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Relatório do conto “A Negrinha”

1. Introdução
Foi apresentado o conto "A Negrinha" que é um conto escrito por Monteiro Lobato, um dos mais
famosos escritores brasileiros do século XX. Publicado pela primeira vez em 1920, o conto desperta
discussões sobre questões raciais, preconceito e desigualdades sociais presentes na sociedade
brasileira da época.

2. Biografia do autor
Monteiro Lobato (1882-1948) foi um famoso escritor e editor brasileiro, conhecido por suas obras de
literatura infantil, especialmente a série "O Sítio do Picapau Amarelo". Formado em Direito,
dedicou-se à carreira de escritor e editor, acreditando no poder da literatura como forma de educação
e transformação social. Fundou a primeira editora brasileira voltada para o público infantil, a
"Companhia Editora Nacional". Embora tenha deixado um legado importante na literatura brasileira,
sua trajetória também foi marcada por polêmicas devido a opiniões consideradas racistas e
preconceituosas expressas em algumas de suas obras e correspondências. No entanto, suas obras
continuam a ser valorizadas como parte do patrimônio cultural do Brasil.

3. Análise do conto "A Negrinha”


A Negrinha foi publicado no livro do mesmo nome em 1920. O conto denuncia os bastidores da
sociedade patriarcal colocando, lado a lado, farsa e sarcasmo, tragédia e compaixão. É uma forte
crítica à mentalidade escravocrata da sociedade brasileira que persistia três décadas depois da
abolição. O conto narra o drama de uma criança órfã, de sete anos, filha de uma ex-escrava e
chamada pela alcunha Negrinha. A menina não tem nome, lhe é negada uma identidade individual e
social. Mas carrega apelidos perversos que a mimoseavam, na linguagem sarcástica de Lobato.
Como bem define Bignotto: “Negrinha não tem nome – tem apelido; não tem família – tem dona, que
não cuida dela; não tem cor definida – é mulatinha escura; não tem lugar dentro da cozinha, dentro
da casa, dentro da sociedade. Não é à toa que parece ‘um gato sem dono’ – sua condição é quase a
mesma de um animal. “Aprendeu a andar, mas quase não andava”. Em contrapartida, a senhora tem
nome, título e posição social – dona Inácia. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo,
mimada dos padres, com lugar certo na Igreja e camarote de luxo reservado no céu – descreve
Lobato. A narrativa passa-se em um tempo qualquer, poucos anos depois da abolição, como se pode
inferir no trecho: Nascera na senzala, de mãe escrava. Mais à frente, Lobato lembra o tempo sem
explicitá-lo: Nunca se habituara ao regime novo – essa indecência de negro igual a branco e qualquer
coisinha: a polícia! O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague. Talvez seja mais uma denúncia
subliminar de Lobato: preconceito e racismo não têm tempo, são atemporais. O conto permite
reflexões e debates em sala de aula sobre uma série de temas: preconceito, racismo, desigualdade
social, mentalidade escravocrata, maus-tratos à infância, padrão de beleza, a importância e o direito
de brincar (garantido, inclusive pelo Estatuto da Criança e do Adolescente).

4. Conclusão
"A Negrinha" é um conto emblemático na obra de Monteiro Lobato, abordando questões sensíveis
como racismo, preconceito e desigualdades sociais. Embora tenha sido escrito em uma época em que
essas discussões não eram tão aprofundadas, o conto suscitou reflexões importantes sobre a forma
como as pessoas negras eram tratadas na sociedade brasileira. É uma obra que, até os dias de hoje,
suscita debates sobre representatividade e justiça social, sendo importante

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