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Universidade Católica de Moçambique

Centro de Ensino à Distância

Nome: Cussara Castigo João


Código do Estudante: 708235549

Curso: Lic. em Ensino de Português


Disciplina: Introdução aos Estudos
Literários
Ano de Frequência: 1º Ano
Tutora: Sandra Alberto Maibeque

Gurué, Setembro de 2023


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 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura 0.5
organizacionais  Discussão
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso académico
(expressão escrita 3.0
Conteúdo cuidada,
coerência / coesão
textual)
Análise e
 Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.0
internacional
relevante na área
de estudo
 Exploração dos
2.5
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Referências Normas APA  Rigor e coerência 2.0
Bibliográfica 6ª edição em das
s citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução..................................................................................................................................5

Objectivo geral.......................................................................................................................5

Objectivos específicos............................................................................................................5

Metodologia usada..................................................................................................................5

Conceitos de Literatura..............................................................................................................6

História da Literatura em diferentes épocas...............................................................................6

Características da literatura........................................................................................................8

Papel da literatura na sociedade.................................................................................................9

Conclusão.................................................................................................................................11

Bibliografia..............................................................................................................................12

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Introdução
A história da evolução semântica da palavra imediatamente nos revela a dificuldade de
estabelecer um conceito incontroverso de literatura. Como é óbvio, dos múltiplos sentidos
mencionados nos interessa apenas o de literatura como actividade estética, e,
consequentemente, como os produtos, as obras daí resultantes.

Não cedamos, porém, à ilusão de tentar definir por meio de uma breve fórmula a
natureza e o âmbito da literatura, pois tais fórmulas, muitas vezes inexactas, são sempre
insuficientes.

Objectivo geral
 Conhecer o conceito de literatura.

Objectivos específicos
 Compreender a história semântica do conceito literatura;
 Reflectir sobre a polissemia do lexema literatura;
 Reconhecer o papel da literatura na sociedade.

Metodologia usada
Para a elaboração do presente trabalho para além dos conhecimentos práticos que
possuo, basei-me na pesquisa bibliográfica, onde trouxe interpretações sólidas e
fundamentadas por diferentes autores de destaque que debruçaram sobre o tema em alusão.

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Conceitos de Literatura
Derivado da palavra latina littera, “significando letra do alfabeto, caráter da escrita”
(SOUZA, 2006, p.26), a palavra literatura, segundo Varrão (II a.C.), significa a habilidade de
ler e escrever. Porém, desde o início do século XVIII, a palavra deixa de “significar
habilidade de ler e escrever, passando a designar um corpo de escritos, sem abandonar,
contudo, a acepção antiga de erudição, conhecimento das letras” (SOUZA, 2006, p.29).

Para o Estagirita, Literatura é mímese da realidade. Esse conceito predominou até o


século XVIII.

Literatura é a expressão dos conteúdos da ficção, ou da imaginação, por meio de


palavras de sentido múltiplo e pessoal, cujo objetivo é conhecer mais o ser humano.

História da Literatura em diferentes épocas


A questão sobre o termo literatura remete para uma pluralidade de conceitos
complexos e não raro ambíguos. Este termo pode assumir significações diversas, é, portanto,
fortemente polissémico. À partida, e simplificadamente, podemos dizer que a literatura
pertence ao campo das artes (arte verbal), que o seu meio de expressão é a palavra e que a sua
definição está comummente associada à ideia de estética/ valor estético.

Etimologicamente, a lexema deriva do latim litteratura, a partir de littera, letra,


aparentemente. Portanto, o conceito de literatura parece estar implicitamente ligado à palavra
escrita ou impressa, à arte de escrever, à erudição.

Nas línguas europeias, a palavra “literatura” designou em regra, até ao século XVIII, o
saber, conhecimento, as artes e as ciências em geral. Até à segunda metade desse século, para
designar especificamente a arte verbal, o corpus textual, eram utilizadas palavras como
“poesia”, “verso” e “prosa” (que hoje reconhecemos enquanto classificação de géneros
literários).

Desde meados do século XVIII – tem o significado que hoje lhe damos. Até aí, a
palavra existia mas com um sentido diferente: designava, de modo geral, o que estava escrito
e o seu conteúdo, o conhecimento.

O vocábulo “literatura” durante o século XVIII, continuando ainda a designar o


conjunto das obras escritas e dos conhecimentos nelas contidos, passa a adquirir uma acepção
mais especializada, referindo-se especialmente às “belas artes”, ganhando assim uma
conotação estética e passando a denominar-se a arte que se exprime pela palavra. Saliente-se

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que, ao significar a arte que se exprime pela palavra, o lexema assume desde logo uma
referência nacional, enquanto conjunto da produção literária de determinado país.

É na segunda metade do século XVIII que Voltaire (1827) caracteriza a literatura


como forma particular de conhecimento que implica valores estéticos e uma particular
relação com as letras. Na mesma linha de análise, Diderot (1751) define a literatura como arte
e como o conjunto das manifestações dessa arte, os textos impregnados de valores estéticos.
Diderot documenta dois novos e importantes significados com que o lexema “literatura” será
crescentemente utilizado a partir da segunda metade do século XVIII: específico fenómeno
estético, específica forma de produção, de expressão e de comunicação artísticas e corpus de
objectos – os textos literários – resultante daquela particular actividade de criação estética.
Digamos então, à partida, que o fenómeno literário se traduz em duas dimensões: por um
lado, a actividade de criação ou produção literária; por outro, o texto, o corpus textual de
determinada colectividade, de determinado grupo, de determinada época.

Tal evolução, porém, não se quedou aí, prosseguiu ao longo dos séculos XIX e XX.
Vejamos, em rápido esboço, as mais relevantes acepções adquiridas pela palavra neste
período de tempo.

a) Conjunto da produção literária de uma época – literatura do século XVIII, literatura


victoriana -, ou de uma região – pense-se na famosa distinção de Mme. de Staël entre
"literatura do norte" e "literatura do sul", etc. Trata-se de uma particularização do
sentido que a palavra apresenta na obra de Lessing (Briefe die Literature betreffend).
b) Conjunto de obras que se particulariz m e ganham feição especial quer pela sua
origem, quer pela sua temática ou pela sua intenção: literatura feminina, literatura de
terror, literatura revolucionária, literatura de evasão, etc.
c) Bibliografia existente acerca de um determinado assunto. Ex: "Sobre o barroco existe
uma literatura abundante...". Este sentido é próprio da língua alemã, donde transitou
para outras línguas.
d) Retórica, expressão artificial. Verlaine, no seu poema Art poétique, escreveu: "Et tout
le reste est littérature", identificando pejorativamente "literatura" e falsidade retórica.
Este significado depreciativo do vocábulo data do final do século XIX e é de origem
francesa. Com fundamento nesta acepção de "literatura", originou-se e temse
difundido a antinomia "poesia -literatura", assim formulada por um grande poeta

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espanhol contemporâneo: "[...] ao demónio da Literatura, que é somente o rebelde e
sujo anjo caído da Poesia."
e) Por elipse, emprega-se simplesmente "literatura" em vez de história da literatura.
f) Por metonímia, "literatura" significa também manual de história da literatura.
g) "Literatura" pode significar ainda conhecimento organizado do fenómeno literário.
Trata-se de um sentido caracteristicamente universitário da palavra e manifesta-se em
expressões como literatura comparada, literatura geral, etc.

A história da evolução semântica da palavra imediatamente nos revela a dificuldade de


estabelecer um conceito incontroverso de literatura. Como é óbvio, dos múltiplos sentidos
mencionados nos interessa apenas o de literatura como actividade estética, e,
consequentemente, como os produtos, as obras daí resultantes.

Características da literatura
Quando falamos a respeito do conceito de literatura, no item anterior, já adiantamos
algumas características da linguagem literária, como a capacidade de criar novos sentidos
para as palavras. Quando o escritor constrói o seu texto, trabalha com a camada semântica
das palavras que trata “do sentido e da evolução das palavras no curso do tempo”, conforme
observa o crítico literário Massaud Moisés (2009, p.28). Essas palavras que integram o texto
literário podem ser estudadas “estática ou didaticamente”. Moisés considera que o primeiro
caso, o estático, refere-se ao sentido dos vocábulos no dicionário, chamado de denotação.

A sugestão que o crítico nos apresenta antes de iniciar a análise de um texto literário
é conhecer as palavras nele empregadas no seu sentido primeiro, do dicionário. Em seguida,
passa-se a estudá-las dinamicamente, ou seja, o sentido que elas adquirem com relação às
demais, no corpo do texto, podendo assumir um sentido figurado ou conotativo. Assim,
quando o estudioso Domício Proença Filho destaca a palavra “flor” no poema de Carlos
Drummond de Andrade observamos que esta assume uma dimensão conotativa que,
associada às demais palavras do poema, gera diferentes significados, que são gerados a partir
das impressões emotivas do poeta em relação à sua época.

Segundo Mattoso Câmara Jr., citado por Domício Proença Filho (2007, p.33), a
conotação está ligada às funções emotiva e conativa e depende dos seguintes fatores: 1)
aspectos fônicos do vocábulo; 2) associação com outras palavras; 3) a própria denotação; 4)
pertencer a palavras a uma dada língua especial; 5) situar-se entre os arcaísmos e
regionalismos; 6) impressões emocionais coletivas ou mesmo individuais (de época).

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Podemos sintetizar este item, citando algumas características que marcam o discurso
literário, levantadas por Domício Proença Filho (2007, p.40-50):

 Complexidade: Em relação ao discurso comum, o texto literário ultrapassa os limites


do codificador, mergulha na direção do ser individual, do ser social e do ser humano,
produzindo realidades e não as reproduzindo. Nesse sentido, a obra literária não é
verdadeira, mas possui a equivalência da verdade, ou seja, aquilo que pode ser, que
apresenta coerência em sua estrutura. Isso significa que a obra literária apresenta
verossimilhança e mimese, na medida em que imita a realidade, recriando-a.
 Multissignificação: No sentido que este tipo de discurso cria significados,
apresentando uma multiplicidade de sentidos, sem obediência às normas usuais da
língua.
 Predomínio da conotação: A linguagem literária é eminentemente conotativa,
apresenta os elementos identificadores de uma realidade concreta que garante a
verossimilhança e o segredo do valor poético de um texto.
 Liberdade: é o espaço da criação, possibilidade de transgressão; invenção de novos
meios de expressão e nova utilização dos recursos vigentes;
 Ênfase no significante: preocupação com a forma, com os recursos linguísticos e
estilísticos a serem usados;
 Variabilidade: envolve mutação no tempo, no espaço, na cultura, nas pessoas, na
linguaguem. O discurso literário está em permanente invenção;
 Manifesta-se em prosa ou em verso.

Somente no século XX que vários estudiosos se propuseram a definir o discurso


literário em oposição a outros escritos. Alguns teóricos buscaram termos que pudessem
caracterizar o texto literário, como: literariedade (Roman Jakobson, 1919); denotação e
conotação (Yvor Winters, 1947); desvio lingüístico (Leo Sptzer, 1948); conotação (Roland
Barthes, 1964); discurso ficcional (Wolfgang Iser); imaginário/obra ficcional (Luiz Costa
Lima) etc (SOUZA, 2006, p.35-36)

Papel da literatura na sociedade


Além de ser possível organizar a literatura em fases e períodos em sua relação
com a história é possível considerá-la como um conhecimento responsável por organizar e
dar forma aos pensamentos, desejos e emoções dos homens. Com isso, Cândido (2011) indica
a importância do papel formativo da literatura na sociedade uma vez que o ser humano, à

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medida que consegue organizar a sua fabulação, torna-se mais humanizado. Assim, entende-
se a relação da literatura com o ser humano, enfatizando o ato da fabulação, a partir do que
Cândido (2011) escreve: Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a
possibilidade de entrar em contacto com alguma espécie de fabulação. Assim como todos
sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns
momentos de entrega ao universo fabulado. (p. 176).

De acordo com Cândido (2011), a literatura poderia fazer parte do que se considera
bens incompreensíveis para a humanidade, encaixando-se como uma necessidade para a
sociedade, visto que para o autor a literatura se faz presente em todos os momentos da vida
do ser humano e, consequentemente, da sociedade como um todo. O crítico literário ainda
indica que a literatura serve como um equilíbrio social, ou seja, uma das características do
papel formativo da literatura é servir como instrumento de compreensão da e para a
sociedade. Sobre isso, com base no pensamento do psicanalista Otto Ranke, Cândido (2011)
menciona:

Alterando um conceito de Otto Ranke sobre o mito, podemos dizer que a literatura é o sonho
acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem
o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura. Deste modo, ela é
fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade,
inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente. (CÂNDIDO, 2011,
p. 177).

Ao considerar a literatura como um bem incompreensível, portanto, indispensável à


sociedade, Cândido (2011) aponta que ela fornece suportes básicos de análise, interpretação e
atuação social, pois seu caráter formativo e humanizador também se caracteriza nessa
contribuição de entendimento dos aspectos sociais. O discernimento da literatura como um
bem incompreensível fundamenta-se também em razão de ela suscitar no sujeito um despertar
para o conhecimento de si mesmo e da realidade em que se insere. De outro modo, a
literatura é substancial porque ela humaniza conforme o homem adentra no ambiente
fabulado e estabelece um vínculo direto entre razão e emoção (CÂNDIDO, 2011).
Acrescenta-se ainda que o indivíduo não consegue obter êxito em seu processo humanizador,
caso dispense essa junção de emoção e razão, pois ambas devem ser indissociáveis.

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Conclusão
Sabendo que a literatura, como um objeto social, acompanha as transformações da
sociedade é necessário refletir sobre os novos espaços atingidos por ela e o acesso das
pessoas às obras literárias, dos mais variados temas. No geral, as pessoas buscam, de certo
modo, alimentar a sua fabulação e, quanto a isso, a concordar com Cândido (2011; 2012), o
fazem em contato com a literatura. O problema está em oferecer a elas somente uma literatura
fragmentada, pautada na comoção imediata, voltada a um público consumidor, com uma
linguagem mais informal, por consequência da forte intervenção mercadológica na literatura.

Ao reduzir a obra literária a mero produto comercial, em que o seu grau de relevância
é avaliado de acordo com a adesão de determinado público, leitor-consumidor, tende-se a
produzir mais de acordo com a lei da oferta e da procura. Esta produção literária serve para
ser divulgada e posta no mercado, com um tipo de temática que agrade o seu público e, não
necessariamente, com a intencionalidade de provocar inquietações sociais em quem a acessa.

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Bibliografia
CANDIDO, Antonio. “O direito à literatura”. In: Vários escritos– edição revista e
ampliada. São Paulo, Duas Cidades, 1995.

FILHO, Domício Proença. A linguagem literária. São Paulo, Ática, 2007.

MOISÉS, Massaud. A análise literária. São Paulo, Cultrix, 2009.

SOUZA, Roberto Acízelo de. Introdução aos estudos literários: objetos, disciplinas,
instrumentos. São Paulo, Martins Fontes, 2006.

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