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FUNDAMENTOS DE CTBMF

Avaliação Pré-operatória do Paciente Cirúrgico


Exame clínico: Consiste na coleta de dados (quanto mais dados o dentista colher, mais
completo será o exame), analisa esses dados, elabora hipóteses diagnósticas, monta um
tratamento e faz uma reavaliação para saber se o tratamento funcionou.
O diagnóstico se baseia em: Anamnese, exame físico e, se necessário, faz
complementares (como: imagem hematológicos, microbiológicos e biópsia; nem sempre
vai ser necessário que o paciente realize exames hematológicos, só solicita exame
hematológico se na anamnese sugerir algo ou no exame clínico; exame de imagem sempre
será necessário na cirurgia).
Classificação ASA
ASA I: Paciente normal, saudável, sem história de doença sistêmica (paciente jovem
saudável < 40 anos) (não há modificação no tratamento odontológico)
ASA II: Paciente portador de doença sistêmica moderada ou fatores de risco a sua saúde
(paciente com hipertensão leve à moderada ou diabético controlado ou fatores de risco –
obesidade/tabagismo) (possível redução do stress e outras modificações quando
necessário)
ASA III: Paciente com doença severa, que limita as atividades, mas não é incapacitante.
(paciente com infarto do miocárdio ou AVC > 6 meses) (redução do stress e consultas
ao médico do paciente são prioridades)
ASA IV: Paciente portador de doença sistêmica severa, incapacitante, que é uma
constante ameaça à vida. (paciente com angina instável ou pré-infarto ou paciente com
insuficiência renal terminal programado para transplante) (cuidados mínimos
emergenciais no consultório, hospitalizar para tratamento estressantes)
ASA V: Paciente moribundo, de quem não se espera a sobrevivência por um período de
24h, com ou sem intervenção cirúrgica. (paciente com morte cerebral declarada cujos
órgãos estão sendo removidos para fins de doação) (nenhum tratamento odontológico
curativo, apenas paliativo)
A partir do ASA III começa a tratar o paciente de forma mais cautelosa.
Exame clínico
Fase subjetiva: Anamnese (é um sinal, depende do que o paciente diz; dor,
desconforto)
Fase objetiva: Exame físico (são os sintomas, pulso, PA, lesões, pigmentações,
assimetria)
Prontuário: É necessário escrever de forma clara em que outras pessoas irão entender
Anamnese
Histórico de reações alérgicas (ALs, AINEs, ABs), medicamentos em uso diário,
hábitos (tabagismo, alcoolismo).
História do Paciente

• Queixa principal: Motivo pelo qual o paciente procurou atendimento


• História da doença atual: História da queixa; narrativa cronológica e clara sobre a
queixa principal; histórico completo e detalhado da condição apresentada (quando
começou? qual o tipo de dor?...). Data e descrição dos primeiros sinais e sintomas,
caracterização da sintomatologia, evolução até o presente, tratamento e seus
resultados, exames complementares realizados, estado atual da doença.
• Antecedentes familiares
• História médica: informações detalhadas sobre todas as doenças de caráter
sistêmico que acometeram o paciente desde o seu nascimento até a data atual.
• História odontológica: conhecer todas as experiencias que o paciente teve em seu
sistema estomatognático (já fez uso de aparelho ortodôntico? Faz uso de prótese?)
• História social: vícios, hábitos deletérios que podem influenciar na saúde oral
Exame físico
Avaliação geral; avaliação dos sinais vitais; inspeção extra e intra-bucal; palpação extra
e intra-bucal.
Avaliação geral: postura, biótipo, alterações na marcha, aspecto geral, estado emocional.
Avaliação dos sinais vitais: são indicadores da saúde do paciente, qualquer alteração
oferece pistas para a detecção de várias doenças.

• Frequência e ritmo cardíaco: Normal: 60-80 bpm – Ritmo: regularidade do pulso


– Qualidade: intensidade dos batimentos (forte, fraco)
• Frequência respiratória: Normal: 14-18 movimentos
• Pressão sanguínea arterial: Normal: 120/80mmHg
• Temperatura: Normal: 36,5ºC
Pulso Arterial: Artéria radial (pulso); artéria braquial (cotovelo); artéria carótida
(pescoço); artéria poplítea (joelho). Ritmo regular é contado por 15s; ritmo irregular 1 ou
2 minutos e compara com o lado oposto; usa um dedo que seja mais sensível.
Frequência: BPM em repouso. Crianças: 70-120 bpm; Adultos 60 a 100 bpm; Idosos 70
a 80 bpm; Atletas 40 a 50 bpm. Existem variáveis: idade, hora do dia, gênero, refeição,
posição, temperatura, estado emocional, drogas, esportes.
A frequência está ligada ao grau de ansiedade do paciente
Taquicardia: acima de 100bpm
Bradicardia: menos de 60bpm (suspeita de alterações cardiovascular patológica)
Ritmo: intervalos iguais tem ritmo regular; intervalos variáveis tem ritmo irregular
(Arritmia; pode ser fisiológica ou patológica - risco de angina, enfarte do miocárdio...)
Pressão Arterial: Pode ser influenciada por vários fatores como ambiente, equipamento,
observador, paciente. Indica função e eficiência cardíaca, estado emocional do paciente e
indica a conduta clínica a ser tomada.
Se o paciente normosistêmico tem uma crise hipertensiva, nesse caso pode fazer
uma aplicação de Captopril sublingual pois não está tratando uma hipertensão
sistêmica e sim uma situação emergencial.
Descrição da técnica:
1. O paciente deve estar sentado confortavelmente
2. Explicar o procedimento
3. Certificar-se que o paciente durante 30 min não praticou exercício físico, ingeriu
álcool ou café, não se alimentou, fumou ou está de bexiga cheia
4. Manter o braço do paciente na altura do coração
5. Colocar o bracelete 2 a 3 cm acima da fossa antecubital. A bolsa inflável deve
ficar sobre a artéria braquial
6. Pedir ao paciente para não falar
7. Localizar a artéria radial, e quando não sentir mais o pulso (localizar a palpação)
inflar o manguito
8. Posicionar o estetoscópio na artéria e ao chegar no máximo começar a desinflar

Estadiamento Sistólica Diastólica

Normal <120 <180

Pré-Hipertenso 120 a 139 80 a 89

Hipertensão Grau I 140 a 159 90 a 99

Hipertensão Grau II >160 >100

Até pré-hipertenso consegue realizar a grande maioria dos procedimentos pois não há
tanta oscilação; tem que levar em consideração a complexidade da cirurgia em
Hipertensos; Levar em consideração a ansiedade do paciente.
Devemos considerar: valor da PA, complexidade da cirurgia e grau de ansiedade do
paciente.
Hipertenso Grau II não atende.
Se a pressão der elevada e o paciente afirma ter HAS: solicitação de encaminhamento ao
médico para a avaliação e conduta (controle da PA)
Se a pressão der elevada e o paciente nega ter HAS: ansiedade x pressão arterial;
positiva = conversa, caso a pressão melhore tem uma chance maior de ter sido
emocional.
Sinais e sintomas das HAS
Dor de cabeça persistente, mal-estar geral, sangramentos pelo nariz, queixa de dores no
globo ocular, relatos de odontalgias em crises hipertensivas.
Stress odontológico: Pele fria e úmida, inquietação, menor limiar da dor, amento da
frequência respiratória e pressão arterial, midríase são sinais de ansiedade aguda. Para
controlar essa ansiedade é fazer com que haja uma boa relação entre paciente e dentista
(relação de confiança), consultas curtas e correta técnica anestésica, ambiente tranquilo,
música ambiente, mensagem positiva, cuidado com os comentários e horários da
consulta.
Protocolos de sedação consciente: Midazolam é muito utilizado.

Se o paciente tem febre reumática, tem risco de endocardite, logo tem que fazer profilaxia
antibiótica (se tem risco de endocardite, fazer o uso de antibiótico em doses altas antes de
começar a cirurgia). Recomenda-se Amoxicilina 2g em adultos 1 hora antes do
procedimento. Diabéticos descompensados também precisam de profilaxia antibiótica.
Profilaxia antibiótica faz antes da cirurgia e está mais relacionada a condição sistêmica
do paciente e antibioticoterapia faz após a cirurgia quando tem maior risco de infecção.
Uma não exclui a outra.
Pacientes diabéticos descompensados tem alterações microvasculares e
macrovasculares isso faz com que as chances de infecção sejam maiores além de atraso
na cicatrização tecidual. A depender da condição do paciente se faz a profilaxia
antibiótica ou até mesmo pode precisar do parecer médico. Pede a glicemia em jejum ou
hemoglobina glicosilada.
Glicemia em jejum: Normal 70-100mg/dL; Diabetes leve < 200mg/mL; Diabetes
moderada entre 200 e 250mg/dL; Diabetes grave > 250 mg/dL. Até diabetes moderada é
possível operar no consultório, mas quando está grave é preciso um parecer do
endocrinologista.

Sistema hematopoiético: discrasias sanguíneas; pacientes que fazem o uso de Aspirina,


Heparina, Warfarina estão mais suscetíveis a hemorragia pois tem limitação na atuação
plaquetária. É necessário solicitar exames hematológicos, é importante uma contagem de
plaquetas (para saber se estão funcionando bem é necessário ver o tempo de protrombina
e tempo de tromboplastina ativada). Se o coagulograma veio normal apesar dos usos de
remédios como Aspirina, pode fazer o procedimento.
Hemograma completo (contagem de plaquetas), coagulograma (além de contagem de
plaquetas, tem tempo de sangramento, Tempo de protrombina (INR), Tempo de
tromboplastina parcialmente ativada), glicemia em jejum = vê as cadeias de coagulação.
Plaquetas acima de 100.000 realiza o procedimento normalmente.
Entre 50.000 e 100.000 apenas procedimentos realmente necessários, após trauma grave
há sangramento.
Abaixo de 50.000 após pequenas intervenções já tem sangramento intenso.
Abaixo de 20.000 sangramento espontâneo.

É preciso perguntar se o paciente já teve problemas com hemorragia, de sangramento...


Quando há hematoma há aumento de volume e equimose é só a mancha roxa. Hematoma
é um coágulo retido que precisa de antibiótico pois o ambiente favorece o crescimento de
bactérias.

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