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APOSTILA CRSCON8102

Curso:CiênciasCon
tábeis
Disciplina: Perícia Contábil
Professor: Claudio Oliveira
Semestre: 2010/2

PERÍCIA CONTÁBIL – SUA AMPLITUDE DE ATUAÇÃO

1 Breve Histórico
2 Conceituação
3 Tipos de Perícia
3.1 Perícia Judicial
3.2 Perícia Contábil Judicial
3.3 Perícia Semi Judicial
3.4 Perícia Extra Judicial
3.5 Perícia Arbitral
4 Objetivos da Perícia Contábil
5 Prova Pericial
6 Utilização de Trabalho de Especialista
7 A Pericia em Face de Fraudes e Irregularidades
8 Laudo Pericial
9Parecer `Pericial Contábil
10 Perito Contador
10.1 Saber Técnico Científico
10.2 Vivência Profissional
10.3 Perspicácia e Sagacidade
10.4 Índole Criativa e Intuitiva
11 Impedimento
12 Plano de Trabalho Pericial
13 Honorários
13.1 Em Processo Judicial
13.2 Em Inquérito Policial
13.3 Em Comissões Parlamentares de Inquérito
13.4 Em Juízo Arbitral
14 Sigilo
15 Responsabilidade do Perito
16 Ética e a Perícia
Considerações Finais

BREVE HISTÓRICO.

Observam-se indícios de perícia desde o inicio da civilização, entre os homens primitivos,


quando o líder desempenhava todos os papeis : de juiz, de legislador e executor.

Há registros, na Índia, do surgimento do árbitro eleito pelas partes, que desempenhava o


papel de perito e juiz ao mesmo tempo.

Também há vestígios de Perícia nos antigos registros da Grécia e do Egito, com o


surgimento das instituições jurídicas, área em que já naquela época, se recorria aos
conhecimentos de pessoas especializadas.

Porém, a figura do perito, ainda que associada a árbitro, fica definida no Direito Romano
primitivo, no qual o laudo do perito constituía a própria sentença.

Depois da Idade Média, com o desenvolvimento jurídico ocidental, a figura do perito


desvinculou-se da do árbitro.

Citando Fonseca Apud Alberto (2000:38) :


“A partir do século XVII, criou-se definitivamente a figura do perito como auxiliar da
justiça, e ao perito extrajudicial, permitindo assim a especialidade do trabalho judicial.”

De Sá (1997:13) :

No tempo do Brasil Colônia, relevante já era a função contábil e das perícias, conforme
se encontra claramente evidenciado no Relatório de 19 de junho de 1779 doVice-rei
Marquês do Lavradio a seu sucessor Luís de Vasconcelos e Souza (Arquivo Nacional
do Rio de Janeiro).

Ainda citando Fonseca Apud Oliveira (2000:38), temos :

“No Brasil, a Perícia Judicial foi introduzida pelo Código de Processo Civil de 1939, em
seus artigos 208 e 254, que regulam a Perícia, nomeação do perito pelo juiz e
indicação pelas partes.”

1 - INTRODUÇÃO

A perícia pode ser entendida como sendo qualquer trabalho de natureza específica.
Pode haver em qualquer área, sempre onde existir a controvérsia ou a pendência, inclusive
em algumas situações empíricas (baseada na experiência sem caráter cientifico). Sua origem é
no interesse de pessoas litigantes, no interesse da justiça e no interesse público, podendo ser:
arbitral, judicial, extrajudicial, administrativa ou operacional. As mais conhecidas são
classificadas como sendo de natureza criminal, contábil, trabalhista e outras que necessitem de
constatação, prova ou demuonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas
e fatos.

A instalação de uma Perícia Judicial poderá ser provocada por uma das partes
interessadas ou no entendimento do Juízo, em caso de o processo não apresentar elementos
suficientes de convencimento que levem a um julgamento justo. O objetivo da perícia é trazer
aos autos provas materiais ou científicas obtidas por meio de procedimentos como: exame,
vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação
(Resolução nº 858/99 - Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC T 13 - Da Perícia Contábil -
Conselho Federal de Contabilidade).

2 CONCEITUAÇÃO.

A expressão Perícia advém do Latim: Peritia, que em seu sentido próprio significa
Conhecimento (adquirido pela experiência), bem como Experiência.

Aplica-se a Perícia, por incumbência direta ou indireta dos interessados, para que este
examine, refira e opine com relação à matéria.
Através das citações de D´Áurea et al (1953:134) :

“(...) a perícia é o testemunho de uma ou mais pessoas técnicas, no sentido de fazer


conhecer um fato cuja existência não pode ser acertada ou juridicamente apreciada,
senão apoiada em especiais conhecimentos científicos ou técnicos”.

“(...) a perícia se inclue nos meios de prova, nitidamente diferenciada do testemunho”.

Portanto, Perícia é a forma de se demonstrar, por meio de laudo pericial, a verdade de


fatos ocorridos contestados por interessados, examinados por especialista do assunto, e a qual
servirá como meio de prova em que se baseia o juiz para resolução de determinado processo.

A Perícia pode ser realizada em todas as áreas do conhecimento humano.

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Podemos observar que desde os tempos primórdios a figura do Contabilista esteve
presente em diversos momentos da história. Esta situação apenas vem demonstrar a sua
importância, tanto para a sociedade física quanto para a jurídica.

Semelhantemente a "perícia contábil", demonstrou sua necessidade e importância, vindo


a ser legalizada, através das Normas Brasileiras de Contabilidade e pelo Código de Processo
Civil.

3 TIPOS DE PERÍCIA.

Muitos são os casos de ações judiciais para os quais se requer a Perícia Contábil.

Como força de prova, alicerçada em outros elementos que provam, como a escrita
contábil, os documentos, entre outros, a perícia é específica.

São elas às vezes decisivas nos Julgamentos. Onde se envolvem fatos patrimoniais de
pessoas, empresas, instituições, portanto, onde esteja a dúvida, aparece a perícia como
auxiliar.

Logo, grande é o campo de ação do Perito Contábil.

3.1 PERÍCIA JUDICIAL.

A perícia judicial é especifica e define-se pelo texto da lei; estabelece o artigo 420 do
Código de Processo Civil na parte relativa ao “Processo de Conhecimento”:

“a prova pericial consiste em exame, vistoria e avaliação.”

Ela se motiva no fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou especializado de


um profissional para poder decidir; essas perícias podem ser :

 Oficiais : determinadas pelo juiz sem requerimento das partes;


 Requeridas : determinadas pelo juiz, com requerimento das partes;
 Necessárias : quando a lei ou a natureza do fato impõe sua realização;
 Facultativas : o juiz determina, se houver conveniência;
 Perícias de presente : realizadas no curso do processo;
 Perícias do futuro : são as cautelares preparatórias da ação principal. Visam a
perpetuar fatos que podem desaparecer com o tempo.

O profissional a realizar estas perícias, deverá atentar-se ao objeto de forma clara e


objetiva, pois em todos os casos a perícia terá força de prova, e isto implica responsabilidade
para o perito, quer civil, quer criminal.

CICLO NORMAL DA PERICIA JUDICIAL


Podemos dizer que o ciclo da pericia judicial envolve seu curso, em suas fases: Preliminar,
Operacional e Final.

FASE PRELIMINAR:
1. A pericia é requerida ao juiz, pela parte interessada na mesma;
2. O juiz defere a pericia e escolhe o perito;
3. As partes formulam quesitos e indicam seus assistentes;
4. Os peritos são certificados da indicação;
5. Os peritos propõem os honorários e requerem deposito;
6. O juiz estabelece prazo, local e hora para inicio.

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Ainda segundo o mesmo autor, de Sá (1997:63) , o ciclo da Perícia Judicial compõe-se de três
fases:

FASE OPERACIONAL:
7. Inicio da perícia e diligências;
8. Curso do trabalho;
9. Elaboração do laudo;

FASE FINAL:
10. Assinatura do laudo;
11. Entregado laudo ou laudos;
12. Levantamento dos honorários;
13. Esclarecimentos (se requeridos).

Em todas as fases, existem prazos e formalidades a serem cumpridas.”

3.1.2 - O PERITO (EXPERT)

O profissional no desempenho da função pericial deve considerar os efeitos em


benefício da sociedade, propiciando bem-estar a todos que têm interesse no deslinde da
controvérsia. As características de excelência moral, intelectual e técnica são condições
essenciais para o encargo a ser confiado pelo Juízo. Dentre as principais qualidades que
formarão o conjunto de capacitação do perito, temos como exemplo, a Ética que conduz a um
trabalho honesto e eficaz em decorrência de uma formação sadia do profissional.

É acrescido também ao perito a capacidade de estar sempre atualizado, pesquisando


novas técnicas e estar sempre preparado para a execução de trabalhos de boa qualidade.

O principal lastro de sustentação da realização profissional constitui-se basicamente


pelo compromisso moral e ético do perito com a sua classe profissional e, consequentemente,
com a sociedade.

As atividades de Perícia Contábil são prerrogativas do Bacharel em Ciências Contábeis


e reguladas pelas Resoluções nº 857 - Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC P2 -
Normas Profissionais do Perito e nº 858/99 - Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC 13 -
Da Perícia Contábil, do Conselho Federal de Contabilidade, publicados no Diário Oficial da
União de 29 de outubro de 1999.

3.1.3 - CURRICULUM VITAE

Um dos itens importantes para o ingresso no mercado é o da apresentação do


Curriculum Vitae. O perito deverá ter disponível um detalhado de no máximo 02(duas) laudas
(fls), contendo no mínimo a identificação, endereço completo (telefone, fax, e-mail), qualificação
(curso de formação, especialização e outros específicos), referências (profissionais, pessoais e
periciais, caso já tenha sido nomeado pelo Juízo), a área de atuação desejável (dar uma
ênfase especial a área de formação e que tenha experiência profissional).

De posse do Curriculum Vitae, o primeiro passo é protocolar via petição o Curriculum


Vitae na Diretoria Geral da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios,
para efetuar a inscrição no Cadastro Único de Peritos - instiuido pela Portaria CG Nº 52, de
14/02/2006 e posteriormente alterada pela Portaria GC Nº 657 de 27 de setembro de 2006.

Nos termos da Portaria da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Distrito Federal


e Territórios - TJDFT, o Cadastro será organizado por especialidade e disponibilizado aos
magistrados no sistema informatizado do Tribunal. Homologado a inscrição, deverá o perito,
pessoalmente protocolar nas Secretarias das Varas que desejar ser nomeado, pois alguns
Juizes preferem conhecer o perito-candidato e poderá entrevistá-lo de imediato. Após o
protocolo, o documento ficará arquivado nas Secretarias dos Cartórios do Tribunal de Justiça

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do Distrito Federal e Territórios (Varas Cíveis, Fazenda Pública, Criminais, Falência e
Concordatas e Órfãos e Sucessões). Querendo o perito ainda, efetuar cadastro na Justiça
Federal e na Justiça do Trabalho (Varas Trabalhistas), deverá fazê-lo por Tribunal.

3.1.4 - NOMEAÇÃO DO PERITO JUDICIAL

Após a rejeição de conciliação na "Audiência de Conciliação" o Juízo deverá nomear o


perito, conforme o artigo 421 do Código do Processo Civil que prevê:

"Art 421 - O juiz nomeará o perito fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.
Parágrafo 1º - Incumbe às partes, dentro em cinco (5) dias, contados da
intimação do despacho de nomeação do perito;
I - indicar o assistente técnico;
II - apresentar quesitos.
Parágrafo 2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir
apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da
audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem
informalmente examinado ou avaliado"
A nomeação poderá ser no próprio Termo de Audiência de Conciliação, onde não
havendo conciliação, as partes solicitam a realização de uma perícia técnica contábil. O Juízo
defere o pedido, entendendo ser necessário a presença de um expert no tema da controvérsia,
objetivando o deslinde, nomeará um perito de sua confiança e se dará nos seguintes termos:
..."Defiro a prova pericial requerida. Nomeio perito deste Juízo, o Contador Dr. Douglas Will
Martins com endereço na Secretaria, que terá vista dos autos e aceitando apresentará a
proposta de honorários, faculto às partes a indicação de seus assistentes técnicos e
apresentação de quesitos e,m 05 dias" .
As intimações, inclusive da nomeação se dará através do "Mandato de Intimação" por
via postal - AR ou também por via telefone devidamente certificado pela Diretora de Secretaria,
junto aos autos. A falta de intimação do despacho de nomeação do perito pode ser suprida
pelo Juiz com ampliação do prazo estipulado no Código de Processo Civil, artigo 421, § 1º
"Incumbe às partes dentro em (5) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do
perito".

A faculdade de indicação do Perito Assistente é que não sendo perito do Juízo, é


entendido como mero assessor do litigante. Por isso, cada litisconsorte é livre de indicar o seu
assistente, especialmente no caso de interesses distintos ou antagônicos (Art. 421: 3 Código
de Processo Civil).

As partes apresentando os quesitos, pode o juiz analisá-los e excluir aqueles não


pertinentes ao litígio ou incluir outros se assim entender, conforme previsto no artigo 426 do
Código do Processo Civil, que compete ao juiz: " I - Indeferir quesitos impertinentes e II -
formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa." , mas deve justificar o
indeferimento porque a decisão é agravável. "As partes devem ser intimadas do indeferimento
de quesitos; a efetivação da medida sem tal intimação prévia constitui em cerceamento de
direito".

Após a nomeação do Perito Oficial do Juízo, dentre outros virão os seguintes


procedimentos:

 Retirada do Processo - se dará após cumprimento do prazo estipulado pelo Juízo,


para indicação dos Assistentes e apresentação dos quesitos, o Perito será notificado
via intimação AR ou via telefone para conhecimento e comparecer à Secretaria para
retirar o processo ou manifestar algum impedimento, se houver;

 No caso de impedimento - o perito-contador ao ser nomeado deverá manifestar o seu


impedimento para execução da perícia contábil, nos termos do item 2.4.1, e/ou ainda

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escusar-se dos serviços sempre que reconhecer não estar capacitado à altura do
encargo confiado, conforme o item 2.2.3 da Resolução nº 857;

 Apresentação de Proposta de Honorários - aceito o encargo confiado, o Perito


deverá apresentar por meio de petição, a sua proposta de honorários dentro do prazo
estabelecido, geralmente de 05(cinco) dias, recomendando-se a apresentação de um
plano de trabalho detalhado, estimando o número de horas previstas para a execução
do trabalho, mediante avaliação dos serviços (item 2.5.1 da Resolução nº 857 NBC
P2), considerando dentre outros os fatores da relevância, do vulto, do risco, da
complexidade e outros fatores ou custos de laudos interprofissionais inerentes à
elaboração do Trabalho;

 Pedido de redução/parcelamento ou Arbitramento pelo Juízo - havendo solicitação


de redução ou parcelamento da verba honorária pela parte interessada, o Juízo
submeterá (que diga o Senhor...) ao Perito que manifestará, por meio de petição se
aceita a contraproposta. Não havendo acordo sobre o valor, o Juízo, considerando a
necessidade da perícia, poderá arbitrar o valor ou então poderá nomear outro perito, se
assim o desejar;

 Depósito dos Honorários e Início dos Trabalhos - havendo o acordo, após o


depósito total ou da parcela inicial dos honorários, o perito será intimado a comparecer
à instalação da perícia ou simplesmente ser intimado e retirar (com carga de
responsabilidade) o processo do Cartório para o início dos trabalhos;

3.1.5 - PERITO-CONTADOR ASSISTENTE


A contratação do perito-contador é de iniciativa privativa da parte e indicá-lo como seu
assistente técnico é facultativo. Não há obrigatoriedade legal por ser considerado um assessor
técnico importante para a parte.

O perito-contador assistente, se contratado previamente pela parte desde o início do


processo, a participar dos trabalhos na petição inicial, acompanhando todo o processo,
inclusive na fase de elaboração dos quesitos e, sendo indicado pela parte como seu assistente
técnico fará parte do processo judicial como tal.

Deverá ser cuidadoso no que se refere ao contrato de prestação de serviços, com


cláusulas claras e definidas por etapas na realização do trabalho, por exemplo: na petição
inicial, na elaboração de quesitos, na indicação para atuar como perito-contador assistente, ou
acompanhamento processual do início ao final, conforme o caso requeira.

A intervenção legal do Perito-Contador assistente no processo se dá nos termos do


Parágrafo único do artigo 433 do Código do Processo Civil, quando apresentar o seu parecer
técnico sobre o Laudo Pericial e encaminhado por meio de petição da parte.

3.1.6 - LAUDO PERICIAL

 Contato com Perito-Contador assistente - por questão ética, lealdade e


consideração aos profissionais da categoria, o Perito-Contador nomeado pelo Juízo
deverá contatar os assistentes das partes, comunicando-lhes a retirada do processo
para o início da Perícia Contábil e havendo interesse dos mesmos em participar do
trabalho em conjunto, deverá aceitar conforme previsto no item 13.3.1 do NBC T 13;

 Início dos Trabalhos - conforme a Resolução nº 858/99 do Conselho Federal de


Contabilidade - NBC T 13 - Da Perícia Contábil. Em todos os trabalhos, primeiro é
necessário haver o PLANEJAMENTO, em seguida a EXECUÇÃO, por meio de
PROCEDIMENTOS;

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 Elaboração do Laudo Pericial - o seu planejamento, execução e redação são de
responsabilidade exclusivas do Perito do Juízo. O Laudo Pericial é o produto final da
perícia que tem por objetivo auxiliar as partes no entendimento e propiciar ao Juízo a
possibilidade de fazer justiça. O Laudo deverá conter no mínimo:
a) Cabeçalho (Identificação do Juiz e da Vara responsável pelo processo, nº do processo
e tipificação da ação e nome das partes);
b) Metodologia aplicada na execução dos trabalhos;
c) Os quesitos serão transcritos e as respostas serão ofertadas de forma objetiva e clara a
não deixar dúvida quanto à matéria, evitando respostas diretas como simples "sim" e "não",
iniciando pelos do Juízo, se houver, passando para os do Requerente e, por último para os do
Requerido; e
d) Se possível, uma conclusão técnica.
 Apresentação do Laudo e Solicitação de Alvará de Levantamento - concluído o
Laudo Pericial dentro do prazo previamente definido pelo juiz, o Perito do Juízo fará,
por meio de petição, o seu encaminhamento, a restituição do processo e solicitar a
liberação do Alvará de Levantamento referente ao depósito de honorários periciais com
os acréscimos legais.

3.1.7 - ESCLARECIMENTOS SOBRE O LAUDO PERICIAL


Após o Laudo estar autuado, o Juiz despachará "digam as partes sobre o Laudo
Pericial" e estas poderão solicitar esclarecimentos ou a impugnação do Laudo com base nos
pareceres de seus assistentes técnicos. Os esclarecimentos deverão ser na mesma ordem do
Laudo:

o Do Requerente;

o Do Requerido;

o Conclusão

3.1.8 - ESCLARECIMENTOS EM AUDIÊNCIA


Está prevista no artigo 435 do Código Processo Civil que os esclarecimentos a serem
prestados em audiência, antes deverá ser deferida pelo Juízo a pedido da parte interessada
que formulará as perguntas sob forma de quesitos. A Lei não permite que sejam quesitos
genéricos, devem ser elucidativos, destinados a esclarecer as respostas dadas no laudo e não
quesitos novos sobre matéria não suscitada anteriormente.

Os esclarecimentos não podem ser prestados por meio de precatória, mas se o perito
não residir na sede do Juízo, nada impede que o julgador remeta pedido de esclarecimento ao
mesmo, que os prestará por escrito.

Para o perito e Assistentes Técnicos a obrigatoriedade de prestar os esclarecimentos,


somente quando forem intimados pelo menos com 05(cinco) dias de antecedência à audiência.

3.1.9 - PRAZO E PONTUALIDADE

Dentre as qualidades atribuídas ao perito, ressalta-se a importância de cumprimento fiel


dos prazos legais fixados ou estipulados pelo Juízo. A pontualidade na entrega do Laudo
Pericial propiciará o andamento normal do processo, não ensejando oportunidade a interesse
em reter, retardar ou procrastinar o andamento processual. Se todos que têm o poder de
intervir no processo, cumprirem religiosamente os prazos legais, a JUSTIÇA estaria mais
PRESENTE.

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3.2 PERÍCIA CONTÁBIL JUDICIAL.

É um importante ramo da Contabilidade, e, para sua realização, faz-se necessário


profissional especializado, que esclareça questões sobre o patrimônio das pessoas físicas e
jurídicas.

Para a execução da Perícia Contábil, o profissional utiliza um conjunto de procedimentos


técnicos, como: pesquisa, diligências, levantamento de dados, análise, cálculos, por meio de
exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.

A conclusão da Perícia Contábil é expressa em laudo pericial, esclarecendo


controvérsias.

No entendimento de Sá (1997:63) :

“Perícia contábil judicial é a que visa servir de prova, esclarecendo o juiz sobre
assuntos em litígio que merecem seu julgamento, objetivando fatos relativos ao
patrimônio aziendal ou de pessoas.”

A manifestação do perito sobre os fatos devidamente apurados se dará através do Laudo


Pericial, onde, na condição de prova técnica, servirá para suprir as insuficiências do magistrado
no que se refere aos conhecimentos técnicos ou científicos.

PERÍCIA CONTÁBIL JUDICIAL


Júlio César Zanluca
Cada vez mais essencial para a solução de litígios na Justiça. Assim pode ser definido o
trabalho do perito-contador. O Judiciário recorre ao perito contábil quando o juiz
necessita de um laudo profissional especializado ou para atender ao pedido de uma das
partes envolvidas no processo.
Muitas perícias na área da contabilidade são hoje requeridas principalmente na parte de
levantamento de perdas e danos, avaliação de haveres na dissolução ou saída de
sociedade, revisão de encargos financeiros contra bancos e outras questões como leasing
e prestação de contas.
Na Justiça Estadual, no Foro Cível, concentram-se demandas que envolvem aspectos
patrimoniais, alimentares, relacionamentos comerciais e contratos de toda natureza, nos
quais estejam presentes os direitos e obrigações de ordem privada relativos às pessoas,
aos bens e as suas relações.
A perícia é um meio de prova previsto no Direito, assim como a documental, a
testemunhal e a do depoimento pessoal. Pela definição da Norma Brasileira de
Contabilidade, a perícia contábil é “o conjunto de procedimentos técnicos, que tem por
objetivo a emissão de laudo ou parecer sobre questões contábeis, mediante exame,
vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificado.”
A Lei de Falências fortaleceu mais ainda no mercado a importância da perícia contábil.
Isso porque a nova norma determina que o pedido de recuperação judicial - instrumento
que substituiu a concordata e é considerado a principal novidade - só será apreciado

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depois que um especialista apresentar um parecer sobre a situação contábil da
companhia.
Há dois tipos de perícia contábil: judicial ou extrajudicial. No caso da judicial, o perito
contador é nomeado por um juiz para analisar uma determinada causa e emitir seu
parecer. No caso da perícia extrajudicial, ela serve para avaliar bens e direitos, cálculo
de indenizações, venda e compra de empresas, partilha de bens, liquidação de haveres,
divórcio. A perícia é o único meio de prova capaz e eficaz de avaliar as questões
materiais que são controvertidas durante a ação.
O contador, na função de perito, deve manter adequado nível de competência
profissional, atualizado sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), além das
técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia.
O trabalho do perito contábil tem como base a análise de livros, registros de transações
e documentos que envolvem os fatos a serem investigados. No entanto, na prática, os
peritos muitas vezes devem procurar procedimentos de acordo com os fatos adotados
pelas partes, desde que não comprometam as normas legais e a sua ética profissional.
Durante o processo da perícia, três profissionais podem atuar concomitantemente, pois o
autor e o réu podem indicar assistentes técnicos para acompanharem o profissional
indicado pelo magistrado. Este faz o laudo e o submete aos assistentes. Caso um deles
discorde, é feito então um outro laudo.
Quando a perícia é solicitada é porque não se tem condições de resolver o que está
sendo pleiteado por uma das partes com as provas existentes. Surge então a necessidade
de entrar na matéria técnica, nome dado à perícia, seja, ela contábil, administrativa ou
médica, entre outras.
Em áreas como a Justiça do Trabalho é muito grande a procura pela perícia. Já na
Justiça Estadual, onde estão as áreas cível, de família e fazenda pública, a perícia não é
muito pedida na fase de instrução do processo. Mas, em compensação, o laudo pericial é
solicitado na liquidação da sentença.
O perito é indicado pelo juiz e goza da confiança do mesmo, devendo realizar o trabalho
e apresentar o laudo por escrito, respondendo aos quesitos determinados. Quesitos são
questões ou perguntas determinados pelo juiz ou pelas partes interessadas.

3.3 PERÍCIA SEMIJUDICIAL.

É a perícia realizada no meio estatal, por autoridades policiais, parlamentares ou


administrativas que têm poder jurisdicional, por estarem sujeitas a regras legais e regimentais,
e é semelhante à Perícia Judicial.

A pericia semijudicial é aquela realizada dentro do aparato institucional do estado porém fora
do poder judiciário, tendo como finalidade principal ser meio de prova nos ordenamentos
institucionais usuário. Esta espécie de perícia subdividi-se segundo o aparato estatal atuante,
em policial (nos inquéritos), parlamentar (nas comissões parlamentares de inquérito ou
especiais) e administrativo tributário (nas esferas da administração pública tributaria ou

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conselhos de contribuintes) classificamo-las em semijudiciais porque as autoridades policiais,
parlamentares ou administrativas tem algum poder jurisdicional, ainda que relativo e não com a
expressão e extensão do poder jurisdicional classicamente enquadrável como pertencente ao
poder judiciário e ainda por estarem sujeitas a regras legais e regimentares que se
assemelham as judiciais.(ALBERTO, 2002 p. 53, 54)

É a perícia realizada dentro do aparato institucional do Estado, entretanto, estando fora do


Poder Judiciário. Costumam-se essas periciais são realizadas pelas autoridades policiais.
Estas perícias poderão fazer parte, se necessário for, de um processo judicial. (LOPES DE SÁ,
2005 p.19)

3.4 PERÍCIA EXTRAJUDICIAL.

É aquela realizada fora do judiciário, por vontade das partes. Seu objetivo poderá ser:
demonstrar a veracidade ou não do fato em questão, discriminar interesses de cada pessoa
envolvida em matéria conflituosa; comprovar fraude, desvios, simulação.

A perícia extrajudicial é aquela realizada fora do estado por necessidade escolha de entes
físicos e jurídicos. Esta espécie de perícia subdivide-se, segundo as finalidades intrínsecas
para as quais foram designadas, em demonstrativos, discriminativas e comprobatórias. Assim o
dizemos por que, no primeiro caso das demonstrativas, a finalidade para a qual se busca a via
perícia é demonstrar a veracidade ou não do fato ou coisa previamente especificados na
consulta; já no segundo caso, esta via instada a colocar nos justos termos ou interesses de
cada um dos envolvidos na matéria potencialmente duvidosa ou conflituosa; e no terceiro caso,
quando visa a comprovação das manifestações patológicas da matéria periciada (fraudes,
desvios, simulações etc). (ALBERTO, 2002 p.54)

Quando da necessidade de esclarecimento de assuntos técnicos, em que estes colidem por


desconhecimento da matéria específica, a intervenção de um profissional “esperto” se faz
necessária, no intuito de evitar característica litigiosa que venha envolver o poder judiciário.
(LOPES DE SÁ, 2005 p.19)

3.5 PERÍCIA ARBITRAL.

É a realizada por um perito, e, embora não seja judicialmente determinada, tem valor de
perícia judicial, mas natureza extrajudicial, pois as partes litigantes escolhem as regras que
serão aplicadas na arbitragem.

A arbitragem é, portanto, um método extrajudicial para solução de conflitos, cujo árbitro


desempenha função semelhante à do juiz estatal.

Por final, a perícia arbitral, que é a perícia realizada no juízo arbitral – instância decisória criada
pela vontade das partes -, não sendo enquadrável em nenhuma das anteriores por suas
características especialíssimas de atuar parcialmente como se judicial e extrajudicial fosse.
Subdivide-se em probante e decisória, segundo se destine a funcionar como meio de prova do
juízo arbitral, como subsidiadora da convicção do arbitro, ou é ela própria a arbitragem, ou seja,
funciona seu agente ativo como o próprio arbitro da controvérsia. (ALBERTO, 2002 p.54).

4 OBJETIVO DA PERÍCIA CONTÁBIL.

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A Perícia tem como objetivo fundamentar as informações demandadas, mostrando a
veracidade dos fatos de forma imparcial e merecedora de fé, tornando-se meios de prova para
o juiz de direito resolver as questões propostas.

São objetivos específicos da Perícia Contábil :

 Objetividade;
 Precisão;
 Clareza;
 Fidelidade;
 Concisão
 Confiabilidade inequívoca baseada em materialidades, e
 Plena satisfação da finalidade.

Objetividade : caracteriza-se pela ação do perito em não desviar-se da matéria que


motivou a questão.

Precisão : consiste em oferecer respostas pertinentes e adequadas às questões


formuladas ou finalidades propostas.

Clareza : está em usar em sua opinião de uma linguagem acessível a quem vai utilizar-
se de seu trabalho, embora possa conservar a terminologia tecnológica e cientifica em seus
relatos.

Fidelidade : caracteriza-se por não deixar-se influenciar por terceiros, nem por informes
que não tenham materialidade e consistência competentes.

Concisão : compreende evitar o prolixo e emitir uma opinião que possa de maneira fácil
facilitar as decisões.

Confiabilidade : consiste em estar à perícia apoiada em elementos inequívocos e


válidos legal e tecnologicamente.

Plena satisfação da finalidade : é, exatamente, o resultado de o trabalho estar coerente


com os motivos que o ensejaram.

5 PROVA PERICIAL.

Os principais meios de prova admitidos em processos judiciais pela legislação brasileira


são: depoimento pessoal, confissão, exibição (de documento ou coisa), testemunho, perícia,
inspeção judicial. A Perícia Contábil é, portanto, considerada um meio de prova de grande
valor.

A prova pericial contábil tem como objetivo primordial mostrar a verdade dos fatos do
processo na instância decisória e é utilizada se o objeto da questão o requerer.

Para Silva (Revista Brasileira de Contabilidade, nº 113:34)

“A prova pericial é o meio de se demonstrar nos autos, por meio de documentos, peças
ou declarações de testemunhas, tudo que se colheu nos exames efetuados”.

10
A prova pericial é obtida mediante procedimentos determinados pela Resolução do CFC
858/99 – Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC-T 13.4.1, da Perícia Contábil.

“Os procedimentos de Perícia Contábil visam fundamentar as conclusões que serão


levadas ao laudo pericial contábil ou parecer contábil, e abrangem total ou
parcialmente, segundo a sua natureza e complexidade da matéria, exame, vistoria,
indagação, investigação arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.”

 O exame é a análise dos livros comerciais de registros, os documentos fiscais e legais,


enfim todos os elementos ao alcance do profissional, preferencialmente os que tenham
capacidade legal de prova. O perito, todavia, compulsa também componentes
patrimoniais concretos (dinheiro, títulos, mercadorias, bens móveis, veículos, etc), além
de tais elementos, lida, ainda, com instrumentações, como normas, cálculos,
regulamentos, etc.
 A vistoria é um exame pericial, mas distingue-se dele pela origem e por seus efeitos.
Por ela se confirmam estados e situações alegadas por interessados, para reclamar
direitos, defender-se de acusações, justificar e comprovar atos e, em oposição, por
aqueles que sustentam obrigações de terceiros, acusam ou pretendem garantir seus
direitos.
 A indagação é o ato pericial de se obter testemunho pessoal de quem tem
conhecimento de atos e fatos pertinentes a matéria.
 A investigação é uma técnica pericial abrangente, que tem por finalidade detectar se
houve sobre determinado fato, procedimento que obscurece a verdade, como: fraude,
má-fé, dolo, erro, etc.
 O arbitramento é a técnica que se utiliza de procedimentos estatísticos para
estabelecer valores e procedimentos analógicos para fundamentar o valor encontrável.
 A mensuração é o ato de quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações.
 A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações,
despesas e receitas. É a constatação do valor real das coisas por meio de cálculos e
análises.
 A certificação está contida no laudo, que, por ser efetuado por um profissional
habilitado formal e tecnicamente, é merecedor de fé pública.

Todos os meios são válidos para que o perito forme a sua opinião, evidenciando sempre
a verdade dos fatos, porém, não se esquecendo de sua conduta ética.

O perito contábil em qualquer trabalho que venha desenvolver, terá acesso a todos os
documentos necessários para a elaboração do laudo pericial, inclusive, em alguns casos
poderá solicitar o depoimento dos envolvidos.

6 UTILIZAÇÃO DE TRABALHO DE ESPECIALISTA.

Determina através da Resolução CFC nº733/92 de 22/10/92 NBC – P2 – Normas


Profissionais de Perito Contábil:

“2.8.1. O perito contábil pode utilizar-se de especialistas, de outras áreas, como forma
de propiciar a realização de seu trabalho, desde que parte da matéria objeto da perícia
assim o requeira.
2.8.2. Na perícia extrajudicial a responsabilidade do perito fica restrita a sua área de
competência profissional quando faz uso do trabalho de especialista, com efeito
determinado no laudo contábil, fato que deve constar do mesmo.”

Recorrer a especialistas de outras áreas é às vezes necessário para suplementar tarefa


ou resolver assuntos que fogem à formação cultural do contador.

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Judicialmente, o perito é responsável por sua opinião e, se recorreu a terceiros, deve,
igualmente, assumir a responsabilidade, pois dividiu a tarefa, mas não a responsabilidade.

7 A PERÍCIA EM FACE DE FRAUDES, ERROS E IRREGULARIDADES

NECESSIDADES DE SE FAZER PERÍCIA


Por quê das necessidades de fazer perícia contábil?

Essas necessidades são manifestadas nas imperfeições e nas inadequações. Algumas das
razões são:
- os métodos são imperfeitos:
- os homens também o são;
- os sistemas são inadequados;. etc, etc.

As irregularidades podem ser classificadas da seguinte forma;


- administrativas;
- contábeis.

IRREGULARIDADES ADMINISTRATIVAS

A ação econômico-administrativa desenvolve-se por manifestações volitivas (vontade)


da pessoa a quem esteja vinculada uma soma de interesses pecuniários e, em processo do
tempo, por agentes que aplicam suas técnicas especializadas na consecução dos objetivo,
procedendo em conformidade com as regras legais, e de acordo com as normas profissionais e
observância ética.
Ocorre que por deficiências técnicas, estados psíquicos ou falhas morais; os fatos da
administração não se apresentam com a necessária perfeição material, ou infringem os
preceitos legais e os ensinamentos éticos. (quando identificadas, invocam na incriminação de
seus causadores civil e/ou criminalmente).

Imperfeições:
(boa gestão, boa administração da massa patrimonial) - contaminação.......
Exemplo: acúmulo de funções incompatíveis; subordinação entre parentes próximos; falhas na
aquisição-guarda-conservação-alienação dos meios materiais; sua danificação, extravio ou
desvio; etc (todas atingindo a integridade patrimonial própria e de terceiros; realização de
negócios, cujos efeitos podem causar prejuízos às partes interessadas);

Negligências:(vigilância, zelo e ordem devem presidir os atos e fatos de gestão para alcance
dos fins propostos e sem perturbações na ação executBiva)
Exemplo: falhas humanas, físicas ou psíquicas; omissões na vigilância, zelo e ordem,
causando danos substanciais.

Erros:genericamente, tudo o que não é certo; podendo ser voluntários e involuntários.


a) voluntários: faltas, culpas, simulações, fraudes, crimes.
b) involuntários: ignorância, boa-fé, falhas físicas ou psíquicas.
Exemplo: Os erros se traduzem em:omissão; imprevisão; incompreensão; cálculos inexatos;
técnica mal aplicada; decisões inconvenientes; interpretações irreais; falsas simulações de
direito.

Infrações:são transgressões de normas e de leis.


Exemplo: violação ao estatuto da entidade, no que diz respeito à posição jurídica dos sócios,
acionistas ou associados; inobservância de instruções ou ordens emanadas do executor: burla
ou desobediência às leis em relação à matéria administrada, pessoas interessadas ou poder
público.

12
Simulações:aparência de irregularidade em determinado ato ou determinado negócio, pelo
interesse pecuniário, a ambição e avidez pela conquista de riquezas, lançando mão de ardis,
de astúcia e malícia, para ludibriar outrem em benefício próprio. Na realidade, os atos ou
negócios simulados contrariam as normas jurídicas e a ética.

Adulterações: alterações de coisas ou fatos com o fim preconcebido de enganar a outrem em


proveito próprio.

Exemplo: mercadorias, com adição de ingredientes ou elementos que diminuem o teor de


qualidade; pesos e medidas; títulos de crédito; contratos e documentos valores e condições.

Fraudes:enganar ou burlar em proveito próprio. A fraude não se presume, deve sr provada por
quem acusa, embora admita-se a “ prova por indícios ou circunstâncias “.
Variantes de fraudes: furto, roubo, lesão, desfalque, estelionato, falsificação.
Exemplo: adulterações de pesos e medidas; substituição e subtração de mercadorias;
furtos nas transações; roubo e desvio de mercadorias e valores; abuso de poder nas funções;
apropriação indébita; cálculos errados/ documentos falsos; faltas de caixa; irresponsabilidade
em prestação de contas.

Culpa:aquele que por negligência, comete omissão-------- é culpado. É causa do dano pelo
qual responde moralmente seu autor, quando ineficiente e de boa-fé e de direito; quando deixa
de cumprir obrigações explícitas ou com tendências para a má-fé.

Responsabilidades:em matéria administrativa, é aquele pela boa guarda e conservação das


coisas e pela execução de atos como agente do legítimo dono da coisa administrada. Faltando
a essas obrigações resulta responsabilidade material para o agente.
Em direito, designa-se como responsabilidade civil “ a obrigação de ressarcir o dano
causado a outrem por ato ilícito de ação ou omissão, direto ou indireto. Cada um responde, não
só pelo dano causado, voluntária ou intencionalmente, mas também pelo dano derivado da sua
negligência; assim como se deve responder, não só pelo próprio fato, mas, ainda, por aquele
das pessoas pelas quais devemos responder e pelas coisas que temos um custódia “.

IRREGULARIDADES CONTÁBEIS

Irregularidades contábeis produzem irregularidades administrativas e podem causar


prejuízos. A organização contábil e respectivas escritas devem assegurar e confirmar a
regularidade administrativa. Os gestores depositam justificada confiança nos serviços da
contabilidade, acompanhando sua supervisão nos aspectos administrativo e técnico, mas
somente até onde o permitam seus conhecimentos da matéria.

As causas das imperfeições contábeis: grande volume de trabalho; complexidade da


matéria; quaisquer fatores físicos ou psíquicos; fraquezas de conhecimento; de boa-fé ou
malícia e premeditação; além das exigências técnicas e do indispensável rigor nas aplicações
da contabilidade.

Concorrem para a execução irregular: ausência ou deficiência de método de trabalho;


falta de dedicação; a precipitação; além das falhas de origem física ou psíquica, como doenças,
inquietação, revolta, desatenção, distração, fraquezas de memória e outras, tudo isto, a título
de negligência; quando as irregularidades não se classificam como intencionais.

Sendo a contabilidade, por suas funções, uma forma de representação de fatos, ela,
como qualquer outra forma de expressão, não pode prestar-se às aparências, figurando fatos
inexistentes ou desvirtuados por artifícios, falsas situações, isto com o caráter de simulação, ou

13
seja, a intenção de induzir a interpretações que não condizem com a realidade, a verdade e
exatidão de coisas e fatos

1 - Imperfeições técnicas:a organização do trabalho de contabilidade obedece a planos


previamente elaborados e sua execução é guiada por normas predeterminadas. Planos
incompletos ou defeituosos são as causas das imperfeições.
Exemplo: normas deficientes ou mal orientadas; contas inadequadas e impropriedades de
titulações produzem confusão e induzem a interpretações erradas; função de conta mal
definida é causa de erros; síntese excessiva ou desdobramento desnecessário de contas
produz dificuldades, obscurece ou complica o mecanismo contábil; livros que não atendam às
exigências de clareza e método; livros auxiliares em grande número; processo de escrituração
que não obedece ao método racional, torna os registros obscuros; má redação ou deficiência
de histórico, palavras ou números ambíguos prejudicam o valor qualitativo da contabilidade. A
boa guarda e conservação dos livros e registros e o perfeito arquivo dos comprovantes são
requisitos irrecusáveis para sua valorização.

Indícios de fraude, pelas seguintes imperfeições: desordem geral na escrituração,


confusão e atraso; ausência de evidências (peças justificativas); insuficiência de quadratura
(falta de balancetes e conferências); freqüência exagerada de estornos.

2 - Negligência profissional:o contador responsável pela contabilidade de uma organização


está
na obrigação moral de manter a respectiva escrituração em boa ordem, “ em dia “.

Exemplo: má guarda e má conservação dos livros; má apresentação de trabalho; falta de


asseio nos trabalhos e ausência ou atraso nas verificações; acúmulo de documentos para
escriturar; omissões de conferência dos elementos; omissões ou imperfeições de lançamentos.

3 - Erros técnicos e de escrituração:

Presume-se que todo o erro é involuntário, qualificando-se como simulação,


adulteração ou fraude, quando intencional.
Diz-se que o erro é de técnica, quando a impropriedade ou inexatidão contraria as
formas racionais consagradas nos meios profissionais. Deixar de registrar o endosso de uma
letra cambial, por exemplo, seria um erro técnico, substancial e involuntário.

4 - Infrações: não cumprir uma determinação administrativa e, principalmente legal; cumpri-la


parcialmente, com desvirtuamento ou deformação, é infringir normas ou preceitos a serem
observados pela contabilidade.
Exemplo: inobservância das formalidades expressa na legislação societária e código
comercial em relação aos livros e aos vícios de escrituração condenados pelos mesmos
diplomas legais; inobservância de normas e preceitos estatutários e contratuais no registro das
operações; inobservância da legislação tributária; inobservância aos padrões e classificação de
balanço quando impostos por lei (S/A, banco, cia. de seguros, transportes aéreos, previdência
privada, entidades públicas, fundos, etc).

5 - Simulações: quando coisas e fatos não correspondem à verdade, quando alguém contraria
normas e preceitos, ou quando são arquitetadas situações irreais e irregulares. São aqueles
que não se verificaram ou com desvirtuação gráfica, ou omissão de operações e negócios
legítimos.
Exemplo: simulação de inventários; operações ou negócios; débitos e créditos; de
despesas ou prejuízos; rendas ou lucros; distribuição indevida ou evitada de lucros; de déficit
ou superávit falsos; situações aparentes ou falsas de balanços.

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6 - Adulteração: dentre as irregularidades contábeis, são elencadas como adulteração não
apenas o simples fato de alterar a escrituração em alguma de suas partes, mas a emenda,
eliminação ou acréscimos que alterem, propositadamente, os registros. As alterações podem
ser de contas, históricos, datas, quantias, lançamentos ou peças contábeis já elaboradas.
Exemplo: adulteração de inventários; escrituração de livros; nos próprios livros; em débitos;
créditos; contas e sub-contas de receitas e despesas; nos resultados econômicos; nos
balanços e peças que os acompanham.

7 - Fraudes: intenções de lesão de interesses alheios; daí a falsificação de lançamentos nas


falências; as falsas situações de contas; reservas falsas; lucros líquidos alterados; erros de
classificação de receita e despesa; omissão de entradas de dinheiro; repetição indevida das
mesmas saídas de dinheiro e quaisquer outras falsidades escritas praticadas com intenção
criminosa.

8 - Culpas profissionais: as imperfeições técnicas de organização e execução de


contabilidade, as negligências profissionais, os erros técnicos e de escrituração e outras
irregularidades de escrita podem ser causa determinante ou concorrente, direta ou indireta, de
prejuízos materiais e morais em desfavor do dono de um patrimônio ou de terceiros em
relações comerciais:
1. Um inventário de mercadorias, uma verificação de caixa com os resultados
inexatos podem ser causa de prejuízo;
2. A situação de um conta de terceiros em que seu saldo pode não corresponder
à realidade pode determinar operações ou liquidações prejudiciais;
3. Registro errado de uma operação traz sempre inconvenientes: deixar de
satisfazer uma obrigação no dia de seu vencimento, devido a informação
errônea da contabilidade, pode levar à sua falência;
4. Ás infrações à legislação comercial, na escrituração, prejudicam a força
probante desta;
5. Pagamentos indevidos ou antecipados, informados pela contabilidade,
acarretam prejuízo.

Estas irregularidades e das demais que a contabilidade induz a cometer constituem


culpa profissional, que deverá responder material ou moralmente pelos danos que causar.

9 - Responsabilidades profissionais: quer sejam involuntárias as falhas e culpas do


contador, quer sejam intencionais, quer ação de dolo ou fraude, o profissional sofre as
respectivas conseqüências, que se traduzem em perda de emprego, ressarcimento de prejuízos
ou responsabilidade criminal. No exercício de suas funções, o contador tem responsabilidade
profissional pelos atos irregulares que praticar.

Assim é que, segundo a alínea “d” , do art. 27, do Decreto-Lei nº 9.295/46, aplica-se a
pena de suspensão do exercício da profissão àqueles que“dentro do âmbito de sua atuação e
no que se referir à parte técnica forem responsáveis por qualquer falsidade de documentos que
assinarem e pelas irregularidades de escrituração praticadas no sentido de fraudar as rendas
públicas”.
O mesmo Decreto-Lei no art. 10, alínea “c”, prevê a fiscalização das profissões de
Contador e Técnico em Contabilidade, impedindo e punindo infratores.

15
8 LAUDO PERICIAL.

É o produto do trabalho pericial, em que o especialista se pronuncia sobre questões


submetidas à sua apreciação.

De acordo com a Resolução 858/99 de 21/10/99 do CFC, NBC T – 13 Da Perícia


Contábil - 13.5 Laudo Pericial Contábil.

“O laudo pericial contábil é a peça escrita na qual o perito-contador expressa, de forma


circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as
observações que realizou, as diligências realizadas, os critérios adotados e os
resultados fundamentados, e as suas conclusões.”

O Perito Contador é o único responsável pela preparação e redação do laudo, que deve
ser produzido de maneira clara e objetiva, expondo a síntese do objeto da perícia, os critérios
adotados e as conclusões.

O laudo poderá ser com quesitos, que serão transcritos e terão as respostas
circunstanciadas na pesquisa efetuada, respondidos primeiros os quesitos oficiais e,
posteriormente, os formulados pelas partes; e, quando não houver quesitos, a perícia será
orientada pelo objeto da matéria.

O laudo deverá ser datado e assinado pelo perito-contador, cumprindo toda a


formalidade, e encaminhando mediante petição, quando judicial ou arbitral e por carta
protocolada ou por qualquer outro meio que comprove a entrega, quando extrajudicial.

Não existe normatização quanto à estrutura do laudo, mas existem formalidades que
compõem a estrutura dos mesmos.

Em geral, no mínimo, um laudo deve ter em sua estrutura os elementos seguintes:

a) abertura:
 Nome da pessoa a quem se dirige a perícia;
 Nº do processo, se houver;
 Nome das partes envolvidas – autor e réu; e
 Parágrafo introdutório.
No parágrafo introdutório consta:
 Declaração formal de realização do trabalho pericial;
 Identificação legal do perito;
 Nº do órgão de classe;
 Declaração de observância da legislação processual aplicável e
 E das Normas Brasileiras de Perícia e do perito-contador;
 E a declaração da espécie de laudo que se apresenta.

b) Considerações iniciais

 Data e nome do solicitador da perícia;


o Referência de técnicas adotadas para exame dos autos;
 Se há necessidade ou não de diligências.

c) Exposição sobre o desenvolvimento do trabalho:

 Introdução ao tópico do trabalho a ser desenvolvido, referência a normas profissionais


e ordenamento lógico;
 Identificação do objeto da prova pericial (questão);
 Identificação do objeto da prova pericial (sua finalidade);

16
 Se não houver diligência, descrição dos elementos que foram objeto de exame, análise
ou verificação;
 Se houver diligência, descrição dos elementos pesquisados e vistoriados;
 Descrição de técnicas, análises, métodos e raciocínios utilizado para conclusão
pericial.

d) Considerações finais

 Síntese da conclusão;
 Opinião técnica do perito sobre a matéria;
 Síntese de apuração de valor e seu montante (se for o caso);
 Síntese da finalidade do laudo;
 Indicação de quesitos (se houver).

e) Quesitos - Respostas

 Transcritos na ordem do laudo;


 Respondidos seqüencialmente à transcrição dos quesitos formulados;
 Respondidos circunstanciadamente de forma clara e objetiva.

f) Encerramento do laudo:

 Exposição formal do encerramento do trabalho pericial, de maneira simples e objetiva;


 Descrição da quantidade de páginas que compõem o laudo, se rubricadas ou não;
 Local e data da conclusão do laudo;
 Assinatura e identificação do perito.

g) Anexos

 Os anexos que integram o laudo devem ser numerados seqüencialmente e rubricados


pelo perito;
 Dos anexos fazem parte: demonstrativo de análise e dos documentos indispensável à
ilustração e bom esclarecimento do trabalho técnico realizado.

Exemplificando o relatado acima, apresentamos um modelo que contempla uma das


formas de apresentação do Laudo Pericial.

Não existe um modelo padrão para o Laudo Pericial, porém, todos devem conter os
elementos básicos relatados anteriormente.

Anexos a “folha de rosto” que estamos apresentando, devem figurar os quesitos e outros
documentos complementares, necessários à confecção do Laudo Pericial.

17
MODELO LAUDO PERICIAL

(TIPO DE AÇÃO)
Processo nº (número do processo)
.......VARA CÍVEL DA COMARGA DE................................
(caracterização dos responsáveis pela vara – juiz, promotor e escrivão)

(nome das partes)

Requerente:
Requerido:

Objeto da Perícia (enumera os objetivos do trabalho pericial, conforme pedido das partes ou
identificado nas manifestações)

(nome dos advogados)

Perito do Juízo:

(nome do perito oficial) CRM-(nº do registro)

(nome do Assistente Técnico)

Requerente:
Requerido:

Orientação observada pelo signatário deste quando na função como perito do Juízo:

O entendimento do signatário é que a principal função dos técnicos auxiliares, em


particular o perito do Juízo, é proporcional ao Meritíssimo Juiz todos os elementos elucidativos
das controvérsias suscitadas nos autos, principalmente das que são tidas por pontos cruciais
ou essenciais, sem o conhecimento das quais o douto juiz não se poderá pronunciar
conveniente e adequadamente.
Dentro deste espírito, apresentam-se as respostas aos quesitos, sempre procurando
isentar-se do entendimento da aplicabilidade das normas legais, por se tratar de mérito
especificamente do Juízo, o que enseja abstrair-se das indagações concernentes à
interpretação das leis.

Corpo da Perícia
Metodologia Aplicada
Resposta aos quesitos
Anexos

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9 PARECER PERICIAL CONTÁBIL.

O parecer pericial contábil é importante instrumento de subsidio, pelo qual o Perito


Contador assistente emite opinião sobre as diligências realizadas, disponibilizando ao juiz e às
parte significativos resultados para dirimir o litígio.

Quanto as formalidade que norteiam os procedimentos que devem ser observados pelo
Perito Contador assistente na elaboração do parecer pericial contábil, é essencial a observação
dos seguintes itens:

 A finalidade do parecer pericial contábil é dar opinião fundamentada sobre o laudo;


 Sua preparação é exclusiva do perito-contador assistente;
 Se houver concordância com o laudo pericial contábil, será expressa no parecer;
 Não havendo concordância com algum item do laudo, este deverá ser transcrito na
integra no parecer, no qual o perito-contador assistente emite sua opinião
fundamentada;
 Os anexos deverão ser numerados, identificados e mencionados, se houver
necessidade de incorpora-los ao parecer;
 Será datado, rubricado, e assinado, identificando habilitação profissional;
 Encaminhado por petição protocolada, quando judicial e arbitral, e, se extrajudicial por
qualquer outro meio comprobatório.

9.1 PARECER TECNICO OU LAUDO PERICIAL DIVERGENTE

O laudo técnico divergente é o laudo elaborado pelo assistente técnico quando não concorda
com o laudo oficial. Neste caso, devem-se seguir todos os procedimentos aplicados ao laudo
pericial judicial.

O fato é que, ultimamente, tem-se dado muito valor ao parecer técnico, isto em função de
alguns entendimentos entre eles podemos citar:
Os arts. 332 e 333 CPC, que dizem caber à parte a prova do que está alegando. Isto acaba
antecipando as provas, e alguns juízes, entendendo que o parecer juntado à inicial é prova
suficiente e até dispensa a pericia, concedem liminares. Por isso, entendemos que o parecer
técnico deve estar revestido de todas formalidades e procedimentos aplicados à pericia,
guardadas as devidas particularidades.

10 PERITO CONTADOR.

O Perito especialmente o Perito Contador, é o encarregado de exercer a perícia


mediante os exames, análises, investigações contábeis e diligências cabíveis e necessárias a
fim de mostrar a verdade dos fatos trazidos pelas partes, por meio da prova contábil
documental, constituindo um verdadeiro espírito e filosofia de trabalho.

É à busca da verdade real oriunda do eficaz e efetivo desempenho do perito contábil nos
registros, documentos contábeis, controles internos da entidade e de quaisquer outros
elementos materiais disponibilizados pelas partes ou obtidos junto a terceiros, visando a
promover a verdade formal mais próxima possível da realidade estudada e identificada no
trabalho de campo.

Como elementos para a realização de seu trabalho, o Perito Contador dispõe da


escrituração contábil, da escrituração fiscal, da escrituração societária de uma entidade
econômica, que, independentemente da natureza da perícia, judicial ou extrajudicial, lhes serão
exibidas total ou parcialmente, segundo a necessidade de dado caso, além de todos os
controles internos gerenciais, operacionais, planos da entidade e demais informações escritas.

19
Além desses elementos, existem os veículos acessórios, como a documentação que
suporta a escrituração ou outros necessários para a comprovação do fato, conforme previsto
no Código de Processo Civil (art.429), tais como depoimentos de testemunhas, documentos em
poder de partes, repartições publicas e outros.

Cabe destacar que um dos procedimentos mais adequados que o Perito Contador deve
promover quando se questiona a validade legal da escrita contábil de uma das entidades do
litígio e valer-se, dentre as diversas modalidades de certificação oriundas da tecnologia contábil
de auditoria interna, da determinada prova emprestada.

Consiste na contraprova de valores registrados na escrita da entidade mediante a


verificação, junto aos credores, ou mesmo aos participantes dos fatos contábeis registrados,
daquele lançamento.

Depreende-se que, para o desempenho de tal função, o Perito deve estar dotado de
habilidade, destreza e, principalmente, de conhecimento técnico-científico de Contabilidade.

O Perito deve, necessariamente, ser habilitado profissionalmente para a realização da


perícia, por que a sua interpretação de um fato contábil irá propiciar o descobrimento da
verdade.

Ademais, em decisão do Superior Tribunal de Justiça, relatada pelo Ministro Adhemar


Marcela e publicada no Diário Oficial da União em 17/09/97, tem-se que a perícia contábil só
pode ser efetuada por CONTADOR, profissional portador de diploma universitário, devidamente
inscrito no Conselho de Contabilidade.

O exercício de outros profissionais, como Economistas e o Administrador de Empresas,


representa possibilidade de nulidade de prova pericial contábil pela parte que se sentir lesada,
onerando, protelando e dificultando a adequada prestação jurisdicional.

Para que o desempenho dessa função seja eficiente e eficaz, exige-se do Perito, dentre
outros, requisitos fundamentais, que são:

 Reconhecido saber técnico-científico da realidade de sua especialidade, dedicando-se


a uma educação continuada e persistente estudo da doutrina em que se graduou;
 Vivência profissional nas diversas tecnologias que a ciência de sua habilitação
universitária possui, bem como experiências em perícias;
 Perspicácia;
 Perseverança;
 Sagacidade;
 Índole criativa e intuitiva;
 Probidade.

Podemos observar nos itens acima, que a responsabilidade delegada ao Perito começa
no planejamento do trabalho, na execução e elaboração do laudo pericial. Sua criatividade,
competência e responsabilidade farão com que seu trabalho torne-se sustentável
juridicamente.

CARACTERISTICAS:
10.1 SABER TÉCNICO-CIENTÍFICO.

Além do requisito legal do registro nos órgãos fiscalizadores do exercício profissional,


neste caso o Conselho Regional de Contabilidade, hoje plenamente definida a exigência de
que o Perito tenha formação universitária, ao seu lado também está a exigência do saber
técnico-científico da matéria, para que se aprofunde cientificamente na interpretação do fato em

20
sua especialidade, visando a levar aos autos a verdade real, de que resulta para qualquer das
partes a adequada aplicação da justiça no processo judicial ou a administração de um
patrimônio, quando a perícia for extrajudicial.

O Perito pode extrair elementos, interpreta-los e ainda delimitar um fato quanto tiver
pleno domínio dos conhecimentos de sua realidade.

A necessidade de educação continuada está vinculada ao constante aprimoramento da


ciência, especialmente a contábil, mediante o qual os cientistas perseguem a melhor forma de
apresentação do estudo da matéria objeto da ciência, além de estabelecer sempre uma
condição de adequada fundamentação científica no laudo pericial.

10.2 VIVÊNCIA PROFISSIONAL.

A vivência profissional é considerada em perícia como seu elemento fundamental.

A perícia versa sempre sobre matéria de fato, que muitas vezes não é atingida pelos
conhecimentos teóricos puros de uma Ciência, resultando dessa condição a integração entre
conhecimento teórico e experiência profissional.

A teoria define padrões de comportamento profissional, porém, a prática os torna


pessoais, ou seja, dois Contadores podem, sobre um mesmo evento, ter duas interpretações
distintas.

Existem práticas grosseiras, e que saltam à vista até de leigos em Contabilidade;


entretanto, também existem práticas bastante sutis, que mesmo o Contador encontra
dificuldades em detectar. Daí a extrema necessidade do equilíbrio e do bom-senso, advindos
da vivência profissional exigida de um Perito.

10.3 PERSPICÁCIA E SAGACIDADE.

Conforme conceituação do dicionário Aurélio, tem-se que estas palavras exprimem a


qualidade profissional do Perito relativo a sua capacidade de observação, concentração para
identificar adequadamente o objeto de estudo, examinando, analisando, estudando
profundamente, sem se permitir desenvolver o trabalho de forma superficial.

No caso do Perito Contábil, sua capacidade especial de identificar os fenômenos


patrimoniais resultantes de determinada movimentação do patrimônio e procurar sua
evidências no diário, razão auxiliar e representações gráficas elaboradas pelas entidades
envolvidas é um exemplo da materialização da perspicácia.

10.4 ÍNDOLE CRIATIVA E INTUITIVA.

Embora tais qualidades sejam fruto do íntimo do ser humano, em alguns desenvolvidos e
aprimorados de forma mais evidente, não significa que o profissional, que objetiva tornar-se um
Perito, desconsidere tais particularidades.

Pode-se dizer que tais características sejam o sexto sentido do profissional, que encontra
no trabalho pericial a sua forma plena de servir ao próximo e à humanidade, trabalhando com a
união de seu corpo e espírito.

21
TEXTO COMPLEMENTAR
O perito como auxiliar da Justiça e assistente das partes.

Cláudio Humberto Duarte Barbosa*

Vimos na aula anterior questões relacionadas à diligência e papéis. Reforçamos entendimento discutido
na aula passada quanto à possibilidade de o perito obter cópias de livros e documentos fiscais,
trabalhistas, previdenciários além de outros documentos que entender relevantes para justificar quesitos
ou provas. Tal procedimento é necessário como meio de diminuir riscos de adulteração de provas. Nesta
aula, com base no presente paper, discutiremos o perito como auxiliar de justiça e como assistente das
partes. Nenhuma dúvida que o marco para discussão será a Resolução CFC n. 803/96, que traz o Código
de Ética do Contabilista. Portanto, o art. 1º determina que o Código de Ética Profissional tem por objetivo
fixar a forma pela qual se devem conduzir os contabilistas, quando no exercício profissional. Digamos,
trata-se de cláusula pétrea, ou seja, aquela que não se move, não se modifica, sob pena de absoluto
desregramento profissional. Em seguida, no art. 2º, dá-se outra regra rígida que trata dos deveres do
contabilista e, enumera, no seu inciso I: exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada
a legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da
dignidade e independência profissionais. Essas regras encontram-se no âmbito da legislação de regência
profissional e afetam ambas as designações do perito, seja como perito de justiça, seja como assistentes
das partes. Outra regra substancial é a constante do Código de Processo Civil – CPC, art. 422, que
dispõe que o perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de
termo de compromisso. É importante observarmos que o art. 5º dispõe nove regras diretas aplicáveis ao
perito, assistente técnico, auditor ou árbitro. Ressaltamos ainda a questão de sigilo, porquanto, os peritos
devem respeitar e assegurar o sigilo do que apurarem durante a execução de seu trabalho, sendo-lhes
terminantemente proibida a sua divulgação, salvo quando houver obrigação legal de fazê-lo, que seria o
caso de algum tipo de ordenamento judicial. É necessário que se destaque que aos profissionais impõe-
se que se mantenham atualizados profissionalmente, em programas de educação continuada quando for
o caso, independente de qualquer regulamentação neste sentido pelo Conselho Federal de Contabilidade
e, no mínimo, que mantenham suas bibliotecas atualizadas com obras que tragam conhecimento e relatos
de casos ou experiências de outros profissionais.

O autor é Contador e professor da disciplina Perícia Contábil, no CESUPA.

11 IMPEDIMENTO.

O Perito Contador, ao ser nomeado, escolhido ou contratado, deverá declarar-se


impedido quando:

 Participar do processo em litígio;


 Atuou como perito-contador assistente ou testemunha do processo;
 For cônjuge, parente consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral, até segundo
grau, de participantes do processo;
 Tiver interesse, por si ou por parentes, no resultado do trabalho;
 Exercer cargo incompatível com a pericial;
 A matéria periciada não for de sua especialidade;
 Ocorrer motivo de força maior; e,
 A estrutura do profissional não permitir a assunção do encargo.

22
12 PLANO DE TRABALHO PERICIAL

Para Sá (2004, p. 31) o “Plano de trabalho em perícia contábil é a previsão, racionalmente


organizada, para a execução das tarefas, no sentido de garantir a qualidade dos serviços, pela
redução dos riscos sobre a opinião ou resposta”.
O plano de trabalho tem por finalidade conhecer as diversas alternativas que possam levar à
concretização dos objetivos e consiste na quantificação do tempo necessário à realização da
perícia e na estimação do valor dos honorários. Nesta quantificação do tempo, o trabalho
deverá ser demonstrado por fases ou etapas, atribuindo a cada uma delas a carga horária que
entender suficiente para a sua realização. (MORAIS e FRANÇA, 2000, p. 111).

No esboço da proposta de honorários, o perito deve fazer um planejamento para a realização


do trabalho pericial, assim considerando vários parâmetros. Ao planejar o trabalho pericial, é
necessário ter clara compreensão dos objetivos a serem atingidos. (MORAIS e FRANÇA, 2000,
p 112).

A etapa de planejamento está descrita na NBC T 13 do item 13.2. Esta seção relata que o
planejamento deverá considerar os seguintes fatores relevantes na execução dos trabalhos:
a) o conhecimento detalhado dos fatos concernentes a demanda;
b) as diligências a serem realizadas;
c) os livros e documentos a serem compulsados;
d) a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de perícia a serem aplicados;
e) a equipe técnica necessária para a execução do trabalho;
f) os serviços especializados, necessários para a execução do trabalho;
g) os quesitos, quando formulados; e
h) o tempo necessário para a elaboração do trabalho.
O planejamento elaborado, aliado aos métodos e recursos disponibilizados, determina os
procedimentos utilizados pela perícia no desempenho de sua função. Nesse sentido, o
trabalho pericial é garantido pelo artigo 429 do Código de Processo Civil, que estabelece ao
perito utilizar de todos os meios técnicos necessários e disponíveis à solução técnica de seu
trabalho.

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DILIGÊNCIAS E QUESTIONARIOS

Os estudos, diligências, observações (análises), critérios adotados e fundamentação:

Este é um aspecto de extrema importância a ser considerado no laudo, é ele que assegura a
sua eficácia enquanto prova. É a sua fundamentação.

Nesta fase evidencia-se o caráter científico ou técnico da prova. Os críticos do trabalho


ofertado pelo perito (assistentes técnicos), somente poderão fazer a crítica para avaliar-lhe a
razoabilidade dos argumentos apresentados, se souberem como aquele foi feito, em que se
encontra assentada a posição assumida pelo perito.

Aliás, a cientificidade da prova está essencialmente no fato de poder ser testado os resultados
a que chegou, e de serem estes passíveis ou não de validação.

...é evidente que a característica original da regra do jogo é o teste. Testar através de
observadores verificadores, diferentes opiniões ou diferentes idéias (...) É claro que um teste -
não tem valor absoluto (...) uma teoria é considerada sólida quando é um pouco confirmada de
um modo multicruzado (como nas palavra cruzadas), ou seja, quando diferentes indícios,
diferentes inferências lógicas, diferentes verificações fazem com que essa teoria se ache bem
consolidada por diversos lados (Morin,1998).

Portanto, somente conhecendo os passos seguidos pelo vistor oficial, tais como a legislação
pesquisada, doutrina contábil na qual se embasou, inspeções realizadas, , procedimentos
técnicos empregados etc., os assistentes técnicos poderão se manifestar sobre a qualidade da
prova apresentada.

O emprego de metodologia adequada e a sua explicitação no laudo é determinante à


consistência e validade da prova.

O laudo pericial-contábil não pode refletir mera e vaga opinião pessoal ou conceitos de ordem
puramente subjetivos do perito e dos assistentes, seja em laudo ou na crítica técnica ao laudo
do perito judicial, mas conceito técnico fundamentado e objetivo quanto à matéria fático-
contábil ou contábil-fiscal (Monteiro, 1985).

Quando o perito omite essa informação que confere credibilidade ao seu trabalho, poderá a
peça técnica produzida ser invalidada.

A falta de fundamentação objetiva do laudo pericial contábil, de forma que não possa ser
valorado e apreciado criticamente pelas partes, leva à nulidade "pleno jure" do mesmo ou da
crítica técnica dos assistentes (Monteiro, 1985).

Este porém é um recurso de pouca aplicabilidade no Judiciário, pois os próprios assistentes


técnicos não se têm atentado para esse detalhe e tampouco os advogados e magistrados,
estes últimos, para agirem nesse sentido precisam ser provocados pelos interessados.

A perícia, necessariamente para produzir efeitos legais, ter validade, deve estar assentada em
bases sólidas, deve possuir sustentação científica, técnica ou documental, entre outros, que
permitam-lhe consistência, segurança nas informações em que se traduz.

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Se o perito judicial não traz nenhum documento idôneo, pertinente à causa, que embase as
respostas ao seu laudo, e se limita a responder quesitos seca ou laconicamente, com base tão
somente nos lançamentos do Diário, sem porém, examinar os documentos essenciais da
controvérsia e que deram origem àqueles lançamentos, anexando-os ao laudo, por xerox
autenticado, esse laudo não tem fundamentação, sendo desprovido de consistência
(segurança) contábil, faltando-lhe validade técnico-contábil, o que lhe retira toda e qualquer
eficácia como prova pericial a produzir efeitos. (monteiro,1985)

Respostas ao questionário oferecido pelo juiz e pelas partes:

Comuns à prova pericial verificada em processos judiciais, os quesitos: perguntas de natureza


técnica ou científica a serem respondidas pelo perito contábil (Ornelas, 1994), constituem-se
em instrumentos de grande valia no esclarecimento e até mesmo solução das disputas
travadas no âmbito do Poder Judiciário. Isto porque, podendo ser formulados tanto pelo
magistrado quanto pelas partes(5), objetivam orientar os peritos (do juízo e assistentes
técnicos) na condução dos trabalhos sob suas responsabilidades.

O propósito de se formular um quesito é justamente o de dirigir a ação dos peritos no processo,


influenciá-los na execução da atividade. É chamar a atenção dos profissionais envolvidos na
produção da prova pericial para determinados fatos ou aspectos importantes referidos nas
peças (inicial e contestação), que embasaram os autos.

Os peritos, normalmente, orientam suas investigações, diligências a empreender e critérios


técnicos a utilizar em uma perícia a partir do questionário a eles apresentados para responder.
Os quesitos são importantes à definição do objeto da perícia, mas o laudo não corresponde
efetivamente às suas respostas, até porque, falando-se do elementar, é muito comum perícias
nas quais não existam quesitos a serem respondidos. É imperativo em uma perícia apresentar
resposta a todos os quesitos acatados pelo juízo com base nas circunstâncias do trabalho
realizado.

PAREI AQUI!
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13 HONORÁRIOS.

Os honorários periciais estão regulados pelo CPC, artigo 19, 20 e 33, e pela Resolução
857/99 – NPC-P2, do Perito Contábil :

“2.5.1.O Perito Contador e o Perito Contador Assistente devem estabelecer


previamente seus honorários, mediante avaliação dos serviços, considerando-se entre
outros os seguintes fatores:

 A relevância, o vulto, o risco e a complexidade dos serviços a executar;


 As horas estimadas para a realização de cada fase do trabalho;
 A qualificação do pessoal técnico que ira´participar da execução dos serviços;
 O prazo fixado, quando indicado ou escolhido, e o prazo médio habitual de liquidação,
se nomeado pelo juiz;
 A forma de reajuste e de parcelamento, se houver;
 Os laudos interprofissionais e outros inerentes ao trabalho; e
 No caso de perito-contador assistente, o resultado que, para o contratante, advirá com
os serviços prestados, se houver.”

Os honorários devem ser encarados de forma ética, levando-se em consideração a


complexidade da matéria, as horas despendidas entre os outros elementos, para que os
valores não venham a comprometer a isenção e perfeição da perícia, a qualidade técnica e
moral do trabalho e para que não ocorra aviltamento.

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O perito contábil quando nomeado pelo magistrado, no âmbito judicial, deve fixar sua
remuneração, na qual representa o seu esforço. Do ponto de vista das normas técnicas e
funcionais de perícia contábil “o magistrado pode determinar, primeiramente, seus honorários
mediante a avaliação dos serviços” (NBC P-2 – Normas Profissionais do Perito).

É comum, os juizes fixarem prazos para a realização do trabalho. A lei nº 8.455 fixa o limite
desses prazos. A melhor forma para poder acompanhar as etapas e tempo gasto é fazer um
cronograma de tarefas com o tempo previsto para cada uma. Os cronogramas devem ter uma
margem de segurança para cobrir imprevistos, que são naturais (SÁ, 2004, p. 35).

A fixação da remuneração pericial é um ato arbitral do magistrado, que, normalmente, ao


decidir, leva em consideração a relevância e a qualidade do trabalho pericial, a complexidade
técnica da perícia, o orçamento apresentado pelo perito, as possibilidades econômico-
financeiras e as eventuais reações das partes.(ORNELAS 2003, p. 104),

A primeira comunicação do perito com os autos ocorre após a nomeação. Intimado pelo
magistrado a apresentar a proposta de honorários, comparece ao cartório da vara
correspondente e pede carga dos autos. No curto tempo que lhe for concedido, geralmente
cinco dias, o perito deverá estudar os mesmos com a finalidade de interar-se de seu conteúdo,
avaliar o seu grau de complexidade, a extensão e o tempo necessário para o desempenho do
seu trabalho, para então estimar o valor dos honorários (MORAIS e FRANÇA, 2000, p. 109).

A petição de verbas honorárias deve trazer todos os fundamentos necessários para evidenciar
as etapas de realização do trabalho pericial. Pode ainda requerer o depósito judicial prévio do
valor dos honorários até a data de instalação da perícia, para que, após a entrega do laudo
pericial, a importância depositada seja levantada mediante a expedição de alvará judicial. A
questão remuneratória obriga o perito a se comunicar com o magistrado, em várias
oportunidades, requerendo o arbitramento de sua remuneração, apresentando orçamento,
pedindo o levantamento de depósito prévio e suplementar ou de levantamento do depósito
integral de seus honorários (YAMAGUCHI, 2001, p. 48). Yamaguchi (2001, p. 49)0, afirma que
“a falta da apresentação de um planejamento detalhado do trabalho pericial, incluindo planilha
de custos justificada, é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos juízes no
arbitramento dos honorários de peritos judiciais.

Dificuldades como esta, obrigam os juizes a fixarem valores baseados em avaliação própria,
muitas vezes não representando a remuneração justa pelo trabalho pericial”.

Segundo Morais e França (2000, p. 118) para que as partes não encontrem falhas que gerem
controvérsias quanto ao valor cobrado, e para que, também o magistrado possa encontrar
subsídio de provas e análises suficientes para não arbitrar os honorários do perito, é
conveniente que a petição seja formalizada observando no mínimo:
a) Volume de documentos dos autos;
b) Possível necessidade de diligências;
c) Possíveis deslocamentos e viagens;
d) O tempo necessário à realização do trabalho;
e) Quantidade de pessoas necessárias;
f) Necessidade do uso de laudos de empresas especializadas;
g) Necessidades de uso de trabalhos interprofissionais;
h) Pesquisas complementares;
i) Cálculos financeiros e elaboração de planilhas;
j) Avaliação da responsabilidade, em função do conhecimento técnico empregado e ainda da
relevância da causa;
k) Complexidade do trabalho;
l) Necessidade de desembolso financeiro antes do levantamento dos honorários.

Complementando Morais e França, Yamaguchi (2001, p.47) afirma que o perito não pode
aviltar os honorários, nem valorizá-los excessivamente. A proposta deve trazer todos os

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fundamentos necessários a evidenciar as etapas de realização do trabalho pericial dando
suporte aos honorários, evitando assim a adoção de petições simplórias para o requerimento
dos honorários, pois estas contribuem de forma negativa para a valorização do seu trabalho.
Quanto à fixação dos honorários, cabe ressaltar que os mesmos poderão ser impugnados
pelas partes ou sofrer reduções. O perito, embora não sendo parte no processo, pode e deve
requerer reconsideração, se a remuneração fixada representar, em seu entender, aviltamento
de seu trabalho. Em hipótese alguma, o perito, na função judicial, pode ser pago diretamente
pela parte responsável pela remuneração pericial. Este é um ato financeiro que precisa ser e
estar comprovado nos autos do processo (MORAIS e FRANÇA, 2000, p. 119).

13.1 EM PROCESSO JUDICIAL.

Os honorários são requeridos mediante petição. No processo judicial, a responsabilidade


pelo pagamento dos honorários é da parte que requereu o exame, ou do autor, quando o
exame é de oficio ou requerido pelas partes. Os honorários podem ser solicitados na forma de
depósito prévio, ou no final do processo, com os acréscimos legais.

Na Justiça do Trabalho não se exige a antecipação dos honorários, pois, em ações


trabalhistas, o autor geralmente não tem condições de faze-lo, e o valor dos honorários é
comum ser arbitrado pelo juiz.

Os honorários periciais compõem as despesas do processo e, se não pagos, passam a


constituir um título executivo. Quando os honorários são levados à apreciação do juiz, passam
a ser aprovados por decisão judicial, merecendo fé.

13.2 EM INQUÉRITO POLICIAL.

Quando a perícia é efetuada por funcionário do Estado ligado à Criminalística, não há


falar em honorários, mas, quando não se têm esses profissionais qualificados, os peritos têm
de observar os moldes dos honorários do perito nomeado em juízo, de acordo com o CPC
(Código de Processo Civil).

13.3 EM COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO.

No caso de necessidade do Perito Especializado, não havendo, nos órgãos públicos,


especialistas na matéria, esses são solicitados pela comissão.

Deveria ser mediante licitação, mas, dada a urgência de alguns casos, isso não ocorre, e
devem ser observados os critérios já existentes.

13.4 EM JUÍZO ARBITRAL.

O juízo arbitral é instituído pela vontade das partes, e cada uma delas responde pelos
honorários.

14 SIGILO.

De acordo com a Resolução CFC nº 733/92 de 22/10/92 – NBC – P-2 – Normas Profissionais
de Perito Contábil, item 2.6 - Sigilo:

“2.6.1. O perito contábil deve respeitar e assegurar o sigilo do que apurar durante a
execução de seu trabalho, não divulgando em nenhuma circunstância, salvo quando

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houver obrigação legal de fazê-lo, dever que se mantém depois de entregue o laudo ou
terminados os compromissos assumidos.”

O que se conhece em razão de confiança não pode ser divulgado, sendo crime fazê-lo.
O CPC em seu artigo 144 diz “Ninguém pode ser obrigado a depor de fatos, a cujo respeito, por
estado de profissão, deva guardar segredo.”

15 RESPONSABILIDADES DO PERITO.

Estabelece a Resolução CFC nº 733/92 de 22/10/92 – NBC – P-2 – Normas Profissionais


de Perito Contábil, item 2.7 – Responsabilidade e Zelo:

“2.7.1. o perito contábil deve cumprir os prazos e zelar por suas prerrogativas
profissionais nos limites de sua função, fazendo-se respeitar e agindo sempre com
seriedade e discrição.
2.7.2. Os peritos contábeis, no exercício de suas atribuições, respeitar-se-ão
mutuamente, defesos elogios e críticas de cunho pessoal.”

No desempenho da atividade, o Perito Contador e o Perito Assistente estão obrigados a


portar-se com ética, lealdade, idoneidade e honestidade em relação ao juiz e ás partes
litigantes.

Se, porventura, o Perito Contador cometer qualquer prática incorreta, especificamente


que possa trazer danos às partes, responderá por estes e ainda estará sujeito a punições do
Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição e sanção da Lei Penal.

16 ÉTICA E A PERÍCIA.

Muitas são as definições de Ética, todas relacionando-a com a Moral e o comportamento


irrepreensível do ser humano, na busca de qualquer de seus objetivo, que podem ser apenas
de felicidade pessoal, ou êxito intelectual, profissional ou econômico.

A ética, como principio contábil, envolve aspectos objetivos em que sua aplicação não
depende de opção ou escolha do profissional, mas é conseqüência da própria natureza da
Contabilidade, contida no princípio contábil, a qual precisa ser respeitada.

Assim, como não se pode alegar ignorância da lei, para não cumpri-la, também não se
podem ignorar exigências técnicas e culturais para o exercício da profissão.

Quanto maior a falta de conhecimento, menos condições têm o profissional de


conscientizar-se de que está errado. Essa ignorância caracteriza também falta de ética, embora
o indivíduo, por carência de conhecimento possa aceitar como certo aquilo que está errado.

Da mesma forma, quando o indivíduo não tem boa formação ética, também não sabe se
está ou não cometendo ato aético. Quando incompetente e mal formado, seu erro pode
abranger os dois aspectos, ou seja, ele erra no julgamento de seus próprios atos e na
aplicação da ética contábil.

O respeito à ética deve estar implícito no exercício de qualquer profissão, mas em


especial na Profissão Contábil, não somente por envolver interesses de pessoas que podem
estar apenas indiretamente ligadas ao patrimônio, cujos fenômenos registramos, analisamos,
interpretamos e sobre os quais damos informações e orientação, muitas vezes imprescindíveis
para a tomada de decisões, mas também porque a ética está implícita na própria ciência
contábil, como um Princípio Fundamental de Contabilidade.

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O Conselho Federal de Contabilidade, com poderes concedidos por Lei, aprovou o
Código de Ética Profissional do Contabilista. Resolução CFC nº 803/96, de 10 de outubro de
1996, incluindo as alterações da Resolução CFC nº 819/97, de 20 de novembro de 1997.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

Revista Brasileira de Contabilidade - Ano XXIX nº 121.

Fonseca, Alice Aparecida da Silva et al. Revista Brasileira de Contabilidade. Ano XXIX nº
123.
Brasília. Mai/Jun 2000.

D´Áurea , Francisco – Revisão e Perícia Contábil, 2. ed. 1953. Rio de Janeiro: Nacional.

De Sá, Antônio Lopes – Perícia Contábil, 3. ed. – 1997 - São Paulo: Atlas.

Normas da Profissão Contábil – 24ª edição – Conselho Regional do Estado de São Paulo.

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