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MÓDULO 1:

VISÃO CRÍTICA EM PSICOLOGIA ESCOLAR CONTEMPLANDO A PERSPECTIVA HISTÓRICA EM QUE SE DEU


A APROXIMAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO.
Leitura básica:
BOCK, A. M. B. Psicologia e Educação: Cumplicidade ideológica. In: Psicologia Escolar: Teorias Críticas. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, p. 79 – 103.
O objetivo desse texto é analisar por que a psicologia tornou-se necessária para a educação e como
respondeu às demandas que lhe foram feitas. A autora aborda criticamente a relação de cumplicidade ideológica que
se estabeleceu entre Psicologia e Educação ao longo da história.
A escola tradicional (séc. VIII até o início do séc. XX), de base religiosa, não precisava da Psicologia para
acompanhar a prática educativa, acreditava que o ser humano era dotado de duas naturezas: uma essencialmente
boa e construtiva e outra corrompida pelo pecado original. O professor deveria ser um modelo a ser seguido e a
tarefa da educação era preservar o que há de bom no ser humano, através da disciplina, das regras rígidas, da
vigilância. Acreditava-se que o conhecimento poderia ser transmitido ao aluno pelo professor, valorizava-se o
domínio do conteúdo, não se preocupava com o processo e sim com o produto, com o resultado final, ou seja, não
importava se o aluno havia compreendido um determinado conteúdo, o que importava era que ele apresentasse a
resposta correta, mesmo sendo por ter apenas decorado.
No séc. XX, com o advento da Escola Nova, assistimos a uma nova maneira de compreender a infância,
embora continuasse a ser pensada como possuidora de uma dupla natureza, a criança passou a ser vista como
naturalmente boa, desde o nascimento, mas era preciso evitar que pudesse vir a ser corrompida.
A educação era pensada como um processo natural de desenvolvimento das potencialidades
humanas.
Os vigilantes disciplinares da escola tradicional foram trocados pelos vigilantes do desenvolvimento
(psicólogos e pedagogos). O professor passou a ser visto como um organizador de condições para uma
aprendizagem ativa. O aluno era compreendido como sujeito ativo que construía seu próprio conhecimento e poderia
escolher o que e quando aprender. A ênfase recaiu sobre o processo de aprendizagem, não se valorizava tanto os
conteúdos escolares, o importante era aprender a aprender.
No séc. XX a Psicologia também se desenvolveu, não só como conhecimento, mas como prática capaz de
contribuir aos processos educacionais. Instrumentos da Psicologia tais como os testes servem para que se possam
formar classes mais homogêneas, para avaliar o desenvolvimento das crianças. A Psicologia Clínica tradicional
começou a atender individualmente as crianças com queixa escolar.
Na medida em que se voltou prioritariamente para o mundo interno do sujeito, a Psicologia contribuiu para o
fortalecimento das noções naturalizantes da Pedagogia e para ocultar a Educação enquanto processo social, daí a
cumplicidade ideológica entre Psicologia e Educação.
A partir de tais concepções o fracasso escolar será sempre compreendido com sendo problema do aluno,
nunca da didática, da estrutura autoritária da escola, da sua desatualização, do projeto pedagógico, da política
educacional implantada pelo Estado.
O texto também nos mostra que essa relação de cumplicidade estabelecida entre a Psicologia e a Educação
pode vir a acontecer em outros termos de modo a superar as visões naturalizantes e patologizantes acerca da queixa
escolar. Segundo a perspectiva crítica, a educação é processo social, que responde às necessidades dos grupos
dominantes na sociedade. Ela não é neutra, nem desinteressada, visa á manutenção da estrutura social e das
relações de poder. Assim, não é possível continuar pensando a educação como um processo natural de
desenvolvimento de potencialidades existentes nos sujeitos.
Em seu trabalho o psicólogo educacional deve atuar como um agente de promoção da saúde mental, para
tanto é necessário considerar as dimensões ética e política da nossa prática. A dimensão ética se compõe pela
solidariedade ao outro e a dimensão política pelo compromisso com a transformação social. Não é possível continuar
indiferente frente à situação de miséria de muitos e de riqueza de poucos, frente à situação de exclusão, em que se
encontra um grande número de crianças que não obtém sucesso em sua trajetória escolar.
È necessário que se faça uma psicologia escolar e não uma psicologia do escolar. Assim, há necessidade de
que se compreenda o jogo de forças que produz o fenômeno, ou seja, que se considerem os aspectos sociais,
políticos e ideológicos que produzem o fracasso escolar e não que se continue a procurar exclusivamente no
indivíduo que não aprende, no seu mundo interno, nas suas relações familiares as razões do não aprender.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando os argumentos utilizados pela autora, em defesa de sua
tese.
2) A partir da leitura, procure identificar em cada momento histórico as idéias predominantes acerca do que é
educação, qual o papel do aluno, do professor e o papel do psicólogo, observe a ideologia presente e as mudanças
que foram ocorrendo ao longo do tempo.
3) Esteja atento. O modo como pensamos e agimos sempre está atendendo ao interesse de uma determinada classe
social. Enquanto psicólogos devemos atender aos interesses de quem? Reflita sobre isso.
4) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
Exercício 1 - Uma psicóloga escolar que atua na rede pública de ensino tem como pressuposto que durante muitos
anos a psicologia e a pedagogia foram cúmplices para a manutenção da ideologia dominante, e como profissional
busca romper com esta forma de atuação. Após um grupo de professores se queixarem sobre os comportamentos de
um aluno e os problemas de aprendizagem decorrentes, ela provavelmente:
I – Dirá aos professores que a permanência de crianças com necessidades especiais no cotidiano escolar exige-lhes
que se especializem em relação às patologias que se apresentam, e que eles poderiam fazer um curso sobre
crianças com problemas específicos de comportamento.
II – Atuará como agente de mudanças, buscando romper com os discursos já cristalizados dentro do ambiente
escolar.
III – Iniciará observando a criança e convidando-a, posteriormente, para uma avaliação selecionando os instrumentos
mais apropriados para avaliar o desenvolvimento da inteligência e da personalidade deste aluno.
IV – Considerará a queixa escolar sob uma perspectiva mais ampla, em termos das variáveis sócio/político/culturais
na realidade escolar.
V – Inicialmente fará um diagnóstico do caso e, se necessário, encaminhará para atendimento com uma psicóloga
clínica, buscando evitar que o problema do aluno se agrave.
É correto o que se afirma em:
a) I e II
b) III e V
c) I e V
d) II e IV
e) II, IV e V
Se você compreendeu adequadamente a proposta da autora do texto, você assinalou a alternativa D. As afirmações
I, III e V contemplam a ideia de que devemos buscar na criança a origem do problema, que o não aprender
necessariamente é uma patologia a ser tratada, também indicam procedimentos compatíveis com o modelo clínico
tradicional para o enfrentamento das questões educacionais. Apenas as alternativas II e IV apontam para uma
perspectiva mais crítica que considera os fatores sociais, culturais, políticos e pedagógicos na análise do jogo de
forças que produz o fenômeno. Essa é uma perspectiva que vai além do olhar apenas para o aluno que não aprende.
Exercício 2 - De acordo com Bock, é correto afirmar que a psicologia atua como cúmplice da educação quando:
I-Coloca nos alunos toda responsabilidade do sucesso na aprendizagem, diagnosticando-os como incapazes quando
não alcançam os objetivos esperados pela escola.
II-Alimenta a crença de que não há fatores políticos e sociais que pretendem manter o distanciamento do
conhecimento para uma determinada parcela da população.
III-Não manifesta sua indignação diante de ações educacionais que visam o adestramento e a homogeneidade.
IV- Certificam cientificamente os mecanismos de exclusão, discriminação e o modelo classe dominante versus
dominados.
V- Reproduz comportamentos racistas.
É correto o que se afirma em:
A) I e II
B) I, II e III
C) I e V
D) II e IV
E) I, II , III e IV
Se você escolheu a alternativa E é sinal de que compreendeu alguns dos principais conceitos do nosso texto. As
afirmativas I, II, III e IV estão corretas. Somente a afirmativa V está incorreta.

Exercício 3 - Leia a situação problema a seguir e responda a questão:


Marilda é professora da 2º ano e possui alguns alunos que não estão acompanhando o ritmo da classe. Quando
indagada sobre as possíveis causas de tais dificuldades ela nos diz: - As crianças desse bairro são pobres e
desnutridas, suspeito que devam ter alguma disfunção neurológica, não sabem falar direito, falam fosque quando se
diria fósforo, fungão quando se diria fogão, nessas condições como é que podem aprender?
Analisando o discurso da professora, a partir de uma perspectiva crítica, é correto afirmar que:
I. A fala da professora nos mostra que ela leva em conta condições econômicas e sociais mostrando seu
engajamento político com a situação.
II. Marilda nos apresenta um discurso repleto de preconceitos e que reflete o processo de biologização.
III. Seu discurso visa naturalizar e patologizar o que nem deve ser visto como natural, nem necessariamente é
consequência de doença. Marilda não leva em conta à rede de relações e as diferentes versões da situação dirigindo
seu olhar apenas para a criança e sua família.
É correto o que se afirma em:
a) III
b) II e III
c) I e III
d) I e II
e) II
Nesse exercício você deve ter assinalado a alternativa B. Apenas as afirmativas II e III correspondem ao referencial
teórico solicitado.
Exercício 4 - A frase abaixo é constituída por duas proposições unidas por uma implicação lógica (portanto).Para
facilitar a identificação, a implicação lógica está grafada em negrito na frase.
Para a perspectiva crítica as explicações para o fracasso escolar não podem ser encontradas apenas no indivíduo
encaminhado para a avaliação psicológica, portanto, para compreendermos o fracasso escolar é necessário estar
atento ao campo de forças no qual esse fenômeno se manifesta.
Assinale a alternativa correta:
a) se somente a 1ª proposição for verdadeira.
b) se somente a 2ª proposição for verdadeira.
c) se ambas forem falsas.
d) se ambas forem verdadeiras, mas a implicação lógica torna a frase falsa.
e) se ambas forem verdadeiras e mantiverem a relação lógica estabelecida na frase.
Você deve ter assinalado a alternativa E. As duas proposições estão corretas, mantêm a relação lógica estabelecida
na frase e correspondem ao referencial teórico proposto.
Muito bem! Após realizar e acompanhar os argumentos de cada questão acima faça novamente uma leitura
cuidadosa do texto indicado no inicio dessa aula e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de
saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 2:
REVISÃO HISTÓRICA DAS PRINCIPAIS TEORIAS DA EDUCAÇÃO
Leitura básica:
SAVIANI, D. Teorias da educação e o problema da marginalidade. In: Escola e Democracia. 38a ed. São Paulo,
Editores Associados. 2003, p. 03 - 34.
O texto nos possibilita uma compreensão mais sistemática e crítica acerca das diferentes teorias da
educação. Destaca os principais pressupostos teóricos de cada uma delas e o modo como estas vêm
compreendendo a questão da marginalidade. Marginalidade aqui compreendida como estar à margem do processo
educacional, referindo-se aos indivíduos que de alguma forma estão excluídos de tal processo, por exemplo: as
crianças em idade escolar que não têm acesso à educação, os que fracassam ou desistem nesse processo, os
analfabetos.
Saviani classifica as teorias educacionais em dois grandes grupos: as teorias não críticas e as teorias crítico-
reprodutivistas. Cada uma delas explica a questão da marginalidade a partir de uma determinada maneira de
compreender as relações entre educação e sociedade.
Para as teorias não críticas a sociedade é harmoniosa, busca a integração dos indivíduos, a igualdade entre
eles. Assim sendo, a marginalidade é um fenômeno acidental, individual, um desvio a ser corrigido. A educação é um
instrumento capaz de corrigir tal desvio, de auxiliar na superação da marginalidade garantindo a construção de uma
sociedade igualitária.
As teorias crítico reprodutivistas concebem a sociedade como sendo composta por classes sociais
antagônicas, que disputam o poder, possuem interesses e visões de mundo diferentes. A marginalidade é
compreendida como um fenômeno inerente á própria estrutura social. Pensa a educação como um instrumento a
favor da manutenção da estratificação social, seu papel é reforçar a dominação dos grupos que detêm o poder, é a
reprodução das desigualdades sociais. Pensando dessa forma o fracasso (do) escolar é na verdade o êxito da
escola.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando os argumentos utilizados pela autora, em defesa de sua
tese.
2) Assista ao filme “Sociedade dos Poetas Mortos” (Direção Peter Weir, EUA, 1990) e faça uma análise da história
com os principais conceitos propostos por Saviani em seu texto.
Sinopse: Em 1959 na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-aluno se torna o novo professor
de literatura, mas logo seus métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria um choque com a
ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a "Sociedade dos Poetas Mortos".
3) Acompanhe agora um exemplo de exercício:
Exercício 1 - Segundo Demerval Saviani (2003) as teorias educacionais podem ser classificadas em dois grupos. Em
um primeiro grupo as teorias colocam a educação como um instrumento de equalização social. O segundo grupo
entende que a educação é um instrumento de discriminação social. Segundo o autor, as teorias procuram explicar a
questão da marginalidade a partir de uma determinada forma de entender as relações entre educação e sociedade.
Tendo-se em conta os principais pressupostos desses grupos teóricos analise as afirmativas abaixo:
I – As teorias crítico-reprodutivistas defendem que a escola é um instrumento de equalização social e, portanto, de
superação da marginalidade.
II – Para as teorias não críticas, a sociedade está marcada pela divisão entre grupos ou classes que se relacionam à
base da força.
III – Segundo as teorias não críticas a marginalidade é um desvio a ser corrigido pela educação.
IV- As teorias crítico-reprodutivistas defendem que a função da educação é a reprodução das desigualdades sociais.
Assinale a alternativa correta:
a) III
b) I e II
c) I e III
d) II e IV
e) III e IV
Você deve ter percebido que nas afirmativas I e II os conceitos estão invertidos. O que se afirma acerca das teorias
crítico-reprodutivistas são pressupostos das teorias não críticas e vice-versa. Apenas as afirmativas III e IV
apresentam as ideias corretamente. Dessa forma a alternativa correta é a E.
PEDAGOGIA TRADICIONAL
Dando continuidade ao nosso texto, Demerval Saviani, como já foi dito anteriormente, classifica as teorias
educacionais em dois grandes grupos: as teorias não críticas e as teorias crítico-reprodutivistas.
No grupo das teorias não críticas encontramos a pedagogia tradicional, a pedagogia nova e a pedagogia
tecnicista.
Apresentaremos a seguir algumas das principais ideias defendidas por cada uma delas. A marginalidade é
identificada com a ignorância, o marginalizado é quem não é esclarecido. O papel da escola, no sentido de superar a
marginalização, é transmitir informação que deve ser acumulada, armazenada pelo aluno.
O professor é o centro do processo de ensino, o aluno deve assimilar o conhecimento selecionado e
transmitido pelo professor.
Essa teoria da educação não conseguiu o seu intento de universalização do saber. Nem todos os indivíduos
tinham acesso à escola, dentre os que tinham acesso à escola nem todos foram bem sucedidos e dentre os bem
sucedidos nem todos se ajustavam à sociedade que se pretendia construir.
PEDAGOGIA NOVA
É uma teoria pedagógica baseada nos princípios da biologia e da psicologia. Acredita-se que os homens são
essencialmente diferentes, cada indivíduo é único, não se repete. Portanto, marginalizado é o rejeitado, aquele que
pelas suas diferenças não é aceito pelo grupo. Assim, o papel da educação é contribuir para a construção de uma
sociedade que aceite todo e qualquer tipo de diferença individual, cujos membros se respeitem mutuamente.
O professor deve ser um estimulador, um orientador da aprendizagem cuja principal iniciativa deve ser do
aluno, não há preocupação com o conteúdo pedagógico, mas com o processo de aprendizagem, o importante é
aprender a aprender.
O tipo de escola proposto implicava em custos mais elevados que a escola tradicional um dos motivos pelos
quais ela não altera positivamente o panorama educacional na rede pública de ensino, mas aprimora a qualidade de
ensino destinado às elites.
PEDAGOGIA TECNICISTA
Considerando os pressupostos da neutralidade científica, racionalidade, eficiência e produtividade, prega a
necessidade de tornar o processo educativo objetivo e operacional. Isso deve ser feito através do planejamento
cuidadoso das condições de aprendizagem. O planejamento educacional deve feito por técnicos, professores e
alunos cumprem a programação. A escola deve treinar os indivíduos para a execução das tarefas demandadas pelo
social, deve ensinar a fazer. Nesse contexto marginalizado é o incompetente, o improdutivo.
A pedagogia tecnicista ao tentar transpor para a educação a forma de funcionamento do sistema fabril perdeu
de vista a especificidade da educação.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma tabela para organizar seus estudos: coloque no alto os dois grandes grupos das teorias indicadas por
Saviani: não críticas e as teorias crítico-reprodutivistas. Depois vá completando com as demais informações, ao final
você terá um esquema organizado da matéria.
2) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
Exercício 2 - Joana é professora em uma escola e está enfrentando algumas dificuldades para desenvolver o
conteúdo com alguns de seus alunos que não estão conseguindo o desempenho esperado, conversando com a
coordenadora pedagógica da escola a mesma lhe responde que a saída para a resolução de tal questão é analisar e
programar estratégias mais eficientes de controle, planejando eventos antecedentes e consequentes que permitam a
melhoria da aprendizagem.
É possível articular a proposta de trabalho apresentada com a seguinte abordagem educacional:
Assinale a alternativa correta:
a) Pedagogia tradicional, pois a mesma enfatiza a importância do bom relacionamento entre professor e aluno.
b) Pedagogia Nova que valoriza o domínio dos conteúdos pelos alunos.
c) Pedagogia Tecnicista que destaca a importância do planejamento educacional considerando a abordagem
comportamental como base científica para a elaboração de estratégias de ensino.
d) Pedagogia Nova cuja ênfase recai sobre o processo de aprendizagem e não sobre o conteúdo de ensino.
e) Pedagogia tradicional, que se preocupa com o domínio dos conteúdos escolares pelo aluno.
Embora os conceitos apresentados nas alternativas D e E correspondam às respectivas abordagens, os mesmos não
se encaixam com o que está proposto na questão. As alternativas A e B apresentam conceitos errôneos. Apenas
a alternativa C corresponde ao que foi proposto pela questão. Ao contrário do grupo composto pelas teorias não
críticas, as teorias crítico-reprodutivistas não resultaram em uma proposta pedagógica a ser implantada pelo sistema
educacional.
TEORIA DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA (Bourdieu e Passeron)
No grupo das teorias crítico-reprodutivistas encontramos a teoria da violência simbólica, a teoria do aparelho
ideológico do estado e a teoria da escola dualista. Vejamos algumas das principais ideias de cada uma das teorias.
Todas as sociedades organizam-se como um sistema de relações de força material entre grupos e classes. À
violência material (dominação econômica) corresponde a violência simbólica (dominação cultural). A violência
simbólica se manifesta pela imposição ideológica, pela formação de opinião pública, pelos meios de comunicação,
pela pregação religiosa, pela propaganda, moda, educação familiar, etc.
A ação pedagógica é uma imposição arbitrária da cultura dos dominantes aos dominados. Não há superação
das desigualdades pela educação. A escola não é espaço de luta pela transformação social. Nesse sentido,
marginalizados são os grupos dominados.
TEORIA DO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (Althusser)
Para a manutenção do poder e da estrutura social o Estado conta com aparelhos repressivos (Governo,
Polícia, Exército, Prisões, etc.) e ideológicos (religioso, escolar, familiar, sindical, informativo, cultural).
A escola, enquanto aparelho ideológico do Estado reproduz as relações do capitalismo, busca impor aos
alunos a ideologia da burguesia no intuito de manter sua dominação.
A escola pode vir a ser um espaço para a luta de classes, no entanto Althusser acredita que essa será uma
luta heroica e inglória. Para essa teoria marginalizada é a classe trabalhadora, cuja força de trabalho é explorada
pelos capitalistas.
TEORIA DA ESCOLA DUALISTA (Establet)
Establet também acredita que a escola é Aparelho Ideológico do Estado. Para essa teoria a escola está
dividida em duas grandes redes que correspondem á classe social da burguesia e do proletariado. A educação
cumpre duas funções básicas: formação da força de trabalho e imposição da ideologia burguesa. A escola é um
instrumento de luta da burguesia contra o proletariado. Nesse sentido, marginalizado é o proletariado.
Admite a existência da ideologia do proletariado que tem origem fora da escola, nas massas operárias e em
suas organizações. A luta de classes se trava nas relações de produção e de exploração.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando os conceitos e argumentos apresentados pelo autor.
2) A partir da leitura, procure identificar em cada uma das teorias as ideias predominantes acerca do conceito de
marginalidade; da função da educação na sociedade, do papel do aluno e do professor. Observe a ideologia
presente nessas teorias e as mudanças que foram ocorrendo ao longo do tempo.
3) Reflita sobre as seguintes questões: É possível superar a marginalização? Lutar contra a seletividade, a
discriminação e a baixa qualidade do ensino?
4) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios.
Exercício 3 - Maria é professora em uma escola pública, acredita que os alunos devem dominar todo o conteúdo
passado pela professora, para tanto realiza muitos exercícios, faz com que os alunos repitam várias vezes o que foi
ensinado, acredita que com isso está contribuindo para a superação das desigualdades sociais. Maria, no entanto,
está frustrada, muitos de seus alunos não conseguem acompanhar o ritmo que ela tenta impor à sala e ela não sabe
mais o que fazer, afinal trata todos os alunos igualmente.
A qual teoria da educação corresponde a postura de Maria?
Assinale a alternativa correta:
a) Pedagogia Nova
b) Pedagogia Tradicional
c) Teoria do Aparelho Ideológico do Estado
d) Pedagogia Tecnicista
e) Teoria da Violência Simbólica
Observe que Maria se coloca como transmissora do conhecimento valoriza muito o conteúdo, a repetição por parte
do aluno, acredita que a escola é instrumento de superação das desigualdades sociais. Tais concepções e posturas
correspondem à alternativa B.
Exercício 4 - De acordo com o que foi estudado sobre as teorias da educação e o problema da marginalidade pode-
se considerar que as afirmativas abaixo correspondem aos pressupostos da Pedagogia Tradicional. Leia atentamente
as afirmativas abaixo e responda a questão:
I. A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante.
II. O educador é o que disciplina e os educandos são os disciplinados.
III. O educador é o que sabe e os educandos aqueles que não sabem.
Está correto o que se afirma em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I, II e III.
Você deve ter assinalado a alternativa E. Todas as afirmativas correspondem a Abordagem Tradicional I. A
educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. O
educador é o que disciplina e os educandos são os disciplinados. O educador é o que sabe e os educandos aqueles
que não sabem.
Muito bem! Você realizou os exercícios e acompanhou os argumentos dados para cada resposta. Agora para “fechar
com chave de ouro”, releia esse belíssimo texto de Saviani e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as
dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na
tentativa de saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 3:
ANÁLISE CRÍTICA DE ALGUMAS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. OS MITOS E
PRECONCEITOS ACERCA DA CRIANÇA QUE NÃO APRENDE.
Leitura básica:
PATTO, M. H. S. Acelerando a escolarização: em nome do quê? In: Exercícios de Indignação – escritos de
Educação e Psicologia. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2005, p 17 a 28.
PATTO, M. H. S. Democratização do ensino e políticas públicas: desafios para a pesquisa. In: Exercícios de
Indignação – escritos de Educação e Psicologia. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2005, p. 57-67.
Os textos nos trazem reflexões acerca de algumas das mudanças na política educacional, em relação ao
processo de escolarização na rede pública, tendo como referência pesquisas de base etnográfica que se pautam
pela perspectiva crítica.
A autora aborda mais especificamente as seguintes reformas que foram sendo implantadas ao longo dos
anos: ciclo básico, classes de aceleração, progressão continuada e os programas de inclusão. Embora algumas das
propostas não tenham vindo para ficar, por exemplo: as classes de aceleração, nesse sentido, interessante é
observar como, em cada diferente momento da educação, os indivíduos foram se apropriando dessas mudanças e o
resultado de cada uma delas no processo educacional.
Como as escolas recebem as mudanças que são impostas pelo governo?
Segundo Roger Bastide, para que a transformação ocorra é necessário que a novidade possa “entrar em
harmonia com o campo de significações da cultura receptora”. Assim, não basta que o Estado determine estas ou
aquelas transformações, a vontade estatal inevitavelmente vai encontrar a vontade popular, o que significa dizer que
muitas vezes a intenção das reformas propostas é uma e a realidade, o que realmente acontece nas escolas, é
outra.
Conforme nos coloca a autora, uma política educacional, como é o caso da nossa, que se pauta pelo descaso
pela boa qualidade de ensino, num país marcado pelas desigualdades sociais e econômicas, pelo cinismo com o
direito dos cidadãos acaba por refletir também nas relações que se estabelecem dentro da escola. Tais relações
muitas vezes resultam em atrito entre os níveis hierárquicos, na inimizade entre professores e alunos, no descaso, no
fatalismo, no preconceito social e racial entre outros. E é dentro desse contexto que muitas vezes professores e
diretores são atropelados por mudanças intempestivas nas diretrizes administrativas e pedagógicas.
Vejamos brevemente algumas dessas mudanças e os resultados obtidos.
PROPOSTA DO CICLO BÁSICO
Visava eliminar a repetência nas séries iniciais do ensino fundamental, estava organizada como ciclo básico
inicial – CBI (1ª. e 2ª. séries) e ciclo básico continuidade- CBC ( 3ª. e 4ª. série), não deveria haver reprovação durante
os ciclos.
Era uma proposta de base construtivista, que colocava o aluno como sujeito do processo de aprendizagem,
mas esse não era o olhar dos professores.
Na implantação da proposta foram criadas as classes intermediárias, nessas classes ficavam os alunos que
de acordo com o critério dos professores não podiam seguir adiante. Dessa forma, as escolas repuseram a
reprovação que se queria eliminar na passagem da primeira para a segunda série.
Constata a autora do texto que as escolas resistiram à mudança e alteraram a proposta de modo que a
mesma entrasse em conformidade com a lógica institucional anterior à reforma, ou seja, instituiu-se a repetência que
se propunha a eliminar.
CLASSES DE ACELERAÇÃO
Foram criadas como o intuito de resolver o problema de defasagem idade-série. Afinal, a reprovação aumento
o custo da educação para o Estado.
De um lado, o modo como aconteceu o processo contribuiu para a diminuição da qualidade do ensino e ao
reunir na mesma classe todos os “alunos indesejáveis” tais classes passaram a ser vistas como perigosas, acirrando
assim o preconceito e a discriminação para com os alunos. Por outro lado, barateou os custos e melhorou as
estatísticas educacionais que passaram a apresentar uma diminuição no índice de repetência.
PROGRESSÃO CONTINUADA
Proposta desenvolvida originalmente com a intenção de, ao eliminar a repetência, possibilitar condições de
igualdade, em hipótese o aluno teria mais tempo para dominar os conteúdos. Pelo modo como foi implantada, gerou
o caos, por exemplo, havia (e ainda há) alunos que chegavam na 5ª série ou na 6ª série, completamente
analfabetos.
PROGRAMAS DE INCLUSÃO
Camuflado pelo discurso oficial que proclamava o direito universal à educação, os alunos com necessidades
especiais foram colocados em sala de aula regular, isto sem o devido cuidado e preparo da comunidade e dos
profissionais que trabalhavam com estas crianças.
Estar em sala de aula e não ser aceito ou não receber um trabalho de qualidade é garantia de inclusão?
Segundo Patto, muitos são os problemas enfrentados pela educação, e a saída para nossos problemas não
está na técnica, são as concepções e as relações que precisam ser o objeto de atenção dos projetos.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando os argumentos utilizados pela autora, em defesa de sua
tese.
2) A partir da leitura, observe como em cada diferente momento da educação os indivíduos foram se apropriando das
reformas propostas pelo Estado e o resultado de cada uma delas no processo educacional.
3) Reflita sobre as seguintes questões:
-A política pública de educação escolar no Brasil tem sido democratizante?
-No momento atual do capitalismo e das manobras em escala mundial para proteger o capital, a massa de pessoas
cujo trabalho vem se tornando desnecessário aumenta. Qual o papel da educação nesse contexto?
4) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
Exercício 1 - A Psicologia Escolar tem sido convocada a participar das discussões sobre Políticas Públicas
em Educação, na medida em que, para compreender e contribuir com a realidade escolar é preciso considerar
como se concretizam estas propostas e medidas. Qual das alternativas abaixo não reflete a realidade no que diz
respeito das Políticas Públicas em Educação:
Assinale a alternativa INCORRETA:
a) O discurso oficial a respeito da equalização de oportunidades tem girado em torno de três eixos: garantia de
universalização do acesso à escola, garantia de permanência nela e garantia de bom ensino a todos.
b) Uma das grandes contradições da política educacional brasileira é a relação entre o crescimento quantitativo de
vagas nas escolas e a qualidade do ensino.
c) As políticas educacionais refletem, inevitavelmente, as condições existentes nas três esferas: econômica, política e
social.
d) Os professores, embora frequentemente convidados a participar da elaboração das Políticas Públicas, não tem se
envolvido por estarem desmotivados em função da desvalorização da profissão docente.
e) Um dos principais problemas em relação às Políticas Públicas em Educação diz respeito à descontinuidade em
relação às trocas de governo.
Dizer que o professor não participa da elaboração das Políticas Públicas porque não quer é uma falácia. Os
professores não são consultados, as mudanças são impostas pelo Estado. A alternativa incorreta é a D.
Exercício 2 - Alisson prefere quebrar pedras a estudar. Ao despertar, já se imagina no garimpo, ganhando dinheiro e,
não na escola, que frequenta quase por obrigação. Às vezes, assiste a uma aula com “ódio”. A palavra é dura.
Quando peço uma resposta para o professor e ele diz ‘cace no livro’, fico com ódio. Sinto raiva dele. O relato de
Alisson traz uma das principais dificuldades enfrentadas pelo ensino atual: a escola estar preparada para receber e
trabalhar com a diversidade de alunos que chegam e, principalmente manter esse aluno.
A partir desse breve relato pode-se perceber um conjunto de características sobre a escola na qual Alisson está
matriculado. Assinale a alternativa INCORRETA:
a) Pelo relato de Alisson, a escola parece um espaço deslocado do contexto social no qual o garoto se insere.
b) A educação, da maneira como ocorre na escola da Alisson, parece ser um esforço para que haja uma apropriação,
por todos, da produção cultural, garantindo possibilidades para todos participarem e modificarem a dinâmica social.
c) Outra característica dessa escola pode ser a concepção de que a busca pela aprendizagem deve partir do aluno,
desconsiderando a importância do educador favorecer o interesse e desejo por aprender.
d) Nessa concepção, a escola não tem contribuições para a solução dos problemas da marginalidade. Ao contrário, é
mais uma fonte de reprodução social ao invés de transformação.
e) A dinâmica escolar apresentada por Alisson, muitas vezes, serve mais para justificar as desigualdades sociais
presentes na sociedade, ao invés de pensar em possibilidades de mudanças.
Apenas a alternativa B não corresponde á perspectiva crítica. O proposto corresponde à ideologia do discurso oficial
que visa camuflar os processos de exclusão.

OS MITOS E PRECONCEITOS ACERCA DA CRIANÇA QUE NÃO APRENDE.


Leitura básica:
MOYSÉS, M. A. A e COLLARES, C. A. L. Sobre alguns preconceitos no cotidiano escolar. In: Ideias 19, FDE –
Fundação para o desenvolvimento da Educação. São Paulo, 1993, p. 9-25.
As autoras nos mostram como determinados mitos e preconceitos acerca das causas das dificuldades de
aprendizagem acabam por interferir de forma negativa na compreensão que se pode produzir sobre o não aprender.
Desvelam a ideologia presente no modo pelo qual alguns segmentos da sociedade compreendem a questão do
fracasso escolar.
O texto nos mostra uma definição de preconceito baseada no referencial teórico oferecido por Agnes Heller.
Segundo Heller, é característico da vida cotidiana a existência de juízos provisórios, tal juízo é considerado
provisório na medida em que se constitui em uma ideia que se faz sobre determinada situação e que se antecipa a
ela. Muitas vezes no confronto com a realidade percebemos que a ideia que havíamos formado sobre determinada
situação não corresponde á verdade, ao que realmente é.
Quando um juízo provisório é refutado pelo confronto com a realidade e mesmo assim permanece inalterado
não estamos mais diante de um juízo provisório, mas de um preconceito. “Dois afetos podem nos ligar a uma
concepção, opinião, convicção: a fé e a confiança. O afeto do preconceito é a fé (...) a fé resiste sem abalos e sem
conflitos ao pensamento e à experiência” (p.12).
Considerando o que foi exposto é possível concluir que o preconceito se coloca como um obstáculo à
transformação do sistema educacional. Vários são os preconceitos existentes na escola, um deles é atribuir às
características inatas, biológicas, da criança as causas do fracasso escolar. A escola é uma instituição, que atende a
determinados interesses políticos e sociais, ao olhamos apenas para o aluno desconsiderando toda rede de relações
e interesses que estão em jogo na escola estamos na verdade culpabilizando a própria vítima, no caso o aluno.
O processo de transformar questões sociais em questões biológicas é chamado de biologização. Na escola
tal processo pode ser observado quando se coloca em alguma doença ou disfunção a causa do problema de
aprendizagem. O deslocamento da discussão acerca das causas dos problemas de aprendizagem das questões
político-pedagógico para as questões médicas é chamado de medicalização do processo ensino-
aprendizagem. Sugere-se também o termo patologização na medida em que outros profissionais (psicólogos,
fonoaudiólogos, etc.) possam estar envolvidos.
O preconceito da desnutrição.
As consequências da desnutrição sobre o cérebro é um tema controverso, não conclusivo e bastante
estudado na área médica. Convêm lembrar que nenhum dos principais pesquisadores desse tema relacionou a
desnutrição com o fracasso escolar.
Em linhas gerais as pesquisas mostram que a desnutrição grave, no início da vida e de longa duração pode
vir a comprometer o raciocínio abstrato superior.
Vejamos algumas das conclusões das autoras do texto acerca de tal questão:
-A alfabetização é o momento do processo de escolarização no qual se concentram o maior número de queixas
escolares. O raciocínio abstrato que poderia vir a ser comprometido pela desnutrição não é condição para que a
criança se alfabetize, basta o raciocínio operatório concreto.
-A maioria das crianças com desnutrição grave morre antes de entrar para a escola.
Sem respaldo científico, relacionarmos desnutrição com fracasso escolar nada mais é que preconceito.
O preconceito das “disfunções neurológicas”.
Considera-se como disfunções neurológicas a disfunção cerebral mínima, o distúrbio de déficit de atenção e
hiperatividade, o distúrbio de aprendizagem, a dislexia, etc.
As autoras do texto, ao revisarem as pesquisas acerca dos distúrbios de aprendizagem (mais precisamente a
dislexia) concluem que muitas dessas pesquisas foram embasadas em premissas falsas e, portanto, sem
sustentação científica.
Mesmo os autores defensores da existência dos distúrbios de aprendizagem não se preocuparam ou não
conseguiram estabelecer critérios seguros ou precisos para o seu diagnóstico.
Dessa forma, ao contrário do que aconteceu com o preconceito acerca da desnutrição, o preconceito acerca
das disfunções neurológicas foi encontrado naquilo que foi divulgado como ciência.
Após desvelarem a ideologia e os mecanismos de dominação presentes nas questões anteriormente
abordadas as autoras nos dizem que “ se pretendemos ser agentes efetivos de transformação social, sujeitos da
história, fica o desafio de sermos capazes de nos infiltrar na vida cotidiana, quebrar seu sistema de preconceitos e
retomar a cotidianidade em outra direção.” (p.24)
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando os principais conceitos e os argumentos utilizados pelas
autoras.
2) A partir da leitura, observe como os mitos e os preconceitos são criados, como são difundidos e quais seus efeitos
no processo educacional e na vida das pessoas.
3) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
Exercício 1 – (Fonte: ENADE 2006) Caracterizado por quadros de agitação, impulsividade e dificuldade de
concentração, o transtorno do déficit de atenção, nos últimos dez anos, ganhou maior atenção de médicos,
psicólogos e pedagogos porque se passou a creditar a esse distúrbio boa parte dos casos de mau desempenho
escolar... Pais acusam escolas de rotular suas crianças de hiperativas indiscriminadamente, antes mesmo de obter
um diagnóstico médico, por falta de paciência dos professores para lidar com crianças irrequietas. (Revista Veja,
outubro 2004).
O texto permite afirmar que:
a) com o desenvolvimento das pesquisas, novos transtornos têm sido identificados, o que permite refinamento nos
diagnósticos.
b) a descoberta de novos diagnósticos estimula a pesquisa de medicamentos mais eficazes.
c) os professores têm sido treinados para realizar diagnóstico precoce do transtorno do déficit de atenção, o que
pode trazer muitos benefícios para os alunos.
d) o mau desempenho escolar é causado pelo transtorno do déficit de atenção.
e) observa-se uma ênfase na medicalização da educação, ao se classificarem como patologia aspectos da
singularidade do indivíduo.
As alternativas A,B,C e D estão embasadas em mitos e preconceitos, portanto, a correta é a E.
Exercício 2 – Leia a frase abaixo, considere o raciocínio proposto pela questão e depois assinale a alternativa
correta.
“O que na ciência é apenas opinião pode considerar-se como saber na vida cotidiana” (Agnes Heller)
No trato dos problemas de aprendizagem, esta autoridade da Ciência pode gerar consequências:
Assinale a alternativa correta:
a) positivas, uma vez que esta autorização à Ciência valoriza a Psicologia e auxilia na descoberta de causas
biológicas e psicológicas para as dificuldades de aprendizagem.
b) positivas porque as pesquisas responsáveis pela comprovação de que disfunções neurológicas e desnutrição são
causas de problemas de aprendizagem têm representado um grande benefício para a Educação.
c) negativas porque em nome do desenvolvimento de conhecimentos científicos sobre as causas dos problemas de
aprendizagem, a ideologia tem sido camuflada facilitando a incorporação de preconceitos à cotidianidade.
d) negativas porque a maioria dos autores que estuda os distúrbios de aprendizagem tem reconhecido como
principais responsáveis pelos problemas de aprendizagem as questões sociopolíticas e econômicas.
e) que não são nem positivas nem negativas uma vez que os conhecimentos científicos a este respeito têm mantido
a devida neutralidade, uma vez garantidos os critérios metodológicos nas pesquisas realizadas.
Observe que apenas a alternativa C apresenta uma análise pautada pela perspectiva crítica.
Parabéns! Você realizou os exercícios e acompanhou os argumentos dados em cada resposta. Agora releia os textos
e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas
devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso persistam, apresente-as ao
professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 4:
O PAPEL DO PSICÓLOGO NA ESCOLA, NO SENTIDO DE PROMOVER REFLEXÃO SOBRE AS PRÁTICAS E
FAVORECER TRASNFORMAÇÕES. REFLEXÃO CRÍTICA ACERCA DOS INSTRUMENTOS DE INTERVENÇÃO.
Texto 1: KUPFER, M. C. O que toca à/a Psicologia Escolar. In: MACHADO, A. M. S. Marilene P. R. (org.). Psicologia
Escolar: em busca de novos rumos. 4a ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, p. 55 a 65.
Qual deve ser o papel do psicólogo no contexto escolar? A autora do texto inicia suas reflexões a esse
respeito estabelecendo uma crítica ás atuações profissionais que se pautam pelo modelo clínico tradicional.
O modelo clínico tradicional busca no indivíduo, no seu mundo interno, nas suas relações familiares as causas para
as dificuldades de aprendizagem.
Segundo Kupfer, tal modelo é ultrapassado, sem funcionalidade e visa à manutenção do sistema que produz o
fracasso escolar. Assim, torna-se necessário pensar em outras e diferentes formas de intervenção.
À partir de uma perspectiva crítica de atuação profissional, que leva em conta a realidade social dos indivíduos, quais
teorias poderiam contribuir para uma ação compromissada com a transformação social, que rompesse como o
processo de alienação?
Dentre as várias possibilidades existentes, a autora destaca o referencial teórico oferecido pela psicanálise. Tal teoria
“não pode auxiliar diretamente o professor, a não ser que esse professor se analise, não pode criar métodos
pedagógicos inspirados por ela e não tem os mesmos objetivos da instituição” (p.54) , então, de que forma a
psicanálise pode auxiliar na atuação do psicólogo que se pretende um agente de mudanças, que busca a ação
preventiva e a otimização dos processos de aprendizagem?
Para a psicanálise todo trabalho psicológico tem como alvo o eu, esse eu que é constituído por identificações, que se
molda a papéis sociais e varia com as condições históricas. “ Os problemas de aprendizagem são na sua maioria
problemas no funcionamento egóico, e portanto amplamente determinados pelas relações vividas pelas crianças no
interior da instituição escolar.” (p.54)
Outra forma de contribuição da psicanálise está relacionada com a possibilidade de leitura dos discursos
institucionais. Tais discursos tendem a produzir repetições, cristalizações, é como se todos pensassem e falassem
sempre as mesmas coisas. Desta forma, não há lugar para o diferente, para se pensar os mesmos e velhos
problemas à partir de um outro lugar, para buscar novas possibilidades de olhar, compreender e conseqüentemente
agir diante dos desafios. Esse é um papel importante para o psicólogo escolar : auxiliar no sentido de que o grupo
possa romper com os discursos e relações cristalizadas. Assim, a psicanálise que irá nos ajudar não é a que se
preocupa com as determinações inconscientes ou que descreve as fases psicossexuais.
Em quais espaços o psicólogo escolar pode atuar?
Atua junto aos vários segmentos envolvidos no processo educacional : professores, diretores, funcionários, pais e
alunos.
Com os professores e diretores pode, por exemplo, trabalhar nos programas de formação continuada, montar grupos
de estudo, auxiliar na avaliação e implantação de programas de ensino. Com os pais pode fazer orientações,
estimular a participação na vida escolar, etc. Desenvolve ações voltadas aos alunos com defasagem escolar,
problemas de relacionamento, orientação profissional, entre outros. Também pode trabalhar com educação especial,
assessoria e consultoria para as escolas. Em linhas gerais o objetivo final de seu trabalho é a garantia do
desenvolvimento das habilidades da criança.
Há também alguns espaços que não são de atuação do psicólogo escolar, por exemplo: os métodos de ensino, as
técnicas de alfabetização são do espaço pedagógico. Há aspectos psicológicos que não devem ser abordados: a
relação da professora com a própria mãe, por exemplo.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando os argumentos utilizados pela autora, em defesa de sua
tese.
2) A partir da leitura, esteja atento aos conceitos da psicanálise que podem ser utilizados no trabalho do psicólogo
escolar quando faz essa opção teórica.
3) Verifique qual o papel proposto para o psicólogo no contexto educacional e quais as possibilidades de atuação
apontadas pelo texto.
4) Acompanhe os seguintes exemplos de exercício.
EXERCÍCIO 1: A professora da escola de V lhe faz o seguinte relato: V. sempre chega à escola com fome. Logo no
início da aula, faz a refeição. Normalmente, repete três vezes o prato de sopa e come a mesma quantidade de
sobremesa, normalmente uma fruta. Depois disso, dorme até o horário do intervalo. Após o descanso, torna-se muito
bem disposto e faz todas as tarefas. A professora está muito preocupada com V, pois a mesma fica sempre atrasada
em relação aos seus colegas, pois “perde uma parte da aula dormindo” e gostaria de encaminhar a criança para
avaliação.
A partir do que foi estudado sobre o fazer do Psicólogo, considerando a perspectiva crítica, analise as afirmativas
apresentadas a seguir e assinale a alternativa correta em relação à atuação deste profissional.
I- Quando o psicólogo pisa no território escolar (em muitas instituições educativas), intensifica as expectativas e
olhares classificatórios e comparativos dos indivíduos tomados isoladamente. Educadores querem saber “o que as
crianças têm” e o psicólogo tem o papel de fornecer as respostas.
II- O objetivo do trabalho do psicólogo na escola é abrir um espaço para a circulação das falas e, principalmente,
para romper com os discursos cristalizados
III- Um dos fatores que favoreceram a inserção do psicólogo no contexto escolar foi que sempre estiveram presentes
subsídios teóricos críticos que possibilitassem ao profissional ter uma prática que levasse em consideração à
realidade social.
IV- A fala da diretora é pertinente, uma vez que o local de trabalho do psicólogo, ao se inserir no contexto escolar, é a
sala de atendimento, situada à margem da dinâmica escolar.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) Apenas a afirmativas II está correta.
d) Apenas a afirmativas III está correta.
e) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
A afirmativa I propõe um papel inadequado para o psicólogo que se pauta pela perspectiva crítica. Na
afirmativa III há um equivoco, nem sempre houveram subsídios teóricos críticos, essa é uma mais realidade recente.
A idéia de que o lugar do psicólogo é numa sala de atendimento que deve estar à margem da dinâmica escolar
pertence ao modelo clínico. Assim a resposta correta é a C, apenas a afirmativa II está correta.
EXERCÍCIO 2: (Questão adaptada do Concurso de Provas e Títulos para Psicólogo Escolar do Conselho Federal
de Psicologia, do ano de 2003) Dentre as contribuições que o Psicólogo escolar pode oferecer para a comunidade
escolar, podemos listar aquelas que se referem ao processo de gestão educacional. Em relação a essa temática, e a
partir de uma perspectiva crítica, analise os itens abaixo.
I- reforçar crenças e tradições já consolidadas para que as mesmas não se percam frente a mudanças necessárias
no processo de organização escolar;
II- promover discussões coletivas que busquem viabilizar as disposições de cada membro do grupo para
participação nos projetos da escola;
III- fortalecer o diretor como especialista na gestão da escola com o objetivo de contribuir para a perspectiva
burocrática de organização escolar;
IV- buscar referências para a sua atuação em pesquisas que estudaram os aspectos psicológicos envolvidos na
organização escolar;
V- oferecer propostas para a equipe de gestão à partir de deduções de uma psicologia que já esteja com os seus
princípios definidos e consolidados para que não haja conflitos de interesses entre os participantes da gestão escolar.
Levando em consideração os materiais estudados, podemos assinalar que:
a) apenas I e IV são falsas
b) apenas I, II e III são falsas
c) apenas I, II, IV e V são falsas
d) apenas II, III e IV são falsas
e) apenas I, III e V são falsas
Apenas as afirmativas II e IV correspondem á perspectiva solicitada, logo, a alternativa correta é a E.
ANÁLISE CRÍTICA ACERCA DOS INSTRUMENTOS DE INTERVENÇÃO
Texto 2: MACHADO, A. M. Avaliação psicológica na escola: mudanças necessárias. In: Psicologia e Educação –
desafios teórico-práticos. TANAMACHI, E; PROENÇA, M. R.; ROCHA, M. M.(org). São Paulo: Casa do Psicólogo,
2002. p. 143-167.
As autoras do texto estabelecem uma distinção entre o modelo clínico tradicional e o modelo preventivo em
relação ao processo de avaliação psicológica diante da queixa escolar.
No modelo clínico tradicional o objeto de análise é a criança, nesse sentido busca-se compreender o que ela
tem, o problema está na criança, nas suas relações familiares, no seu mundo interno. Em concordância com esse
paradigma, para a avaliação da queixa escolar, algumas ações são realizadas, tais como: entrevista com os pais ,
anamnese, sessões lúdicas com a criança, aplicação de testes, diagnóstico, prognóstico, entrevista devolutiva com
os pais, encaminhamento para tratamento.
Pensar o processo de avaliação da queixa escolar em harmonia com o modelo preventivo requer uma
mudança paradigmática. Observem que ao alterarmos nosso paradigma alteramos nosso olhar e conseqüentemente
as nossas ações. Assim, se no modelo preventivo o objeto de análise passa a ser o contexto das relações que
produzem o fenômeno (não aprender) o objetivo do nosso trabalho será intervir no processo de produção da queixa
escolar para rompê-lo. Á partir dessa perspectiva quais seriam as possíveis ações do psicólogo escolar?

 Pesquisar os bastidores dos encaminhamentos, as versões dos vários profissionais e a história de vida da
criança. Para tanto pode-se pedir ao professor que escreva a queixa, ler o prontuário dos alunos, verificar a
versão e as expectativas dos diversos segmentos envolvidos no processo, as práticas pedagógicas cotianas,
etc.;
 Realizar encontros com o grupo de crianças e com os pais. Com o intuito de pensar o processo de produção
da queixa e o que poderia se feito para modificá-la, pode-se verificar a participação dos pais e dos alunos
nos processos de decisão na vida escolar, conhecer as diferentes versões dos fatos, observar as relações de
poder, obter o consentimento dos pais para o trabalho a ser realizado, entre outras ações;
 Conversas com os professores para discussão dos acontecimentos em classe;
 Devolver os aspectos percebidos no processo aos professores, pais e crianças, verificar as possibilidades, as
modificações, problematizar as questões, colher e oferecer sugestões para que a queixa possa vir a se
superada.
 Por fim, cabe ressaltar que avaliar o processo de produção da queixa implica em buscar o quanto é possível
alterar essa produção afetando os fenômenos nos quais ela se viabiliza.

Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando os argumentos utilizados pelas autoras, em defesa de
suas teses.
2) A partir da leitura, esteja atento aos paradigmas e ações presentes em cada modelo utilizado para a avaliação da
queixa escolar.
3) Verifique qual o papel proposto para o psicólogo no contexto educacional e quais as possibilidades de atuação
apontadas pelo texto.
4) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1: (Fonte: Provão 2001) O psicólogo é chamado a uma escola de ensino fundamental, em função de
problemas de indisciplina em uma quinta série. A partir desta demanda, baseado em concepções recentes de
Psicologia Escolar que consideram como fundamental a análise da constituição da queixa escolar, na sua dimensão
institucional, o profissional deverá atuar: (assinale a alternativa correta)
a) de maneira individual, ouvindo cada aluno, avaliando-o particularmente para buscar em aspectos de sua
personalidade as causas do comportamento da indisciplina.
b) como interlocutor qualificado, levantando diferentes versões sobre as questões escolares com pais, educadores e
alunos, discutindo com tais protagonistas as possibilidades de intervenção.
c) de maneira tão somente grupal, reunindo os alunos indisciplinados e realizando sessões terapêuticas em grupo,
tendo a indisciplina como tema.
d) como psicoterapeuta, encaminhando os alunos indisciplinados para atendimento em psicoterapia individual e
grupal fora do ambiente escolar.
e) como educador, organizando um ciclo de pelo menos três palestras com pais e professores sobre indisciplina
escolar.
As alternativas A, C e D correspondem ao modelo clinico tradicional na avaliação da queixa escolar. A alternativa E
propõe um papel que não corresponde àquele que deve ser reservado ao psicólogo escolar. Apenas a alternativa
B propõe uma intervenção pautada pela perspectiva crítica, que considera a dimensão institucional conforme o
solicitado pelo enunciado da questão.
EXERCÍCIO 2: Ao ser indagada sobre a razão de seu encaminhamento para avaliação, Clara (9 anos) responde à
psicóloga: “Eu tenho uma doença chamada idade mental.”
Tendo em conta a perspectiva crítica, as ações que podem ser consideradas mais adequadas para o Psicólogo
Escolar em relação à avaliação psicológica de crianças nestas condições são: (assinale a alternativa correta)
a) Analisar o resultado de testes que revelem o grau de inteligência da criança para poder saber o que pode estar
produzindo a dificuldade de aprendizagem.
b) Analisar o processo de aprendizagem da criança com professores, pais e as próprias crianças com o objetivo de
apontar a causa desta dificuldade.
c) Analisar as relações e problematizar a respeito dos “campos de forças” e da realidade em que ocorrem os
encaminhamentos das crianças para avaliação.
d) Analisar as relações entre as crianças, sua forma de agir e de brincar, a fim de detectar suas limitações e
dificuldades de aprendizagem.
e) Analisar os dados estatísticos referentes aos problemas de aprendizagem, identificar seus prováveis distúrbios
físicos e mentais e encaminhá-la para ludoterapia.
Apenas a alternativa C corresponde à perspectiva crítica, ao modelo preventivo, as demais alternativas
correspondem ao modelo clínico tradicional.
Muito bem! Após realizar e acompanhar os argumentos de cada questão acima faça novamente uma leitura
cuidadosa do texto indicado no inicio dessa aula e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de
saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 5:
OS PROBLEMAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM: AS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS; O PAPEL DO
PSICÓLOGO FRENTE À QUEIXA ESCOLAR
Texto: TANAMACHI, E.; MEIRA, M. A atuação do Psicólogo como expressão do pensamento crítico em Psicologia e
Educação. In: Psicologia Escolar: Práticas Críticas. MEIRA, M.; ANTUNES, M. A. A. São Paulo, Casa do
Psicólogo, 2003. p. 11 a 62.
Em relação às possibilidades de compreensão do fracasso escolar as autoras criticam a visão tradicional.
Acreditam que tal perspectiva demonstra um descompromisso da Psicologia com as questões políticas, econômicas
e sociais. A visão tradicional centra no indivíduo, em sua família ou no seu meio sociocultural as causas do não
aprender. Assim, buscam em Marx, Leontiev, Giroux e Vigotski, entre outros autores, o referencial teórico crítico para
pensar o papel da escola na constituição do indivíduo e da sociedade.
Á partir de uma perspectiva crítica, as autoras consideram o jogo de forças e interesses políticos presentes em uma
determinada sociedade como aspectos significativos para se compreender o processo de produção do fracasso
escolar. Tal processo é pensado como sendo multideterminado, ou seja, sofre a ação das forças sociais, políticas,
econômicas e culturais presentes num determinado grupo social, é, portanto, produzido, constituído no tecido de
relações que envolvem os sujeitos.
Tendo em conta o referencial teórico crítico, as autoras apresentam possibilidades de ação para o psicólogo escolar
junto á demanda de queixa escolar e também em relação à sua atuação em instituições de ensino.
O melhor lugar para um psicólogo escolar é o lugar possível, dentro ou fora da instituição, desde que ele se coloque
dentro da educação e assuma um compromisso teórico e prático com as questões da escola, já que
independentemente do espaço profissional que possa estar ocupando, ela deve se constituir no foco principal de sua
reflexão, ou seja, é do trabalho que se desenvolve em seu interior que emergem as grandes questões para as quais
deve buscar tanto os recursos explicativos quanto os recursos metodológicos que possam orientar sua ação.
(Meira,2000,p.36)
Apresentamos a seguir as principais idéias apresentadas pelas autoras do texto em relação ao trabalho do
psicólogo escolar, seu papel, objeto de estudo, modo de compreender a demanda escolar e possibilidades de ação.
AÇÃO JUNTO Á DEMANDA DE QUEIXA ESCOLAR
Papel do Psicólogo Escolar
Seu papel deve ser o de mediador no processo de elaboração das condições para que a queixa possa vir a se
superada. Tal processo deve ser realizado junto com todos os segmentos envolvidos: família, escola, criança.
Objeto de Estudo
O objeto de estudo é o modo como o comportamento de uma criança (alvo da queixa) é influenciado pela educação
em geral e pela educação oferecida na escola, ou seja, é o processo de produção da queixa e seus efeitos nos
indivíduos envolvidos nesse processo.
Ação do Psicólogo Escolar
Deve estar voltada para a descrição e análise da relação entre o processo de produção da queixa escolar e
os processos de subjetivação/objetivação dos indivíduos nele envolvidos, como uma condição necessária á
superação das histórias de fracasso escolar. (p.29)
Compreensão da Queixa
A queixa é apenas a aparência, é preciso olhar o entorno, o que a envolve e a possibilita. A queixa deve ser
compreendida como sendo constituída por múltiplas determinações. Devemos buscar com todos os envolvidos as
ações, os acontecimentos, as concepções que produziram e motivaram o encaminhamento de tal criança.
Intervenção
Desenvolver ações voltadas aos vários segmentos envolvidos no processo (professores, alunos, familiares) no
sentido de tornar pensável o processo de produção da queixa e conseqüentemente as estratégias necessárias para
que a mesma possa ser superada.
ATUAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO
Papel do Psicólogo Escolar
Auxiliar a escola a remover os obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos
por meio da construção de práticas educativas que favoreçam os processos de humanização e reapropriação da
capacidade de pensamento crítico. (p.43)
Objeto de estudo
É o encontro entre os sujeitos e a educação.
Ações do Psicólogo Escolar
Refletir sobre os diferentes aspectos que compõem o cotidiano escolar.
Analisar criticamente essa realidade concebendo-a como construção social e, portanto, possível de transformação
pela ação humana.
Planejar ações que contribuam para as transformações necessárias.
Implantar projetos que traduzam o compromisso ético, político e profissional com a construção dos processos
educacionais.
Etapas do Processo de Intervenção
Avaliação da realidade escolar; discussão com os vários segmentos envolvidos; elaboração e execução do plano de
intervenção.
PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA REALIDADE ESCOLAR.
Veja alguns exemplos de dados que são interessantes de se obter nesse processo de avaliação e onde buscá-los.
Na organização da escola
Verificar por exemplo quantas classes, turmas, funcionários, existem e se isso é adequado para a demanda. Há
reuniões com professores, com a comunidade escolar, quais atividades a escola oferece?
Recursos físicos
Quais são esses recursos?São adequados ás necessidades da comunidade?
Corpo docente
Qual a formação dos professores, a experiência profissional, as condições de trabalho?
Proposta pedagógica
A proposta pedagógica é algo concreto, acontece na realidade ou é apenas algo que está escrito no plano escolar?
Ela é compartilhada por todos? Como é o sistema de progressão?
Equipe que dirige a escola
Como foi formada? Qual a experiência desses profissinais?
Organização dos segmentos que compõe a escola
Há Grêmio Estudantil, Associação de Pais, etc. Como funcionam esses segmentos?
Quais as condições sócio-econômicas da clientela.
Como foi formado esse bairro? Qual a história dessa escola?
Como os diferentes segmentos compreendem seus problemas?
Quais as expectativas em relação ao trabalho do psicólogo escolar? Qual as possibilidades e limites para a
implantação de projetos? Quais os parceiros em potencial?
O RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Sintetiza os principais procedimentos utilizados, contém uma apresentação geral dos dados, indica de forma
clara as questões que devem ser trabalhadas e como isso pode ser feito.
Deve ser apresentado aos vários segmentos envolvidos para discussão, reflexão sobre o que foi compreendido e o
que está sendo proposto enquanto estratégia de trabalho.
PLANO DE INTERVENÇÃO
Responde ao que foi percebido na avaliação, é composto por um conjunto de estratégias de ação, deve ser
implementado pelos vários autores do processo, contém ações que poderão ser realizadas a curto, médio e longo
prazo.
Veja alguns dos itens que compõe o plano de intervenção: Objetivo Geral. Objetivo Específico, Estratégias,
Condições objetivas para a realização das intervenções: recursos físicos, humanos, horários, etc.
Em linhas gerais a ação do psicólogo escolar deve contribuir para: gestão democrática da escola; resgate da
autonomia dos sujeitos; formação de vínculos; ampliação da participação popular; planejamento condizente com o
desenvolvimento, o interesse e as necessidades dos alunos; identificação e remoção dos obstáculos que possam
impedir os alunos de construir conhecimento. Cabe lembrar que no processo de intervenção devemos considerar a
especificidade de cada caso.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando a fundamentação teórica, os conceitos e argumentos
utilizados pelas autoras para pensar o processo de construção do fracasso escolar.
2) A partir da leitura, esteja atento (a) às estratégias de intervenção utilizadas verificando as semelhanças e
diferenças existentes quando o trabalho do psicólogo escolar está voltado para a demanda de queixa escolar e
quando está voltado para a atuação em instituições de ensino.
3) Verifique qual o papel proposto para o psicólogo no contexto educacional e quais as possibilidades de atuação
apontadas pelo texto.
4) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1 - TANAMACHI e MEIRA (2003), no texto “A atuação do Psicólogo como expressão do pensamento
crítico em Psicologia e Educação”, apresentam elementos da teoria de Vygotsky que sustentam uma compreensão
dos processos de ensino e aprendizagem em uma perspectiva sócio-histórica. Considerando esse referencial teórico,
leia as afirmativas abaixo e assinale a incorreta:
a) O professor deve priorizar a sua interação individualizada com cada aluno, visando avaliar com mais rigor o seu
nível de conhecimento real e potencial e montar grupos homogêneos de trabalho.
b) O professor deve promover a formação da consciência dos seus alunos, pois, somente através do
desenvolvimento da capacidade de pensamento crítico, será possível sua humanização.
c) O professor, enquanto representante da cultura, deve atuar como um mediador na dinâmica das relações
interpessoais e na relação dos alunos com os objetos do conhecimento.
d) O professor, assim como a escola, são fortemente valorizados nessa teoria, uma vez que a educação deve criar
condições para o desenvolvimento dos alunos.
e) O professor não pode prescindir de uma atenção constante aos significados, às emoções e aos afetos que
acompanham a aprendizagem dos alunos.
A alternativa “a” apresenta erroneamente os conceitos de Vygotsky, por exemplo: o professor deve valorizar as
diferenças, dar oportunidade para interação em grupos nos quais as diferenças individuais possam estimular o
desenvolvimento de todos.
EXERCÍCIO 2 - A compreensão contemporânea de atuação em Psicologia Escolar aponta para a necessidade de o
psicólogo se desvincular da ação culpabilizadora em relação aos alunos e se voltar para uma atuação preventiva e
relacional. A esse respeito, assinale a opção incorreta.
a) A atuação preventiva em Psicologia Escolar deve estar respaldada em ações que facilitem e incentivem a
construção de estratégias de ensino diversificadas.
b) A atuação preventiva do psicólogo escolar deve se voltar para a assessoria às famílias dos alunos no sentido de
orientá-las sobre como educar os filhos, acompanhá-los na escola e ajudá-los com as tarefas de casa.
c) A ação preventiva deve se direcionar para a compreensão e a intervenção nas relações interpessoais que
permeiam a construção do conhecimento e a ação pedagógica, valorizando a reciprocidade nas relações.
d) É responsabilidade do psicólogo escolar subsidiar os professores na promoção de situações didáticas que
favoreçam a aprendizagem do aluno.
e) Cabe ao psicólogo escolar investigar e analisar a instituição escolar a fim de evidenciar contradições e conflitos.
Observe que a ação proposta na alternativa B não está adequada á perspectiva crítica, pois centra seu olhar
e sua ação na família, que é apontada como fonte dos problemas.
EXERCÍCIO 3 - Considerando a atuação do psicólogo em instituições de ensino, pautada pela perspectiva crítica é
correto afirmar que:
I - Seu papel é auxiliar a escola a remover os obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento.
II - Seu papel é auxiliar a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam os
processos de humanização e de reapropriação da capacidade de pensamento crítico.
III - Seu papel é auxiliar a escola no sentido de compreender quais são as limitações desses alunos e quais as
melhores estratégias para que possam superar as dificuldades que eles apresentam.
Assinale a alernativa correta:
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) Apenas a afirmativa I está correta.
d) Apenas a afirmativa II está correta.
e) Apenas a afirmativa III está correta.
Na afirmativa III destacam-se ações voltadas exclusivamente para o aluno, vistos como limitados e portadores de
dificuldades, assim, o contexto mais amplo é desconsiderado. É correta a alternativa “A”.
Muito bem! Após realizar e acompanhar os argumentos de cada questão acima faça novamente uma leitura
cuidadosa do texto indicado no inicio dessa aula e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de
saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 6:

MODELO DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO FRENTE AOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM EM UMA


PERSPECTIVA CRÍTICA EM PSICOLOGIA ESCOLAR
Texto 1 : SOUZA, B. P. de. Apresentando a Orientação à Queixa Escolar In: Orientação à Queixa Escolar. São
Paulo, Casa do Psicólogo, 2012, p. 97-134.
Tendo em conta a demanda de profissionais da psicologia e da comunidade em geral para o atendimento
psicológico de crianças e adolescentes cuja queixa tem origem em questões escolares, Beatriz de Paula Souza e
Cintia Copit Freller, psicólogas da equipe do Serviço de Psicologia Escolar da USP, desenvolvem uma abordagem de
atendimento a qual denominam de Orientação à Queixa Escolar.
O trabalho de Orientação à Queixa Escolar parte de uma perspectiva crítica, dialética, que enfatiza a importância dos
fatores sociais na constituição dos sujeitos. Nesse sentido, a queixa escolar é compreendida como um emergente de
uma rede de relações que envolvem a criança, a família, e a escola.
O objeto de estudo é essa rede de relações e o objetivo do trabalho é movimentar tal rede para que se caminhe no
sentido do desenvolvimento de todos os segmentos envolvidos.
O trabalho proposto, em linhas gerais, estrutura-se a partir dos seguintes princípios técnicos: colher e
problematizar as versões sobre a queixa junto às pessoas envolvidas; promover a circulação das informações e das
reflexões nessa rede de relações visando à busca conjunta de alternativas para a superação da queixa; identificar,
mobilizar e fortalecer as potencialidades presentes em todos os indivíduos envolvidos no processo. Trata-se de uma
ação breve e centrada na queixa que não pode ser confundida com o psicodiagnóstico.
Embora não se trate de uma estruturação rígida, a autora do texto propõe os seguintes procedimentos para o
trabalho de orientação à queixa escolar.
TRIAGEM DE ORIENTAÇÃO
Pode ser feita de forma individual ou grupal. Como geralmente são os pais que procuram pelo atendimento, esse
primeiro encontro é realizado com eles.
Os principais objetivos dessa triagem são: apresentar o trabalho que é oferecido; ouvir a versão dos pais sobre a
queixa; investigar e pensar a demanda com eles buscando alternativas para a movimentação da queixa, para que se
comece a caminhar em busca de soluções; verificar a natureza da queixa estabelecendo prioridades.
Em alguns casos pode ocorrer que o trabalho já seja encerrado nesse primeiro momento, por exemplo: quando
nesse encontro os pais vislumbram possibilidades de modificação em relação à queixa. Nessa situação combina-se
que os pais podem posteriormente retornar para continuidade de atendimento, caso seja necessário. Também pode
ocorrer o encaminhamento para outro tipo de atendimento especializado quando se julga importante, embora não
seja esse o objetivo do trabalho.
Quando se entende que há questões escolares importantes para serem trabalhadas se dá continuidade ao processo
partindo para o encontro com as crianças ou adolescentes.
ENCONTROS COM CRIANÇAS OU ADOLESCENTES
São realizados em média seis encontros com as crianças. Os principais objetivos desses encontros são: ouvir
a versão delas, saber como percebem, como pensam e sentem a queixa; valorizar a condição de sujeito da sua
própria história; perceber e acolher as necessidades, sofrimentos e dificuldades apresentadas, tornando-as
pensáveis pelas crianças; reconhecer as potencialidades individuais necessárias para que se possa (re) conquistar a
capacidade de aprender.
Nesses encontros são utilizados recursos, tais como: materiais lúdicos, material escolar, etc. Não se utiliza teste.
INTERLOCUÇÃO COM A ESCOLA
O contato com a escola se inicia através do relatório que a mesma envia sobre a criança, também pode ocorrer
após os encontros com pais e crianças e em outros momentos que se fizerem necessários para o bom andamento do
trabalho.
Alguns aspectos devem ser observados pois funcionam como facilitadores dessa interlocução com a escola, por
exemplo: fazer o encontro na própria escola, ouvir a queixa esclarecendo-a e pensando-a junto com a professora,
diretora, coordenadora; perceber e valorizar os recursos e esforços realizados pela escola para a resolução da
questão, entre outros.
ENTREVISTAS DE FECHAMENTO
Essas entrevistas são feitas com o aluno, a família e a escola. Os principais objetivos são: releitura do caso
considerando as novas informações, visões, perspectivas; avaliar o processo e seus efeitos mobilizadores; combinar
o acompanhamento, que é um encontro realizado após algum tempo de encerramento da orientação à queixa
escolar. Esse encontro visa verificar, com todos os envolvidos, os resultados do trabalho realizado.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando a fundamentação teórica, os conceitos e argumentos
utilizados pela autora para pensar e realizar o trabalho de orientação à queixa escolar.
2) A partir da leitura, esteja atento (a) às estratégias de intervenção verificando a coerência existente entre a
fundamentação teórica e as ações realizadas pelas psicólogas na execução do trabalho relatado no texto.
3) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1 - Helena tem 8 anos e tem apresentado rebaixamento no desempenho escolar desde que seus pais se
divorciaram. Este problema tem sido observado também com outras crianças que passam ou passaram pela mesma
situação em outras turmas. Sob uma perspectiva crítica, o psicólogo escolar pode intervir de que forma?
Leia as alternativas abaixo e assinale a incorreta:
a) Propondo atividades para os alunos em parceria com a professora. Por exemplo: pedir que todas as crianças
desenhem e escrevam sobre suas famílias e que seja trabalhada, a partir dali, a diversidade nos arranjos familiares
de todos os alunos;
b) Realizando um ciclo de debates sobre o tema do divórcio com especialistas de diversas áreas (advogados,
psicólogos, psiquiatras infantis, religiosos, etc) destinados a todos os participantes da escola: equipe escolar, pais e
alunos, a fim de que o tema seja “oxigenado” no imaginário da instituição e de seus agentes.
c) Convocando os pais de Helena para comparecerem a fim de que tomem conhecimento da situação da filha e
reflitam, junto com a escola, sobre o que poderia ser feito para minimizar o sofrimento da criança.
d) Encaminhando a criança para uma avaliação clínica já que tal situação transcende o âmbito escolar.
e) Reunindo conhecimentos sobre os potenciais ou habilidades de Helena e propondo à turma toda uma atividade em
que a menina se sinta capaz, buscando elevar sua auto-estima e valorizar sua imagem na turma.
A alternativa D é a incorreta, propõe uma ação centrada no indivíduo, desconsiderando todo o contexto
relacional dessa criança e que essa questão afeta também a outros alunos. As alternativas A, B, C e E buscam
potencializar os sujeitos e o trabalho em conjunto.
EXERCÍCIO 2 - Arlete é professora da 2ª. Série, ela pediu para que a mãe de Maria a levasse ao psicólogo. A queixa
da professora é que Maria, que veio transferida de outra escola há pouco tempo, participa muito pouco das atividades
propostas e quando o faz não demonstra prazer na realização das tarefas, apresenta dificuldade para ler e escrever,
não consegue acompanhar a classe, assim, o seu aprendizado está severamente prejudicado. Arlete busca por
alternativas que possam alterar o quadro apresentado e para ela o encaminhamento para o atendimento psicológico
é o mais adequado.
Tendo em vista o trabalho do psicólogo junto a demanda de queixa escolar como a mesma deve ser compreendida e
aprofundada?
Leia as afirmativas abaixo e depois assinale a alternativa correta.
I - A queixa deve ser compreendida como uma síntese de múltiplas determinações.
II - A queixa é apenas a aparência, assim é necessário olhar o entorno, o contexto.
III - Para aprofundarmos a queixa devemos buscar com todos os envolvidos as ações, os acontecimentos, as
concepções que produziram e motivaram o encaminhamento, ou seja, devemos devolver a história á queixa.
IV - A queixa deve ser considerada como uma dificuldade de adaptação dessa criança.
V - Para aprofundarmos a queixa é necessário apenas o contato com a professora já que é ela que está enfrentando
dificuldades com a criança.
É correto apenas o que se afirma em:
a) IV e V.
b) I e II
c) I, II e III
d) II e IV
e) I e III
As ações propostas nas afirmativas IV e V são simplistas e reducionistas, não estão adequadas ao referencial teórico
proposto pelo texto. A alternativa correta é a “C”.
PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA - EMÍLIA FERREIRO
Texto 2 : SOUZA, B. P. Trabalhando com dificuldades na aquisição da língua escrita. In: Orientação à Queixa
Escolar. SOUZA, B. P. (org). São Paulo, Casa do Psicólogo. 2007. p.137 – 163.
Conforme nos relata a autora do texto, as dificuldades no processo de alfabetização de crianças em idade
escolar tem sido uma das principais causas de encaminhamento para atendimento psicológico.
O analfabetismo ou analfabetismo funcional é um problema da Educação e é também um problema da
Psicologia em função do sofrimento psíquico que tal situação pode vir a gerar para as pessoas em tal condição. Não
dominar os códigos para leitura e escrita é uma questão muito séria, conduz à exclusão social, tecnológica e política
desses indivíduos.
Tendo em vista a importância de se trabalhar no sentido da superação das dificuldades existentes no
processo de alfabetização, a autora, relatando o trabalho que realiza, nos aponta uma base teórica e um conjunto de
estratégias de ação para o enfrentamento desse problema.
BASE TEÓRICA
Sem deixar de considerar as questões sociais e políticas que envolvem o contexto educacional a autora nos
mostra a relevância do domínio, por parte do profissional da psicologia, do ferramental teórico oferecido pela
psicogênese da língua escrita no enfrentamento dos problemas de alfabetização.
A psicogênese da língua escrita é o resultado das pesquisas desenvolvidas por Emília Ferreiro que foi
orientada por Jean Piaget. Apresentamos a seguir, resumidamente, algumas das idéias presentes no trabalho de
Emília Ferreiro e que foram apontadas pela autora do texto.
Aprender a ler e escrever não é simplesmente um trabalho mecânico de decodificação som-grafia, para
aprender a ler e escrever é necessário que se compreenda o que a escrita representa e como essa representação
funciona. Para tanto as crianças vão construindo hipóteses. Tais hipóteses seguem um determinado percurso até que
se chegue ao domínio da escrita. Nesse percurso é possível observar diferentes níveis no processo de construção da
noção de escrita, a saber: nível pré-silábico; silábico; silábico-alfabético e alfabético.
NÍVEL PRÉ – SILÁBICO
Inicialmente as crianças não fazem uma distinção clara entre desenho e escrita, elas trabalham com a hipótese de
que os caracteres gráficos representam as características dos objetos ou idéias. Posteriormente começam a fazer a
distinção entre desenho e escrita, mas ainda não têm a clareza de que o que se representa graficamente é o som da
palavra e não o objeto em si. Assim podem ficar confusas quando observam que um objeto grande como um trem
pode ser representado por uma palavra tão pequena. A isso chamamos realismo nominal.
NÍVEL SILÁBICO
Nesse nível as crianças compreendem que a escrita representa o som das palavras. Tal compreensão segue
uma lógica própria dessa fase. As crianças percebem que as palavras estão divididas em sílabas, e acreditam que a
cada sílaba, corresponde uma única letra. Por exemplo, para representar a palavra “BONECA”, a criança pode
escrever: “RAT”. Nesse exemplo a criança também não considerou o valor sonoro das letras escolhidas para a
escrita da palavra.
NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO
É considerado como um nível de transição entre o nível anterior e o posterior, daí sua nomenclatura. Nele a lógica
silábica aparece misturada com a lógica alfabética. Perceber que a fala pode ser subdividida em unidades menores,
em fonemas, o que constitui a lógica alfabética, não é tão simples para os aprendizes nesse momento. Os fonemas
(menos as vogais) têm som artificial e a compreensão de tal conceito exige maior abstração do que o conceito de
sílaba. Por exemplo, para representar a palavra “BONECA”, a criança pode escrever: “BONK” ou “BNCA”, aqui
ocorreram trocas ou omissões de letras. Tais produções, normais nesse momento evolutivo, são, às vezes,
erroneamente classificadas como distúrbios de aprendizagem, dislexia ou déficit de atenção
NÍVEL ALFABÉTICO
È uma escrita quase convencional, mas ainda podem ocorrer algumas trocas ou omissão de letras. Trocam o P pelo
B; D por F ou V, confundem S-Z-Ç-SS; R-RR; G-J; GU-QU; H-LH-NH. Por exemplo, para representar a palavra:
“CASA” a criança pode escrever: “CAZA”.
Nos nossos exemplos enfatizamos mais os aspectos gráficos da produção infantil, no entanto, cabe lembrar que os
aspectos construtivos, (o que a criança quis representar), precisam ser considerados juntamente com os aspectos
gráficos (o que ela escreveu).
Posteriormente a escrita das frases trará outros e novos desafios para as crianças.
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Durante os atendimentos com as crianças ou jovens o principal objetivo do trabalho, relatado pela autora, é o
resgate das possibilidades de pensar e de aprender desses indivíduos, busca-se que eles possam ocupar o lugar de
sujeito da aprendizagem, que se sintam capazes para isso.
“Nossas intervenções nestes casos dirigem-se a ajudá-las apropriarem-se de seu pensamento e de suas hipóteses, a
problematizar e fornecer algumas informações sobre a leitura e a escrita que qualquer adulto letrado pode oferecer
sem tornar-se, por isso, professor.” (p.141)
Nos atendimentos se utilizam jogos, materiais plásticos e gráficos escolhidos considerando as necessidades e
interesses das crianças.
TRABALHO COM OS PAIS
Durante os encontros realizados com os pais é comum que os mesmos repitam o discurso veiculado pela escola: a
criança não sabe nada, escreve tudo errado, etc. É esse olhar desqualificador e sofrido dos pais sobre os saberes
construídos pela criança que deve ser o principal objeto de intervenção. Busca-se criar condições para que a criança
possa ser percebida por eles como um sujeito capaz, que está em processo, construindo conhecimento.
TRABALHO COM A ESCOLA
Junto á escola procura-se enfatizar os saberes revelados, as possibilidades apresentadas pela criança. È importante
que se possa re-significar o olhar que o professor tem sobre o seu aluno para que o processo de ensino-
aprendizagem seja posto em movimento e tenha continuidade.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando a fundamentação teórica, os conceitos e argumentos
utilizados pela autora para pensar e realizar seu o trabalho.
2) A partir da leitura, esteja atento (a) às estratégias de intervenção verificando a coerência existente entre a
fundamentação teórica e as ações realizadas na execução do trabalho relatado no texto.
3) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1 - Você é psicólogo escolar e é solicitado a auxiliar as professoras de 1a série que têm tido algumas
dificuldades quanto à alfabetização de seus alunos.
Veja o depoimento de uma das professoras:“ Tenho uma aluna com dificuldade na alfabetização, às vezes ela faz
muita consoante junta. Então não tem como ler. De repente põe uma vogal no meio, fica uma coisa sem nexo.”
Considerando o que foi estudado acerca do processo de aquisição da língua escrita, o que você diria a essa
professora?
Leia as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.
I-Essa criança está vivenciando uma das etapas normais do processo de aquisição da leitura e escrita.
II- Estes “erros” são hipóteses a partir de elaborações internas que a criança tem sobre a construção da escrita.
III- Estas omissões não podem ser encaradas como problemas de aprendizagem, mas como conflitos ( com avanços
e recuos) que a criança tem em seu processo de alfabetização.
IV- Essa aluna deve ser encaminhada para o neurologista uma vez que tais erros são indícios de comprometimento
nessa área.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
c) Apenas a afirmativas IVestá correta.
d) Apenas a afirmativas I está correta.
e) Apenas afirmativas I, II e III estão corretas.
A afirmativa IV apresenta uma proposta que desconsidera os pressupostos teóricos da abordagem solicitada. Assim,
a correta é alternativa E.
EXERCÍCIO 2 - A professora de Vinícius está satisfeita com as produções gráficas de seu aluno, e considera que ele
está aprendendo rápido. Entretanto os pais dele estão muito insatisfeitos com seus erros. Não sabe escrever, só
desenha letras, sem relação nenhuma com os sons. Em casa eles ensinam algumas palavras que ele pede, mas logo
ele esquece. Cavalo, por exemplo, eles já ensinaram e ao encontrar uma produção dele feita na escola, percebem
que ele escreveu completamente errado. Algumas vezes corrigem o que a professora não corrigiu, e estão
ressentidos com a professora, que parece ignorar ou não cumprir seu dever de professora ensinando o certo.
Tendo como base os pressupostos da Psicogênese da Língua Escrita, um psicólogo ao tomar conhecimento desta
queixa deve:
I – Convidar os pais de Vinícius para uma conversa na escola, para juntamente com a professora mostrar as
produções de seu filho, procurando esclarecê-los de que seu filho está construindo hipóteses sobre a escrita.
II – Orientar a professora para que ela ofereça uma atenção individualizada para essa criança como aulas de reforço,
por exemplo.
III – Convidar os pais de Vinícius para uma conversa na escola, pois a criança parece ter sérios problemas de
atenção, apresentando produções inadequadas para a faixa etária, o que implicaria na necessidade de uma
autorização dos mesmos para a realização de uma avaliação da criança.
IV – Investigar se existem outros alunos na mesma condição de Vinícius, e, se confirmada esta hipótese, será
necessário orientar a professora a mudar a metodologia de ensino, uma vez que os alunos estão sendo mal
alfabetizados.
Assinale a alternativa correta:
(A) Apenas I é verdadeira.
(B) Apenas II é verdadeira.
(C) Apenas II e III são verdadeiras.
(D) Apenas III e IV são verdadeiras.
(E) I, II, III e IV são verdadeiras.
Observe que as afirmativas II, III e IV não levam em conta os pressupostos da psicogênese da língua escrita,
portanto, alternativa correta é A.
Muito bem! Após realizar e acompanhar os argumentos de cada questão acima faça novamente uma leitura
cuidadosa do texto indicado no inicio dessa aula e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de
saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 7:

PSICÓLOGO ESCOLAR COMO MEDIADOR NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE EM UMA


ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA

Texto 1 - AGUIAR, W. M. J.; GALDINI, V. Intervenção junto a professores da rede pública: potencializando a
produção de novos sentidos In: Psicologia Escolar: Práticas Críticas. MEIRA, M. E.; ANTUNES, M. A. A. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p.87-103.
Aguiar e Galdini (2003), iniciam suas reflexões acerca das possibilidades de trabalho do psicólogo em relação
á formação de professores apresentando os pressupostos teóricos e metodológicos que fundamentam suas ações.
Segundo Galdini e Aguiar (2003), pensar a formação de professores requer olhar para além da dimensão técnica,
não se trata apenas de buscar quais estratégias são mais adequadas para a realização desse trabalho, é necessário
levar em conta quais são os pressupostos teóricos que fundamentam tal ação. Por traz de toda ação educativa, quer
estejamos conscientes disso ou não, existe uma visão de homem, mundo, sociedade, cultura , educação. Há um
conjunto de representações, constituídas à partir de nossas histórias, que direcionam nossas ações e é preciso
reconhecê-las, desvelá-las para superar a alienação e produzir a transformação social.
Não é possível pensar a formação de um profissional sem levar em conta o contexto social, político e ideológico no
qual ele se insere. Assim, a relação professor – instituição - sociedade deve ser considerada dialeticamente.
No texto, o professor, concebido como ser histórico, social, transformador, sujeito ativo, investigador da sua
realidade é visto como capaz de produzir idéias e práticas sociais que possam responder aos desafios apresentados
pela educação. O professor, diante de condições excludentes e alienantes, impostas por um precário sistema de
ensino, pode colaborar com a transformação do ambiente escolar, no sentido de que este venha auxiliar os
indivíduos no resgate da possibilidade de pensar autonomamente e no exercício efetivo da cidadania. Tendo em
conta tal concepção de professor como o psicólogo pode trabalhar para auxiliar a formação desse profissional?
Buscando responder a esse desafio as autoras relatam o trabalho que realizaram o qual resumidamente
apresentamos a seguir.
Foram realizados dez encontros, de uma hora cada, com aproximadamente doze professores que já estavam
trabalhando na escola. O objetivo foi realizar uma intervenção que possibilitasse “a reflexão, re-significação e, assim
a produção de novos sentidos sobre a vivência de ser professor” (p.91)
Inicialmente foi feita a configuração do universo escolar, ou seja, buscaram na instituição quais eram as condições
físicas e relacionais existentes, qual a filosofia veiculada na escola, a proposta pedagógica, etc. Para tanto foram
feitas observações e entrevistas com todos os segmentos envolvidos, corpo docente e discente.
Durante os encontros com os professores foi criado um espaço de acolhimento, de escuta no qual falaram sobre as
situações vividas, pensaram, sentiram, refletiram sobre os determinantes de suas ações e buscaram conjuntamente
alternativas para o enfrentamento dos desafios propostos no cotidiano escolar. Como estratégias para esse trabalho
foram realizadas dinâmicas de grupo. Tais dinâmicas visavam permitir ao professor a apropriação dos determinantes
que os constituíam e também pensar o social na constituição da subjetividade dos sujeitos.
Outros temas também foram abordados durante os encontros, por exemplo: quem era o aluno real? O que ele
pensava, sentia, buscava? Como era a relação professor – aluno ? Através de discussões de casos buscaram
pensar o papel do outro na constituição dos sujeitos bem como estratégias de enfrentamento para as questões
vividas.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando a fundamentação teórica, os conceitos e argumentos
utilizados pela autora para pensar e realizar seu o trabalho.
2) A partir da leitura, esteja atento (a) às estratégias de intervenção verificando a coerência existente entre a
fundamentação teórica e as ações realizadas na execução do trabalho relatado no texto.
3) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1 - Uma das possibilidades de atuação do psicólogo escolar refere-se ao trabalho com professores.
Aguiar (2003) aponta a importância de refletir sobre os caminhos e desafios encontrados nas atividades de
intervenção com professores. Considerando o que foi exposto e os textos estudados na nossa disciplina, leia as
propostas abaixo e assinale a alternativa incorreta:
a) No início dos programas de intervenção, os professores têm uma expectativa alta de conseguirem obter soluções
claras e definitivas para as dificuldades enfrentadas no cotidiano de trabalho.
b) Um caminho viável para as transformações no contexto educacional seria a formação do professor em serviço.
Assim, as intervenções seriam realizadas no próprio contexto educacional, por meio do processo de reflexão sobre a
própria prática diária.
c) Para que um programa seja bem-sucedido, é necessário que se enfatize a importância dos professores
problematizarem a própria prática, de modo a saírem do senso comum.
d) O trabalho em grupo com professores é fonte potencial para as mudanças no contexto educacional. Essas
mudanças e o processo de tomada de consciência serão alcançados independentemente das discussões teóricas,
uma vez que a necessidade dos professores é conhecer boas estratégias de ação.
e) Ainda que no processo de formação do grupo de professores o novo funcione como um componente motivacional,
a presença do medo e a insegurança diante das situações novas criam uma situação contraditória: o querer mudar,
ao mesmo tempo, temendo esse querer mudar.
Na alternativa D se propõe que a transformação possa ocorrer sem que os pressupostos teóricos que sustentam as
ações possam ser modificados. Não é possível modificar uma ação sem que esta possa ser pensada de outra forma.
O pensamento determina a ação. A transformação do contexto educacional passa necessariamente pela
transformação das concepções sobre esse contexto, não é mera questão metodológica.

EXERCÍCIO 2 - A concepção de que o professor é um “trabalhador braçal”, ou seja, um profissional que desempenha
uma função técnica, hierárquica e burocraticamente concebida, tem sido combatida pelas atuais intervenções de
psicólogos junto a professores. Neste sentido, Galdini e Aguiar (2003) sugerem uma compreensão de professor
segundo a qual se pode afirmar: (assinale a alternativa correta)
a) A profissão docente é caracterizada pela técnica e pela subordinação à burocracia escolar.
b) O professor é entendido como um agente cuja função é assegurar a manutenção dos objetivos ideológicos e
educacionais.
c) O professor está sujeito a condições ideológicas e de trabalho institucionais, contra as quais não pode se colocar.
d) O professor é um ser construído a partir de suas experiências e circunstâncias sócio-culturais, e tem a
possibilidade de, consciente dos processos institucionais e globais, transformar suas práticas.
e) O professor é determinado pela condições sociais e ideológicas a que está submetido portanto não pode ser
pensado enquanto agente de transformação social
As alternativas A, B, C e E concebem o professor ora como sujeito passivo ora como mero agente de reprodução do
sistema. Apenas a alternativa D concebe o professor como agente de transformação o que está adequado a
concepção teórica proposta no texto.

ANÁLISE INSTITUCIONAL DO PROBLEMA DA INDISCIPLINA


Texto 2: SOUZA, B. P. Professora desesperada procura psicóloga para classe indisciplinada. In: Psicologia Escolar:
em busca de novos rumos. MACHADO, A. M.; SOUZA, M. P. R. (org.). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. 4a
ed. p.105-112.
Esse texto relata o trabalho desenvolvido por Beatriz de Paula Souza em uma escola pública da cidade de
São Paulo com cinco classes de 3ª. série do ensino fundamental. Aborda a questão da indisciplina na escola, queixa
freqüente por parte de um grande número de escolas públicas.
Segundo a autora, a indisciplina geralmente é compreendida como sendo um sinal de distúrbio, um desvio,
algo a ser tratado. Mas o que é indisciplina?
O conceito de indisciplina não é o mesmo para todas as pessoas, ele varia conforme a exigência de cada um.
Algo pode ser considerado indisciplina para mim e não ser indisciplina para você. Isso depende dos parâmetros que
estabelecemos.
Não estar em conformidade com as regras, não obedecer, desviar-se dos parâmetros estabelecidos por determinado
grupo social pode ser sinal de saúde e não de doença, pode ser denúncia, pedido de socorro para sair de um
conjunto de condições inadequadas para a vida psíquica, para o desenvolvimento saudável. Convêm lembrar que a
transgressão e a agressividade são componentes fundamentais do desenvolvimento individual e social. Nesse
sentido, trabalhar com essa questão requer primeiramente que se compreenda o que os indivíduos entendem por
indisciplina. Qual a função da indisciplina naquele grupo social, naquele momento histórico? O que se pede? O que
se denuncia? Essas são questões que nos permitem começar a delinear as ações necessárias para o
desenvolvimento da proposta de trabalho.
Apresentamos a seguir, resumidamente, a experiência relatada pela autora.
A partir da queixa da escola em relação à indisciplina dos alunos foram realizadas reuniões com as professoras cujos
objetivos foram: clarificar a queixa, estabelecer o contrato de trabalho, compreender um pouco do contexto no qual
essa queixa era produzida e os recursos já utilizados pelas profissionais no sentido de superá-la. A proposta inicial
era que se verificasse a versão dos alunos acerca dessa questão e que posteriormente os dados obtidos pudessem
ser pensados juntamente com as professoras.
Foi pedido para que os alunos expressassem no papel, escrevendo ou desenhando como essa situação era
percebida por eles. Esse material possibilitou que se chegasse a alguns dados, tais como: vários alunos repetentes
estavam revoltados com essa situação; durante o ano ocorreram muitas trocas de professoras; alguns conteúdos e
estratégias pedagógicas não estavam adequados ás necessidades desses alunos; presença de racismo e machismo
entre os alunos. Tais dados foram discutidos com o grupo de trabalho e várias propostas de ações foram adotadas,
por exemplo: adequação dos conteúdos pedagógicos às necessidades da turma; alteração de estratégias
pedagógicas; revisão dos mecanismos escolares que reforçavam a divisão entre meninos e meninas (o machismo);
trabalhos com o tema racismo, etc. Os resultados obtidos variaram dependendo do grau de envolvimento dos
agentes sociais, foram mais positivos junto aos professores mais compromissados com a questão.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando a fundamentação teórica, os conceitos e argumentos
utilizados pela autora para pensar a questão da indisciplina.
2) A partir da leitura, esteja atento (a) às estratégias de intervenção verificando a coerência existente entre a
fundamentação teórica e as ações realizadas pela psicóloga na execução do seu trabalho.
3) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1 - A indisciplina escolar objetivada através de comportamentos agressivos, irreverentes, desatenciosos
dos alunos é a queixa da atualidade das escolas brasileiras, seja de caráter público ou privado. A partir deste excerto
e das leituras realizadas, reflita sobre as seguintes afirmativas:
I – As explicações, no contexto escolar, continuam a se orientar pela história prática de psicologizar e/ou medicalizar
problemas de aprendizagem e comportamento escolar, tratando-se como problema o que é uma manifestação.
II – Uma prática que se observa com rigor no contexto escolar, responsabiliza o indivíduo (aluno, professor) ou um
grupo social (família, canais de TV), em particular, pela autoria de fenômenos que ocorrem no âmbito da escola.
III –A atuação do psicólogo escolar como agente de mudança deve procurar romper com os discursos já
cristalizados dentro do ambiente escolar, principalmente no que se refere à indisciplina.
IV – O psicólogo, no contexto escolar, procurará discutir com todos os envolvidos o que seja a (in)disciplina e terá
como referencial para o seu trabalho que este conceito não é algo pronto e estático, mas que tem seu significado
construído a partir do contexto e das pessoas que vivenciam esse processo.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II, III apenas.
b) I, II, IV, apenas.
c) II, III, IV, apenas.
d) I, III, IV, apenas.
e) I, II, III e IV
Todas as afirmativas correspondem ao que está proposto no texto base, assim, você deve ter assinalado a resposta
“E”.
EXERCÍCIO 2 - Uma escola pública do ensino médio tem se deparado com diversas situações voltadas à indisciplina.
Esta situação chega a inviabilizar o trabalho pedagógico. Você é consultado, como psicólogo, para auxiliar os
professores a encontrarem uma solução para o problema . A partir da leitura e discussões realizadas em
sala, assinale a alternativa que está incorreta com relação ao entendimento sobre indisciplina
a) No contexto escolar, a indisciplina é freqüentemente apresentada como um distúrbio, desvio, como se o natural
fosse a disciplina.
b) Um ponto interessante a ser destacado é que indisciplina é um conceito que varia conforme a exigência de cada
um.
c) A entrada do profissional da psicologia para o trabalho com a indisciplina, a partir de uma abordagem crítica,
possibilita espaços de expressão para que os discursos possam ser movimentados.
d) Normalmente, atribui-se a indisciplina ao fato de a escola preocupar-se apenas com os aspectos cognitivos dos
alunos, enfatizando o acúmulo dos saberes. Entretanto, sabe-se que este é o objetivo da escola, não havendo
espaço para o trabalho com as questões afetivas e sociais.
e) Um dos fatores que podem estar contribuindo para a indisciplina é a incapacidade dos alunos relacionarem os
conteúdos aprendidos com conceitos mais imediatos de suas vidas. Esse fator pode gerar o desinteresse pelo
processo de aprendizagem.
A alternativa D apresenta o discurso da escola tradicional, muito diferente do referencial teórico proposto na nossa
disciplina, logo, está errada.
Muito bem! Após realizar e acompanhar os argumentos de cada questão acima faça novamente uma leitura
cuidadosa do texto indicado no inicio dessa aula e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de
saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
MÓDULO 8:
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL - O PAPEL DO PSICÓLOGO
Texto: BOCK, S. D.. A proposta de Orientação Profissional na abordagem sócio-histórica. In: Orientação
Profissional – A abordagem Sócio-histórica. BOCK, S.D. São Paulo: Cortez, 2002. p. 77 – 104.
O trabalho interdisciplinar relatado pelo autor adota a perspectiva sócio-histórica como fundamentação teórica
principal e foi elaborado com auxilio dos seguintes profissionais: sociólogo, pedagogo, psicólogo.
A perspectiva adotada nesse texto difere da perspectiva clássica ou tradicional. Na abordagem tradicional, pretende-
se, a partir de dados objetivos e cientificamente testados acerca das profissões, do mundo do trabalho e do próprio
indivíduo, auxiliá-lo a fazer a escolha adequada. Acredita-se dessa forma que se está realizando um trabalho de
forma neutra, livre de ideologias. Será que isso é mesmo possível?
Nessa perspectiva também não se considera a imagem que os indivíduos constroem acerca das profissões.
Na perspectiva sócio-histórica busca-se dar condições para que a própria pessoa faça sua reflexão e tome sua
decisão entendendo da forma mais ampla possível todos os fatores que influenciam a sua escolha (pressão familiar,
ideologia presente no grupo social, etc.). Escolher requer conhecimento da realidade, autoconhecimento, informação
sobre as profissões e é também um ato de coragem que envolve a vontade, a intuição e o bom senso.
Segundo o autor, também é importante desmistificar a idéia de que o orientador fará um diagnóstico e um
prognóstico indicando qual é a melhor decisão.
DESCRIÇÃO DO PROGRAMA - ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA
O ponto de partida para o trabalho relatado nesse texto é a imagem que a pessoa constrói acerca das profissões.
Como a imagem é construída? Ela é construída a partir da inserção do sujeito no mundo, sua história, suas vivências.
Como o sujeito se identifica com ela? Na medida em que essa imagem corresponde ás suas necessidades, anseios,
valores e desejos. Portanto, algumas imagens agradam, outras não.
Passaremos a descrever o programa desenvolvido destacando os principais objetivos descritos no texto pelo autor e
algumas das ações realizadas para que tais objetivos fossem alcançados.
O programa é organizado em três módulos intitulados: significado da escolha; o trabalho ; autoconhecimento e
informação profissional.
MÓDULO I - SIGNIFICADO DA ESCOLHA ( quatro sessões)
1ª.Sessão - apresentação do programa e integração dos membros do grupo.
2ª.Sessão - três temas são colocados em pauta: mercado de trabalho, meios de comunicação e vestibular.
Procedimentos: coloca-se para o grupo três questões abordando cada um dos temas, individualmente os
participantes devem concordar ou discordar. Depois que cada um apresenta para o grupo sua posição este é dividido
entre os que concordam e os que discordam das questões, cada qual também deve apresentar argumentos que
defendam a posição adotada. Não há certo ou errado, o objetivo é a explicitação dos valores presentes e a
possibilidade que todos ouçam argumentos favoráveis e contrários as suas posições. Também se pretende que
através da discussão e reflexão acerca dos temas propostos, os indivíduos possam ampliar, criticar ou modificar os
pontos de vista.
3ª.Sessão - dois temas são trabalhados e discutidos: a relação gênero-escolha e desempenho escolar-escolha.
Tema gênero - escolha: segundo os dados do IBGE a maioria dos homens escolhe a área de exatas e as mulheres
geralmente escolhem as áreas de humanas e biológicas . Por quê? Objetiva-se discutir o modo pelo qual os
interesses e a personalidade são afetados por meio da socialização na cultura e como a elaboração das questões
culturais afetam os salários.
Tema desempenho escolar - escolha: O gosto pelas disciplinas é utilizado como mote para se discutir questões mais
gerais, tais como: significado, importância e o modo de se fazer escolhas.
O fato de se ter um bom desempenho escolar em uma determinada disciplina não é garantia de que a melhor
escolha profissional deve ser aquela área de conhecimento. Não existe um indicador capaz de apontar de antemão
qual a melhor escolha, porque, se existisse, não haveria escolha. Qualquer escolha implica conflito, risco, perda.
Ver procedimento do sorvete no texto: BOCK, S. D.. A proposta de Orientação Profissional na abordagem sócio-
histórica. In: Orientação Profissional – A abordagem Sócio-histórica. BOCK, S.D. São Paulo: Cortez, 2002. pg.
86 a 94.
4ª.Sessão - se faz uma síntese do primeiro módulo também se busca fortalecer os vínculos existentes no grupo.
Procedimentos: Dinâmica de grupo. Leitura e discussão do texto: A Profissão. Temas abordados: aquisição de
conhecimento, escola, educação, teste vocacional, família, ensino profissionalizante, competição, ascensão social,
trabalho manual e intelectual, etc.
MÓDULO II - O TRABALHO ( duas sessões)
5ª.Sessão - o objetivo é retomar, aprofundar o conceito de trabalho e refletir sobre o modo como o mesmo ocorre na
sociedade atual.
Procedimentos: Um grupo “monta” uma empresa do setor primário e o outro do setor secundário. Observam-se todos
os elementos necessários ao funcionamento de uma empresa: matéria-prima, instrumentos, conhecimentos,
habilidades, etc. problematizam-se questões relacionadas ao mundo do trabalho até se chegar ao “conceito genérico
de trabalho: ação humana que transforma, pelo uso de instrumentos, a natureza para obter coisas necessárias á
vida.”(p.95) Posteriormente estende-se o conceito e a reflexão ao setor terciário.
6ª.Sessão - continuação da atividade anterior pensando as questões no contexto atual.
Procedimentos: é exibido um filme cujo enredo aborda a questão do emprego e do desemprego. Na discussão do
filme é feita também uma reflexão sobre a ideologia oficial acerca da questão do desemprego que aponta soluções
individualizantes para o problema.
MÓDULO III - AUTOCONHECIMENTO E INFORMAÇÃO PROFISSIONAL (9 sessões)
Nesse módulo são intercaladas sessões que visam o autoconhecimento com sessões de caráter informativo
acerca das profissões. As duas últimas sessões são para o fechamento, a conclusão do trabalho.
“Por autoconhecimento entende-se a análise da trajetória de vida do próprio sujeito, quanto às formas de escolha e à
compreensão de como construiu sua individualidade.”(p.96)
Objetiva-se, através de dinâmicas de grupo, auxiliar o indivíduo a perceber quais são seus interesses, habilidades e
características para que ele possa planejar o que pretende mudar, desenvolver ou construir em relação a esses
aspectos. Não se busca relacionar as características pessoais às profissões.
O trabalho de informação profissional visa auxiliar na ampliação do conhecimento que os indivíduos têm
acerca das profissões.
“Não se pretende que ele descubra uma nova profissão, mas que confronte as caras ou imagens que tem das
profissões, construídas ao longo de sua vida, com uma definição mais formal. Também não se pretende modificar as
identificações que possivelmente o orientando já tenha, mas possibilitar “transferências” dessas identificações para
outras profissões menos conhecidas ou mesmo desconhecidas pelo sujeito”(p.97)
Para o trabalho de informação profissional são utilizados materiais e procedimentos, tais como: Jogo de Fichas sobre
as profissões, Guia do Estudante da Editora Abril, etc. Leitura, seleção, classificação do material em diferentes
grupos profissionais, entre outros.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, observando a fundamentação teórica, os conceitos e argumentos
utilizados pelo autor para pensar e realizar o trabalho de orientação profissional.
2) A partir da leitura, esteja atento (a) às estratégias de intervenção verificando a coerência existente entre a
fundamentação teórica e as ações realizadas pelos profissionais na execução do trabalho.
3) Acompanhe os seguintes exemplos de exercícios:
EXERCÍCIO 1 - A orientação profissional pressupõe o fato de que o trabalho envolve questões de ordem afetiva e
emocional relacionadas com as práticas sociais. Na escolha surgem questões internas e externas e é próprio do
trabalho de orientação: (assinale a alternativa correta)
(A) Dar ao adolescente a oportunidade de se conhecer melhor nas relações sociais que envolvam o trabalho,
evidenciando que os aspectos internos, ou seja, a subjetividade tem prevalência sobre as informações que
caracterizam e configuram as condições de trabalho.
(B) Dar ao adolescente a oportunidade de se conhecer melhor nas relações sociais que envolvam o trabalho,
compreendendo suas dificuldades, ajudando-o na elaboração de conflitos conjuntamente com o processo informativo
sobre as condições sociais de trabalho.
(C) Mostrar para o adolescente que, para se adequar ao mercado de trabalho ele deve dar prevalência aos aspectos
externos das condições de trabalho, de modo que, as condições afetivas e emocionais não se configurem como
empecilho para a sua inserção no mercado de trabalho.
(D) Promover um complexo de informações suficientes sobre as profissões para que o adolescente busque uma
adequação de sua personalidade às possibilidades oferecidas pelo mercado de trabalho.
(E) Considerar junto com o indivíduo em um processo reflexivo que, as profissões correspondem a padrões de
personalidade socialmente estabelecidos, portanto, os processos de seleção elegem os indivíduos certos para o
lugar certo, devendo cada um se conhecer como personalidade para uma escolha mais adequada.
As alternativas A, C e D enfatizam erroneamente ora um ora outro aspecto (interno ou externo), a alternativa E
apresenta os pressupostos da abordagem clássica sobre a orientação profissional o que também não é adequado ao
nosso referencial teórico. B é a alternativa correta.
EXERCÍCIO 2 - O momento da escolha profissional deveria ser uma oportunidade para o jovem pensar sobre sua
relação com o mundo do trabalho. No entanto, muitos fazem sua opção sem se dar conta de que aquilo que ele fará
no mundo do trabalho o identificará, isto é, participará de sua subjetividade. A partir desta visão a escolha profissional
assume outra dimensão. Considerando a perspectiva crítica, o papel do psicólogo seria:
I- Promover vivências que mostrem como cada sujeito nasce com uma vocação profissional cuja realização é
fundamental para a construção do sujeito.
II- Mostrar que as escolhas são livres dentro de situações concretas de vida que por si só podem representar um
limite.
III- Facilitar o processo de escolha auxiliando o jovem a pensar e elaborar suas dúvidas para que ele tenha mais
consciência das influências a que está sujeito.
Assinale a alternativa correta:
(A) As alternativas I, II, III não são corretas.
(B) As alternativas I e II são corretas
(C) As alternativas I e III são corretas
(D) As alternativas II e III são corretas
(E) Somente alternativa II é correta.
A primeira afirmativa indica a idéia de dom, vocação, tal concepção corresponde ao referencial inatista e não à
perspectiva crítica. A alternativa correta é a D.
EXERCÍCIO 3 - Pedro (17 anos): Filho de intelectuais, professores universitários, não quer fazer curso superior.
Pretende fazer um curso técnico em informática. De acordo com Bock (2002) a situação de Pedro nos remete a
pensar que:
I- A imagem formada de técnico em informática é adequada, científica, calcada em dados objetivos e testados, a
respeito das profissões, do trabalho e de si próprio.
II- Pedro se constrói a partir do que vive, isto é, da internalização do vivido, resultando daí a dimensão histórica da
construção de sua identidade.
III- As pessoas constroem e lidam com a cara da profissão - a imagem que a pessoa tem de cada profissão-
resultante de seu contato direto ou não com a área profissional.
É verdadeiro o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) II e III apenas.
A afirmativa I apresenta erroneamente o conceito de imagem. A alternativa correta é a E.
EXERCÍCIO 4 - “Ao pensar numa profissão, a pessoa mobiliza uma imagem que foi construída a partir de sua
vivência por meio de contatos pessoais, de exposição à mídia, de leituras (biografias, romances, revistas, etc), de
ouvir dizer (transposição de experiências de outros), portanto não só por intermédio de contatos pessoais”(BOCK,
2002: 78-79).
Sobre as atuais propostas de orientação profissional, das quais Sílvio Bock é um expoente, pode-se
afirmar: (assinale a alternativa correta)
(A) Um dos objetivos do processo de orientação profissional é dar condições para que a pessoa possa refletir sobre
sua idéia/imagem de profissional e compreender os fatores que influenciam sua tomada de decisão.
(B) A imagem construída por cada pessoa sobre determinada profissão não deve ser considerada num processo de
orientação profissional, pois isto pode interferir na construção objetiva de um perfil profissional da pessoa.
(C) O objetivo do processo de orientação profissional é o de permitir que a pessoa/participante possa escolher
adequadamente uma profissão, a partir de métodos científicos de avaliação e por meio de tabelas correspondentes a
áreas de atuação profissional.
(D) O profissional de Psicologia é o único responsável pelo processo de orientação profissional, já que somente ele
está habilitado legalmente a aplicar testes psicológicos.
(E) A imagem que o indivíduo tem sobre uma profissão deve ser mantida, no decorrer do processo de orientação
profissional, já que este não pretende informar o indivíduo sobre os vários campos profissionais, senão descobrir sua
vocação.
Apenas a alternativa A corresponde aos pressupostos teóricos adotados no texto abordado.
Muito bem! Após realizar e acompanhar os argumentos de cada questão acima faça novamente uma leitura
cuidadosa do texto indicado no inicio dessa aula e realize os exercícios que estão em anexo, anotando as dúvidas
que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de
saná-las. Caso persistam, apresente-as ao professor, na tutoria presencial.
Concluímos nosso curso e, com isso, espero que tenha compreendido a importância da formação do
psicólogo no atendimento às demandas escolares em uma perspectiva crítica.

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