo inconsciente*- ou de um conflito provocado por pulsdes incons cientes - cuja energia, seguindo a teoria da conversio psicanalitica, teria sido teansferida aos misculos voluntérios.Sem que seja necessério recorrer a hips teses metapsicol6gicas, qualquer paralisia histérica pode ser diretamente ‘compreendida como uma perturbaio que afeta a possibilidade de realizar na corporcidade uma certa relagio com o que sc apresenta no mundo, isto €, como uma perturbagao que consiste em interdigdes estranhas & pessoa Hoje, mais numerosos que as diversas formas de histeria sio os modos de ser-doente que se caracterizam por uma reducio na realizacio das existencialias, que sio a afinacio (“Gestimmtheit”) e 0 seraberto. O quadro lassivo da loucura maniacode pressiva entra naturalmente nesta categoria. O caminho daseinsanalitico permite, como nenhum outro o havia feito até o presente, compreender igualmente a constituicdo fundamental das pessoas atingidas por essa doenga. Esta constituicZo fundamental foi objeto de uma descricéo detalhada por M.Boss em seu livro FUNDAMENTOS DA MEDICINA EDA PSICOLOGIA. Mas alualmente na pritica cotidiana, muito mais mumero- sos do que esses casos de loucura circular, so as perturbacdes da afinagio ‘que se pode considerar a forma de neurose mais representativa de nossa épo- ‘ca, Se na época de Charcot ¢ de Freud ¢ até a Primeira Guerra Mundial inclu- sive os grandes fendmenos histéricos predominavam entre as neuroses, foram ‘em seguida as neuroses unginicas que predumiiarain, Hoje encontrase, cada ‘vez mais, pessoas sofrendo de uma opressio vaga, do absurdo do tédio de ‘sua vida. Como essas pessoas no apresentam nem sintomas psiquicos nem distirbios psicossomiticos evidentes, freqientemente nem elas nem seus -médicos sabem o que fazer. Na verdade, nio se trata de uma doenca no senti- do comum do termo, Mesmo os padres € os pastores estio desunparaluy diante desse mal. Freqiientemente esses doentes tentam durante muito tempo mascarar seu desespero se entorpecendo, seja pelo trabalho, pelas distragSes ou pelas drogas. Mas definitivamente, esta continua tapeacio niio atinge sua finalidade € se mostra entio, de modo evidente, como nessas distimias epressivas tao frequientes em nossos dias se revelam 0 rédto € 0 absurdo da propria vida. Eles revelam brutalmente qual disticbio da abertura para o mun- +306 do do serai é em verdade o tédio, Certamente o homem pode sempre estar aberto para o que vem a sett encontro enqqianto 1im ente mas somente den ‘modo tal que tudo, coisas a seres, 6 podem mostrar-e a ele como igualmente desprovidos de mensagem.As pessoas que sofrem do t€dio permanecem fun- damentalmente indiferentes @ tudo. O que s¢ oferece para elas retirase ime- diatamente e, se nao desaparece totalmente, pelo menos s¢ afasta a ponto de nnio mais thes tocar. Seu tédio nao se limita a certas coisas. De fata, se entendic ‘am permanentemente; sentem o tempo comprido. Isto quer dizer que no édio € principalmente a temporilidade que € afetada. Nao existe mais nem ‘verdadero futuro, nem passado rico em experiencia, nem presente cheio de sentido para aqueles que se entendiam, Ess2s 3 dimensdes ou momentos tem- porais“elcstaticos" tomamse relagses que mio the dizem mais nada ‘Todos os modos de ser-doente expostos até agora, apresentam uma pertur bacio da realizagio do cariter fundamental do serhumano que é seu serlivre mente-aberto-pareo-mundo que,ao mesmo tempo the revela o mundo. Mas si0 os esquizofiénicos que sofrem mais diretae fortemente essa perturbacio.Pode- 0 dizer que a exquizofrenia € 0 modo de serdoente mais humano e 20 mesmo tempo mais desumano. por isso que diz respeito ndio somente 20 psiquiatra ‘as também 20 conjunto de médicos e mais geralmente ainda a todos os ho- ‘mens. Justamente porque aqui se manifesta abertamente uma grave perturba ‘do no cariter fundamental do ser humano, isto é,em seu seraberto, esta doen ‘ga mais do que qualquer outra coisa langa uma luz sobre a natureza mais profun- dda de nosso existir € por isso mesmo sobre sus fagilidade, ‘A esquizofrenia pode ser considerada como uma perturbacio especifica do" poderexistir.o-seraberto” conforme a esséncia do serai.A particularidade dessa perturbacao reside numa dupla incapacidade. De um lado, os esquizofrénicos nio estio mais aptos a se engajar totalmente no que se mos: tra na abertura do seu existir, 20 contririo de seus semelhantes que estio sadios e em vigilia. Conseqiientemente nao podem também responder por ‘um engajamento total com 0 que se apresenta isto €,em conformidade com 6s significados presentes para os outros.Por outro lado, no podem preservar intacto um sersimesmo capaz de manter uma relagio livre com 0 que apare ce e deixar as coisas e os seres percebidos no lugar que thes € devido num dado momento, no mundo comum a todos. O esquizofrénico perde sua liber- dade existencial no momento em que como serai, enquanto possibilidade de responder aos numerosos significados e 3s diversas solicitagdes do que apare- ‘cc cu scu mundo, se sobrecacrega a tal ponto que cle no € mais eapaz de responder ao que aparece como o fizem todas as pessoas 20 seu redor. Ele rio € mais capaz de resistr & dissolucio de seu ser na esfera de seu mundo © paimologicamente a palavt alem Langwelle,téo,se dercompse em Lang-comprido e Weil: otempo,aduragio, sare tornado vasto demais. Compreende-se portanto facilmente, porque a esquizofrenia é desconhecida nos animais ¢ tio art nas criangas, mas que em compensacio aparece muito freqtientemente no momento ila puberdade e também nas mulheres depois da primeira ou da segunda maternidade. Nessas uas épocas importantes da vida, o existis humano enquanto possibilidade de ver abzese de fato para novas exigéncias muito fortes em relacio a0 outro: para um deixarse aproximar, como no amor entre adultos do sexo oposto, ou ainda para um devotamento total como no amor materno.A isto se acrescen tam ainda muitas outras solicitagSes da parte dos seres ¢ das coisas 3s quais a existéncia do homem comeca a se abrir a partir da puberdade, solicitagoes que requerem, por exemplo, uma atitude voltada para o futuro, assumindo a responsabilidade ¢ exigindo 0 sentido do planejamento do progresso. Isto explica porque ninguém pode ser considerado esquizofrénico de modo geral ¢ porque a esquizofrenia nao pode ser considerada como um ddoenca em si mesma. Isolada em si, ela somente pode ser como abstracio dos cientistas. E portanto mais conveniente em cada caso a seguinte pergunta: Esquizofrénico diante de qual situacio selacional acims de suas forgas? Por exemplo, uma mulher que enquanto esposa e mie de trés criancas apresenta cada vez mais distirbios de comportamento esquizofrénico pode ter todos os sintomas especificos da esquizofrenia, inclusive um autismo pronunciado, eli- minados rapidamente € para sempre no momento em que ela for liberada desta situagio existencial que cxige demais dela, tendo apenas que responder as cxigéncias que a vida coloca para uma mulher solteira exercendo a sua profissio. Mesmo nos doentes internados muito atingidos, sofrendo alucina- ‘Ges corporais ¢ ideias delirantes, toda manifestacio esquizofrénica pode ces sar de um dia para outro se o psicoterapeuta conseguir obter de seu doente ‘que a criancinha abandonada que cle no fundo permaneceu sc entregue cm {otal confianca e se ponha aos seus cuidados numa espécie de relagao crianga- pais & qual ele ainda & capaz de responder enquanto sersimesmo inteito. Essas constatages permite definir 0 modo de serdoente esquizofrénico ‘como privacio extrema que consiste em no podersersimesmo de modo livre € auténome, isto é, nao mais possuir sendo numa forma reduzica esse trago distintivo do existir humano, Mas isto quer dizer ao mesmo tempo que 2 esquizofrenia s6 pode ser definida negativamente. Nao existe nos ‘esquizofrénicos um tinico modo de comportamento em relagio ao que apare- ‘ce em seu mundo que niio se encontra igualmente nas pessoas sadias. © cari tex patologico desses doentes reside no fato de Ihes faltar uma possibilidaue de existir em relacio aos seres sis. Falta-lhes acentuadamente a capacidade de assumir as possibilidades constitutivas de seu serai para tornarse um ser- simesmo livre € aut6nomo cuja abertura para o mundo possa se manter firme face a tudo que a eles se oferece. Sio na realidade de modlos diversos, presas de seus semelhantes assinn como das coisas inaninsadas que o> rodetans, Seu serai é de algum modo aspirado pelos outros entes nos quais submerge. AS +32 sim, podese dizer que existem em grande parte fora deles mesmos. So to oUCD Capazes de wounir ay suas pussiblidadles nur sersiincsiny autGuyi10 que somente podem sentir 0 que se mostra a eles como algo estranho ¢ im- posto de fora. E por isso que tio freqiientemente tém a impressio de que 0 que a eles se oferece é ditado por‘vozes" exteriores e que tudo 0 que fazem € pensam é feito € pensado por outra pessoa ‘Aina mais do que nos esquizofrenieus, parece ayer unta peruurbayio da liberdade existencial nos neurdticos obsessivos. De fazo, 0 que existe de mais ‘oposto a liberdade do que a obsessio? Na realidade entretanto, a obsessio nunca € 0 contritio da tiberdade, ainda que muito deficiente. Também s6 po: demos falar de obsessio em relacio aos seres que sio, por natureza, dotados de liberdade. Uma pedra por exemplo, que € uma coisa desprovida de bers: dee de abertura, nao poder munca apresentar um comportamento obsessivo ‘mesmo que. conforme as leis da natureza, caia sempre igualmente de cima para baixo. ‘As manifestagbes patolégicas da neurose obsessiva € 0 cariter obsessivo fazcur parte de uin comportanienty de defesa semethante &atitucle de afastar mento”, i mencionada a proposito dos esquizsides € dos autistas. Nos neuré- ticos obsessivos igualmente, a liberdade ¢ a abertura do existir sio atingidos: cessas pessoas de fato s6 podem ocupar-se com as coisas em relacdes distante «que consistem em reflexdes controladas ¢ objetivas sobre aquilo que perce- hem. Esea distdncia controlada € sobretudo marcante em relagio as coisas que thes aparecem como sujas, em decomposi¢io ou patogénicas. Os neurdticos obsessivos sto forcados a se manter rigorosamente a distancia dessas coisas € elas se proteger porque seu proprio serstmesmo esta ameacado socobrar ‘naquilo que eles julgam indigno do homem. Entretanto, nos neurdticos obsessivos,a realizacio do seraberto € do ser livre nunca é atingida da mesma maneira que nos esquizofrénicos. Os neurd- ticos obsessivos jamais sio completamente absorvidos pelo percebido ¢ nio se perdem, euquanty xerhurmao, quase que LtalureMLe nele, © ALCANCE TERAPEUTICO DA DASEINSANALYSE_ A abordagem daseinsanalitica da constituigio fundamental do serhhuma- no nio se limita a permitir uma compreensio dos diferentes modos de ser- doente completamente nova ¢ mais prépria do hamem. £ igualmente impor ‘ante na pritica erapeutica. Permite notavelmente a aplicagio da terapeutica de uma nova compreensio dos sonlhos assim como uma concepcio comple- tamente diferente daquilo que se chamou ate agora nas escolas freudiarias € junguianas de “transferéncia” entre 0 paciente ¢ 0 terapeuta. Menos palpaveis mas no menos essenciais na pritica terapéutica so as modificages que +e interpuseram no clima da andlise. Estes fundamentamse sobre tudo no respei- +33 to incondicional ao caniter proprio dos fendmenos do existir humano que se ‘mostram, no accitar ¢ tomar a sério aquilo que sto cnquanto tais. Ess nova atitude do terapeuta contrasta radicalmente com a violacio feita aos fendme- nos pelo preconceito da psicandlise, segundo 0 qual a realidade verdadeira dos comportamentos consistiri em“pulsdes”. fievidente que uma compreenedo daseinsanalitica da constituigdo funda- ‘mental do existir humano nio tem como nica aplicagio 0 tratamento de individuos doentes, mas abre igualmente o caminho para uma medicina pre: ventiva ¢ para uma higiene mental significativas para toda a sociedade. De ato, faz. ressaltar nitidamente as limitagGes patogénicas impostas 4 humanida- de inteira pelo espirito tecnolégico que reina hoje, isto € a apreciagio mate- mitica ¢ 0 aumento crescente da producia Nao é que a daseinsanalyse consi- dere que se deva eliminar a técnica ¢ as ciéncias naturais que estio na base. Isto levaria apenas a condenar um néimero incalculavel de pessoas morrer de fome. Mas € urgemte dar aos homens de hoje a nogio de uma relacio consideraveimente mais livre com a técnica, pondo fim a sua supremacia. A INSTITUCIONALIZACAO DA PESQUISA E DA TERAPEUTICA, DASEINSANALITICA © afastamento cada vex maior que separa a psicanilise ortodoxa, funda- ‘mentada na metapsicologia filosofica de Frend, a daseinsanalyse que por sua ‘ver se apoia com uma determinacio crescente sobre as concepcées filoséfi- cas da Dascinsanalytik, tornow inevitével uma institucionalizacio do pensa- mento daseinsanalitico quer seja no plano de pesquisa ou dos métodos terapéuticos, Primeiramente, no outono de 1971, houve a fundamentagio da “Sociedade Suica de Daseinsanalyse”. Em 1973, foi criada a “Associacio Inter nacional de Daseinsanalyse”. Essa jé compreende um certo niimero de organi- zagdes mais ou menos rigorosamente institucionalizadas, estando localizadas em: Boston (Estados Unidos), Tet-Aviv (Israel), Buenos Aires (Argentina), Men- dona (Argentina) ¢ Sio Paulo (Brasil). im 1971 houve a criagio do “Instituto Daseinsanalitico de Psicoterapia e Psicossomatica, Fundacio Medard-Boss”, cujo diretor atual € 0 professor Gion Condrau, doutor em medicina ¢ em. filosofia. O nome desse instituto pode parecer paradoxal 4 primeira vista. Re- tine conceitos tio antigos como ambiguos de “psique" ¢ “psiquico”. Esses fo- sam revistos na Daseinsanalityk, pelo esclareeimento dos termos ser ai","exis tencia’ ,e“serno-mundo”. Entretanto, aquele nome foi escolhido em conside- racio ao grande publico cujas concepgdes sobre a esséncia do homem no devem ser transformadas to brutalmente. Instituto Daseinsanalitico dedicase primeitamente a formacio de futu- +08 terapeutas “daseinsanaliticos". Esta compreende a anilise diditica até 0 seu final, isto é, até 0 momento em que é considerada bem sucedida. Além 1343 disso, essa formacio & completada por controles terapéuticos regulares € en- fim, por conferéncias, seminiios e sessbes orpanizadas pelo Instituto. O pro- sgrama de estudos tem a duracdo minima de quatro anos.Além do ensino pré- tica, € dada uma introdugio te6rica & psicoterapia,a psicossomitica, sociolo- siae filosofia. 1356

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