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TUTORIA 5 – SISTEMA ANGIOLINFÁTICO membrana elástica interna, que apresenta

Objetivos:
aspecto sanfonado quando a artéria está
1. Conhecer os principais vasos periféricos; contraída, e liso, quando dilatada. Com o
2. Compreender os sinais e sintomas da vasculopatias; envelhecimento, a camada endotelial sofre
3. Compreender a anamnese e o exame físico das espessamento, à custa da proliferação do tecido
vasculopatias. conjuntivo subendotelial.
NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA • A camada média é constituída por fibras elásticas
e musculares. Nas artérias de grande calibre, há
ARTÉRIAS
predominância do tecido conjuntivo; nas de
Logo após sua saída do ventrículo esquerdo, na
médio e pequeno calibres, passa a ocorrer
crossa, a aorta dará origem a seus três primeiros
aumento gradativo das fibras musculares lisas e
ramos: tronco braquiocefálico, a carótida comum
diminuição das fibras elásticas. As fibras
esquerda e a artéria subclávia esquerda. A carótida
musculares são dispostas circularmente, podendo
comum, por sua vez, se divide em carótida interna e
haver fibras longitudinais em algumas artérias.
carótida externa, irrigando regiões intra e
Separando a média da adventícia, há uma camada
extracraniais, respectivamente. Seguindo seu trajeto
de tecido elástico cuja espessura varia de acordo
distalmente, a artéria subclávia torna-se artéria axilar
com a artéria. Trata-se da membrana elástica
e, em seguida, artéria braquial. Esta se divide em
externa, que é bem desenvolvida nas artérias
artéria radial e ulnar, seus ramos terminais.
coronárias.
Em sua porção abdominal a aorta dará origem
• A camada mais externa da artéria, adventícia, é
a uma série de ramos (entre eles o tronco celíaco,
formada de tecido conjuntivo, sendo mais
mesentéricas superior e inferior e artérias renais) e
abundante nas artérias de médio calibre. Em
posteriormente se bifurca ao nível da cicatriz umbilical,
algumas artérias, a adventícia pode ser mais
originando as artérias ilíacas comuns. Ramo da artéria
espessa que a camada média. Nela localizam-se os
ilíaca externa, a artéria femoral provê a maior parte da
vasa vasorum, constituídos de arteríolas, capilares
irrigação do membro inferior. Mais distalmente está se
arteriais e venosos, vênulas e vasos linfáticos.
torna a artéria poplítea, que se divide em artérias tibial
A nutrição da parede arterial é feita por
posterior e anterior. A artéria tibial anterior, quando
embebição, por meio da camada endotelial e por
alcança a face superior do pé, passa a se chamar artéria
nutrientes importados pelos vasa vasorum.
dorsal do pé.
As artérias, as arteríolas e as metarteríolas são
A árvore arterial é constituída de artéria de
intensamente inervadas pelo sistema nervoso
grande, médio e pequeno calibres e de arteríolas.
autônomo, responsável pela vasoconstrição e
São de grande calibre: aorta, tronco
vasodilatação desses vasos. O sistema simpático é
braquicefálico, ilíacas comuns, ilíacas externas,
responsável também pela manutenção do tônus
femorais comuns e carótidas comuns; de médio
vasomotor. Ainda há dúvidas quando à existência de
calibre, as artérias subclávias, carótidas internas,
inervação parassimpática na árvore arterial.
axilares, braquiais, femorais superficiais e poplíteas; as
A função primordial do sistema vascular é o
demais artérias são de pequeno calibre como, por
transporte de nutrientes para as células e a remoção
exemplo, tibial anterior, tibial posterior, fibular, entre
de catabólitos, que são levados aos órgãos
outras. As arteríolas, além de apresentarem diâmetro
responsáveis por sua eliminação.
ainda menor, possuem características histológicas
A circulação apresenta outras funções, tais
específicas.
como absorção de substâncias no nível dos intestinos,
A parede arterial é formada por três camadas:
enchimento de órgãos eréteis e controle da
endotélio, média e adventícia, com estruturas
temperatura corporal.
diferentes, de acordo com o calibre e função do vaso.
O fluxo sanguíneo depende primordialmente
• A camada endotelial apresenta células endoteliais
da contração cardíaca e é regulado pela elasticidade e
dispostas em camadas e sustentadas por um
contratilidade das artérias.
arcabouço de tecido conjuntivo frouxo.
As grandes artérias, graças às suas paredes
Separando-a da camada média, existe uma
elásticas, sofrem distensão durante a sístole cardíaca,
estrutura de fibras elásticas, denominada
acumulando sangue em seu interior; na diástole, vasomotor pelas vias simpáticas. Deste centro,
voltam ao seu calibre normal, impulsionando o sangue partem estímulos para os rins, os quais
para as artérias que estão adiante. Assim, o fluxo determinam aumento do débito urinário, e para o
sanguíneo ocorre de maneira contínua, e não de modo hipotálamo, reduzindo a produção do hormônio
intermitente, como é a contração cardíaca. antidiurético, o que também promove aumento
O fluxo de sangue é determinado por um do débito urinário.
gradiente de pressão fornecido pela força contrátil do
coração, sempre maior que a resistência periférica, Fluxo arterial nas condições de estresse:
proporcionada principalmente pelas arteríolas. o Quando o organismo sofre um estresse, os centros
corticais e hipotalâmicos estimulam o centro
Mecanismos de controle do fluxo de sangue: vasomotor, que emite impulsos para o coração
o O controle nervoso do fluxo de sangue nas artérias (aumentando sua frequência e contratilidade) e
e arteríolas por intermédio dos sistemas simpático impulsos vasoconstritores para as artérias, que
e parassimpático. elevam o tônus vasomotor, com exceção das
o O simpático inerva o coração e todo o sistema artérias musculares, que recebem estímulos
vascular, exceto os capilares; o parassimpático vasodilatadores. Também são enviados estímulos
inerva apenas o coração e os órgãos eréteis das à medula suprarrenal que desencadeiam liberação
genitálias masculina e feminina. de norepinefrina e epinefrina, que atuam no nível
o O sistema nervoso simpático fornece fibras das artérias e do coração, aumentando a
vasoconstritoras e vasodilatadoras, com resistência periférica e a contratilidade cardíaca.
predomínio de umas ou de outras, conforme a
função do órgão. Assim, nos rins, no baço, nos Mecanismo de controle humoral:
intestinos e na pele, predominam as fibras o Diversas substâncias atuam sobre a parede
vasoconstritoras; no coração, nos músculos arterial provocando vasoconstrição ou
esqueléticos e no cérebro, as vasodilatadoras. vasodilatação.
o O centro vasomotor localizado no bulbo tem a o A epinefrina e a norepinefrina são continuamente
propriedade de emitir continuamente estímulos produzidas pelas suprarrenais e agem na parede
vasoconstritores conduzidos pelo simpático à arterial, mantendo o tônus vasomotor. Em
parede arterial, o que a mantém em estado de condições de estresse, sua secreção aumenta pela
contração parcial. É o que se chama tônus estimulação do sistema nervoso simpático. A
vasomotor. epinefrina apresenta ação vasodilatadora no
coração e nos músculos esqueléticos e ação
Regulação da pressão arterial: vasoconstritora nas demais artérias. A
o O aumento da pressão arterial determina norepinefrina apresenta apenas ação
dilatação da parede das artérias. Nos seios vasoconstritora.
carotídeos, situados na bifurcação carotídea e na o A formação de angiotensina depende do seguinte
crossa da aorta, existem receptores sensíveis à mecanismo: quando ocorre hipotensão arterial, a
distensão e à contração das artérias, de onde queda do fluxo renal ou a diminuição da
partem impulsos que são transmitidos ao centro concentração de sódio estimula a secreção de
vasomotor, no bulbo, o qual, por sua vez, emite renina, que age sobre uma proteína plasmática
estímulos que alcançam o coração e as artérias (angiotensinogênio) transformando-o em
periféricas com a finalidade de diminuir a angiotensina I, que sofre a ação da enzima
contratilidade cardíaca e promover vasodilatação conversora de angiotensina, sendo transformada
arteriolar, ocasionando queda da pressão arterial. em angiotensina II, com potente ação
Quando há diminuição da pressão arterial, ocorre vasoconstritora. A angiotensina II atua nas
fenômeno contrário. arteríolas, produzindo vasoconstrição com
o O aumento da volemia estimula os receptores elevação da pressão arterial. Age, também, no
localizados nos átrios e na artéria pulmonar, nível dos rins, aumentando a reabsorção de sódio
provocando impulsos que alcançam o centro e água.
o A bradicinina produz vasodilatação e aumento da • Veia safena externa (safena parva): nasce na
permeabilidade capilar. região lateral do pé, percorre a face posterior da
o A vasopressina tem ação vasoconstritora perna e se une ao sistema profundo no espaço
arteriolar e age nos rins, produzindo reabsorção poplíteo.
de água. • Veias comunicantes ou perfurantes: conectam o
o A serotonina apresenta ação vasodilatadora e sistema das safenas (superficial) com o sistema
vasoconstritora e sua participação no controle da profundo.
circulação é pouco conhecida. Todas essas veias possuem ao longo de seu
o A histamina é liberada em todos os tecidos lesados trajeto as válvulas que permitem que o sangue flua do
a partir dos eosinófilos e dos mastócitos; tem ação sistema superficial para o profundo, mas não no
vasodilatadora arteriolar e aumenta a sentido contrário.
permeabilidade capilar. As panturrilhas possuem um importante papel
o As prostaglandinas constituem um grupo no retorno venoso, pois sua contração durante a
heterogêneo de substâncias, algumas com ação deambulação impulsiona o sangue no sentido cefálico,
vasodilatadora e outras, vasoconstritora. uma vez que as válvulas impedem o retorno.
Obs.: Os íons sódio, magnésio e potássio, quando em O sistema venoso periférico é constituído de
níveis elevados, produzem vasodilatação; o aumento capilares venosos, vênulas e veias (de pequeno, médio
do cálcio determina vasoconstrição. Quando há e grande calibres).
aumento ou grande diminuição da concentração do Os capilares venosos são continuação direta
hidrogênio, determina-se vasodilatação; diminuição dos capilares arteriais, dos quais recebem o fluxo
discreta deste íon provoca vasoconstrição. sanguíneo. Os capilares confluem para formar as
vênulas, que se juntam para formar as veias, cujo
Regulação local do fluxo sanguíneo: calibre aumenta à medida que se aproximam das veias
• O fluxo sanguíneo nos leitos capilares é cavas.
controlado por mecanismos locais, mediados As veias de pequeno e médio calibres
principalmente pela concentração de oxigênio, distribuem-se superficial e profundamente com
óxido nítrico, CO2 e Hidrogênio. Basicamente, o relação ao plano aponeurótico; as grandes veias são
aumento da concentração de oxigênio produz profundas. O sistema venoso superficial e profundo
contração do esfíncter pré-capilar, diminuindo o comunicam-se pelas veias que atravessam a
fluxo, enquanto a diminuição provoca aponeurose, chamadas veias perfurantes.
relaxamento do esfíncter pré-capilar, As veias profundas das extremidades
aumentando a perfusão. acompanham as artérias homônimas. Em geral, são 2
VEIAS veias para uma artéria, exceção para as veias femorais
As veias dos membros superiores, juntamente comuns, veias femorais superficiais, veias poplíteas,
com as da região superior do tronco, da cabeça e do veias axilares, veias jugulares internas que
pescoço, drenam para a veia cava superior. Já as veias acompanham as carótidas, veias subclávias, tronco
dos membros inferiores e da região inferior do tronco braquicefálico (direito e esquerdo), veias ilíacas
drenam para a veia cava inferior. externas e veias ilíacas internas.
As veias profundas dos membros inferiores A parede venosa, bem mais fina que a arterial,
transportam cerca de 90% do retorno venoso e em virtude da menor espessura da camada muscular, é
possuem um bom suporte dos tecidos circundantes. Já constituída do endotélio ou íntima, da camada média
as veias superficiais se localizam no subcutâneo e ou muscular e da adventícia. A elasticidade das paredes
possuem um suporte tecidual precário, entre elas venosas é bem maior que a das artérias.
temos: O sistema venoso funciona como condutor e
• Veia safena interna (safena magna): origina-se no como reservatório de sangue, sendo para isso provido
dorso do pé, passa anteriormente ao maléolo de válvulas, geralmente bicúspedes, que dirigem a
medial e atravessa a face interna do membros corrente sanguínea da periferia para o centro e da
inferiores para alcançar a veia femoral, abaixo do superfície para a parte profunda do organismo. Nos
ligamento inguinal.
membros inferiores, o número de válvulas costumam aumento da pressão no átrio direito, que pode chegar
ser maior que nos membros superiores. a 30 mmHg.
Quando há aumento da pressão no átrio
Obs.: As veias cavas (inferior e superior), os troncos direito, dificulta-se o retorno venoso e aparece estase
braquicefálicos (direito e esquerdo) e as veias da nas veias, fenômeno facilmente evidenciável nas
cabeça são desprovidas de válvulas. jugulares. Quando a pressão atrial é negativa, o retorno
venoso é favorecido, pois esta câmara funciona como
Fisiologia do sistema venoso uma bomba aspirativa.
O sistema venoso funciona como reservatório A pressão intratorácica, que é normalmente
e condutor do sangue, da periferia para o átrio direito. negativa, durante a inspiração tem esta negatividade
A função armazenadora está relacionada com aumentada, constituindo importante fator na
a grande capacidade que as veias têm de distensão, à aspiração do sangue periférico. Além disso, a
medida que aumenta a pressão venosa. A esta inspiração, ao abaixar o diafragma, aumenta a pressão
propriedade dá-se o nome de capacitância venosa, intra-abdominal, comprimindo as veias viscerais e a
distensibilidade total, distensibilidade volumétrica ou veia cava inferior, de modo a impulsionar o sangue
complacência. As veias exibem qualidade plástica que para o átrio. Na expiração, o diafragma se eleva,
faz com que suas paredes se contraiam e relaxem em diminuindo a pressão intra-abdominal e fazendo com
resposta à quantidade de sangue presente na que o sangue das extremidades inferiores seja aspirado
circulação. para a veia cava inferior.
Em condições normais, o volume do sangue do O gradiente de pressão entre as veias
sistema venoso é, no máximo, ¾ da volemia total. periféricas e o átrio direito constitui um dos principais
Retorno venoso é o fluxo sanguíneo que chega ao mecanismos do retorno venoso / fluxo sanguíneo.
coração direito proveniente da circulação periférica. O A volemia é um fator preponderante na
retorno venoso e o débito cardíaco são funções manutenção da pressão venosa periférica.
interdependentes, e qualquer alteração em uma afeta Hipovolemia de qualquer natureza provoca queda da
a outra. pressão venosa periférica e, consequentemente,
O fluxo sanguíneo venoso alcança o átrio diminuição do retorno venoso. Nos casos de
direito em virtude de vários fatores, representados hipervolemia, ocorre o inverso.
por: vis a tergo, vis a fronte, bomba muscular, válvulas As ondas dos pulsos arteriais provocam
venosas, batimentos arteriais, volemia, gradiente de compressão das veias satélites, as quais, por meio das
pressão periférica e central. válvulas, orientam o fluxo sanguíneo centripetante. A
Vis a tergo é a pressão residual da sístole ventricular contração da musculatura comprime as veias intra e
esquerda transmitida aos capilares venosos e vênulas intermusculares, aumentando a pressão venosa que,
por meio dos capilares arteriais. Esta pressão é de pela disposição das válvulas venosas, propele o sangue
aproximadamente 15 mmHg. em direção ao átrio direito.
Vis a fronte é o conjunto de mecanismos que Outro mecanismo importante do retorno
atuam no coração direito e no tórax, favorecendo o venoso é a compressão do coxim plantar durante a
retorno venoso. Dentre estes, estão a pressão do átrio marcha, que expulsa o sangue de seu interior para as
direito, a sucção cardíaca sobre as veias centrais a veias da perna.
pressão negativa intratorácica e a pressão positiva SISTEMA E GÂNGLIOS LINFÁTICOS
intra-abdominal. Apenas os gânglios linfáticos superficiais são acessíveis
Em condições normais, o valor da pressão no ao exame físico. Incluem-se os gânglios:
átrio direito ou pressão venosa central é em torno de 0 • Cervicais;
mmHg. A regulação é feita de acordo com o retorno
• Axilares;
venoso e com a capacidade do ventrículo direito de
• Braços (membros superiores);
bombear o sangue que lhe chega.
• Pernas (membros inferiores).
Falência do ventrículo esquerdo, hipertensão
pulmonar e falência do ventrículo direito provocam
Noções de anatomia e fisiologia: intersticial, o que propicia maior absorção de líquidos
O sistema linfático é constituído dos vasos pelo capilar venoso.
linfáticos e dos linfonodos. Os capilares e os vasos linfáticos apresentam
Os vasos linfáticos originam-se na válvulas.
microcirculação, como capilares linfáticos, os quais Outros fatores que influem no fluxo linfático
formam uma extensa rede entre os capilares arteriais são a contração dos músculos esqueléticos que
e os venosos. comprimem os coletores linfáticos e os movimentos do
Os capilares linfáticos se unem para formar os corpo. Isso porque qualquer movimento faz com que
vasos linfáticos. Os linfáticos desembocam em haja estiramento da pele, de músculos e tendões,
linfonodos que se agrupam na nuca, no pescoço, nas provocando compressão nos coletores linfáticos. A
axilas, nas virilhas, nos hilos pulmonares e ao longo dos contração das artérias também leva à compressão dos
vasos ilíacos, da aorta e da veia cava inferior. linfáticos.
Dos linfonodos nascem os vasos linfáticos Por fim, outro fator é a compressão extrínseca
eferentes em menor número que os aferentes, porém, ocasionada por roupas, calçados e ligas.
mas calibrosos. Os vasos linfáticos eferentes podem Diminuição da remoção de proteínas e de
desembocar em outros linfonodos ou, juntando-se a líquido pelo sistema linfático ocasiona o edema de
outros, formar coletores mais calibrosos. origem linfática, que, inicialmente, tal como o edema
Os vasos linfáticos dos membros inferiores da insuficiência venosa e de outras causas, é mole e
unem-se, no nível do abdome, aos viscerais, formando depressível, regredindo com o repouso. No entanto,
o ducto torácico, o qual caminha ao longo da coluna com o passar do tempo, o acúmulo de proteína no
vertebral, para ele se dirigindo os vasos do mediastino; interstício estimula a proliferação fibroblástica no
desemboca na junção da veia jugular interna esquerda tecido subcutâneo, causando uma fibrose que altera as
com a subclávia esquerda. Na altura da sua crossa, na características do edema, o qual se torna duro, pouco
inserção nestas veias, recebe os vasos oriundos do depressível, não desaparecendo com o repouso,
membro superior esquerdo e da metade esquerda da chamando-se, então, linfedema.
cabeça e pescoço.
Os vasos linfáticos do membro superior direito ANAMNESE VASCULAR
juntam-se aos da metade direita da cabeça e do
pescoço, formando o ducto linfático direito, que ANAMNESE DAS ARTÉRIAS
desemboca na junção da veia jugular interna direita Algumas enfermidades vasculares se manifestam
com a subclávia direita. preferencialmente em um dos sexos. A tromboangiite
As funções do sistema linfático são: obliterante, por exemplo, acomete os homens em uma
• Remoção de proteínas do líquido intersticial; proporção de 9:1, com relação às mulheres. Já a
doença de Takayasu aparece principalmente nas
• Remoção de bactérias e sua destruição;
mulheres, assim como as varizes.
• Formação de anticorpos;
A idade é um elemento importante no
• Absorção de nutrientes no nível dos intestinos.
raciocínio diagnóstico, pois as vasculopatias têm suas
faixas etárias preferenciais. Exemplos: a tromboangiite
Fatores que determinam o fluxo linfático:
obliterante, a doença de Takayasu costumam aparecer
Determinam o fluxo linfático: pressão do
até os 40 anos; a aterosclerose surge após os 40 ou 50
líquido intersticial, válvulas dos vasos linfáticos, bomba
anos; e a arterite temporal é mais comum em pessoas
linfática, contração dos músculos e movimentação do
acima de 60 anos de idade.
corpo.
A raça também tem importância no
A pressão do líquido intersticial varia de acordo
diagnóstico. A tromboangiite obliterante, por exemplo,
com a quantidade de líquido e de proteínas no
tem maior incidência entre os povos orientais e
interstício e com a compressão dos tecidos adjacentes.
semitas.
Aumento da pressão intersticial incrementa a
Nos antecedentes pessoais, é importante a
absorção de líquido pelos linfáticos, juntamente com
pesquisa de doenças que possam se manifestas no
os quais são absorvidos proteínas. A absorção de
sistema vascular, tais como lues, tuberculose, doenças
proteína diminui a pressão coloidosmótica do líquido
cardíacas de um modo geral, colagenoses, febre EXAME FÍSICO – ARTÉRIAS
reumática, diabetes e hipertensão arterial.
Determinados trabalhos podem causar, INSPEÇÃO DAS ARTÉRIAS
agravar ou desencadear doença arterial, destacando- A própria atitude do paciente já pode auxiliar
se os seguintes: no diagnóstico. Pacientes com isquemia severa dos
• Trabalho com martelo pneumático pode membros inferiores tentam facilitar o aporte
ocasionar traumatismo nas artérias das mãos; sanguíneo ao deixar o membro isquêmico pender do
leito (contando, assim, com a ajuda da gravidade). Esta
• Trabalhadores em câmaras frigoríficas estão mais
posição é típica em pacientes com tromboangeíte
sujeitos a sofrer alterações nas extremidades
obliterante, mas pode ser vista também em pacientes
(dedos, nariz, orelhas) produzidas por vasospasmo
com doença aterosclerótica.
induzido pelo frio;
A musculatura dos membros também devem
O tabaco tem indiscutível ação deletéria sobre
ser avaliada. No caso de coarctação da aorta, há um
o sistema arterial, causando vasospasmo e edema da
desbalanço entre os membros, com um
íntima, além de aumentar a adesividade plaquetária.
desenvolvimento avantajado dos braços e
Tais alterações propiciam o aparecimento da
subdesenvolvimento dos membros inferiores. Atrofia
trombose, principalmente nas pequenas artérias.
muscular dos membros inferiores é encontrada na
ANAMNESE VEIAS síndrome de Leriche (obstrução aterosclerótica da
Para o diagnóstico das doenças das veias, destacam-se bifurcação aortoilíaca).
os seguintes dados: A cor da pele depende do fluxo sanguíneo, do
• Número de gestações (fator de risco para o grau de oxigenação da hemoglobina e da quantidade
aparecimento de varizes); de melanina presente apresentando indícios da
• Cirurgias prévias (manipulação tecidual pode irrigação do membro. Esta avaliação deve ser
causar trombose venosa); conjugada à temperatura do membro, já que também
• Traumatismo (também pode causar trombose se dá em função de sua irrigação. Palidez aparece
venosa); quando há diminuição acentuada do fluxo sanguíneo
• Permanência prolongada no leito (trombose no leito cutâneo – isto é, mais marcante em casos de
venosa); sofrimento arterial agudo. Quando o fluxo de sangue
• Imobilização prolongada com gesso ou tração; no leito capilar se torna lento, se consome quase todo
• Uso de anticoncepcionais (trombose venosa e o oxigênio, de modo que o acúmulo de hemoglobina
varizes); reduzida dá origem à cianose local. Quando essa
• Estado de choque; apresenta cor vermelha-arroxeada dá-se o nome de
• Desidratação; eritrocianose
• Antecedentes de neoplasias e prática de As alterações de cor podem ser intermitentes,
esportes (alguns esportes, como levantamento como é o Fenômeno de Raynaud, fruto da
de peso, basquetebol e voleibol, podem ser vasomotricidade anormal. Pode ser trifásico (palidez ->
responsáveis pelo aparecimento de varizes). eritrocianose -> vermelhidão) ou bifásico (palidez ->
vermelhidão / eritrocianose -> vermelhidão).
Quando aos antecedentes familiares, admite- Devemos atentar para alterações tróficas
se que a hereditariedade seja um fator importante na acometendo os membros, incluindo a atrofia da pele, a
incidência de varizes. Com relação à profissão, sabe-se diminuição do tecido subcutâneo e a queda de pelos.
que as pessoas que trabalham de pé, permanecendo Alterações ungueais são frequentes, como unhas
paradas por várias horas, como barbeiros, quebradiças, com velocidade de crescimento reduzida
cabeleireiros, balconistas, cirurgiões, odontologistas, e (paciente relata que não necessita cortar as unhas) e
as que fazem esforço físico intenso têm maior hiperceratósicas (espessadas).
propensão a apresentar insuficiência venosa crônica e Em casos de isquemia crítica, podemos
varizes. encontrar necrose tecidual (gangrena). Pode ser seca,
quando existe apenas tecido enegrecido, ou úmida
quando existe infecção sobrejacente. Outro achado na
isquemia crítica é a úlcera de origem arterial. Localiza-
se mais comumente no calcâneo, na borda lateral do sua mão, palpando o pulso com o polegar ou com
pé e na região do maléolo lateral. Possui contornos a mão em garra (contornando a face posterior do
regulares, arredondados e geralmente possui pouca braço do paciente), palpando a artéria com 2°, 3°
profundidade. e 4° quirodáctilos. A outra mão do examinador
PALPAÇÃO DAS ARTÉRIAS pode realizar flexão ou extensão do braço do
A temperatura deve ser analisada, sendo mais paciente, a fim de facilitar a palpação.
bem avaliada utilizando-se o dorso da mão ou dos • Artéria radial: palpada na região lateral da
dedos. superfície flexora do punho (base do 1°
• Hipertermia: aumento da temperatura, deve- quirodáctilo). Palpada pelo examinador com 2°,3°
se chamar atenção para inflamação local. e 4° quirodáctilos. Pode-se realizar a flexão da
• Hipotermia: diminuição da temperatura. mão do paciente, o que facilitará a palpação da
artéria.
• Frialdade: quando já não chega sangue.
Depende do nível de obstrução, vasoespasmo • Artéria ulnar: palpada na região medial da
e circulação colateral. superfície flexora do punho. O examinador deve
“apertar a mão” do paciente, ao passo que com a
Para análise da elasticidade da pele, deve-se outra, em garra, busca pelo pulso com 2°, 3° e 4°
pinçar uma dobra da pele com a polpa dos dedos quirodáctilos. Por ser mais profunda, chega a não
indicador e polegar. A consistência e a mobilidade ser palpável em até 50% dos indivíduos.
sobre os planos profundos também devem ser • Artéria femoral: palpada abaixo do ligamento
percebidos. Doenças como a esclerodermia e a inguinal, a meio caminho entre a espinha ilíaca
tromboangeíte obliterante podem cursar com anterossuperior e a sínfise pubiana. Sua
alterações da pele. Pode-se avaliar também a umidade localização ocorre de maneira transversal ao
da pele com o dorso da mão ou com as polpas digitais. maior eixo do membro e sua palpação de maneira
Deve ser feita pesquisa por frêmito, que é a paralela.
sensação tátil das vibrações produzidas pelo • Artéria poplítea: palpada na região do oco
turbilhonamento do sangue ao passar por uma poplíteo. Sua palpação é algo mais complicada,
estenose ou dilatação. havendo duas formas para sua realização. Em uma
A palpação das artérias propriamente ditas delas, o paciente deve se encontrar em decúbito
revela: ventral e com uma das mãos do examinador no
• Diminuição do pulso; tornozelo do paciente, faz-se flexão da perna para
• Ausência do pulso; relaxamento da musculatura. Com a outra, busca-
se pelas pulsações. Na outra, mais comumente
• Aumento do pulso.
utilizada, o paciente é posto em decúbito dorsal
A amplitude é graduada de 0 a 4+, portanto
com sua perna em semiflexão. As duas mãos do
variando desde a ausência do pulso até as quatro
examinador estarão ao redor dos joelhos, com os
cruzes, quando o pulso se encontra normal. É de
polegares sobre a patela. Com os demais dedos,
fundamental importância também a determinação da
faz-se a procura pelo pulso.
amplitude comparativamente em pulsos homólogos,
pelo mesmo examinador. Outro aspecto a ser • Artéria dorsal do pé: palpada no dorso do pé,
observado é se pulsos homólogos são isócronos (se entre os ligamentos extensores do 1° e 2°
ocorrem ao mesmo tempo) e para isso devem-se pododáctilos, cerca de 5 cm da base do hálux.
palpar os pulsos sinmultaneamente, com exceção do Pode-se estar ausente em cerca de 10% da
pulso carotídeo, onde cada pulso deve ser palpado população.
separadamente e comparado com o pulso radial. • Artéria tibial posterior: com a mão do examinador
em garra é palpada imediatamente atrás do
Análise de cada pulso: maléolo medial.
• Artéria braquial: palpado logo acima da fossa • Artéria carótida: inicialmente o examinador deve
antecubital, medial no tendão do bíceps braquial. afastar a borda anterior do
O examinador pode palpá-lo de duas formas: esternocleiodomastóideo na altura da cartilagem
apoiando o cotovelo do paciente sobre a palma de tireóidea com as polpas digitais do 2°, 3° e 4°
quirodáctilos ao mesmo tempo que analisa as difusamente, devemos levantar a hipótese de
propriedades. É importante lembrar que não insuficiência aórtica. Pulsos femorais e poplíteos
devemos palpá-la perto do ângulo da mandíbula, aumentados podem ser decorrentes de aneurismas
próximo do seio carotídeo, evitando a realização destes vasos, ao passo que um pulso carotídeo
de manobra vagal. aumentado (tipicamente o direito) pode ser causado
• Aorta abdominal: com o paciente em decúbito por um vaso alongado e tortuoso, que faz com que
dorsal, fazendo leve flexão das coxas para duas porções do mesmo se sobreponham (o chamado
promover relaxamento da musculatura Kink carotídeo).
abdominal. Existem duas maneiras de palpá-la: AUSCULTA DAS ARTÉRIAS
com ambas as mãos em paralelo, em garra, como Pode ser feita no trajeto de todas as artérias
se contornassem um cilindro ou com as mãos tronculares do corpo, com o objetivo de detectar
dirigindo a linha média, em disposição algo sopros. Pelo menos devem ser auscultadas as artérias
oblíqua, visando surpreender cada uma das femorais, carotídeas e renais.
paredes laterais do vaso. A palpação deve ser feita Os sopros podem ser sistólicos, sistodiastólicos
entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical. Esta (devido a estenoses ou dilatações) ou contínuos
porção da aorta tem diâmetro de (devido a fístulas arteriovenosas).
aproximadamente 2 cm, podendo ser palpável em A ausculta das carótidas deve ser feita na altura
indivíduos magros. Em caso de aneurismas, da cartilagem tireoide na borda anterior do músculo
quanto maior seu diâmetro, maior a sensibilidade esternocleido-occiptomastoideo, se utilizando o
da palpação para sua detecção. diafragma do estetoscópio. Se não houver boa
adaptação, poderá ser utilizada a campânula
Em algumas situações especiais podemos ir em firmemente aplicada, que transforma a pele esticada
busca de outros pulsos: em um verdadeiro diafragma. A presença do sopro
• Pulso temporal superficial: palpado com o dedo cardíaco, apesar de baixa sensibilidade, apresenta boa
indicador acima da articulação especificidade para a presença de placas
temporomandibular. É a chamada artéria da ateroscleróticas que obliterem a luz em mais de 50%.
anestesia. Pode ser doloroso na vigência da Deve ser diferenciado, no entanto, do sopro irradiado
arterite de células gigantes (antiga arterite do precórdio para o pescoço, sendo este mais audível
temporal) ou até mesmo estar ausente. no tórax.
• Pulso subclávio: palpado com o paciente sentado, A ausculta das artérias renais é essencial
fazendo leve flexão da cabeça para o lado a ser especialmente em pacientes hipertensos, pela
examinado. Os dedos indicadores médio e anular possibilidade de hipertensão secundária. Estes devem
devem ser posicionados na fossa supraclavicular, ser procurados desde a linha mediana até os flancos.
profundamente e posterior à clavícula. Seu sopro, geralmente é sistólico e a presença de um
• Pulso axilar: com o paciente deitado ou sentado sopro que também tenha componente diastólico
enquanto a mão homolateral sustenta o braço do aumenta o valor preditivo para a presença de estenose
paciente, em leve abdução, os dedos da mão de artérias renais.
contralateral procuram comprimir a artéria axilar Sopros abdominais com componente,
contra o colo do úmero no oco axilar. sobretudo, sistólico podem ser auscultados na
• Pulso ilíaco: com o paciente em decúbito dorsal presença de aneurismas abdominais, inclusive em
com as coxas levemente fletidas, o médico deve ocasiões que sequer sejam palpáveis.
posicionar-se do lado a ser examinado e deve
comprimir a parede abdominal ao longo da linha Manobras especiais:
que vai da cicatriz umbilical à parte média do • Manobra de Allen: tem por objetivo verificar a
ligamento inguinal. Estes são palpáveis quando há permeabilidade da artéria ulnar (importante antes
extensão de aneurisma aórtico até esses vasos. de realizar punção da artéria radial para coleta de
sangue) ou da artéria radial.
Obs.: Em algumas situações podemos encontrar Inicialmente o paciente deve manter as mãos
acentuação da amplitude do pulso. Quando esta ocorre com as palmas voltadas para cima. Solicite que
cerre o punho de uma das mãos; em seguida, hiperabdução do braço colocando a mão acima da
comprima firmemente tanto a artéria radial cabeça. Durante o movimento, o examinador deve
quanto a ulnar entre seus dedos e o polegar. Peça avaliar se houve variação na amplitude do pulso.
para que abra a mão, mantendo em uma posição A diminuição deste sugere que a artéria esteja
relaxada. A palma da mão fica pálida. Libere a sofrendo compressão.
pressão sobre a artéria ulnar, caso esteja pérvia, a • Manobra de Isquemia provocada: com o paciente
região palmar apresentará rubor em 3 a 5 em decúbito dorsal, o médico deve observar a
segundos. O mesmo teste deve ser repetido para coloração da região plantar. Em seguida, o
a artéria radial. paciente deve elevar os membros inferiores até o
• Manobra de Adson: utilizada para diagnóstico de ângulo de 90°, mantendo-se nessa posição
compressão da artéria subclávia e do plexo durante cerca de 1 minuto; se for necessário, o
braquial pelo músculo escaleno anterior, costela médico deve auxiliar o paciente a manter os
cervical, processo transverso de C7 ou bridas membros nessa posição. Após 1 minuto, se
fibróticas. O conjunto de manifestações observa a coloração das regiões plantares. Em
decorrentes da compressão do feixe condições normais, não há alteração da coloração
vasculonervoso caracteriza a Síndrome do (ou se houver é muito discreta). Havendo
Desfiladeiro. A manobra deve ser realizada em isquemia, aparece palidez na região plantar do
dois tempos: coloca-se o paciente sentado, com membro comprometido, tanto mais intensa
os membros superiores apoiados sobre os joelhos. quanto for a deficiência de irrigação. No terceiro
Depois, o médico deve palpar o pulso radial e tempo, os membros voltam à posição horizontal,
auscultar a região supraclavicular, do lado que observando-se, então, o tempo necessário para o
está sendo examinado. Em seguida, solicita-se que retorno da coloração normal. O normal é que isso
o paciente faça uma inspiração profunda, ocorra entre 5 e 12 segundos. Se houver isquemia,
retendo-a, seguida de extensão forçada da cabeça este tempo se prolonga, sendo tanto maior
(girada para o lado em exame). Se houver quanto mais intensa for a isquemia. Muitas vezes,
compressão da artéria subclávia, o pulso radial o pé nem mesmo readquire a coloração normal.
diminui de intensidade ou desaparece e surge um Ela passa a ter uma cor vermelho-arroxeada ou
sopro na região supraclavicular (o sopro pode vermelho-vivo, denominada hiperemia reativa.
desaparecer se houver oclusão da artéria). O Nos casos de isquemia muito acentuada, a
paciente pode queixar-se de parestesia ou dor no hiperemia não é homogênea, ficando mesclada
membro superior. com áreas de palidez; nestes casos, é comum
• Manobra Costoclavicular: utilizada para detectar a também haver dor durante a execução da
compressão da artéria subclávia quando passa manobra.
pelo espaço costoclavicular. O paciente deve estar • Manobra de Moser: pede-se ao paciente que faça
sentado, com os membros superiores apoiados seguidas flexões plantares, se apoiando na ponta
sobre os joelhos. Depois, o médico deve palpar o dos pés, por cerca de 1-2 minutos. Estes exercícios
pulso radial e auscultar a região supraclavicular, repetidos poderão desencadear isquemia do
do lado que está sendo examinado. A seguir, o membro, tendo início a mesma dor ou
paciente deve realizar uma inspiração profunda e desconforto narrado pelo paciente durante a
jogar os ombros para trás e para baixo. Se houver anamnese. Outros pontos podem ser observados
compressão da artéria subclávia, o pulso radial após essa manobra: o desaparecimento ou a
diminui de intensidade ou desaparece e surge um diminuição do pulso pedioso indica obstrução
sopro na região supraclavicular. femoral ou ilíaca; sopros femorais que não
• Manobra de Hiperabdução: utilizada para estavam presentes podem passar a ser
detectar a compressão da artéria subclávia pelo auscultados.
tendão do músculo peitoral menor. Inicialmente,
o paciente deve estar sentado e com os membros
superiores apoiados sobre os joelhos, palpa-se,
então, o pulso radial. A seguir, deve-se realizar a
EXAME FÍSICO – VEIAS a pele circunjacente à úlcera mostra
hiperpigmentação. Outra característica marcante é o
INSPEÇÃO DAS VEIAS fato destas lesões serem pouco dolorosas.
Com o paciente em pé e minimamente vestido Quando o acometimento ocorre nos membros
deve-se observar os membros inferiores de frente, de superiores, os achados são bem semelhantes aos
perfil e de costas. Devemos atentar para a presença de encontrados nos membros inferiores, com o membro
circulação colateral na raiz da coxa, região pubiana, podendo apresentar edema com a formação de cacifo,
parede abdominal e torácica, presença de veias varizes superficiais e até mesmo cianose. Um exemplo
varicosas e alterações cutâneas. disso são as tromboses de veia subclávia, associadas,
Varizes (ectasias venosas) são comumente por exemplo, a punções profundas deste vaso,
encontradas em mulheres idosas, grávidas e possuem hipercoagulabilidade ou esforço excessivo com o
predisposição familiar. Elas podem adquirias as mais membro superior (Síndrome de Paget-Shrotter). Outro
variadas formas, se apresentando como serpinginosas, achado é a presença de circulação colateral, na qual
saculares ou estreladas. Sua distribuição deve ser são encontradas varicosidades sobre o deltoide. Na
notada desde os pés até a coxa. presença de trombose da veia cava superior
Uma queixa comum em paciente com (geralmente em decorrência de processos neoplásicos
insuficiência venosa é a de edema de membros acometendo o mediastino), é encontrada uma tríade
inferiores. Edema na insuficiência venoso crônica clássica: cianose facial e de membros superiores,
costuma surgir no período vespertino e desaparece circulação colateral com turgência jugular e edema em
com repouso, em geral é mole e depressível, se esclavinia (que acomete a face, as fossas
localizando nas regiões perimaleolares, mas pode supraclaviculares e pescoço).
alcançar o terço médio das pernas em casos mais
PALPAÇÃO DAS VEIAS
graves. A qualificação do edema deve ser completada
Devem ser pesquisadas alterações
depois da palpação.
relacionadas com temperatura, umidade, sensibilidade
Outra alteração comumente encontrada em
da pele e subcutâneo, características do edema e dor,
pacientes com insuficiência venosa é
em casos como trombose venosa profunda.
hiperpigmentação da pele, chamada de dermatite de
A pesquisa do edema deve ser feita
estase ou dermatite ocre. Inicialmente, podemos
comprimindo com seu polegar durante pelo menos 5
encontrar apenas máculas acastanhadas esparsas, que,
segundos o dorso dos pés, região retromaleolar e pré-
posteriormente, tendem a se confluir, assumindo uma
tibiais. Observe se houve formação de cacifo
disposição que é descrita por alguns como “em bota”,
(depressão formada pelo polegar). Em seguida, deve
por predominar no terço inferior do membro inferior.
ser quantificado o edema em cruzes, de acordo com a
Tudo se deve ao acúmulo de hemossiderina na camada
duração e profundidade do cacifo.
basal da derme, que provém das hemácias que migram
para o interstício e são fagocitadas pelos macrófagos. Cruzes + ++ +++ ++++
Tempo de Retorno 10- 1min 3-
Em algumas ocasiões, pode haver rupturas de varizes,
duração imediato 15s 5min
dando origem a hematomas locais. Pode haver Profundidade 2mm 4mm 6mm 8mm
também cianose do membro acometido. do cacifo
Assim como nas doenças arteriais, podemos A medida dos membros inferiores pode ajudar
encontrar úlceras de etiologia venosa. Há localização a identificar e acompanhar a evolução do edema.
no terço distal-medial da perna, porque a pressão Compare os dois lados: uma diferença mínima deve ser
venosa na região medial é maior. Se a localização for suspeita de edema. A presença de assimetria dos
lateral, quase sempre se deve à abertura traumática. membros, seja o edema presente em apenas um deles
Quando à forma, as úlceras de origem venosa possuem ou muito mais marcante unilateralmente, deve-se
formas bizarras, bordos elevados, grande quantidade levantar a hipótese de trombose venosa profunda, por
de secreção, fungo sujo de fibrina e material necrótico, obstrução à drenagem desse membro.
podendo ser profundas. Bordo vermelho indica que a Deve-se verificar também o estado das
lesão ainda se encontra em desenvolvimento, ao passo paredes venosas. Normalmente, têm consistência
que a presença de tecido de granulação é um sinal de branda, algo resistente. No caso de estase venosa,
recuperação. Vale ressaltar que, na maioria das vezes, estas adquirem consistência mais tensa e enrijecida.
No caso de trombose de veias superficiais, palpa-se o Após a primeira alternativa, retira-se o
algo semelhante a um cordão varicoso. torniquete se as varizes continuarem seu
Identificação de veiais perfurantes na face enchimento caudocranialmente. É sinal de que
medial da perna em seu terço distal (perfurantes de só há insuficiência de perfurantes. Entretanto
Cockett), na face medial da perna em seu terço se houver rápido enchimento no sentido
proximal (perfurantes de Boyd), na face medial da coxa craniocaudal, é porque também existe
em seu terço distal (perfurante de Dold). Cumprime-se insuficiência da válvula ostial da safena
a área possível e, com pequenos movimentos interna.
circulares se consegue delimitar uma depressão de
bordas nítidas.
AUSCULTA DAS VEIAS
Detecção de sopros em casos de fístulas
arteriovenosas ou na grande insuficiência da crossa da
safena interna.

Manobras especiais:
• Manobra de Brodie-Trendelenburg Modificada:
utilizada para diagnóstico de insuficiência da
válvula ostial da safena interna e das válvulas de
veias perfurantes, sendo realizada em três
tempos: • Manobra de Homans: consiste na dorsiflexão
o Paciente posicionado em decúbito dorsal; forçada de pé paciente com suspeita de trombose
o Eleva-se o membro comprometido a venosa profunda. Se a manobra provocar dor
quase 90°, esvaziando-se as varizes com intensa na panturrilha, ela é positiva, indicando
massagens na perna no sentido positividade de tromboso venosa profunda.
craniocaudal. A seguir, coloca-se um • Manobra de Denecke-Payr: consiste na
torniquete na raiz da coxa, logo abaixo da compressão com o polegar na planta do pé contra
crossa da safena, com pressão suficiente o plano ósseo. Se a manobra provocar dor intensa,
para bloquear a circulação venosa ela é positiva e indica a possibilidade de trombose
superficial. das veiais profundas do pe.
o O paciente assume a posição ortostática, • Manobra de Olow: consiste na compressão da
e se observa o que ocorre com as veias da musculatura da panturrilha contra o palmo ósseo,
perna. Se houver dor, a manobra é positiva, levantando
suspeita de trombose das veias da panturrilha.
Obs.: Normalmente, a veia safena se enche de baixo • Prova de Schwartz: com o paciente na posição
para cima e o fluxo de sangue do leito capilar até o ortostática, palpa-se a veia safena magna com
sistema nervoso demora cerca de 35 segundos. São uma das mãos, com concomitantemente
possíveis as alternativas anormais: percussão digital das dilatações venosas distais no
o Ao se colocar o paciente de pé com o nível da palpação da safena, explorando com a
torniquete, observa-se o rápido enchimento outra mão se é possível sentir a onda de
das varizes no sentido craniocaudal. Isso transmissão. A propagação retrógrada da onda é
demonstra a presença de perfurantes indicativa de insuficiência valvular e hipertensção
insuficientes. venosa.
o Retirando-se o torniquete, há um rápido
enchimento das varizes com o fluxo sanguíneo EXAME FÍSICO – SISTEMA LINFÁTICO
no sentido craniocaudal. Isso caracteriza Neste caso, observamos um edema de
insuficiência da válvula ostial da safena características especiais, resultante do acúmulo de
interna. proteínas no interstício por falha na drenagem
linfática. O linfedema é raro e mais frequente em
mulheres do que em homens. Ao contrário do edema maioria dos casos é de grande intensidade, o que é
venoso, ele é frio e duro, devido à fibrose decorrente uma característica marcante. Vale ressaltar que a
do acúmulo de fibroblastos e fibrina. Normalmente, é presença de neuropatia pode mascarar a intensidade
indolor (havendo processo inflamatório associado, deste sintoma.
pode haver linfedema quente e doloroso). Acomete o Exame físico (redução ou ausência de pulsos,
dorso do pé e pododáctilos e não atinge o calcâneo. alterações tróficas, diminuição da pilificação,
Observa-se alterações cutâneas também. A manobras positivas).
pele torna-se fosca, adquirindo o aspecto semelhante
a casca de laranja. Trombose Venosa Profunda:
Pode ser encontrado o Sinal de Stemmer, Coagulação sanguínea intravenosa que leva à
quando não se pode pinçar a pele da parte superior dos formação aguda de trombos oclusivos ou não. Para que
pododáctilos. isso ocorra, deve existir um, dois ou três fatores da
A elefantíase, com alterações tróficas cutâneas tríade de Virchow (lesão parietal; estase sanguínea;
(eczema, necrose, erosões, úlcera) constitui o estágio distúrbios hematológicos da coagulação).
mais avançado de linfedema. Manifestações clínicas locais: aumento do
volume do membro (deve-se suspeitar fortemente de
GRANDES SÍNDROMES trombose venosa profunda quando o doente
apresentar edema unilateral); dor; eritema ou cianose;
Isquemia Arterial Aguda:
febre baixa. A extensão do edema (toda a perna ou
Tanto as queixas do paciente quanto os achados do
apensar infrapatelar) será diretamente proporcional
exame físico podem ser resumidos em:
ao vaso trombosado (mais distal ou proximal). Diversas
• Membro frio;
vezes os sinais são inespecíficos, tornando-se
• Dor;
fundamental que o examinador fique atento aos
• Ausência ou diminuição de pulso;
sintomas do paciente e, muitas vezes, solicite exames
• Parestesias;
complementares para o diagnóstico.
• Mais tardiamente, relacionada com a perda
Exame físico:
funcional.
• Sinal de Pratt: veias pré-tibiais túrgidas (ocorre
Como a oclusão pode ser tanto por trombose
quando existe um trombo impedindo a drenagem
quanto por embolização, é mandatória a pesquisa por
do sistema superficial para o profundo – veias
arritmia cardíaca ao exame físico. O sintoma mais
sentinelas).
precoce é o de dor no membro, podendo preceder as
• Sinal de Neuhoff: empastamento muscular da
alterações ao exame físico.
panturrilha.
• Sinal de Homans: dor à dorsiflexão forçada do pé.
Isquemia Arterial Crônica:
• Sinal de Duque: retificação do oco poplíteo.
A queixa mais frequente é a claudicação
• Sinal de Olow: dor ao pressionar os músculos da
intermitente que é relatada como dor induzida pelo
panturrilha contra o plano ósseo.
exercício que não ocorre em repouso, força o paciente
a interromper o esforço, desaparecendo após alguns • Sinal de Lowenberg: dor à compressão da
minutos de repouso. Com a progressão da doença, a panturrilha pela esfigmomanômetro na
distância que o paciente consegue caminhar vai panturrilha com pressão entre 60 e 180 mmHg;
diminuindo. Com a evolução do quadro pode, chegar a em uma pessoa sem trombose suporte bem uma
ocorrer dor em repouso, gangrena ou ulceração pressão de 250 mmHg.
(chamada de isquemia crítica que reflete maior • Sinais de Ducuing: trombose das veias pélvicas e
gravidade do quadro). ilíacas internas, com edema pubiano, edemas de
A úlcera decorrente de insuficiência arterial órgãos genitais externos, disúria, retenção ou
possui localização preferencial em artelhos, pés, incontinência de urina, meteorismo, tenesmo e
regiões de traumatismos como face anterior da tíbia e dor à defecação;
maléolo lateral. A pele circunjacente não apresenta
alterações como calos e hiperpigmentação, sendo, Vale ressaltar que, apesar de classicamente
muitas vezes, atrófica. A dor na região ulcerada na descritos, a sensibilidade e a especificidade desses
sinais torna sua aplicação clínica limitada. O sinal mais
sensível para trombose venosa profunda segue sendo
a diferença de volume entre os membros. Esta nem
sempre é visível, sendo, portanto, necessária a medida
da circunferência do membro, como citado
anteriormente. Em casos de tromboses proximais
graves, podem ser encontradas duas síndromes: a
phlegmasia cerúlea dolens e phlegmasia alba dolens.
Por sorte, são raras. Na primeira, devido à grande
obstrução ao retorno, todo membro se torna
edemaciado e cianótico, chegando, em um segundo
momento, a levar ao sofrimento arterial. Já na
segunda, geralmente associada à gravidez, todo
membro se encontra pálido e edemaciado.

Insuficiência Venosa Crônica:


Consiste no conjunto de alterações da pele e
tecido subcutâneo, decorrentes de uma hipertensão
venosa de longa duração. Pode ser consequência de
trombose venosa crônica e/ou incompetência valvar.
Após a trombose venosa profunda, os delicados
folhetos valvares se tornam espessados e contraídos e
não impedem o fluxo retrógrado de sangue. Já a
incompetência secundária se desenvolve nas valvas
distais porque as pressões elevadas distendem a veia e
separam os folhetos.
Manifestações clínicas: edema de membros
inferiores (sobretudo do final do dia), parestesias,
“sensação de peso”. Após um episódio de trombose
venosa profunda, cerca de 30% dos pacientes evoluem
com clínica de insuficiência crônica, por recanalização
incompleta e alterações das válvulas – Síndrome pós-
trombótica.
Exame físico: edema com cacifo que piora com
a posição ereta prolongada, hiperpigmentação da pele,
úlceras, eritema e dermatite ocorrem
preferencialmente na parte distal da perna, podendo
ocorre ulceração cutânea próximo aos maléolos medial
(maioria dos casos) e lateral.

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