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Psi Escolar Ead Conteudo
Psi Escolar Ead Conteudo
Pesquisar os bastidores dos encaminhamentos, as versões dos vários profissionais e a história de vida da
criança. Para tanto pode-se pedir ao professor que escreva a queixa, ler o prontuário dos alunos, verificar a
versão e as expectativas dos diversos segmentos envolvidos no processo, as práticas pedagógicas cotianas,
etc.;
Realizar encontros com o grupo de crianças e com os pais. Com o intuito de pensar o processo de produção
da queixa e o que poderia se feito para modificá-la, pode-se verificar a participação dos pais e dos alunos
nos processos de decisão na vida escolar, conhecer as diferentes versões dos fatos, observar as relações de
poder, obter o consentimento dos pais para o trabalho a ser realizado, entre outras ações;
Conversas com os professores para discussão dos acontecimentos em classe;
Devolver os aspectos percebidos no processo aos professores, pais e crianças, verificar as possibilidades, as
modificações, problematizar as questões, colher e oferecer sugestões para que a queixa possa vir a se
superada.
Por fim, cabe ressaltar que avaliar o processo de produção da queixa implica em buscar o quanto é possível
alterar essa produção afetando os fenômenos nos quais ela se viabiliza.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando os argumentos utilizados pelas autoras, em defesa de
suas teses.
2) A partir da leitura, esteja atento aos paradigmas e ações presentes em cada modelo utilizado para a avaliação da
queixa escolar.
3) Verifique qual o papel proposto para o psicólogo no contexto educacional e quais as possibilidades de atuação
apontadas pelo texto.
4) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1: (Fonte: Provão 2001) O psicólogo é chamado a uma escola de ensino fundamental, em função de
problemas de indisciplina em uma quinta série. A partir desta demanda, baseado em concepções recentes de
Psicologia Escolar que consideram como fundamental a análise da constituição da queixa escolar, na sua dimensão
institucional, o profissional deverá atuar: (assinale a alternativa correta)
a) de maneira individual, ouvindo cada aluno, avaliando-o particularmente para buscar em aspectos de sua
personalidade as causas do comportamento da indisciplina.
b) como interlocutor qualificado, levantando diferentes versões sobre as questões escolares com pais, educadores e
alunos, discutindo com tais protagonistas as possibilidades de intervenção.
c) de maneira tão somente grupal, reunindo os alunos indisciplinados e realizando sessões terapêuticas em grupo,
tendo a indisciplina como tema.
d) como psicoterapeuta, encaminhando os alunos indisciplinados para atendimento em psicoterapia individual e
grupal fora do ambiente escolar.
e) como educador, organizando um ciclo de pelo menos três palestras com pais e professores sobre indisciplina
escolar.
As alternativas A, C e D correspondem ao modelo clinico tradicional na avaliação da queixa escolar. A alternativa E
propõe um papel que não corresponde àquele que deve ser reservado ao psicólogo escolar. Apenas a alternativa
B propõe uma intervenção pautada pela perspectiva crítica, que considera a dimensão institucional conforme o
solicitado pelo enunciado da questão.
EXERCÍCIO 2: Ao ser indagada sobre a razão de seu encaminhamento para avaliação, Clara (9 anos) responde à
psicóloga: “Eu tenho uma doença chamada idade mental.”
Tendo em conta a perspectiva crítica, as ações que podem ser consideradas mais adequadas para o Psicólogo
Escolar em relação à avaliação psicológica de crianças nestas condições são: (assinale a alternativa correta)
a) Analisar o resultado de testes que revelem o grau de inteligência da criança para poder saber o que pode estar
produzindo a dificuldade de aprendizagem.
b) Analisar o processo de aprendizagem da criança com professores, pais e as próprias crianças com o objetivo de
apontar a causa desta dificuldade.
c) Analisar as relações e problematizar a respeito dos “campos de forças” e da realidade em que ocorrem os
encaminhamentos das crianças para avaliação.
d) Analisar as relações entre as crianças, sua forma de agir e de brincar, a fim de detectar suas limitações e
dificuldades de aprendizagem.
e) Analisar os dados estatísticos referentes aos problemas de aprendizagem, identificar seus prováveis distúrbios
físicos e mentais e encaminhá-la para ludoterapia.
Apenas a alternativa C corresponde à perspectiva crítica, ao modelo preventivo, as demais alternativas
correspondem ao modelo clínico tradicional.
Muito bem! Após realizar e acompanhar os argumentos de cada questão acima faça novamente uma leitura
cuidadosa do texto indicado no inicio dessa aula e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de
saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 5:
OS PROBLEMAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM: AS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS; O PAPEL DO
PSICÓLOGO FRENTE À QUEIXA ESCOLAR
Texto: TANAMACHI, E.; MEIRA, M. A atuação do Psicólogo como expressão do pensamento crítico em Psicologia e
Educação. In: Psicologia Escolar: Práticas Críticas. MEIRA, M.; ANTUNES, M. A. A. São Paulo, Casa do
Psicólogo, 2003. p. 11 a 62.
Em relação às possibilidades de compreensão do fracasso escolar as autoras criticam a visão tradicional.
Acreditam que tal perspectiva demonstra um descompromisso da Psicologia com as questões políticas, econômicas
e sociais. A visão tradicional centra no indivíduo, em sua família ou no seu meio sociocultural as causas do não
aprender. Assim, buscam em Marx, Leontiev, Giroux e Vigotski, entre outros autores, o referencial teórico crítico para
pensar o papel da escola na constituição do indivíduo e da sociedade.
Á partir de uma perspectiva crítica, as autoras consideram o jogo de forças e interesses políticos presentes em uma
determinada sociedade como aspectos significativos para se compreender o processo de produção do fracasso
escolar. Tal processo é pensado como sendo multideterminado, ou seja, sofre a ação das forças sociais, políticas,
econômicas e culturais presentes num determinado grupo social, é, portanto, produzido, constituído no tecido de
relações que envolvem os sujeitos.
Tendo em conta o referencial teórico crítico, as autoras apresentam possibilidades de ação para o psicólogo escolar
junto á demanda de queixa escolar e também em relação à sua atuação em instituições de ensino.
O melhor lugar para um psicólogo escolar é o lugar possível, dentro ou fora da instituição, desde que ele se coloque
dentro da educação e assuma um compromisso teórico e prático com as questões da escola, já que
independentemente do espaço profissional que possa estar ocupando, ela deve se constituir no foco principal de sua
reflexão, ou seja, é do trabalho que se desenvolve em seu interior que emergem as grandes questões para as quais
deve buscar tanto os recursos explicativos quanto os recursos metodológicos que possam orientar sua ação.
(Meira,2000,p.36)
Apresentamos a seguir as principais idéias apresentadas pelas autoras do texto em relação ao trabalho do
psicólogo escolar, seu papel, objeto de estudo, modo de compreender a demanda escolar e possibilidades de ação.
AÇÃO JUNTO Á DEMANDA DE QUEIXA ESCOLAR
Papel do Psicólogo Escolar
Seu papel deve ser o de mediador no processo de elaboração das condições para que a queixa possa vir a se
superada. Tal processo deve ser realizado junto com todos os segmentos envolvidos: família, escola, criança.
Objeto de Estudo
O objeto de estudo é o modo como o comportamento de uma criança (alvo da queixa) é influenciado pela educação
em geral e pela educação oferecida na escola, ou seja, é o processo de produção da queixa e seus efeitos nos
indivíduos envolvidos nesse processo.
Ação do Psicólogo Escolar
Deve estar voltada para a descrição e análise da relação entre o processo de produção da queixa escolar e
os processos de subjetivação/objetivação dos indivíduos nele envolvidos, como uma condição necessária á
superação das histórias de fracasso escolar. (p.29)
Compreensão da Queixa
A queixa é apenas a aparência, é preciso olhar o entorno, o que a envolve e a possibilita. A queixa deve ser
compreendida como sendo constituída por múltiplas determinações. Devemos buscar com todos os envolvidos as
ações, os acontecimentos, as concepções que produziram e motivaram o encaminhamento de tal criança.
Intervenção
Desenvolver ações voltadas aos vários segmentos envolvidos no processo (professores, alunos, familiares) no
sentido de tornar pensável o processo de produção da queixa e conseqüentemente as estratégias necessárias para
que a mesma possa ser superada.
ATUAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO
Papel do Psicólogo Escolar
Auxiliar a escola a remover os obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos
por meio da construção de práticas educativas que favoreçam os processos de humanização e reapropriação da
capacidade de pensamento crítico. (p.43)
Objeto de estudo
É o encontro entre os sujeitos e a educação.
Ações do Psicólogo Escolar
Refletir sobre os diferentes aspectos que compõem o cotidiano escolar.
Analisar criticamente essa realidade concebendo-a como construção social e, portanto, possível de transformação
pela ação humana.
Planejar ações que contribuam para as transformações necessárias.
Implantar projetos que traduzam o compromisso ético, político e profissional com a construção dos processos
educacionais.
Etapas do Processo de Intervenção
Avaliação da realidade escolar; discussão com os vários segmentos envolvidos; elaboração e execução do plano de
intervenção.
PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA REALIDADE ESCOLAR.
Veja alguns exemplos de dados que são interessantes de se obter nesse processo de avaliação e onde buscá-los.
Na organização da escola
Verificar por exemplo quantas classes, turmas, funcionários, existem e se isso é adequado para a demanda. Há
reuniões com professores, com a comunidade escolar, quais atividades a escola oferece?
Recursos físicos
Quais são esses recursos?São adequados ás necessidades da comunidade?
Corpo docente
Qual a formação dos professores, a experiência profissional, as condições de trabalho?
Proposta pedagógica
A proposta pedagógica é algo concreto, acontece na realidade ou é apenas algo que está escrito no plano escolar?
Ela é compartilhada por todos? Como é o sistema de progressão?
Equipe que dirige a escola
Como foi formada? Qual a experiência desses profissinais?
Organização dos segmentos que compõe a escola
Há Grêmio Estudantil, Associação de Pais, etc. Como funcionam esses segmentos?
Quais as condições sócio-econômicas da clientela.
Como foi formado esse bairro? Qual a história dessa escola?
Como os diferentes segmentos compreendem seus problemas?
Quais as expectativas em relação ao trabalho do psicólogo escolar? Qual as possibilidades e limites para a
implantação de projetos? Quais os parceiros em potencial?
O RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Sintetiza os principais procedimentos utilizados, contém uma apresentação geral dos dados, indica de forma
clara as questões que devem ser trabalhadas e como isso pode ser feito.
Deve ser apresentado aos vários segmentos envolvidos para discussão, reflexão sobre o que foi compreendido e o
que está sendo proposto enquanto estratégia de trabalho.
PLANO DE INTERVENÇÃO
Responde ao que foi percebido na avaliação, é composto por um conjunto de estratégias de ação, deve ser
implementado pelos vários autores do processo, contém ações que poderão ser realizadas a curto, médio e longo
prazo.
Veja alguns dos itens que compõe o plano de intervenção: Objetivo Geral. Objetivo Específico, Estratégias,
Condições objetivas para a realização das intervenções: recursos físicos, humanos, horários, etc.
Em linhas gerais a ação do psicólogo escolar deve contribuir para: gestão democrática da escola; resgate da
autonomia dos sujeitos; formação de vínculos; ampliação da participação popular; planejamento condizente com o
desenvolvimento, o interesse e as necessidades dos alunos; identificação e remoção dos obstáculos que possam
impedir os alunos de construir conhecimento. Cabe lembrar que no processo de intervenção devemos considerar a
especificidade de cada caso.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando a fundamentação teórica, os conceitos e argumentos
utilizados pelas autoras para pensar o processo de construção do fracasso escolar.
2) A partir da leitura, esteja atento (a) às estratégias de intervenção utilizadas verificando as semelhanças e
diferenças existentes quando o trabalho do psicólogo escolar está voltado para a demanda de queixa escolar e
quando está voltado para a atuação em instituições de ensino.
3) Verifique qual o papel proposto para o psicólogo no contexto educacional e quais as possibilidades de atuação
apontadas pelo texto.
4) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1 - TANAMACHI e MEIRA (2003), no texto “A atuação do Psicólogo como expressão do pensamento
crítico em Psicologia e Educação”, apresentam elementos da teoria de Vygotsky que sustentam uma compreensão
dos processos de ensino e aprendizagem em uma perspectiva sócio-histórica. Considerando esse referencial teórico,
leia as afirmativas abaixo e assinale a incorreta:
a) O professor deve priorizar a sua interação individualizada com cada aluno, visando avaliar com mais rigor o seu
nível de conhecimento real e potencial e montar grupos homogêneos de trabalho.
b) O professor deve promover a formação da consciência dos seus alunos, pois, somente através do
desenvolvimento da capacidade de pensamento crítico, será possível sua humanização.
c) O professor, enquanto representante da cultura, deve atuar como um mediador na dinâmica das relações
interpessoais e na relação dos alunos com os objetos do conhecimento.
d) O professor, assim como a escola, são fortemente valorizados nessa teoria, uma vez que a educação deve criar
condições para o desenvolvimento dos alunos.
e) O professor não pode prescindir de uma atenção constante aos significados, às emoções e aos afetos que
acompanham a aprendizagem dos alunos.
A alternativa “a” apresenta erroneamente os conceitos de Vygotsky, por exemplo: o professor deve valorizar as
diferenças, dar oportunidade para interação em grupos nos quais as diferenças individuais possam estimular o
desenvolvimento de todos.
EXERCÍCIO 2 - A compreensão contemporânea de atuação em Psicologia Escolar aponta para a necessidade de o
psicólogo se desvincular da ação culpabilizadora em relação aos alunos e se voltar para uma atuação preventiva e
relacional. A esse respeito, assinale a opção incorreta.
a) A atuação preventiva em Psicologia Escolar deve estar respaldada em ações que facilitem e incentivem a
construção de estratégias de ensino diversificadas.
b) A atuação preventiva do psicólogo escolar deve se voltar para a assessoria às famílias dos alunos no sentido de
orientá-las sobre como educar os filhos, acompanhá-los na escola e ajudá-los com as tarefas de casa.
c) A ação preventiva deve se direcionar para a compreensão e a intervenção nas relações interpessoais que
permeiam a construção do conhecimento e a ação pedagógica, valorizando a reciprocidade nas relações.
d) É responsabilidade do psicólogo escolar subsidiar os professores na promoção de situações didáticas que
favoreçam a aprendizagem do aluno.
e) Cabe ao psicólogo escolar investigar e analisar a instituição escolar a fim de evidenciar contradições e conflitos.
Observe que a ação proposta na alternativa B não está adequada á perspectiva crítica, pois centra seu olhar
e sua ação na família, que é apontada como fonte dos problemas.
EXERCÍCIO 3 - Considerando a atuação do psicólogo em instituições de ensino, pautada pela perspectiva crítica é
correto afirmar que:
I - Seu papel é auxiliar a escola a remover os obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento.
II - Seu papel é auxiliar a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam os
processos de humanização e de reapropriação da capacidade de pensamento crítico.
III - Seu papel é auxiliar a escola no sentido de compreender quais são as limitações desses alunos e quais as
melhores estratégias para que possam superar as dificuldades que eles apresentam.
Assinale a alernativa correta:
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) Apenas a afirmativa I está correta.
d) Apenas a afirmativa II está correta.
e) Apenas a afirmativa III está correta.
Na afirmativa III destacam-se ações voltadas exclusivamente para o aluno, vistos como limitados e portadores de
dificuldades, assim, o contexto mais amplo é desconsiderado. É correta a alternativa “A”.
Muito bem! Após realizar e acompanhar os argumentos de cada questão acima faça novamente uma leitura
cuidadosa do texto indicado no inicio dessa aula e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de
saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 6:
Texto 1 - AGUIAR, W. M. J.; GALDINI, V. Intervenção junto a professores da rede pública: potencializando a
produção de novos sentidos In: Psicologia Escolar: Práticas Críticas. MEIRA, M. E.; ANTUNES, M. A. A. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p.87-103.
Aguiar e Galdini (2003), iniciam suas reflexões acerca das possibilidades de trabalho do psicólogo em relação
á formação de professores apresentando os pressupostos teóricos e metodológicos que fundamentam suas ações.
Segundo Galdini e Aguiar (2003), pensar a formação de professores requer olhar para além da dimensão técnica,
não se trata apenas de buscar quais estratégias são mais adequadas para a realização desse trabalho, é necessário
levar em conta quais são os pressupostos teóricos que fundamentam tal ação. Por traz de toda ação educativa, quer
estejamos conscientes disso ou não, existe uma visão de homem, mundo, sociedade, cultura , educação. Há um
conjunto de representações, constituídas à partir de nossas histórias, que direcionam nossas ações e é preciso
reconhecê-las, desvelá-las para superar a alienação e produzir a transformação social.
Não é possível pensar a formação de um profissional sem levar em conta o contexto social, político e ideológico no
qual ele se insere. Assim, a relação professor – instituição - sociedade deve ser considerada dialeticamente.
No texto, o professor, concebido como ser histórico, social, transformador, sujeito ativo, investigador da sua
realidade é visto como capaz de produzir idéias e práticas sociais que possam responder aos desafios apresentados
pela educação. O professor, diante de condições excludentes e alienantes, impostas por um precário sistema de
ensino, pode colaborar com a transformação do ambiente escolar, no sentido de que este venha auxiliar os
indivíduos no resgate da possibilidade de pensar autonomamente e no exercício efetivo da cidadania. Tendo em
conta tal concepção de professor como o psicólogo pode trabalhar para auxiliar a formação desse profissional?
Buscando responder a esse desafio as autoras relatam o trabalho que realizaram o qual resumidamente
apresentamos a seguir.
Foram realizados dez encontros, de uma hora cada, com aproximadamente doze professores que já estavam
trabalhando na escola. O objetivo foi realizar uma intervenção que possibilitasse “a reflexão, re-significação e, assim
a produção de novos sentidos sobre a vivência de ser professor” (p.91)
Inicialmente foi feita a configuração do universo escolar, ou seja, buscaram na instituição quais eram as condições
físicas e relacionais existentes, qual a filosofia veiculada na escola, a proposta pedagógica, etc. Para tanto foram
feitas observações e entrevistas com todos os segmentos envolvidos, corpo docente e discente.
Durante os encontros com os professores foi criado um espaço de acolhimento, de escuta no qual falaram sobre as
situações vividas, pensaram, sentiram, refletiram sobre os determinantes de suas ações e buscaram conjuntamente
alternativas para o enfrentamento dos desafios propostos no cotidiano escolar. Como estratégias para esse trabalho
foram realizadas dinâmicas de grupo. Tais dinâmicas visavam permitir ao professor a apropriação dos determinantes
que os constituíam e também pensar o social na constituição da subjetividade dos sujeitos.
Outros temas também foram abordados durante os encontros, por exemplo: quem era o aluno real? O que ele
pensava, sentia, buscava? Como era a relação professor – aluno ? Através de discussões de casos buscaram
pensar o papel do outro na constituição dos sujeitos bem como estratégias de enfrentamento para as questões
vividas.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando a fundamentação teórica, os conceitos e argumentos
utilizados pela autora para pensar e realizar seu o trabalho.
2) A partir da leitura, esteja atento (a) às estratégias de intervenção verificando a coerência existente entre a
fundamentação teórica e as ações realizadas na execução do trabalho relatado no texto.
3) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1 - Uma das possibilidades de atuação do psicólogo escolar refere-se ao trabalho com professores.
Aguiar (2003) aponta a importância de refletir sobre os caminhos e desafios encontrados nas atividades de
intervenção com professores. Considerando o que foi exposto e os textos estudados na nossa disciplina, leia as
propostas abaixo e assinale a alternativa incorreta:
a) No início dos programas de intervenção, os professores têm uma expectativa alta de conseguirem obter soluções
claras e definitivas para as dificuldades enfrentadas no cotidiano de trabalho.
b) Um caminho viável para as transformações no contexto educacional seria a formação do professor em serviço.
Assim, as intervenções seriam realizadas no próprio contexto educacional, por meio do processo de reflexão sobre a
própria prática diária.
c) Para que um programa seja bem-sucedido, é necessário que se enfatize a importância dos professores
problematizarem a própria prática, de modo a saírem do senso comum.
d) O trabalho em grupo com professores é fonte potencial para as mudanças no contexto educacional. Essas
mudanças e o processo de tomada de consciência serão alcançados independentemente das discussões teóricas,
uma vez que a necessidade dos professores é conhecer boas estratégias de ação.
e) Ainda que no processo de formação do grupo de professores o novo funcione como um componente motivacional,
a presença do medo e a insegurança diante das situações novas criam uma situação contraditória: o querer mudar,
ao mesmo tempo, temendo esse querer mudar.
Na alternativa D se propõe que a transformação possa ocorrer sem que os pressupostos teóricos que sustentam as
ações possam ser modificados. Não é possível modificar uma ação sem que esta possa ser pensada de outra forma.
O pensamento determina a ação. A transformação do contexto educacional passa necessariamente pela
transformação das concepções sobre esse contexto, não é mera questão metodológica.
EXERCÍCIO 2 - A concepção de que o professor é um “trabalhador braçal”, ou seja, um profissional que desempenha
uma função técnica, hierárquica e burocraticamente concebida, tem sido combatida pelas atuais intervenções de
psicólogos junto a professores. Neste sentido, Galdini e Aguiar (2003) sugerem uma compreensão de professor
segundo a qual se pode afirmar: (assinale a alternativa correta)
a) A profissão docente é caracterizada pela técnica e pela subordinação à burocracia escolar.
b) O professor é entendido como um agente cuja função é assegurar a manutenção dos objetivos ideológicos e
educacionais.
c) O professor está sujeito a condições ideológicas e de trabalho institucionais, contra as quais não pode se colocar.
d) O professor é um ser construído a partir de suas experiências e circunstâncias sócio-culturais, e tem a
possibilidade de, consciente dos processos institucionais e globais, transformar suas práticas.
e) O professor é determinado pela condições sociais e ideológicas a que está submetido portanto não pode ser
pensado enquanto agente de transformação social
As alternativas A, B, C e E concebem o professor ora como sujeito passivo ora como mero agente de reprodução do
sistema. Apenas a alternativa D concebe o professor como agente de transformação o que está adequado a
concepção teórica proposta no texto.