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Fundamentos Design - Unidade 1
Fundamentos Design - Unidade 1
FUNDAMENTOS DO DESIGN
CAPÍTULO 1 - O QUE É DESIGN ?
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Introdução
Vivemos em ambientes construídos por objetos dos quais somos usuários. Estamos em interação constante
com esses objetos que devem nos trazer bem-estar, conforto e felicidade. Nesse sentido, o design está
presente desde que acordamos até o momento que nos deitamos: em nossas casas, nos transportes, na
educação, no trabalho, na saú de. Ele pode estar em contato direto com nossa pele no vestuário como também
afastado em um website.
O emprego da palavra design vem sendo utilizado para nomear uma série de atividades, como hair design,
cake design, nail-design. Como também, muitas vezes é utilizado na publicidade para chamar a atenção para
algum aspecto estético de um produto.
Mas afinal o que é design? E quem é o designer? Pensando de uma forma generalizada e no senso comum,
quando uma pessoa fala que o design de um carro ou embalagem é arrojado, logo pode-se pensar em um
produto com uma forma diferenciada, moderna e atraente. Levando a um sentido de algo bem feito, com
aparência “bonita”, entretanto, o conceito de design é mais abrangente e plural (HSUAN-AN, 2018).
O design é o termo que designa a profissão e o designer é o profissional que se dedica ao design. Mas o design
não se relaciona apenas com os produtos que consumimos. Então, qual o seu alcance? E como atuar nesse
campo que está em evidência?
Vamos começar esse primeiro capítulo compreendendo algumas definiçõ es do design, desde conceituaçõ es
tradicionais até questionamentos contemporâneos. Compreenderemos também a função do designer, seu
papel, habilidades e possibilidades de atuação. Em seguida, vamos entender quais os limites da profissão. No
ú ltimo tó pico, vamos abordar o mercado de trabalho no cenário nacional e internacional, com alguns
exemplos de empresas renomadas de design.
Vamos lá? Acompanhe este capítulo com atenção!
A palavra design vem do inglês e foi utilizada com mais frequência no início do século XIX. São
inú meros autores que tratam de sua conceituação, e isso tem gerado debates, principalmente por
sua ambiguidade semântica.
Cardoso (2008) aponta que o termo design tem suas origens mais remotas no latim do verbo
designare, que significa tanto designar, determinar, quanto desenhar algo. Nesse sentido, o design
engloba tanto a parte abstrata de conceber algo quanto a parte concreta sua materialização.
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De acordo Bü rdek (2010, p. 13) o termo design foi descrito pela primeira vez pelo Oxford
Dictionary em 1588 como “um plano que possa ser realizado; o primeiro projeto gráfico de uma
obra de arte ou; um objetivo de artes aplicadas que seja ú til para a construção de outras obras.”
Moura e Gusmão (2009) apontam a dificuldade de definição do design, muitas vezes até na forma
mais simplista. Isso ocorre pela crença de que o design é desenho e o designer um artista
criativo. O desenho encontra-se no escopo do design, mas o seu entendimento é mais complexo.
Nesse sentido, os autores explicam as diferentes definiçõ es da palavra design. No inglês ela é
utilizada de duas formas, com substantivo com significado de plano, intenção, e como verbo (to
design) que se relaciona com o ato de projetar, criar algo.
Há também a distinção entre a palavra desenho e design: no inglês – draw (desenho) e design,
espanhol – dibujo (desenho) e diseño, no italiano disegno (desenho) e design e no francês dessein
(desenho) e désign. No Brasil, incorporamos ao nosso dicionário a palavra na língua inglesa por
não termos uma palavra em português que defina esse campo que não é apenas design, como
também não é apenas projeto.
Deste modo, o design é uma atividade que gera projetos, no sentido objetivo de planos, esboços, modelos e
protó tipos (CARDOSO, 2008; HSUAN-NA, 2018). Ele pode ser descrito como um processo completo que busca
resolução de um problema, por meio de uma metodologia, e leva a construção e configuração de um resultado
concreto.
A Industrial Designers Society of America (IDSA, 2018) define o termo design industrial como um plano para
alcançar uma finalidade específica que envolve a resolução de problemas e a comunicação. O design facilita a
vida, procura criar ou melhorar objetos (produtos) deixando-os mais funcionais e atrativos, mais eficientes e
acessíveis.
Para aprender mais sobre a etimologia da palavra design, assista ao vídeo abaixo.
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VOCÊ SABIA?
O termo design industrial surgiu como um atributo da revolução industrial e da
produção em massa. Foi utilizado pela primeira vez em 1948 nos Estados Unidos
por Matrin Stam, que definiu o projetista industrial como o profissional que se
dedica à indú stria em qualquer campo, especialmente na configuração de novos
materiais. (BÜ RDEK, 2010).
A abrangência do design gera inú meros debates, principalmente sobre o aspecto da forma e da função que
podem ser considerados requisitos do projeto, mas não seu objetivo. A definição elaborada pelo Design Center
de Berlim em 1979 descrita por Bü rdek (2010, p. 15) aponta aspectos relevantes sobre o escopo do design.
“Um bom design deve expressar as particularidades de um produto, responder a questõ es do meio ambiente,
de economia de energia, da reutilização, de duração e de ergonomia”.
Entretanto faz-se necessário esclarecer que o design não se limita ao desenvolvimento de produtos. O pró prio
termo “produto” segundo Bü rdek (2010) está em mutação, nesse sentido, podemos pensar no design não
apenas do objeto em si, mas de interfaces ou superfícies que são configuradas pelo designer. Como
atualmente tem se falado em design de serviços, design digital, design de jogos, sobre as configuraçõ es que
devem ter para que atendam às necessidades dos usuários.
A definição de design é revisada e atualizada a longo do tempo. Hsuan-An (2018) aponta que o design deve ser
entendido em dois contextos: conceitual e projetual. O conceitual se refere às ideias e o projetual ao processo
técnico-prático. O autor fala também do processo de projeto que deve ser considerado um processo de
inovação e criatividade. “Design é toda atividade projetual efetiva de criação e de produção de objetos, sistema
de objetos e ambientes organizados, realizada por meio de processos racionalizados, com o objetivo de
contribuir para melhorar a qualidade de vida humana” (HSUAN-AN, 2018, p. 45).
Nesse sentido o processo de design de acordo com Walsh et al. apud MOZOTA (2011, p. 26), possui quatro
características essenciais, os 4Cs do design. Clique nos itens a seguir para conhecê-los.
•
Criatividade: o design exige a criação de algo que não existia antes.
•
Complexidade: o design envolve decisõ es quanto a um grande nú mero de parâmetros
variáveis.
•
Comprometimento: o design requer o equilíbrio de várias necessidades, às vezes conflitant
(custo e desempenho, estética e facilidade de uso, materiais e durabilidade).
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• Capacidade de escolha: o design impõ e que se façam escolhas entre muitas soluçõ
possíveis para um problema em todos os níveis, desde o conceito básico até o menor detal
de cor ou forma.
Para que o design seja efetivo e satisfató rio dependerá da atividade pensada racionalmente, mesmo que seja
influenciada por percepçõ es e sentimentos do designer. Sendo assim, o projeto constitui um processo de
racionalização do pensamento, como também da avaliação, e da sequência das operaçõ es para se chegar no
resultado esperado.
Perceba que as definiçõ es do design atualmente são plurais. Bü rdek (2010, p. 15) sugere que em vez de uma
nova definição para o design na virada do século XX para o XXI, se deve nomear alguns problemas que o
design deve atender, listado a seguir. Clique na interação.
O design deve estar alinhado com as necessidades da sociedade, por isso muitos produtos são reconfigurados
ou melhorados, por apresentem problemas, ou pela descoberta de uma nova tecnologia, ou ainda por
adaptação às novas demandas. Essas modificaçõ es podem se relacionar à estética, à funcionalidade, à
segurança, à qualidade, dentre outros aspectos que podem influenciar a interação entre usuário e produtos
(HSUAN-AN, 2018).
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Sendo assim, o design deve priorizar a melhoria da qualidade de vida, buscando soluçõ es criativas para os
problemas do dia a dia, levando em consideração às necessidade locais e globais. A seguir, vamos estudar o
perfil do designer.
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Além disso um bom designer deve ter conhecimentos artísticos, culturais, tecnoló gicos, sociais, psicoló gicos,
ergonô micos e histó ricos (HSUAN-AN, 2018). A seguir vamos conhecer quais as possibilidade de atuação do
designer.
Design de produto
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Grande parte dos objetos utilitários são produzidos por meio do design de produtos. Mesmo o
desenvolvimento de uma caneta, que aparentemente tem uma forma simples, exige pesquisa e se relaciona
com diversos fatores do contexto, cultural, social, econô mico, tecnoló gico e psicoló gico. É preciso
compreender a fundo para quem esse produto será desenvolvido para que esse satisfaça às necessidades e
desejos dos consumidores (HSUAN-AN 2018).
O designer de produto concebe e executa projeto de mó veis, moda, luminária, tapetes, dentre outros. Como
também melhora ou cria uma solução original para um sistema, adapta um sistema a uma nova tarefa e faz o
redesign de produtos – modificando certos aspectos, sem alterar sua essência (MOZOTA, 2011).
VOCÊ O CONHECE?
Humberto e Fernando Campana são reconhecidos nacionalmente e
internacionalmente pela criatividade em incorporar matérias-primas do dia a dia,
como plástico bolha, mangueira de jardim, cordas, papelão, dentre outros materiais na
criação de móveis e objetos que carregam características brasileiras com o uso das
cores e misturas (CAMPANA, 2018). Conheça mais: <http://campanas.com.br/
(http://campanas.com.br/)>.
Design de comunicação
A comunicação atualmente é dinâmica. Por meio dos produtos e suas interfaces nos comunicamos,
recebemos informaçõ es em grande parte em forma de imagens que podem ser estáticas ou animadas. Muitas
imagens, sejam de logomarcas de uma camiseta, embalagens de fast-food, páginas de sites, capas de CDs e
DVDs, são feitas por meio do processo de design (HSUAN-AN, 2018).
Por meio da gramática visual (ponto, linha, equilíbrio, escala textura, cor, hierarquia, enquadramento, dentre
outros) o design de informação comunica uma mensagem. O designer de comunicação precisa sintetizar
graficamente um conceito, para que os usuários possam compreender a mensagem. Portanto, é uma ponte
entre a organização comunicadora e o pú blico (SOROMENHO; AMARO, 2012).
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Figura 2 - Essa embalagem de batata frita remete à uma marca mundialmente conhecida sem citar o seu
nome. Exemplo de design de comunicação na embalagem e logo que destacam a eficácia do design de
comunicação.
Fonte: Sorbis, Shutterstock, 2018.
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O design de comunicação abrange produtos e serviços variados que se relacionam com a impressão gráfica e
informática, tais como: cartaz, embalagens, livros, programa de identidade visual, computação gráfica, web
design, animação, games, dentre muitos outros. Com o aumento acelerado do uso da internet as empresas tem
cada vez mais a demanda de profissionais qualificados para desenvolver sites, aplicativos e displays
(HSUAN-AN, 2018).
Design de interiores
O design de interiores é uma área que desenvolve projetos de ambientes (internos), considerando aspectos
técnicos, ergonó micos e estéticos para criar a melhor solução para espaços construídos. Ele está inserido em
uma área mais extensa que é o design de ambientes que projeta tanto ambientes internos quanto externos. O
design de interiores engloba planejamento, organização e composição de mó veis, objetos, elementos
decorativos, em espaços internos como residências, espaços comerciais, interior de navio, dentre outros. O
designer de interiores precisa ter conhecimentos também em design de produto e comunicação, pois ele deve
reorganizar o espaço já construído pela disposição dos objetos e demais elementos (HSUAN-AN, 2018).
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Figura 3 - No projeto de design de interiores prioriza-se as melhores formas de interação entre o usuário e o
espaço, por meio de cores, texturas, mobiliário dentre outros que sejam coerentes com a proposta do
ambiente.
Fonte: Naphat_Jorjee, Shutterstock, 2018.
Design de serviços
O design de serviços traz uma nova forma de pensar, é uma abordagem interdisciplinar focada na criação de
experiências por meio da combinação de recursos tangíveis e intangíveis. Pode ser empregado em diversos
setores como saú de, varejo, transporte, habitaçõ es, moda, entre outros segmentos (STICKDORN; SCHNEIDER,
2014). Empresas como Spotify, Aribnb, Booking e Uber são exemplos de serviços que trazem propostas
coerentes com as demandas da sociedade.
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Figura 4 - O Spotify é um exemplo de serviço que tem traz uma nova formas de acesso e compartilhamento
de mú sicas.
Fonte: emasali stock, Shutterstock, 2019.
Deste modo o design de serviços é uma forma holística de olhar as necessidades dos usuários e transformá-
las em soluçõ es que aprimorem fatores como o facilidade de uso, a satisfação, melhoria da relação empresas-
usuários. O design de serviços pode tanto criar quanto melhorar serviços existentes priorizando a interação
dos usuários (STICKDORN; SCHNEIDER, 2014).
Essas são algumas possibilidades de atuação com o design, porém existem muitas outras áreas que estão
sendo exploradas pelo design.
A atividade de design também pode ser classificada segundo a dimensão do produto. Mozota (2011) descreve
três dimensõ es da atividade: duas dimensõ es (2D), três dimensõ es (3D) e uma nova dimensão (4D) que
inclui a dimensão da interface com o usuário, orientadas pelas novas tecnologias de informação, como
podemos ver no quadro a seguir:
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Em relação aos desafios da profissão no cenário nacional, Martins et. al. (2013) ressaltam as dificuldade de
compreensão do design como uma área que visa o bem-estar social, visto que muitas vezes é associado
apenas a produção de artigos de luxo e alto valor. Outra questão é a falta de valorização da profissão dentro
de um mercado de trabalho que cresce, mas ainda não reconhece a importância do designer. Para os autores
isso parece se relacionar com o valor que se atribuí a industrialização de um país. Muitas empresas veem o
designer como um profissional altamente qualificado para produzir soluçõ es estéticas, mas não acreditam
que o design pode ser uma fator de inovação não somente do produto, mas do negó cio, com melhorias desde
a processos produtivos como organizacionais.
Morris (2010) acrescenta que os desafios da profissão atualmente estão em lidar com a alta complexidade
que vivemos, o nú mero de informaçõ es aumentou e a segmentação de áreas também. Diante deste contexto,
como o designer deve atuar nesse mundo complexo, com as exigências de precisão e tempo? Para auxiliar
nesses desafios muitas pesquisas no campo do design têm sido elaboradas e inú meras contribuiçõ es
ocorreram para otimização do trabalho e busca da inovação.
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CASO
Uma equipe de designers foi contratada para solucionar um problema local de
distribuição de alimentos em Baltimore, nos Estados Unidos. A população
precisava se deslocar longas distâncias porque não havia um supermercado
próximo. Então, criaram uma iniciativa de um mercado virtual para combater o
problema. Inicialmente realizaram um projeto piloto que permitia aos moradores
do bairro encomendar os alimentos online em uma biblioteca pú blica local, e as
compras eram entregues no dia seguinte sem taxa de entrega para os clientes.
A tarefa dos designers foi criar peças publicitárias para anunciar e explicar o
programa aos moradores da região com a linguagem mais clara e adequada. Para
isso, criaram um cartaz e, em seguida, conversaram com os participantes do
programa. Os principais pontos destacados pelos moradores foram:
O designer precisa olhar para o mundo com a mente aberta, ir além para buscar novas possiblidades. Se as
pessoas simplesmente copiassem, nada de novo surgiria. A capacidade imaginativa é o que diferencia um
designer profissional de um inventor de ocasião (MORRIS, 2010).
Os grandes designers sempre estão em busca de novas experiências, mas como podemos inovar se sempre
estamos seguimos o mesmo caminho? Nosso campo de visão sempre será o mesmo. Os designers precisam
ir além, buscar novas experiências, como conhecer lugares novos, viajar, ou até mesmo algo mais simples
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como ler um jornal diferente, fazer um novo caminho para o trabalho, observar os detalhes da rua por onde
caminha. Os grandes profissionais da área sempre estão dispostos a buscar novos desafios, novas respostas
para problemas, trabalhar com novos colegas e tentar coisas novas (MORRIS, 2010). Nesse sentido o designer
lida com conhecimentos de diversas áreas, por isso a interdisciplinaridade é tão importante. Vamos
compreender no pró ximo tó pico quais as áreas e conhecimentos específicos são correlatos ao design.
Para Mozota (2011) as distinçõ es entre um designer e um artista se relacionam com o tipo de
trabalho desenvolvido pelo designer, ele cria algo para os outros em uma equipe multidisciplinar
gerindo esse processo em prol da inovação.
Assim como conceituar o design, definir a arte sempre foi um desafio. A arte é qualquer atividade
humana racional e utilitária. Na concepção da estética contemporânea a arte é expressão criadora
e processo de construção que por sua combinação de propriedades formais tais como: sons,
movimentos, cores, linhas etc., cria objetos de arte (MICHAELIS, 2018).
Uma segunda distinção que gera debates no campo do design é a distinção entre artesanato e
design. De acordo com Freitas (2017) o artesanato está presente desde os povos mais primitivos,
surgiu da necessidade do homem de se alimentar, se proteger e se expressar e foi se aprimorando
ao longo do tempo. O artesão atuava na produção de objetos desde a concepção do produto até a
sua comercialização.
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O artesanato é uma atividade manual com finalidades comerciais, que pode ou não ser
desenvolvida com uso de máquinas, mas há o predomínio da habilidade manual e da
criatividade. É produzido em pequena escala.
Já o design é uma atividade integrada que ultrapassa a consideraçõ es formais e funcionais, é uma
atividade estratégica de comunicação e inovação, o profissional que atua no design é preparado
para a atividade projetual nas mais diversas formas, para análise do comportamento do
consumidor e percepçõ es de oportunidades de mercado (FREITAS, 2017).
Já para Cardoso (2013) a dicotomia entre design e artesanato está desgastada, pois vivemos
atualmente em novas perspectivas de produção além da produção em massa. O autor exemplifica
apontando que um cartaz projetado e impresso com ferramentas digitais, pode ser realizado por
uma ú nica pessoa desde sua concepção a sua produção, e pode ser produzido como peça ú nica,
mas não poderia ser considerado um objeto artesanal. O design deve ser pensado como um
campo em plena evolução.
E por fim, o terceiro ponto que vamos abordar é a relação entre design e tecnologia. Souto (2012)
analisa alguns autores que conceituam a tecnologia e descreve que ela é uma disciplina em
paralelo com a ciência. Nesse sentido, a tecnologia não é apenas a aplicação do conhecimento
científico, pois pesquisadores de tecnologia analisam áreas ainda com pouco conhecimento
estabelecido.
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Nesse sentido Souto (2012) aponta algumas diferenças e similaridades entre design, arte e tecnologia em
relação aos seus objetivos: o design busca a satisfação das necessidades e desejos dos usuários com
inovaçõ es que visam o bem-estar social, já a arte busca a estética e a tecnologia busca atingir metas
específicas, com inovaçõ es que visam a melhoria de processos operacionais. Apesar dessa distinção, a autora
ressalta que os objetivos dessas áreas não são totalmente excludentes: o design também busca a estética,
assim como as artes pode-se buscar à satisfação do usuário, bem como o design incorpora a inovação
tecnoló gica.
Para sintetizar os diversos tipos de design e as áreas correlatas que entram nos conhecimentos
multidisciplinares do design, será apresentado a seguir o diagrama de David Walker com os diversos tipos de
design e suas relaçõ es. O autor coloca as raízes do design como profissão nos trabalhos artesanais, com
imersão do design em diferentes técnicas de artesanato e sua inserção na comunidade criativa. O tronco da
árvore representa as áreas específicas do conhecimento artesanal, que podem ser: cerâmica, bordado,
desenho, joalheria, dentre outros; representa a permanência do conhecimento do design em sua forma
material. E os ramos representam a valorização das diversas áreas e disciplinas do design e formam uma
síntese das necessidades mercadoló gicas e de conhecimento do design.
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Figura 5 - De acordo com o Diagrama de David Walker, as origens do design estão embasadas no artesanato,
bem seu escopo incorpora a arte e a ciência, a partir desses conhecimentos surgem as áreas do design.
Fonte: MOZOTA, 2011, p. 22.
Em meio a tanta pluralidade pode-se dizer que o “designer” faz de tudo um pouco, e é um termo de aplicação a
um nú mero crescente de atividades (CARDOSO, 2013).
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Neste tó pico, você entendeu um pouco mais sobre a interdisciplinaridade no design, os limites entre design e
arte/design e tecnologia, assim como a convergência entre áreas correlatas. No pró ximo tó pico vamos falar
do mercado de trabalho. Continue acompanhando!
•
Produto e políticas de inovação.
•
Espaço de varejo e posicionamento da marca no varejo.
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O design pode ser integrado como CEO (responsável pela estratégia de uma empresa) quando a estratégia da
empresa implica na modificação de sua identidade, como por exemplo na fusão de empresas. Também pode
ser integrado nas comunicaçõ es corporativas, em tudo que se relaciona com a identidade visual da
organização, online e off-line, criação de eventos ou participação em mostras profissionais. No marketing, o
design pode ser integrado na criação de uma nova embalagem, desenvolvimento e valorização de uma marca,
organização da promoção do produto. E pode ser integrado na produção de pesquisa e desenvolvimento para
um projeto (MOZOTA, 2011).
VOCÊ SABIA?
O história do sabonete é um exemplo de utilização do design para criar uma
demanda. Em 1884 W. H. Leaver percebeu que para aumentar suas vendas na
classe trabalhadora, teria que criar um produto diferenciado. Então batizou de
“Sunlight” os seus sabonetes, que eram vendidos em barras de 30g embrulhados
em uma imitação de papel pergaminho com seu nome e o de seu produto, o
“Sunlight”. Esse é um exemplo que demostra que por meio da diferenciação da
mercadoria o design colaborou para divulgar o produto de forma eficaz (MOZOTA,
2011).
“O design como profissão tem participação ativa nas economias nacionais” (MOZOTA, 2011, p. 56), por isso
também seu desenvolvimento depende da economia nacional e internacional. Ele cria uma demanda por
produtos e serviços que estimula o consumo. Bem como, pode contribuir para elevação da taxa de exportação
de um país, quando se desenvolvem produtos considerados com qualidade e desempenho superior. Deste
modo, o design tem papel importante para gerar vantagem competitiva de um país, visto que a
competitividade de uma economia é mensurada por sua capacidade de gerar pesquisas e inovar (BRASIL,
2014).
Neste tó pico vamos conhecer um pouco de como o design tem atuado em empresas nacionais e
internacionais, como também alguns aspectos sobre ética no design.
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possui uma diversidade de negó cios em design, que buscam atender as diferentes dinâmicas do mercado. A
indú stria brasileira tem recebido prêmios internacionais de design que avaliam a qualidade do design,
acabamento, escolha de materiais, grau de inovação, funcionalidade, ergonomia, segurança, design global,
dentre outros critérios. Isso comprova que existem muitas organizaçõ es nacionais que vem empenhado
esforços para gerar inovaçõ es que são reconhecidas mundialmente.
Podemos destacar alguns setores que vem empregando o design no Brasil como: audiovisual, têxtil e
confecção, calçados, médico-odonto-hospitalar, mobiliário, embalagem para alimentos, cerâmica e
revestimento, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos e máquina e equipamentos (CBD, 2014). A seguir
serão apresentadas algumas empresas nacionais de destaque.
Casa Rex
Estú dio de design gráfico, localizado em São Paulo, fundada por Gustavo Piqueira designer gráfico, conhecido
e premiado internacionalmente. Desenvolvem projeto gráficos para diversos setores, identidade visual,
sistemas de identidade e de sinalização e material promocional e institucionais. Alguns dos trabalhos que
desenvolveram são: linha de produtos para a livraria Cultura, projeto premiado para a marca Brigaderia C by
B, estampas para uniformes escolares e muitos outros projetos. Piqueira enxerga o design como um diálogo,
para ele, quanto mais se dialoga, mais rica torna-se a experiência profissional. Isso é refletido na Casa Rex,
que expande sua atuação para além das fronteiras tradicionais do design (CASA REX, 2018).
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VOCÊ O CONHECE?
Gustavo Piqueira, além de um dos mais premiados designers gráficos do Brasil é autor
de 20 livros sobre os temas mais diversos. Piqueira é conhecido por um humor ácido,
que é bem característicos de seus livros. Entre suas obras podemos destacar o livro “8
viagens ao Brasil”, que discute a interação entre indú stria, arte e códigos culturais
vigentes que deram origem à criação da imagem do Brasil. Conheça mais das obras
literárias do designer em:
<https://www.gustavopiqueira.com.br/ (https://www.gustavopiqueira.com.br/)>.
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De acordo com Mozota (2011) em um parâmetro mundial pode-se identificar o incentivo a promoção do
design. Japão, Grã-Bretanha e Dinamarca são exemplos de países em que o governo trabalha em colaboração
com centros de design em nível nacional e regional, com auxílio na promoção de concursos, edição de
publicaçõ es, financiamento e de pesquisa. O design como profissão também tem participação ativa nas
economias dos países, dentre as maiores agências de design do mundo podemos destacar Dragon Rouge, na
França e FrogDesign, na Alemanha. Esse países utilizam o design para além do desenvolvimento de produto,
como um valor estratégico.
A seguir serão descritas algumas empresas internacionais que integram o design tanto no desenvolvimento de
produto quanto escritó rios e agências de design. Clique nas abas para conhecê-las.
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seleciona insights relevantes em três áreas (tecnologia, sociedade e negó cios); e uma fase de
saída em que essas percepçõ es são transformadas em soluçõ es significativas e viáveis (PEPSICO,
2018).
Um dos seus produtos premiados é o Pepsi Spire. Uma experiência customizada de bebidas, que
o usuário cria seu refrigerante. É uma máquina touth screen em que é possível adicionar alguns
sabores ao refrigerantes da marca, como morango, limão, uva. Inú meras combinaçõ es são
possíveis para criar uma bebida personalizada (PEPSI SPIRE, 2018).
Meta Design
Empresa alemã e um dos principais escritó rios de design do mundo, a Meta Design foi fundada
em 1979 por Erik Spiekermann, tipó grafo e designer gráfico internacionalmente reconhecido por
seu trabalho. Para a Meta Design o equilíbrio entre solidez e adaptabilidade é a chave para uma
companhia se sustentar no mercado, com um foco definido e criatividade para explorar novas
oportunidades. A companhia trabalha com a integração do branding com o design. Seu processo
se inicia com a compreensão do propó sito de uma empresa, por meio de pesquisas e entrevistas.
Apó s, definem a marca e constroem uma base estratégica que se alinha com a visão geral da
empresa. Com base nesse trabalho de estratégia, a Meta Design cria experiências de marca
distintas que podem abranger todos os pontos de contato com uma marca e interação: digitais e
físicos. O intuito da organização é colaborar com empresas a identificar novas áreas para
explorar e inspirar mudanças por meio da inovação. Desenvolvem conceitos para serviços,
produtos e até portfó lios inteiros para experiências de marca consistentemente positivas. Dentre
os clientes atendidos pela Meta Design podemos destacar trabalhos com a Woksvagem, Porsch,
Coca-Cola, dentre outras marcas conhecidas globalmente (META DESIGN, 2018).
Lenovo
A inovação faz parte do DNA da Lenovo, empresa mundialmente reconhecida, com enfoque no
aprimoramento das experiências dos usuários com a tecnologia. Seu portfó lio vai desde
smartphones até o data center. Com uma cultura empresarial inclusiva, formada por uma equipe
de gestão diversificada, onde se dedicam a promover um ambiente que incentive o
empreendedorismo e o talento das pessoas. São reconhecidos pelos prêmios de design com os
produtos ThinkPad, Monitor Thinking Vision, Yoga 730, dentre outros (LENOVO, 2018). Brian
Leonard, vice-presidente da Lenovo Experience Design Group descreve que o processo criativo da
empresa é centrado nas necessidades das pessoas. Para isso, realizam uma abordagem global
com workshops da equipe de design com especialistas em marketing, vendas, produtos, usuários
e experiência do cliente. Brian explica que isso é extremamente importante porque a tecnologia
está continuamente nos aproximando. Isso significa que os consumidores na Europa estão
influenciando os gostos na Á sia, os consumidores asiáticos estão adicionando seu talento ú nico
aos produtos, que por sua vez influenciam os gostos dos americanos, e assim por diante. Hoje, a
Lenovo projeta para um consumidor global (LENOVO, 2017).
Esses são alguns exemplo de marcas que englobam o design em diversos segmentos. Portanto pode-se
concluir que o design tem participação em questõ es macroeconô micas, e colabora para elevar o nível de
inovação e competitividade de uma nação, além de ser ativo para o desempenho empresarial (MOZOTA,
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=785175 26/29
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2011).
Síntese
Chegamos ao final do capítulo. Aprofundamos nosso conhecimento sobre a conceituação do design como um
campo que está em crescente evidência e construção de pesquisas. A abordagem sistêmica é inerente ao
design, visto que, seus fundamentos e processos tangenciam diversas áreas como artes, engenharia e
arquitetura. O designer do mundo complexo que vivemos atualmente tem inú meras oportunidades e desafios.
Deste modo, podemos concluir que o design vêm colaborando para o bem-estar, qualidade de vida e
desenvolvimento econô mico.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
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