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Curso de Formação

de Técnicos de
Operação Júnior do
Abastecimento

VÁLVULAS INDUSTRIAIS
PARA OPERADORES
DE PROCESSO
Osmar José Leite da Silva
RPBC
Curso de Formação de Técnicos de
Operação Júnior do Abastecimento

VÁLVULAS INDUSTRIAIS PARA
OPERADORES DE PROCESSO
Osmar José Leite da Silva
RPBC

Recursos Humanos / Universidade Petrobras / Escola Técnica

Outubro de 2014

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APRESENTAÇÃO

O curso de formação do Técnico de Operação Jr. tem por objetivo principal propiciar aos novos técnicos
conhecimentos teóricos e práticos, necessários à atuação profissional nas áreas do Refino e Xisto.

Os itinerários formativos estão alinhados ao quadro de mapeamento das competências do


Abastecimento, conforme registrado no SGCA (Sistema de Gestão de Competências do Abastecimento) e
associado ao cargo do Técnico de Operação Jr., alinhado com PCAC.

Na organização destes itinerários foram definidos os critérios programáticos (desenhos curriculares) de


cada módulo, com carga horária especifica das áreas Refino e Xisto.

Estes conteúdos foram revisados por técnicos especialistas do Abastecimento (Refinarias, Tecnologia do
Refino e Equipamentos e Serviços) e da Universidade Petrobras (ECTAB – Escola do Abastecimento e ETEC
– Escola Técnica).
SUMÁRIO

1 HISTÓRICO.........................................................................................................................................................9

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS...........................................................................................................................11

3 TIPOS DE VÁLVULAS....................................................................................................................................12

4 PRINCIPAIS COMPONENTES DE UMA VÁLVULA...................................................................................13

5 MATERIAIS CONSTRUTIVOS.......................................................................................................................18

6 MEIOS DE OPERAÇÃO DAS VÁLVULAS....................................................................................................19

6.1 OPERAÇÃO MANUAL..................................................................................................................................19

6.2 OPERAÇÃO MOTORIZADA.........................................................................................................................19

6.3 OPERAÇÃO AUTOMÁTICA.........................................................................................................................19

6.4 SISTEMAS DE OPERAÇÃO MANUAL........................................................................................................19


6.4.1 Volante...........................................................................................................................................................................................19
6.4.2 Redutores de Engrenagem.......................................................................................................................................................20
6.4.3 Caixa de Redução........................................................................................................................................................................20
6.4.4 Volante de Impacto....................................................................................................................................................................21
6.4.5 Alavancas de Impacto................................................................................................................................................................21
6.4.6 Alavanca Deslizante...................................................................................................................................................................22
6.4.7 Alavanca com Gatilho................................................................................................................................................................22
6.4.8 A válvula de Fechamento Rápido ou Instantâneo.............................................................................................................23

6.5 ACESSÓRIOS PARA OPERAÇÃO MANUAL.............................................................................................23


6.5.1 Chave em T....................................................................................................................................................................................23
6.5.2 Extensão da Haste......................................................................................................................................................................23
6.5.3 Pedestal de Manobras...............................................................................................................................................................24
6.5.4 Acionamento por Corrente......................................................................................................................................................25

6.6 SISTEMA DE OPERAÇÃO AUTOMÁTICO.................................................................................................25


6.6.1 Atuador Pneumático................................................................................................................................................................25
6.6.2 Atuador Hidráulico...................................................................................................................................................................26
6.6.3 Atuador Eletro-Hidráulico......................................................................................................................................................26
6.6.4 Atuadores Elétricos..................................................................................................................................................................27
6.6.5 Cuidados com o recebimento e preparação para instalação de válvulas..................................................................28
6.6.6 Principais tipos de válvulas de Bloqueio............................................................................................................................28
6.6.7 Principais componentes da Válvula Gaveta.......................................................................................................................31
6.6.8 Válvulas Macho..........................................................................................................................................................................34
6.6.9 Principais componentes da Válvula Macho.......................................................................................................................35
6.6.10 Principais modelos de Válvulas Macho...............................................................................................................................37
6.6.11 Válvula Esfera............................................................................................................................................................................40
6.6.12 Válvula Esfera à prova de fogo (Fire Safe)........................................................................................................................42
6.6.13 Principais componentes da Válvula Esfera.......................................................................................................................42
6.6.14 Válvula Slide...............................................................................................................................................................................43
6.6.15 Principais Componentes da Válvula Slide.........................................................................................................................44
6.6.16 Válvulas de Regulagem...........................................................................................................................................................48
6.6.17 Principais Componentes da Válvula Globo........................................................................................................................49
6.6.18 Válvulas Borboletas.................................................................................................................................................................51
6.6.19 Principais componentes da Válvula Borboleta................................................................................................................52
6.6.20 Principais modelos de Válvulas Borboleta........................................................................................................................55
6.6.21 Válvula Diafragma....................................................................................................................................................................59
6.6.22 Principais componentes da Válvula Diafragma...............................................................................................................60
6.6.23 Válvula de Retenção................................................................................................................................................................61
6.6.24 Principais componentes da Válvula de Retenção............................................................................................................62
6.6.25 Modelos mais comuns de Válvulas de Retenção..............................................................................................................62
6.6.26 Válvulas de Segurança e Alivio.............................................................................................................................................65
6.6.27 Componentes de uma Válvula de Segurança....................................................................................................................68
6.6.28 Uso de Alavanca........................................................................................................................................................................73
6.6.29 Válvulas de Segurança para Caldeiras................................................................................................................................73
6.6.30 Neutralização de Válvulas do Sistema de Ácido Fluorídrico da Unidade de Gasolina de
Aviação - UGAV..........................................................................................................................................................................75

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................................................83
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Válvula Macho da Vicini.....................................................................................................................................................9


Figura 2: Corpo e Castelo..................................................................................................................................................................13
Figura 3: Tipo de união de rosca.....................................................................................................................................................14
Figura 4: Face plana............................................................................................................................................................................14
Figura 5: Face ressalto ......................................................................................................................................................................14
Figura 6: Anel RTJ................................................................................................................................................................................15
Figura 7: Macho fêmea.......................................................................................................................................................................15
Figura 8: Solda de topo......................................................................................................................................................................16
Figura 9: Encaixe e solda...................................................................................................................................................................16
Figura 10: Ponta e bolsa......................................................................................................................................................................16
Figura 11: Haste, preme-gaxeta, bucha de contra-vedação e obturador.............................................................................17
Figura 12: Volantes ..............................................................................................................................................................................20
Figura 13: Volantes...............................................................................................................................................................................20
Figura 14: Redutor de engrenagem.................................................................................................................................................20
Figura 15: Redutor de engrenagem.................................................................................................................................................20
Figura 16: Redutor de engrenagens................................................................................................................................................20
Figura 17: Redutor de engrenagens................................................................................................................................................20
Figura 18: Caixa de Redução..............................................................................................................................................................21
Figura 19: Volante de Impacto..........................................................................................................................................................21
Figura 20: Volante de Impacto..........................................................................................................................................................21
Figura 21: Alavanca deslizante..........................................................................................................................................................22
Figura 22: Alavanca com gatilho.......................................................................................................................................................22
Figura 23: Chave em T..........................................................................................................................................................................23
Figura 24: Extensão da haste ............................................................................................................................................................24
Figura 25: Junta univesal....................................................................................................................................................................24
Figura 26: Pedestal...............................................................................................................................................................................24
Figura 27: Acionamento por corrente.............................................................................................................................................25
Figura 28: Acionamento por corrente.............................................................................................................................................25
Figura 29: Atuador pneumático........................................................................................................................................................26
Figura 30: Atuador pneumático........................................................................................................................................................26
Figura 31: Atuador eletro-hidráulico..............................................................................................................................................26
Figura 32: Atuador elétrico................................................................................................................................................................27
Figura 33 ................................................................................................................................................................................................28
Figura 34: Válvula gaveta...................................................................................................................................................................29
Figura 35: Modelos de corpos, castelos, conexões, vedações e trim de válvula gaveta....................................................29
Figura 36: Válvula gaveta com obturador paralelo.....................................................................................................................30
Figura 37: Válvula gaveta com castelo selado..............................................................................................................................30
Figura 38: Válvula gaveta com obturador em cunha ..................................................................................................................30
Figura 39: Válvula gaveta com bucha de acionamento externo.............................................................................................30
Figura 40: Cunha de disco duplo ......................................................................................................................................................31
Figura 41: Cunha sólida ......................................................................................................................................................................31
Figura 42: Sede com vedação resiliente.........................................................................................................................................32
Figura 43: Tipos de contra-vedação................................................................................................................................................32
Figura 44: Caixa de gaxeta básica ....................................................................................................................................................33
Figura 45: Caixa de gaxeta com anel lanterna.............................................................................................................................33
Figura 46: Caixa de gaxeta com câmera de refrigeração ..........................................................................................................33
Figura 47: Válvula gaveta em corte.................................................................................................................................................33
Figura 48: Chave de válvula ...............................................................................................................................................................34
Figura 49: Modelos de chaves de válvulas.....................................................................................................................................34
Figura 50 ...............................................................................................................................................................................................34
Figura 51: Macho paralelo lubrificado ............................................................................................................................................35
Figura 52: Semi-plug............................................................................................................................................................................35
Figura 53: Macho cônico lubrificado................................................................................................................................................35
Figura 54: Macho paralelo não lubrificado....................................................................................................................................35
Figura 55: Obturador macho ou plug..............................................................................................................................................36
Figura 56: Ilustração em corte de conjunto acionador ..............................................................................................................36
Figura 57 .............................................................................................................................................................................................37
Figura 58: Válvula macho sede metal contra-metal.................................................................................................................38
Figura 59: Válvula macho com camisa de PTFE.........................................................................................................................39
Figura 60: Válvula macho Twin Seal..............................................................................................................................................39
Figura 61: Detalhes dos canais e furos de lubrificação...........................................................................................................40
Figura 62: Canais de carcaça...........................................................................................................................................................40
Figura 63: Bombas de mangueiras para aplicação do selante ..............................................................................................40
Figura 64: Válvulas em bancada defestas...................................................................................................................................40
Figura 65 ..............................................................................................................................................................................................40
Figura 66: Válvulas esferas...............................................................................................................................................................41
Figura 67: Passagem plena...............................................................................................................................................................41
Figura 68: Passagem reduzida.........................................................................................................................................................41
Figura 69: Passagem venturi............................................................................................................................................................41
Figura 70: Sistema de vedação Fire Save.......................................................................................................................................... 42
Figura 71: Detalhe da vedação Fire Save.......................................................................................................................................... 42
Figura 72: Esfera guiada simulação de dano a sede da válvula ............................................................................................42
Figura 73: Obturador esfera.............................................................................................................................................................42
Figura 74: Diferentes materiais de sede.......................................................................................................................................43
Figura 75: Sede Fire Save..................................................................................................................................................................43
Figura 76: Carcaça bipartida............................................................................................................................................................43
Figura 77: Carcaça em cortes...........................................................................................................................................................43
Figura 78: Válvula slide em corte....................................................................................................................................................44
Figura 79: Detalhe do duplo revestimento .................................................................................................................................44
Figura 80: Disco superior espessura 68 mm, disco inferior espessura 120 mm.................................................................44
Figura 81: Disco de espessura superior .......................................................................................................................................44
Figura 82: Malha hexagonal.............................................................................................................................................................44
Figura 83: Acabamento retificado..................................................................................................................................................45
Figura 84: Detalhe da fixação da haste motora..........................................................................................................................45
Figura 85: Disco de geração anterior.............................................................................................................................................45
Figura 86: Disco de baixa espessura..............................................................................................................................................45
Figura 87: Guia.....................................................................................................................................................................................45
Figura 88: Guias em L.........................................................................................................................................................................46
Figura 89: Guia em U...........................................................................................................................................................................46
Figura 90: Guia em L ..........................................................................................................................................................................46
Figura 91: Conjunto U........................................................................................................................................................................46
Figura 92: Conjunto L.........................................................................................................................................................................46
Figura 93: Guais e placa de orifício................................................................................................................................................46
Figura 94: Modelos de guias.............................................................................................................................................................47
Figura 95: Guias...................................................................................................................................................................................47
Figura 96: Placa de orifício...............................................................................................................................................................47
Figura 97 .............................................................................................................................................................................................48
Figura 98: Válvula globo standerd.................................................................................................................................................49
Figura 99: Válvula globo de alta pressão.....................................................................................................................................49
Figura 100: Válvula agulha e angular..............................................................................................................................................50
Figura 101 ..............................................................................................................................................................................................50
Figura 102: Válvula globo angular de três vias............................................................................................................................50
Figura 103: Válvula em “Y”.................................................................................................................................................................51
Figura 104 ..............................................................................................................................................................................................51
Figura 105: Obturador.........................................................................................................................................................................52
Figura 106: Caixa de gaxetas.............................................................................................................................................................52
Figura 107: Haste..................................................................................................................................................................................52
Figura 108: Bucha guia........................................................................................................................................................................53
Figura 109: Bucha guia........................................................................................................................................................................53
Figura 110: Sedes..................................................................................................................................................................................53
Figura 111: Sedes..................................................................................................................................................................................53
Figura 112: Sede ...................................................................................................................................................................................53
Figura 113: Sede....................................................................................................................................................................................53
Figura 114 ............................................................................................................................................................................................. 54
Figura 115: Carcaça flangeada..........................................................................................................................................................54
Figura 116: Carcaça LUG......................................................................................................................................................................54
Figura 117: Carcaça Wafer..................................................................................................................................................................54
Figura 118: Montagem.........................................................................................................................................................................54
Figura 119: Componentes...................................................................................................................................................................55
Figura 120: Triexcêntricas..................................................................................................................................................................56
Figura 121: Triexcênticas....................................................................................................................................................................57
Figura 122: Válvulas borboletas utilizadas em unidades de craqueamento catalítico ....................................................58
Figura 123: Válvulas borboletas utilizadas em unidades de craqueamento catalítico.....................................................58
Figura 124: Borboletas AWWA..........................................................................................................................................................58
Figura 125 ..............................................................................................................................................................................................59
Figura 126: Perfil angular...................................................................................................................................................................59
Figura 127: Perfil reto..........................................................................................................................................................................59
Figura 128: Perfil angular...................................................................................................................................................................60
Figura 129: Perfil reto..........................................................................................................................................................................60
Figura 130 ..............................................................................................................................................................................................61
Figura 131: Desenho em corte de válvula de retenção...............................................................................................................61
Figura 132: Retenções em linhas de bomba..................................................................................................................................62
Figura 133: Retenção de pistão.........................................................................................................................................................63
Figura 134: Válvula retenção de esfera..........................................................................................................................................63
Figura 135: Válvula de retenção com portinhola.........................................................................................................................63
Figura 136: Válvula de Retenção com Portinhola com alavanca externa..............................................................................64
Figura 137: Válvula de retenção com portinhola dupla ou bi-partida...................................................................................64
Figura 138: Válvula de retenção com portinhola dupla ou bi-partida...................................................................................64
Figura 139 ..............................................................................................................................................................................................65
Figura 140: Válvulas de retenção de pé..........................................................................................................................................65
Figura 141 ..............................................................................................................................................................................................65
Figura 142: Válvula de segurança.....................................................................................................................................................66
Figura 143: Válvula de segurança.....................................................................................................................................................67
Figura 144: Válvulas de segurança piloto operada.....................................................................................................................67
Figura 145: Componentes...................................................................................................................................................................68
Figura 146: Mola e suportes de mola...............................................................................................................................................69
Figura 147: Modelos de bocal............................................................................................................................................................70
Figura 148: Modelos de bocal............................................................................................................................................................70
Figura 149: Dois modelos de disco resiliente e metálico...........................................................................................................71
Figura 150: Suporte de disco balanceado .....................................................................................................................................71
Figura 151: Suporte de disco não balanceado..............................................................................................................................71
Figura 152: Haste..................................................................................................................................................................................72
Figura 153: Guia.....................................................................................................................................................................................72
Figura 154: Anéis de ajuste................................................................................................................................................................72
Figura 155: Anéis de ajuste................................................................................................................................................................72
Figura 156: Foles novos ......................................................................................................................................................................72
Figura 157: Foles danificados............................................................................................................................................................72
Figura 158: PSV de Castelo aberto com alavanca........................................................................................................................73
Figura 159: Caldeira..............................................................................................................................................................................74
Figura 160: Válvula de segurança com castelo aberto...............................................................................................................74
Figura 161: Válvulas de segurança de castelo fechado..............................................................................................................74
Figura 162: Válvula de segurança utilizada em caldeiras de acordo com o código ASME................................................75
Figura 163 ..............................................................................................................................................................................................78
Figura 164 ..............................................................................................................................................................................................78
Figura 165 ..............................................................................................................................................................................................79
Figura 166 ..............................................................................................................................................................................................79
Figura 167 ..............................................................................................................................................................................................79
Figura 168 ..............................................................................................................................................................................................80
Figura 169 ..............................................................................................................................................................................................80
Figura 170 ..............................................................................................................................................................................................81
9

1 HISTÓRICO
Não há registro do surgimento da primeira válvula, mas, a partir da necessidade do homem em controlar
o meio ambiente, um dispositivo que abra e feche, com a finalidade de controlar o fluxo de fluidos, as
válvulas começaram a ser desenvolvidas. Os primeiros modelos eram provavelmente de madeira, vieram
depois modelos que utilizavam couro para obstruir a passagem de fluidos.

Com o desenvolvimento do manuseio dos metais, essas começaram a ser fabricadas artesanalmente,
válvulas de latão e bronze eram comuns na Roma antiga, muito utilizadas nos aquedutos, controlavam
a passagem de água e eram movimentadas por uma chave de ferro em forma de “T”. Este tipo de
acionamento, até os dia de hoje, é comum de se encontrar em toda grande cidade. A Figura 1, abaixo,
mostra uma válvula macho, projetada por Leonardo da Vinci, no Século XV.

Figura 1: Válvula Macho da Vicini

Pouco se sabe a respeito da história da evolução dos tipos e modelos de válvulas,no período entre os
séculos XVI a XVIII.

No começo da Revolução Industrial, no século XIX, quando o homem tentava compreender a energia e
controlar o seu confinamento, ocorreram inúmeras perdas materiais, baixas e grandes.

Exemplo é que os primeiros geradores utilizados na indústria naval a vapor, explodiram 66 vezes
consecutivos, fazendo várias vítimas. Naquela época, ocorriam tragé dias diárias devido a explosões
de caldeiras para aquecimento doméstico, inclusive porque o controle dessas pressões era basicamente
manual, dependia operacionalmente do homem e, consequentemente, estava sujeito à falha humana.
Surgiram, assim, as primeiras válvulas de proteção contra possíveis sobre pressões, e modelos de
válvulas de bloqueio de alta (para época) confiabilidade.

A partir deste cenário, a Associação Americana de Engenheiros Mecânicos (ASME), desenvolveu entre
os anos de 1911 e 1914, normas e critérios para construção e manutenção de Válvulas de Segurança e
Alívio. Com o objetivo de acabar com os problemas de explosão em caldeiras nos Estados Unidos, outros
modelos acompa- nharam este desenvolvimento.

O primeiro código ASME, foi desenvolvido em 1914, foi desenvolvido e hoje conta com 11 secções ou
livros-seções, que norteiam todos os fabricantes e as empresas que fabricam e utilizam este tipo de
equipamento para proteção de suas instalações, funcionários, comunidade e meio ambiente.

Dos 11 livros, cinco deles são dedicados especialmente a projetos de vasos sob pressão e incluem
requisitos sobre proteção de sobre-pressão e são: Código ASME secção I – Caldeiras, Código ASME secção
III – Plantas Nucleares, Código ASME secção IV – Caldeiras de Aquecimento e Código ASME secção X –
Vasos de Fibra de vidro.
10

A partir desse momento, normas e regras construtivas, delineando os requisitos especiais para
construção de válvulas e a sua instalação, o desenvolvimento tecnológico e ampliação da capacidade das
indústrias de processo, muitas válvulas foram desenvolvidas e tamanhos e capacidades foram ampliadas,
e começaram a ser construídas com materiais cada vez mais nobres, aumentando a confiabilidade e a
vida útil dos sistemas dos quais faziam parte.

No Brasil, a indústria nacional dá os primeiros sinais de vida na década de 30, mas somente devido
aos problemas de importação, durante a segunda Guerra Mundial, que o desenvolvimento desse setor
começa a se consolidar, o Arsenal de Marinha, no Rio de Janeiro, em 1942, começa a construção de seis
navios contratorpedeiros, e o governo incentiva a nacionalização de vários modelos de válvulas para
atendimento às necessidades da Marinha Brasileira.
11

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS
As válvulas são equipamentos destinados a estabelecer, controlar e ou interromper o fluxo de fluidos em
uma tubulação.

As válvulas são amplamente empregadas em todos os processos industriais, e por serem tão comuns,
muitas vezes são negligenciadas. Porem as válvulas representam, em média, cerca de 8% do custo
total de uma instalação industrial e, dependendo do processo, na indústria de petróleo e gás, chegam a
significar de 20 a 30% dos custos de tubulação.

Este trabalho tem a finalidade de contribuir para o desenvolvimento tecnológico da comunidade de


manutenção que lida com a manutenção de válvulas, na busca da melhoria da capacitação desses
profissionais, melhorando a condição de trabalho e diminuindo tempo e custo de manutenção, e
contribuindo com crescimento da companhia como um todo.
12

3 TIPOS DE VÁLVULAS
a) Válvulas de bloqueio (block - valve)
São aquelas que trabalham em condições de total abertura e fechamento da passagem do fluido.
Este modelo de válvula costuma ter sempre o mesmo diâmetro nominal da tubulação. Modelos mais
importantes:
YY válvula Gaveta (Gate- valve);
YY válvula Esfera (Ball-valve);
YY válvula Macho (Plug –valve);
YY válvula Slide (Slide-valve).

b) Válvulas de regulagem (throttling valves)


Controlam o fluxo do fluido e podem trabalhar em qualquer posição, inclusive em fechamento e
abertura parcial. O diâmetro nominal de passagem do fluido é menor que o diâmetro da tubulação.
YY válvula Borboleta (butterfly valve);
YY válvula Agulha (needle valve);
YY válvula Globo (globe valve);
YY válvula Diafragma (diafragma valve).

c) Válvulas de segurança (relief, safety valves)


São dispositivos auto-operados, que utilizam a energia do próprio fluido que controlam para sua
operação.
YY válvula de Alívio (relief valve);
YY válvula de Segurança (safety valve);
YY válvula se Segurança e Alivio (safetu relief valve).

d) Válvulas de retenção (check valves)


Utilizadas para impedir o retorno de fluido, inversão do sentido do escoamento. Caso isso ocorra, a
válvula fechará automaticamente.
YY válvula de pé (foot valves);
YY válvula de retenção (check valves);
YY válvula de retenção e fechamento (stop-check valves).

e) Modelos à prova de fogo (Fire Save)


Uma válvula é considerada à prova de fogo desde que seja capaz de manter a vedação, mesmo
quando envolvida por um incêndio. Os materiais empregados tenham alto ponto de fusão, mais de
1.100º C, por essa razão, válvulas com o corpo ou peças internas de bronze, latões, ligas de baixo
ponto de fusão e materiais plásticos não podem ser consideradas a prova de fogo, portanto não
podem ser utilizadas onde se exija essa condição.
13

4 PRINCIPAIS COMPONENTES DE UMA VÁLVULA

1. Corpo: a parte principal da válvula é a carcaça, no qual estão instalados todos os componentes das
válvulas fixos e móveis, é o invóculo externo de pressão de uma válvula;

2. Castelo: é a tampa do corpo, a parte superior de uma válvula, que se desmonta para acesso aos
componentes internos da válvula. Os castelos podem ser:

Figura 2: Corpo e Castelo

YY castelo aparafusado (bolted bonnet) – utilizado para grandes válvulas acima de 3”;
YY castelo rosqueado (screwed bonnet) – o castelo é rosqueado no corpo, sistema simples e barato
utilizado em pequenas válvulas para serviços de baixa responsabilidade;
YY castelo porca de união (union bonnet) – empregado em válvulas de até 2”, para serviços severos
ou alta pressões.

3. Conexão: elemento pelo qual a válvula é instalada em tubulações e em equipamentos.

É a região da válvula destinada à sua conexão com tubulações e com os equipamentos. Estas
extremidades podem ser concebidas com formas construtivas. Em função de característica própria
de um projeto de rede de tubulações ou de equipamentos, onde fatores como diâmetro, pressão e
o tipo de fluido a ser manipulado, assim como as facilidades de manutenção, custo do investimento,
devem ser considerados. As extremidades mais comumente encontradas nas válvulas são:

YY Roscadas
Utilizada em válvulas de 4” ou menores, usadas em tubulações que permitam ligações rosqueadas,
que poderão ser internas ou externas. Uma forma de conexão das mais econômicas, de fácil
instalação, recomendadas para válvulas de pequenos diâmetros face ao grande peso e volume,
tanto das válvulas como dos tubos, outros tipos de extremidades são mais aconselháveis.

Para facilidade de manutenção recomenda-se que, em locais estratégicos da tubulação se instale


sistemas de uniões (roscadas ou flangeadas), para rápida remoção das válvulas que eventualmente
devam ser trocadas ou reparadas. As roscas normalmente empregadas para este tipo de conexão
são padronizadas pela ABNT PB 14 (origem ISO R.7 e BS 21), normalmente conhecida como rosca
Withworth Gás ou BSP. Roscas da norma americana ANSI B 2.1 (NPT) também são largamente
aplicadas principalmente nas áreas de petroquímica e indústrias do petróleo.
14

Figura 3: Tipo de união de rosca

YY Flangeadas
O mais utilizado em vários materiais , usado em tubulações industriais acima de 2”. São aquelas
cuja ligação à tubulação ou equipamento é feita por flanges. O acoplamento é feito por meio
de parafusos e porcas proporcionando uma fixação rígida e segura. Existem diversos tipos de
acabamento de flanges na face de acoplamento, tais como:

a) face plana

Figura 4: Face plana

b) face com ressalto - com ou sem ranhura

Figura 5: Face ressalto


15

c) face para junta de anel - RTJ

Figura 6: Anel RTJ

d) face macho e fêmea

fêmea

Figura 7: Macho fêmea

Válvulas flangeadas têm normalmente um custo inicial mais alto do que outros tipos de
extremidades, porém as facilidades de instalação, de manutenção e reposição justificam
plenamente o investimento, como também são aplicáveis para todos os diâmetros nominais.

As normas mais utilizadas para este tipo de extremidades são a ANSI (americana) e DIN (alemã),
porém a ISO (International Standard Organization) e a ABNT.

YY Solda de topo
Utilizada em válvulas acima de 2”, em serviços onde haja necessidade de segurança
absoluta,vapor em tubulações de classe de pressão igual ou acima de 1.500#, fluidos muito
perigosos como hidrogênio e altas temperaturas acima de 550º C. São aquelas cujas extremidades,
tanto da válvula como da tubulação são chanfradas (biseladas). As duas partes são justapostas e
soldadas, formando um cordão de soIda.

Válvulas com este tipo de extremidades são construídas em aços carbono, aços ligados e
inoxidáveis, sendo obedecidas normalmente as Normas ANSI e DIN. É importante observar que
o processo de soldagem deve ser feito por profissional qualificado para que se tenha uma boa
conexão entre as partes.
16

Figura 8: Solda de topo

YY Encaixe para solda


Utilizado em válvulas menores de 2”. O corpo da válvula deve ser do mesmo material da
tubulação, componentes internos das válvulas não metálicos, como as sedes, devem ser
desmontados na ocasião da soldagem da mesma na tubulação, a fim de evitar deformação
pelo calor nesses componentes. A solda preenche as olgas existentes formando um colar na
extremidade.

Figura 9: Encaixe e solda

YY Com ponta e bolsa


São largamente empregados em sistemas de redes públicas de distribuição de água, onde as
válvulas e as tubulações têm em suas extremidades pontas ou bolsas que são conectadas entre
si, selados com materiais que poderão ser de ligas metálicas de baixo ponto de fusão, massas
plásticas, elastômeros, tipos de alcatrões, etc.

Figura 10: Ponta e bolsa


17

Obturador: elemento móvel de vedação.

Vedação:
YY juntas - dentre os materiais mais comuns utilizados na fabricação de juntas in- dustriais,
encontramos, entre outros, os papelões hidráulicos, o PTFE e suas variações, elastômeros, grafite,
ligas metálicas como parte integrante de juntas espiraladas ou dupla camisa;
YY gaxetas - trança de fibras sintéticas, carbono, grafite, PTFE, etc, que se coloca apertada entre os
bordos da caixa de selagem e a haste das válvulas,para se fecharem hermeticamente.
Trim:
YY conjunto móvel da válvula, composto por: obturador, haste, sedes e bucha de acionamento.

Figura 11: Haste, preme-gaxeta, bucha de contra-vedação e obturador


18

5 MATERIAIS CONSTRUTIVOS
As válvulas possuem materiais diferentes entre carcaça, castelo e o trim. Os principais materiais de
construção são:

YY Trim
Aços inoxidáveis (304,316,410,446 etc).

YY Carcaça e castelo
Ferro Fundido (ASTM A 126); Ferro Maleável (ASTM A197);
Ferros Fundidos especiais (adição de Cr,Ni,Si etc); Aço Carbono Laminado (SAE – 1020);
Aços-liga;
Aço –Carbono fundido (ASTM-A-216 E A-352);
Aço – Carbono forjado (ASTM-A-105, A-181 E A-350); Bronze (ASTM B61, B62 etc);
Materias plásticos (PVC e outros).
19

6 MEIOS DE OPERAÇÃO DAS VÁLVULAS

Há uma variedade muito grande de sistemas usados para a operação das válvulas, os principais são os
seguintes:

6.1 OPERAÇÃO MANUAL


YY por meio de volante;
YY por meio de alavanca;
YY por meio de engrenagens, parafusos sem-fim, etc.

6.2 OPERAÇÃO MOTORIZADA


YY hidráulica;
YY pneumática;
YY elétrica.

6.3 OPERAÇÃO AUTOMÁTICA


YY pelo próprio fluido (por diferença de pressões gerada pelo escoamento);
YY por meio de mlas ou contrapesos.

Formas de operar válvulas industriais e os mais comuns acessórios que facilitam essa operação.

Alguns tipos de válvulas têm em seu sistema de operação o próprio conceito básico da válvula, como por
exemplo, as válvulas solenóide, termostática, auto-operada, etc.

A maioria das válvulas pode ser operada manualmente por meio de um simples vo- lante ou alavanca.
Entretanto, há casos e tipos em que é inconveniente, indesejável e impossível operar a válvula dessa
maneira. A fim de atender a essas necessidades, há uma variedade de sistemas alternativos de operação
manual e uma varieda- de de acionamentos automatizados.

As válvulas de operação automática, como o próprio nome indica, são auto-suficientes, dispensando
qualquer ação externa para o seu funcionamento. A operação automática pode ser conseguida pela
diferença de pressões do fluido circulante (válvulas de retenção, por exemplo) ou pela ação de molas ou
contrapesos, integrantes da própria válvula (válvulas de segurança e de alívio).

Muitas vezes as válvulas utilizam dois sistemas de operação diferentes, um para abrir e outro para
fechar. São comuns, por exemplo, as válvulas com diafragma, com ar comprimido ou solenóide para
fechar, e mola para abrir ou vice-versa.

6.4 SISTEMAS DE OPERAÇÃO MANUAL

6.4.1 Volante

Dispositivo normalizado ligado diretamente à haste roscada e geralmente fornecido com as válvulas.
Este quase que se tem impresso o logotipo do fabricante da válvula.

Dependendo do tamanho da válvula e das pressões manipuladas, um volante manual convenvencional


não transmite força suficiente para abrir e fechar a válvula; daí a utilização de redutores de
engrenagem, caixas de redução e volante de impacto, acessórios fornecidos como padrão em alguns
modelos válvulas.
20

Figura 12: Volantes Figura 13: Volantes

6.4.2 Redutores de Engrenagem

Jogos de engrenagens que reduzem o esforço necessário ao acionamento da válvula. Prestam-se,


também, para mudar a posição do volante.

Figura 14: Redutor de engrenagem Figura 15: Redutor de engrenagem

6.4.3 Caixa de Redução

Utilizada com o mesmo objetivo dos redutores de engrenagem, com a vantagem de manter seus
componentes isolados do meio ambiente.

Figura16: Redutor de engrenagens Figura17: Redutor de engrenagens


21

Figura 18: Caixa de Redução

6.4.4 Volante de Impacto

Projetado para quando se necessita de força adicional no deslocamento inicial do obturador ou no


aperto final do mesmo contra a sede, permitindo vedação estanque da válvula.

Basicamente composto de duas partes: volante e bigorna; tem seu funcionamento efetivo quando o
operador, através de choques sucessivos dos ressaltos inferiores do volante, pressiona os ressaltos da
bigorna que se projetam entre os raios do volante.

Figura 19: Volante de Impacto Figura 20: Volante de Impacto

6.4.5 Alavancas de Impacto

Dispositivo de acionamento geralmente fornecido com válvulas rotativas (1/4 de volta) e de fechamento
rápido, tais como esfera, borboleta macho e especiais, do tipo globo, guilhotina, etc. As alavancas para
válvulas rotativas podem ser do tipo deslizante ou gatilho.
22

6.4.6 Alavanca Deslizante

Utilizada basicamente nas operações de bloqueio, por facilitar a ação rápida de fechamento ou abertura
com um simples deslocamento de 90º de uma posição a outra.

Figura 21: Alavanca deslizante

6.4.7 Alavanca com Gatilho

Trata-se de alavanca comum com dispositivo de trava incorporado, utilizada em operações de


regulagem, de vazão, permitindo bem definir ou manter as posições intermediárias do obturador,
conforme exigência do processo industrial.

Na prática tem-se utilizado a alavanca deslizante também para operação de regulagem não frequente,
retirando-a depois de definida a posição do obturador, de forma a não permitir a operação da válvula
indevida ou acidentalmente.

Da mesma forma que nas válvulas acionadas por volante, as válvulas rotativas de- pendendo do tamanho
ou das pressões manipuladas, não são passiveis de serem operadas através de simples alavancas. Em
consequência disto, os fabricantes apresentam a válvulas a partir de 6” e 8”, nas versões com caixas de
engrenagem incorporada.

Figura 22: Alavanca com gatilho


23

6.4.8 A válvula de Fechamento Rápido ou Instantâneo

Utilizada para casos de emergência, são aplicadas geralmente nos pontos de descarga. Acionadas local
ou remotamente através de cabo de aço flexível, bloqueando instantaneamente a passagem do fluido
quando ocorrer incêndio, colisão, etc.

O seu princípio de funcionamento combina a utilização do volante - acionado para abrir a válvula e
simultamente tracionar uma mola com uma alavanca, que, menor movimento, libera a haste roscada
do seu mancal, deixando que a mola se distenda, permitindo ao conjunto haste /obturador vedar o fluxo
através da válvula.

Além dos casos em que o dispositivo de atuação está ao alcance do operador, existem situações de
inacessibilidade da válvula que exigem acessórios especiais para o seu acionamento.

6.5 ACESSÓRIOS PARA OPERAÇÃO MANUAL

6.5.1 Chave em T
Utilizada geralmente em válvulas instaladas abaixo da superfície, devem ter a haste ou eixo
previamente preparados, com a ponta em forma quadrada, para permitir o acoplamento da chave para
o acionamento.

Figura 23: Chave em T

6.5.2 Extensão da Haste

Este acessório também serve para casos de válvulas instaladas abaixo do local de operação. Pode ser o
simples prolongamento da haste da válvula para acoplamento do volante.

Em casos que a posição do operador não é perfeitamente alinhada com a haste da válvula, são
necessárias extensões articuladas através de varetas de aço e juntas universais.
24

Figura 24: Extensão da haste Figura 25: Junta univesal

6.5.3 Pedestal de Manobras

Trata-se de suporte fixo que pode ser acoplada às extensões de haste para operação da válvula
propriamente dita. O pedestal pode ter ou não indicador de posição do elemento de controle de fluxo.

Figura 26: Pedestal


25

6.5.4 Acionamento por Corrente

Para a operação de válvulas de grandes tamanhos ou instaladas em tubulações aéreas ou verticais,


ou seja, posicionadas acima do operador, utiliza-se os chamados volantes para corrente, que podem
ser acoplados ao aro do volante padrão através de braçadeiras, e sua manipulação é feita através de
correntes que chegam até o operador.

Geralmente as válvulas acionadas por corrente possuem redutores de engrenagem para não
comprometer a haste com o peso e tração extra, e para facilitar a manipulação.

Figura 27: Acionamento por corrente Figura 28: Acionamento por corrente

Outra forma de atender a diferença de altura entre o operador e a válvula é a utilização de redutores de
engrenagens com extensão do eixo do volante.

6.6 SISTEMA DE OPERAÇÃO AUTOMÁTICO

O crescimento das centrais de controle, principalmente no que concerne às centrais de energia de


processo e distribuição de produtos petrolíferos, químicos, água e esgoto, gerou a necessidade cada vez
maior de válvulas motorizadas.

A motorização de válvulas é produzida pelos atuadores que podem ser classificados em: pneumático,
hidráulico, eletro-hidráulico e elétrico.

6.6.1 Atuador Pneumático

Atuador acionado pela pressão de ar ou outro fluido gasoso, aplicada sobre um diafragma flexível ou
rolante, ou sobre um sistema de cilindro e pistão, podendo ou não ser dotado de mola, conforme a
construção particular.
26

Figura 29: Atuador pneumático Figura 30: Atuador pneumático

6.6.2 Atuador Hidráulico

Atuador acionado por sistema de pressão hidráulica.

6.6.3 Atuador Eletro-Hidráulico

Atuador acionado por motor elétrico que comanda sistema de pressão hidráulica.

Figura 31: Atuador eletro-hidráulico


27

6.6.4 Atuadores Elétricos

Uma grande proporção das válvulas motorizadas é operada por controle remoto, e para isto o atuador
elétrico é o equipamento ideal.

O moderno atuador elétrico consiste de um motor, uma caixa de engrenagem, chave limite de torque,
chave limite de posição, chave auxiliar para sinalização de posição da abertura ou fechamento da
válvula e indicador visual de posição, proporcional. Quando tudo isto está dentro de uma caixa
hermeticamente fechada, à prova de tempo ou explosão, opera-se qualquer válvula com a maior
segurança. Um sistema de operação manual para emergência pode estar incorporado ao atuador
elétrico. Um dispositivo permite engatar o volante para o acionamento manual, que é automaticamente
desconectado quando o motor passa a funcionar novamente, não sendo possível o motor arrastar o
volante e seu operador.

Dependendo do tamanho ou tipo da válvula a ser motorizada, o atuador elétrico pode conter uma caixa
de engrenagem intermediária incorporada, cuja função é:

YY transformar o movimento giratório do atuador em movimento de 90º ou 1/4 de volta, de forma a


atender às válvulas esfera, borboleta e macho;
YY reduzir o torque de acionamento da válvula para melhor dimensionar o atuador e reduzir seu
tamanho, com consequente redução de custo do conjunto (atuador + válvula).

A chave limite de torque num atuador elétrico é o meio ideal para controlar o fechamento da válvula,
enquanto a protege de qualquer obstáculo que se interpor a um perfeito assentamento entre o
obturador e a sede.

Um efeito de golpe de martelo duplica momentaneamente a força para destravar o obturador, quando se
inicia a operação de abertura.

O atuador elétrico pode ser utilizado em válvulas de bloqueio que trabalham toda aberta ou toda
fechada, e em válvulas de regulagem com variadas posições intermediárias de abertura. Isto pode
ser conseguido através dos botões de comando ou por qualquer dispositivo automático tais como
prestostatos, termostatos, sistemas telemétricos e etc.

Figura 32: Atuador elétrico


28

6.6.5 Cuidados com o recebimento e preparação para instalação de válvulas

YY inspeção de recebimento – Todas as válvulas tem que ser examinadas para detecção de possíveis
danos que possam ocorrer durante o transporte, o dano deve ser analisado e descrito em
relatório. Dependendo da gravidade do dano, a válvula deverá ser devolvida ao fabricante para a
realização dos eventuais reparos.
YY controle de qualidade - Verificar todos os documentos do lote de válvulas adquiridos, se o
certificados de Controle de Qualidade estão completos de acordo com a ordem de compra;
YY armazenagem – Deve ser feita em lugar com proteção da ação do tempo, umidade e sujeira.
Normalmente as válvulas são enviadas com protetores na entrada e saída dos flanges, estes devem
permanecer nas válvulas até a instalação das mesmas;
YY movimentação para instalação – Válvulas de grandes diâmetros, exigem a utilização de
equipamentos de elevação de cargas. Deve-se evitar o choque durante a instalação da válvula.
Os protetores dos flanges devem ser removidos de todos os modelos de válvulas e inspecionado o
interior das mesmas antes da instalação, qualquer objeto estranho visível dever ser removido.

6.6.6 Principais tipos de válvulas de Bloqueio

Válvula Gaveta

Figura 33

É o modelo de válvula mais utilizada no setor de petróleo e gás, chegando a representar, em média,
mais de 50% do total de válvulas instaladas. São válvulas de bloqueio de líquidos, desde que esses não
sejam muito corrosivos nem deixem muitos sedimentos, ou possuam grande quantidade de sólidos em
suspensão.

A principal característica da válvula gaveta está na mínima obstrução à passagem do fluxo do fluido,
quando totalmente aberta, não provoca turbulência, e seu diferencial de pressão é desprezível.

A abertura e fechamento de uma válvula gaveta são feitos através do movimento de uma peça chamada
obturador (gaveta ou cunha), este movimento atua perpendi cularmente à linha da trajetória de
circulação do fluido.
29

Figura 34: Válvula gaveta

A válvula gaveta pertence à categoria bloqueio, portanto se trabalha parcialmente aberta ou


parcialmente fechada, causa perda de carga muito elevada, muitas vezes acompanhadas de cavitação e
violenta erosão e corrosão.

Normalmente a válvula gaveta é empregada em processo onde não há necessidade de operação


frequente de abertura e fechamento, sua movimentação é lenta comparada a outros modelos de
válvulas, o tempo necessário de movimentação desse modelo de válvula é proporcional ao seu
tamanho, o que é uma vantagem, porque assim evita-se os efeitos dos golpes de aríete, sem função da
paralisação repentina da circulação de um líquido.

Para que uma válvula gaveta seja considerada estanque, é necessário testar a mesma completamente
fechada em bancada de testes, submetendo um dos lados da válvula à máxima pressão de serviço.

Figura 35: Modelos de corpos, castelos, conexões, vedações e trim de válvula gaveta
30

Figura 36: Válvula gaveta com Figura 37: Válvula gaveta com castelo selado
obturador paralelo

Figura 38: Válvula gaveta com obturador em cunha Figura 39: Válvula gaveta com bucha de acionamento externo

Vantagens
YY trajetória de circulação do fluido fica reta e desimpedida, mínima perda de carga;
YY aplicação para amplas faixas de pressões e temperaturas;
YY construção em ampla gama de tamanhos;
YY estanque para qualquer tipo de fluido;
YY permite o fluxo de fluido em dois sentidos.

Desvantagens
YY não podem ser utilizadas para regulagem e estrangulamento do fluxo de fluido;
YY não são indicadas para operações frequentes;
YY ocupam grande espaço devido ao movimento de translação do obturador.
31

6.6.7 Principais componentes da Válvula Gaveta

Obturador: Elemento de vedação que pode ter as seguintes formas construtivas:

YY cunha sólida – Peça maciça com faces oblíquas, utilizada para trabalhos com vapor e fluidos
impuros e densos;
YY cunha flexível – Dois discos justapostos com faces oblíquas, unidos por ressaltos circulares
localizados nas faces internas, o que possibilita a absorção de movimentos de dilatação ou
contração. Válvulas com esse modelo de cunha podem ser instaladas em qualquer posição;
YY disco duplo – Dois discos independentes e paralelos, entre eles há um dispositivo de expansão
que permite às duas partes um auto ajuste a sede, proporcionando uma melhor vedação. Este
obturador compensa movimentos de contração e dilatação da válvula quando a mesma está
fechada. São normalmente utilizadas para líquidos e gases a temperatura ambiente e baixas
pressões. Este modelo de válvula deve ser sempre instalada na posição vertical.

Figura 40: Cunha de disco duplo Figura 41: Cunha sólida

Haste: Elemento que transmite a translação, possibilitando a abertura e fechamento da válvula.


O acabamento superficial e a sua concentricidade são muito importantes para a perfeita vedação
da válvula, já que esse elemento recebe a força mecânica do ajuste das gaxetas. A integridade e
lubrificação da rosca na extremidade superior da haste é vital para o acionamento macio da válvula.

Sede: Área de contato de vedação do corpo da válvula. Estas podem ser metálicas ou resilientes, as
sedes podem ter as seguintes formas construtivas:

YY usinadas à carcaça - comum em válvulas de pequenos diâmetros, esta caracte- rística limita
muitas vezes a manutenção dessa válvula;
YY anéis roscados - adequados para altas velocidades e temperaturas com fluidos muito agressivos,
estes são de fácil substituição, o que facilita muito a manutenção e o reaproveitamento da
válvula, essas sedes podem ser construídas com materiais das mais variáveis ligas;
YY anéis prensados e soldados - depois de prensados nos alojamentos dos mesmos a carcaça, os anéis
são soldados nas paredes do corpo da carcaça, essa forma é recomendada para serviços em altas
temperaturas.
32

Figura 42: Sede com vedação resiliente

Contra-Vedação: Conjunto formado por bucha de contato angular com superfície lapidada e superfície
da haste de acionamento de mesmo ângulo, quando a válvula está totalmente aberta o casamento
dessas duas superfícies sela a área da caixa de vedação, possibilitando o engaxetamento da válvula
pressurizada, sem a necessidade de parar o sistema.

Figura 43: Tipos de contra-vedação

Caixa de selagem ou Caixa de Gaxetas: É uma das partes mais importantes de qualquer válvula,
defeitos na sua construção ou manutenção podem impedir o bom funcionamento da válvula. Caixa
de selagem tem por função proteger a válvula de vazamentos nos pontos onde a haste passa através
do castelo. Na maioria dos casos, a pressão de trabalho é acima da atmosférica, sua função é evitar
vazamento do fluido para fora da válvula. Entretanto, sendo a pressão no interior da caixa de Selagem
inferior à pressão atmosférica, sua função é evitar a entrada de ar para dentro da válvula.
33

Em função de condições operacionais, a caixa de selagem, pode apresentar características especiais


como:

YY bucha da contra-vedação – reduz a pressão do fluido que tenta escoar da carcaça para o interior
da caixa de selagem, limita a exposição da caixa aos efeitos de líquidos abrasivos;
YY anel lanterna – quando a pressão é negativa, o ar tende a entrar para dentro da válvula. Para esses
casos as gaxetas são separadas por um anel de lanterna bipartido, permitindo a entrada de um
fluido de selagem com pressão positiva;
YY câmera de refrigeração – utilizada para arrefecimento da caixa quando a temperatura de operação
é elevada.

Figura 44: Caixa de gaxeta básica Figura 45: Caixa de gaxeta Figura 46: Caixa de gaxeta
com anel lanterna com câmera de refrigeração

A válvula gaveta é o único modelo de válvula que possibilita a troca da gaxeta com a válvula
pressurizada. Para isso a válvula deverá estar totalmente aberta com a hasta alojada na contravedação.

Figura 47: Válvula gaveta em corte


34

Figura 48: Chave de válvula Figura 49: Modelos de chaves de válvulas

6.6.8 Válvulas Macho

Figura 50

Este modelo de válvula de bloqueio representa cerca de 10%, em média, de todas as válvulas usadas
em tubulações industriais. Utilizadas para bloqueio de gases, água, vapores e fluidos com sólidos em
suspensão que deixem sedimentos.

São válvulas cujo obturador pode ser paralelo ou cônico, que gira em torno de si mesmo, alinhando
a abertura do obturador com as aberturas da carcaça, bastando para isso, um quarto de volta para a
abertura e o fechamento da válvula. O fluxo de fluido é suave, ininterrupto e direto.
35

Figura 51: Macho paralelo lubrificado Figura 52: Semi-plug

Figura 53: Macho cônico lubrificado Figura 54: Macho paralelo não lubrificado
Vantagens
YY baixa perda de carga, fluxo ininterrupto nos dois sentidos;
YY construção simples, apenas uma parte móvel;
YY abertura e fechamento com apenas um quarto de volta;
YY a superfície de vedação fica protegida da ação do fluido, tanto nas posições aberta e fechada.

Desvantagens
YY elevado peso devido a sua construção robusta.

6.6.9 Principais componentes da Válvula Macho

Macho: Obturador que efetua a abertura e o fechamento da válvula macho, os principais tipos são:
YY macho paralelo: Utilizado em baixas pressões;
YY macho cônico: Utilizado em medias e altas pressões;
YY macho cônico invertido: Utilizado em altas pressões.
36

Esses três tipos de obturadores citados podem ser revestidos como ou sem lubrificação.

Figura 55: Obturador macho ou plug

Conjunto acionador: Dispositivo formado por três buchas e um par de esferas, através dos quais
são realizados os movimentos que possibilitam a abertura e o fechamento de uma válvula macho com
vedação metal contrametal ou twin seal.

Figura 56: Ilustração em corte de conjunto acionador


37

Haste: Elemento transmissor do movimento e essencial para a vedação da Válvula Macho.

Caixa de selagem: Tem por função proteger a válvula dos vazamentos nos pontos onde a haste passa
através do castelo.

6.6.10 Principais modelos de Válvulas Macho

YY vedação Metal contra Metal.

Figura 57

A construção desta válvula é bem simples, constitui-se de uma carcaça cônica e um obturador também
cônico. Este sofre movimentos radiais, axiais e rotativos, dentro da carcaça.

O obturador possui um furo passante que alinhado com a direção do fluxo, permite que o fluido passe
(posição aberta). O mecanismo acionador, tecnicamente chamado Operador, levanta o obturador e
depois o gira por 90 graus, sem fricção.

Em seguida, o obturador é forçado para o fundo da carcaça de modo a obter vedação plena da válvula
com o furo do obturador desalinhado com a direção do fluxo, desta forma a válvula estará fechada, não
permitindo o fluxo do fluido.

Estes modelos de válvula são normalmente utilizados no trabalho com fluidos abrasivos, em virtude da
presença de sólidos em suspensão à temperaturas entre – 80 a + 420 Graus Celsius. Os assentamentos
das áreas de vedação são submetidos à tratamentos de dureza superficiais e são protegidos através de
injeções de vapor, para evitar desgaste por erosão e corrosão
38

Figura 58: Válvula macho sede metal contra-metal

YY vedação com revestimento PTFE ou borracha.

Normalmente a carcaça ou o obturador são revestidos com PTFE, este modelo é muito utilizado
em industrias que manipulam acido fluorídrico (HF). Modelos que utilizam revestimento com
borracha são muito utilizados em estações de tratamento de água.
39

Figura 59: Válvula macho com camisa de PTFE

YY vedação através de sapatas deslizantes “Twin seal”.

Possuem sedes removíveis de material resiliente (Viton, Kalrez, etc), essas não são à prova de
fogo (fire safe), só podem ser empregadas até o limite de temperatura permitido pelo material da
sedes.

Figura 60: Válvula macho Twin Seal


40

YY vedação através de selante.

Este modelo de válvula macho possui furos de lubrificação na haste e no obturador (plug), a
carcaça e obturador dessas válvulas possuem canais para deposição deste selante.

A vedação é conseguida, graças à camada de selante alojada entre a carcaça e o obturador.

Figura 61: Detalhes dos canais e furos de lubrificação Figura 62: Canais de carcaça

Figura 63: Bombas de mangueiras para aplicação do selante Figura 64: Válvulas em bancada defestas

6.6.11 Válvula Esfera

Figura 65

A válvula esfera é uma evolução da válvula macho, seu obturador é uma esfera com um orifício
passante, o obturador gira entre sedes resilientes ou metálicas ou uma composição de ambas. Uma das
características da válvula esfera é a rapidez na operação, sendo necessário apenas um quarto de válvula
para operar este modelo. Outra característica é a ótima estanqueidade, mesmo em altas pressões e
perda de carga desprezível.
41

As primeiras válvulas esferas foram concebidas com sedes de vedação de metal, mas com o
desenvolvimento de vários materiais, hoje existe várias opções de utilização de materiais como: PTFE,
Viton, Kalrez, Grafite, etc.

Figura 66: Válvulas esferas

Existem três modelos básicos de Válvulas Esferas:

a) passagem plena - o diâmetro interno da esfera é igual ao diâmetro nominal da válvula;

b) passagem reduzida - o diâmetro interno da esfera é menor que o diâmetro no minal da válvula;

c) passagem Venturi - existe uma redução continua desde a extremidade da válvula até o anel de
vedação, o diâmetro nominal da válvula terá o mesmo diâmetro nominal da tubulação.

Figura 67: Passagem plena Figura 68: Passagem reduzida Figura 69: Passagem venturi

A terminologia longa e curta da carcaça da mesma é a distancia entre faces norteada pela ASME B 16.10
ou API 6 D.

O padrão é o tipo longo, sendo que o tipo curto é utilizado em apenas casos especiais.

Para válvulas de até 4”, não há distinção de tamanho, no caso da válvula citada não há implicações no
uso do tipo curto e longo.

Vantagens
YY aplicáveis em ampla gama de pressões;
YY abertura e fechamentos rápidos;
YY baixa perda de carga, quando construída em passagem plena;
YY acionamento suave.

Desvantagens
YY não são indicadas para trabalhos com fluidos que possuam particulado sólido em suspensão;
YY sedes de material resiliente limitam a utilização de válvulas esfera.
42

6.6.12 Válvula Esfera à prova de fogo (Fire Safe)

Este modelo é utilizado principalmente em trabalhos com produtos inflamáveis, esta válvula esfera
possui um sistema especial de vedação, que mesmo após a queima do material resiliente da vedação,
este bloqueará o fluxo.

Figura 70: Sistema de vedação Fire Save Figura 71: Detalhe da vedação Fire Save

6.6.13 Principais componentes da Válvula Esfera

Esfera: É o obturador, executa a abertura e fechamento da válvula, existem dois tipos básicos:
YY esfera flutuante - esfera e haste são duas peças distintas, que são unidas através de encaixe,
normalmente rasgo de andorinha, que transmite o movimento para a esfera;
YY esfera guiada - a esfera é fixada ao centro do corpo da válvula. Normalmente esta construção é
utilizada em válvulas esferas com diâmetros superiores a 6” e para trabalhos com altas pressões.

Figura 72: Esfera guiada simulação de dano a sede da válvula Figura 73: Obturador esfera

Sedes: Elemento de vedação fixada na carcaça. O acabamento externo superficial da esfera com as
sedes compõe o conjunto de vedação da válvula, as sedes podem ser construídas de três formas:

YY fixas;
YY ajustáveis;
YY autoajustáveis.

Normalmente são construídas em materiais metálicos, PTFE puro (teflon), PTFE com grafite, Viton,
Kalrez, Buna N e etc.
43

Figura 74: Diferentes materiais de sede Figura 75: Sede Fire Save

Corpo: É o alojamento das sedes e da esfera, existem três tipos básicos:

YY monobloco - compacto, utilizada em altas pressões;


YY bipartido - a válvula é dividida em duas partes, é o modelo mais comum, esta
YY pode ser fabricada com extremidades roscadas e flangeadas;
YY tripartido - facilita a manutenção no campo, pois o conjunto esfera (obturador), haste e tampa
podem ser removidos e encaminhados para a manutenção sem a remoção da carcaça do campo.

Figura 76: Carcaça bipartida Figura 77: Carcaça em cortes

6.6.14 Válvula Slide

São válvulas de alta performance utilizadas em Unidades de Craqueamento Catalítico – UFCC.

O craqueamento catalítico é um processo de refino que visa aumentar a produção de gasolina e GLP,
convertendo cortes pesados de petróleo (gasóleos e resíduos) em frações mais leves de alto valor
comercial.

O processo consiste na quebra de moléculas pesadas, por ação de um catalisador a base de


sílica-alumina, em alta temperatura. As reações de craqueamento ocorrem no riser (reator), produzindo
gás combustível, gasolina, GLP, coque e etc. O coque deposita-se na superfície do catalisador,
desativando-o e por isso ele é queimado com ar no regenerador, restabelecendo a atividade do catalisador.

As válvulas slides são construídas com uma parede dupla, chamadas de camada fria e quente, isto
é, internamente (quente) essa válvula possui um revestimento altamente resistente à abrasão, altas
velocidades e altas temperaturas, este revestimento é fixado através de uma malha hexagonal. A parede
externa é feita de aço carbono.
44

As válvulas slides pesam entre 15 a 20 toneladas e são capazes de operar a temperaturas acima de 950º C.

Figura 78: Válvula slide em corte Figura 79: Detalhe do duplo revestimento

6.6.15 Principais Componentes da Válvula Slide

Disco: É o obturador da válvula slide, o projeto dos discos de design mais moderno no mercado leva em
consideração a campanha de operação e o Delta P da temperatura de trabalho. A espessura dos discos
modernos está entre 110 a 115 mm a máxima deflexão permissível no meio do disco é de 0,127 mm.

No passado, a espessura dos discos era em média entre 60 a 68 mm, e facilmente estes discos rompiam
devido a espessura insuficiente. Esses discos não asseguravam a correta performance dessas válvulas.

Figura 80: Disco superior espessura 68 mm, disco inferior espessura 120 mm

Figura 81: Disco de espessura superior Figura 82: Malha hexagonal


45

As grandes distorções no disco são causadas por falta de área de contato, principalmente na área de
apoio do disco com as guias e com o ajuste da placa de orifício.

A espessura metálica insuficiente do disco combinada com design errado amplia problemas de ajuste
mecânico do conjunto da válvula.

Figura 83: Acabamento retificado Figura 84: Detalhe da fixação da haste motora

Figura 85: Disco de geração anterior Figura 86: Disco de baixa espessura

Guias: É o elemento que direciona o movimento do disco no interior da válvula. A área de contato
entre o disco e a guia deve manter medidas constantes, o esforço inicial de acionamento será elevado
sobre a guia, enquanto que no disco esse será mínimo. Em condições normais há deformações verticais
e horizontais entre a folga dimensional do disco em relação às guias. Em alguns casos, o disco sai do
suporte da guia, devido à abertura das guias em sentido da parede da válvula.

Figura 87: Guia


46

As antigas guias no formato U eram deficientes, pois não permitiam a performance correta das válvulas
slides. As guias modernas são confeccionadas no formato L, este novo design aumentou muito a
confiabilidade das válvulas slides.

Figura 88: Guias em L

Figura 89: Guia em U Figura 90: Guia em L Figura 91: Conjunto U Figura 92: Conjunto L

O novo conjunto guia e disca conferem a máxima resistência e baixa distorção a área de deslizamento
do conjunto tem maior espessura que os modelos antigos.

Figura 93: Guais e placa de orifício


47

Placa de Orifício: Dispositivo formado por uma placa com um furo calibrado (orifício), instalada
transversalmente ao fluxo de fluido da tubulação, de modo a causar uma mudança brusca de seção. Esta
mudança brusca de seção implica em uma aceleração do escoamento principal, com aparecimento de
regiões de escoamento secundário, antes e depois da placa.

Uma tomada de pressão é instalada a montante e outra a jusante da placa, permitindo determinar a
vazão da tubulação.

As modernas placas de orifício para válvulas slides são alongadas para poderem suportar as guias,
evitando distorções em função do peso das guias e a temperatura de operação.

Distorções verticais são reduzidas a zero e as folgas entre o disco as guias são preservadas.

Figura 94: Modelos de guias

Figura 95: Guias Figura 96: Placa de orifício


48

6.6.16 Válvulas de Regulagem

Válvula Globo

Figura 97

Este modelo de válvula é utilizada para controle de vazão, abertura e fechamento em qualquer
graduação desejada, com desgastes mínimos por erosão. A válvula globo possui um obturador cônico
que se ajusta a uma sede dentro de uma carcaça em forma de globo, o orifício da sede geralmente está
em posição paralela ao sentido de escoamento do fluido, em contrapartida oferecem elevada perda de
carga em virtude da brusca mudança de direção imposta ao fluido.

A vedação desse modelo de válvula é bem superior do que as válvulas gavetas, as sedes de vedação são
na maioria dos casos metal contra metal, por isso muitas válvulas globos podem ser consideradas a prova
de fogo, desde que o obturador e a sede sejam de metais de alto ponto de fusão (mais de 1.100ºC).

Válvulas globo de pequenos diâmetros podem ter vedações resilientes como Teflon, Viton, Kalrez,
etc. Embora o uso de vedações não metálicas proporcione uma excelente vedação, as mesmas ficam
limitadas às temperaturas de trabalho.

Basicamente as válvulas globo são utilizadas em serviços de regulagem dos seguintes fluidos:
YY água;
YY óleos;
YY vapor;
YY gases;
YY líquidos em geral.

Vantagens
YY utilizadas em amplas faixas de temperatura e pressão;
YY controle do fluxo de fluido;
YY estanqueidade total;
YY abertura e fechamento mais rápido que as válvulas gaveta;
YY a manutenção da selagem da sede pode ser realizada sem a remoção da carcaça da linha.

Desvantagens
YY perda de carga elevada;
YY não admite fluxo nos dois sentidos.
49

Figura 98: Válvula globo standerd Figura 99: Válvula globo de alta pressão

6.6.17 Principais Componentes da Válvula Globo

Obturador: De acordo com a aplicação a que são submetidas as válvulas globo, estes podem ter as
seguintes formas construtivas:
YY planos;
YY cônicos;
YY esféricos.

Sede: Superfície de vedação do corpo da válvula que recebe o obturador, esta pode ser construída e
ajustada das seguintes formas:
YY usinadas na própria carcaça;
YY peça postiça, isto é, roscada, soldada ou prensada.

Haste: Elemento que transmite movimento para o obturador, esta pode ter as seguintes configurações:
YY rosca interna, utilizada em trabalhos com líquidos não abrasivos e onde não haja necessidade de
lubrificação permanente;
YY rosca externa, utilizada em trabalhos com líquidos muito abrasivos, ou quando houver a
necessidade de lubrificação permanente.

Castelo: Elemento é a tampa da válvula e caixa de selagem da mesma, este é encontrado em várias
versões, de acordo com a classe de pressão e tamanho da válvula, quanto a forma de fixação, a carcaça,
o castelo pode ser:
YY roscado;
YY aparafusado;
YY acoplado por rosca de união.
50

Outros modelos de válvulas globo:


YY válvula agulha - a diferença básica é o formato do obturador que tem a forma cônica aguda. São
utilizadas para regulagem fina de líquidos, óleo, sistemas de vácuo e gases, em diâmetros até 2”,
a precisão da regulagem será maior quanto mais agudo for o ângulo do obturador e maior o seu
comprimento.

Figura 100: Válvula agulha e angular

YY válvula angular – as válvulas deste modelo tem a configuração do corpo onde estão os bocais
de entrada e saída, dispostos a 90º um com o outro. Esta configuração oferece a vantagem da
diminuição do número de conexões na rede de tubulações e propicia também perda de carga
menor.

Figura 101

Figura 102: Válvula globo angular de três vias


51

YY válvula em “Y” – possuem a haste a 45º com o corpo, desta forma a trajetória do fluxo de fluido
fica quase retilínea, além de ocupar um espaço menor que as demais, propiciam uma perda de
carga menor do que as próprias Válvulas Globo. São muito usadas para bloqueio e regulagem de
vapor, e indicadas para serviços erosivos e corrosivos.

Figura 103: Válvula em “Y”

6.6.18 Válvulas Borboletas

Figura 104

Este modelo de válvula de regulagem é um dos mais antigos existentes, mas também pode trabalhar
como válvula de bloqueio. As válvulas borboletas possuem este nome devido à configuração e o
movimento do seu obturador. O funcionamento constitui-se da rotação do obturador, em torno de um
eixo perpendicular na direção de escoamento do fluido.

As válvulas borboletas são empregadas principalmente para tubulações de grandes diâmetros, baixas
pressões, temperaturas moderadas e baixas pressões.
52

Tanto para gases como para líquidos, estes fluidos inclusive podem conter sujeira e particulado em
suspensão, assim como para serviços corrosivos.

As válvulas borboletas podem ser encontradas nos diâmetros que variam de 1½” a 80” (30mm a
2000mm) de acordo com o fabricante, tendo uma variação de tipos de conexão, sendo a mais comum
a Wafer, mas podemos encontrar ainda tipo LUG e Flangeada, o acionamento pode ser manual por
alavanca ou caixa redutora, pneu- mático por atuador rotativo ou atuador elétrico.

6.6.19 Principais componentes da Válvula Borboleta

Figura 105: Obturador

Figura 106: Caixa de gaxetas

Figura 107: Haste


53

Figura 108: Bucha guia Figura109: Bucha guia

Sede:
YY com sede em elastômero revestindo todo o corpo e disco concêntrico;
YY metal x metal com disco concêntrico;
YY sede em elastômero com um excêntrico com a vedação no disco ou no corpo (vedação
normalmente é um anel);
YY sede em elastômero ou plastômero (Teflon) com duplo excêntrico (sede tipo anel);
YY sede metal x metal com duplo excêntrico - no eixo e disco;
YY sede metal x metal com triplo excêntrico - borda do disco lado e angular e outro lado paralelo.

Figura110: Sedes Figura111: Sedes

Figura 112: Sede Figura 113: Sede


54

Corpo:
YY curto;
YY longo;
YY extracurto com furos guias – LUG – o corpo possui orelhas com furos ao seu redor, coincidentes
com os furos do flange da tubulação;
YY extracurto sem flange – Wafer – a válvula é encaixada entre os flanges como uma raquete,
comprimida durante o aparafusamento do mesmo, esta pode ter ou não furos guias para guiar o
ajuste da instalação.

Figura 114

Figura 115: Carcaça flangeada Figura 116: Carcaça LUG Figura 117: Carcaça Wafer

Figura 118: Montagem


55

Figura 119: Componentes

6.6.20 Principais modelos de Válvulas Borboleta

O modelo mais simples e o mais utilizado é a válvulas borboleta com sede em elastômero (borracha)
revestindo o corpo totalmente e disco concêntrico. Esta sede é substituível, podendo ser trocada no
campo. Esta válvula usualmente é encontrada no mercado, baseada na norma API 609 Categoria A, sua
pressão de trabalho Max. normalmente é de 10 bar, podendo em algumas construções chegar a 19 bar.

A pressão de trabalho é definida pelo fabricante de acordo com a norma API 609.A construção de
uma válvula borboleta possibilita uma grande variação dos internos. A sede pode ter vários tipos de
elastômero como Buna-N, EPDM, Hypalon, Viton, e o Teflon, o disco pode ser em ferro fundido nodular,
aço inoxidável e suas ligas e também com revestimento em teflon ou elastômero.

Válvulas borboletas excêntricas são aquelas cujo obturador é excêntrico em relação ao eixo diametral
da válvula e também a linha de centro da tubulação, algumas carcaças podem apresentar formato
cônico. A vedação desse modelo de válvula é bem superior às válvulas convencionais, as vedações são
metálicas, indicadas para trabalhos em altas temperaturas e produtos inflamáveis são conhecidas como
triexcêntricas.
56

Figura 120: Triexcêntricas

Triexcêntricas: São válvulas borboletas projetadas para que o contato entre o anel de vedação e a
sede ocorra somente no exato momento em que a válvula está totalmente fechada, eliminando qualquer
atrito entre a vedação e a sede, e conse- quentemente o desgaste dos elementos de vedação.

No caso das válvulas triexcêntricas ,tanto a sede como o anel de vedação são construídos como troncos
de cone, inclinados em relação à linha de centro da tubulação.

As três excentricidades características desse tipo de válvula são:

1. eixo do disco localizado na frente do plano da vedação;


2. eixo do disco localizado fora da linha de centro do disco;
3. eixo do cone fora do eixo do disco.
57

Figura 121: Triexcênticas

Essa configuração exclusiva implica em várias vantagens. Para começar, quando submetida a altas
pressões na direção preferencial de fluxo, a pressão de vedação do anel de vedação sobre o assento é
tanto maior quanto maior a pressão, garantindo a estanqueidade da válvula mesmo em altas pressões.

Além disso, em razão do assento ser o elemento de limitação do movimento do disco, não necessita
de ajustes complexos como nas válvulas de alto desempenho. Também por causa do formato cônico,
permite-se o ajuste do disco com o assento evitando vibrações no disco. E, por fim, a instalação do eixo
do disco na frente do plano da vedação elimina a possibilidade de vazamento e desgaste em torno do
eixo.

As válvulas borboleta, podem ser utilizadas também para controle de processo em razão de sua
característica linear, geralmente entre 20º e 70º de abertura. Por serem vedadas por torque, são
normalmente bidirecionais.

Características – As válvulas borboleta podem ser utilizadas em condições extremas de pressão,


temperatura e ambiente. Em temperaturas criogenias a partir de -268ºC até altas temperaturas (870ºC).
Em pressões, em vácuo até ANSI CL 600. Têm aplicação em gases, líquidos e fluidos com sólidos em
suspensão ou que venham a criar depósitos nas superfícies de vedação (enxofre, por exemplo).

Os elementos de vedação são compostos de uma pilha de anéis de aço inoxidável e Grafoil ou um anel
maciço, preso ao disco através de um anel de compressão fixado através de parafusos. Essa configuração
permite que os anéis de vedação possam ser substituídos. As válvulas triexcêntricas são intrinsecamente
fire safe, normalmente testadas de acordo com a API 607 4ª Edição. São utilizadas em instalações com
combustíveis (óleo, petróleo, gasolina, e outros produtos), gás natural, GLP, nafta, gás de alto forno, etc.

Devido a sua confiabilidade, e por manterem-se estanques, mesmo após mais de 50.000 ciclos de
operação, são ideais para operação com fluidos com alto potencial de poluição, contaminantes ou
perigosos.
58

Figura 122: Válvulas borboletas utilizadas em unidades de Figura 123: Válvulas borboletas utilizadas em unidades de
craqueamento catalítico craqueamento catalítico

Válvula Borboleta para instalações Hidráulicas e Saneamento conforme a Associação Americana de


trabalhos com água (AWWA).

São válvulas borboletas especialmente desenvolvidas para atender as necessida des de instalações
hidráulicas e saneamento. A configuração especial do disco, com perfil hidrodinamico configurado para
minimizar a perda de carga com a válvula totalmente aberta, desenho da carcaça evita o acumulo de
detritos, vedação resiliente no obturador, faixa de diâmetros internos de 3” a 80” para pressões de até
150# (10,5 Kgf/cm2).

Figura 124: Borboletas AWWA


59

6.6.21 Válvula Diafragma

Figura 125

Válvula de regulagem e bloqueio, sem engaxetamento, desenvolvidas para trabalhos com fluidos
tóxicos, corrosivos ou perigosos de modo geral, indicada para serviços com produtos muito voláteis ou
que exijam total segurança contra vazamentos. A origem do nome da válvula está ligado ao elemento
da válvula que realiza a vedação, o diafragma. Este é uma peça flexível moldada, confeccionada
normalmente de borracha, esta é apertada contra a sede, o mecanismo de acionamento fica fora do
contato com o fluido, desta forma, não há a necessidade de utilizar materiais resistentes à corrosão no
conjunto de acionamento.

Outra característica das válvulas diafragma é a geometria de seu corpo, que pode ser metálico ou
não,seu é perfil angular ou reto, a carcaça pode ser revestida de vidro,chumbo, teflon, neoprene, PVC,
etc.

Quase sempre as válvulas angulares são de pequenos diâmetros até 6”, a temperatura de trabalho estará
sempre associada aos materiais empregados no diafragma e na carcaça.

Figura 126: Perfil angular Figura 127: Perfil reto


60

6.6.22 Principais componentes da Válvula Diafragma

Corpo: Normalmente fabricado em material fundido. De acordo com o fluido que a válvula irá controlar,
o corpo receberá um tipo de revestimento de proteção contra o fluido agressivo.

YY perfil angular – é o modelo mais utilizado, indicado no controle de todos os tipos de fluidos limpos:
água, álcalis, ácidos e gases;
YY perfil reto – modelo utilizado com fluidos que possuam sólidos em suspensão.

Figura 128: Perfil angular

Figura 129: Perfil reto

Diafragma: A barreira física entre o fluido a carcaça e a tampa da válvula. Existem vários tipos de
diafragmas desenvolvidos em borracha prensada e materiais plásticos como Kalrez, Viton, Teflon,
Neoprene, etc.

Castelo: Conjunto formado por castelo, haste, volante, tampa e obturador. É função do obturador
comprimir o diafragma contar a sede da carcaça para realizar a vedação.

Vantagens
YY ausência de engaxetamento;
YY estanqueidade absoluta;
YY fluxo nos dois sentidos;
YY fácil manutenção;
YY baixa perda de carga.
61

Desvantagens
YY não permite ajuste fino do fluxo;
YY baixa pressão de trabalho.

6.6.23 Válvula de Retenção

Figura 130

São válvulas auto-operadas devido a diferenças entre as pressões exercidas pelo fluido em consequência
do próprio fluxo, não havendo necessidade de comando externo. São utilizadas para impedir o retorno
de fluido ou a inversão do scoamento, caso isto venha a acontecer, ocorre o fechamento automático da
válvula.

As válvulas de retenção devem ser instaladas de forma que a ação da gravidade tenda a fechar a
válvula. Pela alta perda de carga provocada pela válvula de retenção, estas são utilizadas em linhas de
alta velocidade de escoamento, para gases, ar, vapores e líquidos que não contenham particulado sólido
em suspensão no fluido. Essas válvulas só devem ser utilizadas nos seguintes casos:

Figura 131: Desenho em corte de válvula de retenção

YY linhas de bombas – quando houver mais de uma bomba em paralelo descarregando na mesma
linha, as válvulas de retenção servirá para evitar a ação da bomba que estiver operando sobre
outras bombas que estiverem paradas;
62

Figura 132: Retenções em linhas de bomba

YY linha de uma bomba para um reservatório elevado à válvula de retenção evitará o retorno do
líquido no caso de ocorrer uma paralisação súbita no funcionamento da válvula;

YY extremidade livre da tubulação de uma bomba vertical, esta válvula evitará o retorno do fluido
para o reservatório mantendo a escorva da bomba, evitando que a mesma venha a cavitar durante
a sua operação.

6.6.24 Principais componentes da Válvula de Retenção

Carcaça: É o corpo da válvula, no qual estão instalados todos os componentes


fixos e moveis da válvula.

Tampa: Elemento pelo qual se tem acesso aos componentes internos da válvula.

Obturador: Elemento móvel de vedação.

Sede: Elemento fixo de vedação.

Garfo: Nas Válvulas de Retenção com Portinhola, é o elemento móvel de ligação entre a carcaça e o
obturador ( portinhola).

6.6.25 Modelos mais comuns de Válvulas de Retenção

Válvula de Retenção de Pistão: A característica construtiva é semelhante a válvula globo. A perda


de carga é elevada, decorrente da brusca mudança que o fluido sofre. A pressão do fluido, eleva o
obturador e promove a abertura da válvula. O fechamento ocorre quando há a inversão do sentido do
fluxo, não havendo pressão suficiente para que o obturador se mantenha elevado, o mesmo desliza para
baixo, ao longo das guias, devido à força da gravidade e a diferença de pressão do fluido no sentido do
fechamento, até o assentamento do obturador na sede, isto é fechamento total.
63

Figura 133: Retenção de pistão

Válvula Retenção de Esfera: Semelhantes às válvulas de retenção de pistão, só que seu obturador
é uma esfera. É o tipo de retenção que tem o fechamento mais rápido, fabricadas no máximo até
diâmetros 2”, utilizada em fluidos de alta viscosidade.

Figura 134: Válvula retenção de esfera

Válvula de Retenção com Portinhola: Este modelo é o mais utilizado nas indústrias, é constituída de
obturador, portinhola, fixo ao extremo de uma haste articulada, fixada por um eixo paralelo a sede da
válvula. A obstrução do escoamento ocorre quando o fluido não apresenta pressão suficiente para manter
a portinhola aberta, tendendo à inversão no sentido do escoamento, sendo a perda de carga é mínima. A
válvula de retenção com portinhola é indicada para operar em linhas de gases, vapor saturado e líquido.

Figura 135: Válvula de retenção com portinhola


64

Na utilização de diâmetros acima de 12”, essas retenções costumam ter o obturador (portinhola)
balanceado, isto é, o eixo de rotação atravessa o obturador que fica assim com seu peso dividido em
dois pontos de apoio. A finalidade dessa construção é amortecer o choque de fechamento da válvula
quando houver inversão do fluxo. Algumas dessas válvulas possuem uma alavanca externa, com a qual o
obturador pode ser aberto ou fechado, quando necessário.

Figura 136: Válvula de Retenção com Portinhola com alavanca externa

Válvula de retenção com portinhola dupla ou bi-partida: Têm as mesmas características funcionais
das válvulas de retenção com portinhola, porém, sua construção aproxima-se muito das válvulas
borboletas, utilizadas em grandes diâmetros. A válvula com portinhola dupla é atuada por uma mola,
não necessita da ação da força da gravidade, o que permite a sua utilização na posição vertical com
fluxo descendente. O modelo de corpo Wafer, sem flanges, é muito utilizado e tem a vantagem de
menor peso, custo e espaço ocupado.

Figura 137 e 138: Válvula de retenção com portinhola dupla ou bi-partida


65

Válvula de Retenção de Pé: Tem as mesmas características da válvula de retenção de Pistão, esta
possui na sua extremidade inferior uma grade de proteção para deter a entrada de detritos, este
modelo de válvula é utilizado em tubulações de sucção de bombas verticais, e a sua função é manter a
tubulação cheia a fim de evitar a cavitação da bomba. Durante o funcionamento da bomba, o obturador
se mantém suspenso, permitindo o fluxo de fluido. Quando para o bombeamento, ocorre o fechamento
da válvula de retenção de pé, impedindo o retorno do fluido.

Figura 139

Figura 140: Válvulas de retenção de pé

6.6.26 Válvulas de Segurança e Alivio

Figura 141

A função da válvula de segurança instalada em processos industriais é aliviar o excesso de pressão,


acima de um limite preestabelecido no projeto do equipamento por ela protegido.
66

Os termos ”segurança”, “alívio” e “alívio e segurança” se aplicam às válvulas que têm a finalidade de
aliviar a pressão de um sistema. Nas indústrias, costuma-se confundir os modelos de válvulas, porém,
existe diferenças, e essas são principalmente o tipo de fluido manipulado e, consequentemente, no
projeto construtivo de cada válvula.

Há ainda muitos profissionais que confundem as nomenclaturas das válvulas como: de PSV (Pressure
Safety Valve) no caso das válvulas de segurança ou PRV (Pressure Relief Valve) para as válvulas de alívio.

Figura 142: Válvula de segurança

Definições

Válvula de segurança (Safety Valve): É um dispositivo automático de alívio de pressão, acionado pela
pressão estática à montante da válvula e caracterizada por uma ação de disparo (POP) ou por uma
abertura rápida. É usada para serviços com ar, vapor d’água, gases ou vapores.

Válvula de alívio (Relief Valve): É um dispositivo automático de alívio de pressão, acionado pela
pressão estática à montante da válvula, a abertura é proporcional ao aumento de pressão acima da
pressão de abertura. É utilizada em aplicações com fluidos no estado liquido.

Válvula de Segurança e Alívio (Safety Relief Valve): É um dispositivo automático de alívio de pressão,
adequado para atuar tanto como uma válvula de alívio ou como uma válvula de segurança, adequado
para operar com gás/vapor e líquido simultaneamente.

Válvulas de Segurança e/ou Alívio Convencional (Convencional Safety Relief Valves): São
construídas de maneira que a variação na contrapressão à jusante (descarga) da válvula afete a pressão
de abertura da mesma.
67

Figura 143: Válvula de segurança

Válvulas de Segurança e/ou Alívio Balanceada (Balanced Safety Relief Valves): São válvulas que
incorporam meios para minimizar o efeito da contrapressão por ocasião da abertura. Normalmente
possuem um fole para este fim.

Válvulas de Segurança e/ou Alívio Piloto Operadas (Pilot Operated Safety Relief Valves):
Dispositivos automáticos em que a válvula principal para alívio de pressão está combinada e é
controlada por uma válvula auxiliar auto-operada (válvula piloto). A instalação de uma válvula de
segurança tem como objetivo a garantia da continuidade operacional, protegendo vidas e assegurando o
patrimônio.

Figura 144: Válvulas de segurança piloto operada


68

6.6.27 Componentes de uma Válvula de Segurança

Figura 145: Componentes

6.6.27.1 Mola

Estas são responsáveis por uma parte da performance correta das válvulas de segurança. Toda mola
para uso nesse tipo de dispositivo tem uma faixa definida de trabalho, portanto, a pressão de ajuste da
válvula deverá permanecer dentro dos limites, mínimo e máximo, especificados pelo fabricante.

Um aperto excessivo na mola com a intenção de aumentar a pressão de ajuste da válvula, pode diminuir
o curso de abertura do disco e reduzir sua capacidade de alívio, com um consequente aumento do
diferencial de alívio desta.
69

Figura 146: Mola e suportes de mola

Carga Sólida: É a compressão da mola ao seu estado sólido, conforme descrito no item de teste de
carga sólida.

6.6.27.2 Bocal

O bocal nas válvulas de segurança, da mesma forma que o disco, são as peças que estão em contato
direto com o fluido, estando a válvula fechada ou aberta e descarregando.

Existem dois tipos de bocais usados em válvulas de alívio e/ou segurança. O bocal reativo integral (full
nozzle) e o semibocal. O primeiro é uma peça rígida em aço inox e não permite o contato do fluido de
processo com o corpo da válvula, enquanto a mesma estiver fechada.

O semibocal é rosqueado e, às vezes, soldado ao corpo da válvula, principalmente para as válvulas de


alta pressão. Este possui uma grande desvantagem em relação ao bocal reativo integral. Neste tipo
de bocal o fluido de processo além de entrar em contato com o disco e o bocal quando a válvula está
fechada, também entra em contato com parte do corpo da válvula.

A área de passagem do bocal deverá ser suficientemente grande apenas para permitir que uma
determinada quantidade de fluxo seja aliviada para ocorrer a redução de pressão do processo.

A vedação pode ser metal-metal ou resiliente. A metal-metal é a mais usada no caso de vapores,
este motivo é devido a temperatura não ser suportada pelos anéis de vedação em elastômeros, que
normalmente são em Viton, Kalrez, Buna-N. As válvulas de segurança que possuem assento macio não
são recomendadas para uso em vapor d’água.

A vedação resiliente é usada quando se deseja a máxima estanqueidade da válvula, como nos seguintes
casos:

YY fluidos de difícil confinamento, como gases ou ar comprimido;


YY quando a pressão de operação oscila muito e se aproxima da pressão de ajuste da válvula;
YY em instalações sujeitas às vibrações excessivas;
YY fluidos com particulados em suspensão;
YY casos em que pode ocorrer a formação de gelo após o alívio pela válvula, como por exemplo, em
descarga de gases;
70

YY fluidos corrosivos;
YY tensões provenientes da tubulação de descarga e que possam induzir a válvula ao desalinhamento.

As válvulas com vedação metal-metal têm as superfícies de contato lapidadas para se obter o maior grau
de estanqueidade com pouco diferencial de força, atuando entre a área do bocal e a força exercida pela
mola.

O vazamento nas superfícies de vedação de uma válvula de segurança, principalmente quando operando
com vapores, além de ter um efeito erosivo sobre essas superfícies, pode também causar travamento do
suporte do disco, tornando a válvula inoperante devido ao diferencial de temperatura causado por esse
vazamento.

Figura 147 e 148: Modelos de bocal

6.6.27.3 Discos

Discos de vedação das válvulas de segurança têm a função de bloquear o fluxo de fluido quando a
válvula estiver fechada e facilitar o escoamento do mesmo quando a válvula estiver abertura. Essas, em
processos industriais, possuem um defletor integral que tem as seguintes funções:

YY direcionar o fluxo durante o ciclo de abertura e fechamento da válvula;


YY proteger a área de vedação do disco e bocal contra a erosão, devido à alta velocidade de
escoamento do fluido neste ponto;
YY aumentar a velocidade de escoamento do fluido, auxiliando com isso a reduzir a pressão, assim
como ocorre com a conicidade do bocal;
YY evitar o turbilhonamento do fluxo na saída do bocal com uma consequente rotação do disco e
suporte do disco, o que causaria desgaste nas superfícies de vedação e nas superfícies de guia,
entre o suporte do disco e a guia deste.

Tanto o bocal quanto o disco, normalmente são feitos de materiais resistentes ao desgaste por erosão
ou corrosão pela alta pressão e por altas temperaturas do processo. No caso dos discos, esses materiais
podem ser laminados ou forjados e para o bocal, esses materiais poderão ser fundidos, forjados ou
laminados. Quando a superfície do bocal for revestida com Stellite, este deverá ser laminado para evitar
contaminação e possíveis trincas ou poros na solda do revestimento. O material do disco deve ser mais
duro, devido a total exposição ao fluido em escoamento.

A velocidade de escoamento do fluido na superfície de vedação do bocal praticamente não varia,


comparando-se com a velocidade na face de vedação do disco, devido a este se movimentar durante a
abertura e fechamento da válvula.

Quanto mais próximo da superfície de vedação do bocal estiver o disco, maior será a velocidade de
escoamento do fluido.
71

Figura 149: Dois modelos de disco resiliente e metálico

6.6.27.4 Suporte do Disco

Componente onde é alojado o disco de vedação, o design do suporte de disco aproveita as forças
expandidas do fluido para aumentar o curso de abertura da válvula, aumentando também a força
reativa.

Um outro ponto importante, quando se compara esses dois projetos de suporte do disco, é que no
projeto convencional com 25% de sobrepressão, o anel do bocal não tem muita influência sobre o
diferencial de alívio da válvula, devendo ficar na posição mais baixa possível. No projeto específico para
líquidos, o anel do bocal auxilia no controle do blowdown, isso é devido a este anel permitir alteração
na área formada em conjunto com aquele perfil.

Figura 150: Suporte de disco balanceado Figura 151: Suporte de disco não balanceado

6.6.27.5 Haste e Guia

A guia e a haste fazem parte do importante sistema de guia da válvula de segurança, a haste transmite
as forças tanto da mola no sentido do fechamento, quanto da força do produto no sentido de abertura
da válvula.

As superfícies deslizantes são usinadas observando-se as tolerâncias muito apertadas. O excesso de folga
desse componente compromete a funcionabilidade das válvulas de segurança. Após o desgaste maximo,
de acordo com os desenhos do fabricante, as peças devem ser substituídas.
72

Figura 152: Haste Figura 153: Guia

6.6.27.6 Anel de Ajuste

O anel de ajuste do bocal é a peça que possibilita o controle da ação da válvula, abertura precisa, curso
total e diferencial de alívio apropriado.

Figura 154 e 155: Anéis de ajuste

6.6.27.7 Fole

Fole é um importante componente de uma válvula balanceada, que possui uma área que cobre a
parte superior do suporte do disco e a guia da válvula. A área do disco é igual a área do fole, e é essa
equalização de áreas que anula as forças que atuam no sentido axial do suporte do disco, com isto
a pressão de ajuste não é afetada pela contrapressão, o fole também é utilizado como barreira de
proteção em casos de produtos muito viscosos e ácidos.

Figura 156: Foles novos Figura 157: Foles danificados.


73

6.6.28 Uso de Alavanca

As válvulas de segurança, operando em vasos de pressão, deverão ter alavanca de acionamento sempre
que o fluido for compressível ou no caso de água quente acima de 140°F (60°C). Essa alavanca tem a
função de abrir a válvula manualmente quando a pressão do processo estiver abaixo de sua pressão
de ajuste, e em casos de emergência, se a válvula de segurança não abrir na pressão de ajuste
especificada, ou até mesmo, expulsar algum material estranho que tenha ficado preso entre as sedes no
momento do fechamento da válvula. No caso de líquidos que possam cristalizar em volta da superfície
de vedação do bocal, o acionamento periódico da alavanca facilita a limpeza dessa região para que o
acúmulo de produtos naquele ponto não venha a interferir na capacidade de vazão da válvula, numa
eventual operação desta válvula.

Figura 158: PSV de Castelo aberto com alavanca

6.6.29 Válvulas de Segurança para Caldeiras

Caldeira é um equipamento cuja função, entre muitas, é a produção de vapor através do aquecimento
da água. As válvulas de segurança instaladas em caldeiras tem por finalidade aliviar a pressão do sistema,
garantindo a continuidade operacional, protegendo vidas e assegurando o patrimônio das empresas.
74

Figura 159: Caldeira

A diferença básica das válvulas de segurança instaladas em caldeiras e as instaladas em vasos de


pressão está na seu projeto construtivo. A diferença mais evidente está no castelo aberto das válvulas
de caldeira. Este aumenta a troca térmica entre a mola e o meio ambiente, diminuindo a tendência ao
relaxamento da força desta devido à temperatura, mantendo o valor da pressão de ajuste constante,
mesmo após vários ciclos operacionais.

Figura 160: Válvula de segurança com castelo aberto

O castelo fechado é usado para proteger a mola contra intempéries ou um ambiente corrosivo, ou
quando a válvula opera com pressão no lado da descarga (contrapressão), mas esta condição não é
aceita para válvulas de segurança operando em caldeiras, onde a descarga é feita de forma curta e
direta para a atmosfera.

Figura 161: Válvulas de segurança de castelo fechado


75

Figura 162: Válvula de segurança utilizada em caldeiras de acordo com o código ASME

6.6.30 Neutralização de Válvulas do Sistema de Ácido Fluorídrico da Unidade de Gasolina de


Aviação - UGAV

6.6.30.1 Ácido Fluorídrico

Fórmula Química: HF em solução aquosa

6.6.30.2 Propriedades Físico-químicas:

YY aparência: Líquido fumegante, incolor;


YY odor: Odor Picante. Não respire os vapores;
YY solubilidade em água: Infinitamente solúvel;
YY densidade: 1.15 -1.18;
YY pH: 1.0 (solução 0.1M );
YY % Volatilizada por volume a 21 ºC: 100 (como água e ácido);
YY ponto de ebulição ºC: 108;
YY ponto de fusão ºC: < -36C;
YY densidade de Vapor (Ar=1): 1.97;
YY pressão de vapor (mm Hg): 25 a 20C;
YY faixa de evaporação (BuAc=1): Nenhuma informação encontrada.

6.6.30.3 Composição e Informações sobre os Ingredientes

Componente Número CAS Concentração Perigoso


Ácido Fluorídrico 7664-39-3 48 - 52% Sim
Água 7732-18-5 48 - 52% Não

Classificação NFPA

Saúde Reatividade Inflamabilidade


4 1 1
76

6.6.30.4 Estabilidade e Reatividade

Estabilidade: Estável à temperatura ambiente quando armazenado e utilizado sob condições próprias.

Produtos Perigosos na Decomposição: Em contato com metais, libera gás hidrogênio. Quando aquecido
até a decomposição poderá gerar vapores tóxicos de fluoreto. Ataca o vidro e outros compostos
contendo silício. Reage com a sílica para produzir o tetra fluoreto de silício, um gás perigoso incolor.

6.6.30.5 Informações Ecológicas

Biodegradação: Se o pH do solo está acima de 6.5, pode absorver fluoretos fortemente. Um alto teor de
cálcio neutralizará os fluoretos que podem ser danosos a plantas quando presentes em solos ácidos.

Toxicidade Ambiental: Este material é ligeiramente tóxico para vida aquática.

6.6.30.6 Efeitos Potenciais à Saúde

Exposição a ácido fluorídrico pode produzir efeitos nocivos à saúde que não são imediatamente
aparentes.

Inalação: Severamente corrosivo ao trato respiratório. Pode causar ferida na garganta, tosse, respiração
ofegante e inflamação nos pulmões.

Ingestão: Corrosivo. Pode causar ferida na garganta, dor abdominal, diarréia, vômitos, queimaduras
severas do trato digestivo e disfunção de rim.

Contato com a Pele: Corrosivo à pele. O contato com a pele causa queimaduras graves que não são
imediatamente sentidas. Os sintomas podem demorar mais de 8 horas para aparecer. O íon fluoreto
penetra na pele causando destruição de tecidos e ossos.

Contato com os Olhos: Corrosivo aos olhos. Sintomas de vermelhidão, dor, visão obscurecida e danos
permanentes nos olhos podem ocorrer.

Exposição Crônica: A Absorção de mais que 6 mg de flúor por dia pode resultar em fluorose, doença nos
ossos e articulações. Hipocalcemia e hipomagnesemia podem ocorrer pela absorção de íon fluoreto na
corrente sanguínea.

Agravamento de Condições Preexistentes: Pessoas com doenças pre-existentes de pele, olhos, rins ou
função respiratória podem ser mais suscetíveis aos efeitos da substância.

6.6.30.7 Primeiros-socorros

Contato com a Pele: para queimaduras ácidas no corpo:

1. remova a vítima da área contaminada e imediatamente coloque-a sob um chuveiro de segurança ou


lave-a com uma mangueira de água;
2. remova todo vestuário contaminado;
3. mantenha a lavagem com grandes quantidades de água por um mínimo de 15 a 20 minutos;
4. alguém deve cuidar do atendimento enquanto você continua lavando a área afe tada com água;
5. se possível, depois da lavagem, a área queimada dever ser imersa em uma solução 0.2% de Hiamine
1622 aquosa gelada ou Cloreto de Zephiran 0.13% aquo so gelado. Se imersão não é possível, ensopar
toalhas com uma das soluções acima e utilizá-las à área de queimadura. Mudá-las a cada 2 minutos.
Um tratamento alternativo ao médico é injetar subcutaneamente solução aquosa estéril de
gluconato de cálcio 10% abaixo, circundando a área queimada. Inicialmente não usar mais que 0.5
mL por centímetro quadrado e não torcer a pele. Se a dor não estiver completamente aliviada,
tratamento adicional é indicado.
77

6. procure assistência médica tão logo possível para todas as queimaduras por menor que elas possam
parecer inicialmente. Hyamine 1622 é o nome comercial do Cloreto benzetoniotetracaína, um
composto de quaternário de amônia é vendido por Rohm & Haas. Cloreto de Zephiran é o nome
comercial do Cloreto de Benzalcônio, também um composto de quaternário de amônia.

Contato com os Olhos: para ácido nos olhos

1. lave os olhos por no mínimo 30 minutos com quantidade abundante de água, mantendo as pálpebras
afastadas dos globos oculares durante a lavagem;
2. chame imediatamente a assistência médica competente, preferencialmente de um oculista;
3. se um médico estiver imediatamente disponível, aplique uma ou duas gotas de solução de Cloreto de
Pontocaína a 0,5 %;
4. não use gotas oleosas ou pomadas. Coloque gelo em volta dos olhos até a sala de emergência.

Inalação: Procure ajuda médica imediatamente. Se o paciente estiver inconsciente, dê respiração


artificial ou use um inalador. Mantenha o paciente aquecido e descansado, e envie-o para um hospital
após os primeiros socorros serem aplicados.

Aviso aos Médicos: Para queimaduras de pele em grandes áreas, (mais que 25 polegadas quadradas),
para ingestão e para inalação significativa, efeitos sistêmicos severos podem ocorrem. Monitore a
hipocalcemia, arritmias cardíacas e hipomagnesemia. Em alguns casos pode ser indicada diálise renal.
Para certas queimaduras, especialmente dos dedos, pode ser indicado gluconato de cálcio intra-arterial.
Trate como pneumonia química. Monitorar a hipocalcemia com gluconato de cálcio 2.5% salina por
nebulização ou por IPPB com 100% oxigênio pode minimizar os danos pulmonares. Broncodilatadores
podem ser usados.

Vigilância Médica: Solicite exames de pessoal exposto a cada seis meses determinações do flúor na urina,
estudos de fígado e função de rim:

YY anualmente raio X do tórax;


YY proteja da exposição aqueles indivíduos com doenças de rins, fígado, e pulmão.

Entendendo o Processo da Unidade de Gasolina de Aviação (UGAV)

Esta unidade é a responsável pela produção da gasolina PODIUM, a melhor gasolina do mundo, e da
gasolina de aviação. As reações de alquilação foram descobertas acidentalmente no início do século,
tendo boa parte do processo desenvolvido no período da II Guerra Mundial, face ao esforço para atender
as forças aéreas aliadas. Inicialmente, as unidades eram voltadas para a produção de gasolinas para
aviação. Com o advento das aeronaves movidas à turbina (jatos e turboélices) a maior utilização passou
a ser nos automóveis.

Descrição do sistema de reação

Os vários processos de alquilação diferem entre si basicamente pelo sistema de reação. O processo
utilizado na UGAV é o licenciado pela Phillips. Sua característica principal é a circulação de ácido sem
bomba. O mecanismo básico é a diferença de densidade entre os produtos contidos no riser e standpipe.

No standpipe, temos praticamente ácido puro com uma densidade 0,93 e no riser, uma mistura de ácido
e hidrocarbonetos com densidade aproximada de 0,85. Esta diferença de densidades geram diferentes
pesos de coluna no M-4211, sendo esta a força motriz da circulação de HF.

Com a maior consciência sobre o meio ambiente, a indústria de petróleo se viu na necessidade de
produzir combustíveis que reduzissem as emissões dos automóveis. Simultaneamente, as restrições de
antidetonantes (chumbo tetraetila) foram aumentando, sendo praticamente banido em vários países.

Foi neste cenário que o processo de alquilação tomou novo impulso, pois o alcoilado contribuía para a
redução de emissões, principalmente relativas a componentes voláteis e monóxido de carbono.
78

Figura 163

6.6.30.8 Descontaminação de Válvulas

Talvez, o pior problema que possa acontecer a uma válvula desta unidade, seja o fenômeno denominado
“Acid runnaway” ou fuga do ácido. Basicamente, é a rápida perda de nível de ácido no decantador,
levando a reduções drásticas de produção de alcoilado, bem como, a perda de sua qualidade.

Este fenômeno deve-se à formação excessiva de fluoretos que levam a um acentuado consumo de ácido
fluorídrico. Nesta situação, a unidade deve ser colocada em circulação para regeneração do ácido ou
a eliminação da causa básica. Mas na maioria das vezes as válvulas ficam danificadas, em muitos casos
inoperantes devido ao acumulo de borra do fluoreto no seu interior, como na sequência de fotos em
anexo.

Figura 164
79

Figura 165

Figura 166

Este acúmulo de borra do fluoreto é extremamente perigoso, quando ocorre em válvulas de segurança e
controle, pois podem comprometer a confiabilidade destesequipamentos, conforme exemplos das fotos
a seguir:

Figura 167

Incrustação dura na superfície da guia do suporte do disco da PSV

No passado seguíamos o que as normas ditadas pela Phillips, licenciadora da unidade, e esta, indicava
para neutralização das válvulas. Bastava apenas a imersão do equipamento em um tanque de
neutralização, contendo uma mistura de água com carbeto de Cálcio (Barrilha) com um Ph 14.
80

Figura 168

Mas como observamos nas fotos anteriores, esta imersão não é suficiente para entrar em contato com
todos os componentes internos das válvulas, e desta forma não é possível neutralizar a concentração do
ácido em todos os componentes internos.

Em uma manutenção é necessária a desmontagem completa da válvula para a sua recuperação, portanto
o profissional de manutenção, estaria exposto ao contato com o ácido, ao desmontar os componentes
internos da válvula.

Figura 169
81

O HF tem a característica de infiltração em elementos rosqueados. Uma vez que estes elementos
são desconectados, o gás volatiliza a 21ºC e muitas vezes pode atingir o profissional que realiza a
manutenção, este sempre deverá utilizar todos os EPI’s necessários para esta operação.

Adotamos a prática que é a soma do que já existia, no caso a imersão, com novas práticas desenvolvidas
com o aprendizado do dia a dia:

YY o aquecimento da válvula para forçar a dispersão do ácido fluorídrico através do


YY aumento da temperatura;
YY a desmontagem parte a parte, seguindo de neutralização individualizada de todo componente
desmontado, por imersão em solução de barrilha e aquecimento por vapor;
YY conferência individualizada de todos os componentes da válvula através do controle de pH com
papel Tornassol;
YY lavagem com água e vapor dos componentes internos e externos de uma válvula, neutralizada
para início do trabalho de recuperação;
YY uma vez realizado este procedimento de neutralização, a válvula pode ser manuseada de forma
segura como um equipamento qualquer.

Figura 170
Procedimento para manutenção de válvulas de bloqueio do sistema ácido da UGAV

Materiais necessários:
YY luva longa de PVC;
YY camisa manga longa;
YY óculos de segurança.

Condições necessárias:
YY tanque de neutralização, contendo solução saturada de carboneto de cálcio (barrilha) com Ph 14;
YY papel de Tornassol;
YY treinamento da UGAV;
YY treinamento para desmontagem de válvulas de bloqueio do sistema ácido, contaminadas com HF e
técnica de neutralização.

Atividades:

1. este procedimento considera que o trabalho inicia-se com a remoção da válvula da área de processo
da UGAV;
2. a válvula deve ser neutralizada previamente pela equipe do MI-EE sendo submersa no tanque,
contendo a solução de barrilha existente na área de processo. Após a previa neutralização, a válvula
deve ser transportada para a oficina da UGAV, novamente essa válvula deve ser imersa no tanque
de neutralização existente na entrada desta oficina. Em casos de parada operacional poderão
existir mais de um tanque de neutralização na oficina da UGAV. Somente a partir desta segunda
imersão é que começará a desmontagem da válvula de bloqueio nas dependências desta oficina,
para neutralização de todos os componentes internos necessários para um manuseio seguro desses
equipamentos;
82

3. etapas obrigatórias para desmontagem e neutralização dos componentes inter nos das válvulas de
bloqueio contaminadas com HF:
YY adicionar água até o nível desejado, suficiente para a imersão total da peça, adicionar carbonato
de cálcio (barrilha) e medir o pH, utilizando-se de papel de tornassol, até indicar pH =14 (solução
saturada);
YY desmontar a válvula : volante, haste, obturador, tampa, castelo, corpo, gaxetas, preme-gaxetas,
sedes de vedação da carcaça, buchas, caixas de redução, alavancas de acionamento e juntas.
Acompanhar o processo de neutralização peça a peça, medindo constantemente o pH;
YY após cada neutralização, remover o excesso de barrilha através do uso de vapor ou lavagem com
água;
YY ao término do serviço de neutralização de todos os componentes de uma válvula de bloqueio, a
mesma poderá ser manuseada como uma válvula comum;
YY sempre ao término do serviço, neutralizar a bancada de trabalho, ferramentas e outros
dispositivos com barilha e vapor.
4. caso haja suspeita de contaminação do EPI, paralisar o trabalho imediatamente e providenciar sua
substituição;
5. em caso de acidente por contaminação do HF, encaminhar imediatamente o executante para o
ambulatório do SMES/SAÚDE.

O resultado esperado é capacitar os envolvidos nas tarefas acima, quanto à sua execução de modo
seguro, através do cumprimento deste procedimento.
83

REFERÊNCIAS

PINTO, Alan Kardec. Manutenção: função estratégica. Rio de Janeiro, Qualitymark,


2001.

SILVA, Osmar Leite da. Dispositivo para manutenção de válvula macho de grande diâmetro com sede
metal-metal. Petro & Química, São Paulo, ano XXVIII, n. 256, p.61-64, jan. 2004.

SILVA, Osmar Leite da. Maiores válvulas do mundo no setor petroquímico. Petro & Química, São Paulo,
ano XXVIII, n. 265, p.77-80, out. 2004.

SILVA, Osmar Leite da. Manutenção de válvulas industriais. Cubatão, Petrobras. RPBC, 2005.

SILVA, Osmar Leite da; RODRIGUES, Celso Luiz Calçada. Tropicalização de acio- namentos de válvulas de
bloqueio no setor de petróleo e gás. Petro & Química, São Paulo, ano XXVIII, n.272, p.96- 101 maio.
2005.

TELLES, Pedro Carlos da Silva. Tubulações industriais: materiais, projeto, monta-


gem. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 2003.

ULANSKI, Wayne. Valve and actuator technology. New Jersey, McGraw-Hill, 1991. ZAPPE, R. W. Valve
selection handbook. Houston, Gulf Publishing, 1987.

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