Você está na página 1de 4

Nome: Thayná Maldonado Marques

Professor: Paulo Cruz Terra


Disciplina: História do Brasil IV
Curso: Sociologia

Como se deu a aproximação entre poder público e o povo no programa de rádio e


nas comemorações do Estado Novo?

Durante a Era Varguista, a imprensa teve um papel fundamental para a perpetuação de


uma imagem positiva do Estado, em que há investimento de diversos setores devido ao
Projeto político pedagógico, dentre estes a educação voltada para uma cultura de elite e o DIP
- departamento de imprensa e propaganda - voltada para a cultura de massa. No entanto, a
criação de um departamento de telecomunicações, como a rádio, apesar da investida para,
primordialmente, valorizar o trabalho e o presidente, possuía como característica principal a
censura atrelada à ela.
Com a criação do DIP, foi possível por meio do programa “Hora do Brasil” conversar
com o público alvo, este que era majoritariamente trabalhador, por meio de um decreto
sancionado, era obrigada a passar em horário comercial e em cidades interioranas em espaços
públicos por meio de alto-falantes (p. 213). Segundo Marcondes a respeito do programa de
rádio, ele comenta:

o programa semanal constituía uma experiência destinada a divulgar pelo processo


mais rápido e amplo as medidas governamentais em matéria de legislação social. Em
função das grandes distâncias do território nacional e das dificuldades de
comunicação, o rádio fora o meio considerado mais conveniente para a realização
desta obra de esclarecimento dos trabalhadores de norte a sul do país. O conteúdo
das palestras abarcaria predominantemente o novo direito social, diagnosticado
como uma matéria ainda desconhecida pelo próprio trabalhador, seu beneficiário.
(MARCONDES, p. 212)

Com o rádio, sendo essa via de comunicação entre o presidente e o trabalhador, foi
possível Vargas se promover dessa imagem populista, devido a aproximação que os
trabalhadores possuíam em relação à ele, além de projetos criado por Vargas, tais como o
aprimoramento das CLTs e o projeto de sindicatos. Entretanto, os projetos revelados por
Vargas tinham por objetivo o controle das massas, ou seja, controlar as informações que
chegavam por meio de censuras. Uma das formas de controle presente nessa época foi no
aspecto sindical, em que era permitido apenas 1 sindicato por categoria, logo os sindicatos
que eram contra o governo varguista e as suas regras de implementação não possuíam a sua
legalidade.
Porém, apesar das suas políticas em se aproximar do povo, por meio das rádios, é
importante salientar que apesar disso, não houve uma alienação total por parte da população
que consumia este conteúdo. Na década de 45, por exemplo, devido às mudanças ocorridas na
época, as pessoas não compravam mais o discurso estado-novistas (p. 214). Com isso, fica
evidente o quanto os programas de telecomunicações, como exemplo as rádios, têm o poder
de influenciar, no entanto não resume-se apenas a isso, pois apesar da iniciativa Varguista em
querer ter o poder do controle, cabe a população saber administrar e receber as informações,
em que a autonomia de pensamento mostra-se presente em diversas situações.

De que forma apareceu, através das falas do ministro Marcondes Filho, o projeto
do Estado Novo? Como a autora apresenta a invenção do trabalhismo?

No texto “A invenção do Trabalhismo” de Angela de Castro Gomes, o ministro


Marcondes Filho aponta acerca do impacto de suas falas no rádio para a influência deste no
campo político. Segundo a autora do texto: “são extremamente reveladoras a escolha do rádio
e a continuidade e publicidade que o programa veio a ter, o que demonstra que a iniciativa no
campo político da doutrinação funcionava como detonadora e articuladora de toda uma
política ministerial” (p.213).
Para Marcondes, uma preocupação feita era de que a informação que chegasse para o
público não fosse dada de forma clara, porém segundo ele, devido a uma “incompetência dos
organizadores do programa” (p. 213) o que acarretaria em uma desinformação, o que faria
perder a proposta do programa em si, visto que “A intenção era difundir a legislação social
como de fato ela era: uma obra-prima de clareza governamental, que necessitava apenas ser
depurada de sua dimensão mais formal” (p. 213).
Um dos fatores que ocorreu para que as informações dadas pelo rádio fossem de fato
eficientes para o público, foi usar da estratégia de usar assuntos tanto nacionais como
internacionais (p. 215) - visto que o mundo estava passando por transformações - e ao
comentar a situação internacional ressaltava a importância dos trabalhadores em mostrar as
suas “novas responsabilidades, tendo em vista a situação do esforço de guerra.” (p. 215). Ao
fazer isso, o ministro aponta para o que se considera importante por parte dos trabalhadores ao
estarem em dia com suas obrigações enquanto cidadãos.
Com os discursos apresentados pelo ministro, criava-se uma imagem positiva em
relação ao trabalhador, em que era esforçado e comprometido com suas responsabilidades.

Os trabalhadores - o outro termo da relação fundamental estruturada nas palestras -


seriam sempre mencionados como dotados de ânimo, interesse e capacidade. Já se
fora o tempo em que o brasileiro sofrera o estigma de ser um mau trabalhador. Para
Marcondes, o momento atestava justamente o inverso. Suas palestras tinham como
imagem de fundo recorrente a glorificação do homem brasileiro, da “raça
brasileira” em sua força e energia, conquistando a terra bruta e primitiva - no caso
do trabalhador rural -, ou construindo a grandeza industrial do Brasil - no caso do
proletário urbano. (p. 222)

Nessa perspectiva, a exaltação do trabalhador era fundamental, em que trazia para


perto de si um discurso nacionalista e do trabalhador manual (p. 223). Além disso, existia uma
prática utilitária da troca estado-nação de “dar e receber”, em que o presidente ao sancionar
diversos benefícios ao seu povo, esperava-se em troca a obrigação simbólica política por parte
dele (p. 228). “O contrato efetuado entre povo e presidente através da doação das leis sociais
era uma relação de amplo escopo. Seus fundamentos eram sem dúvida, a expressão material
da troca” (p. 232). No entanto, essa relação de troca é muito complexa, segundo a autora.

A invenção do trabalhismo como ideologia da outorga permite justamente sobre a


dimensão simbólica que alimentava e dava feição específica a estas relações
políticas, a este pacto social. Esta dimensão põe em foco singular a dinâmica entre
repressão e mobilização exercitada neste período, da mesma forma que permite
compreender melhor a longevidade das noções construídas pelo discurso político
estado-novista (p. 233)

Para compreender o fenômeno, é importante notar o papel repressor no estado, ao


mesmo tempo em que é fortemente popular e adere a diversas camadas da sociedade, dentre
elas, os trabalhadores. E o papel da imprensa em fortalecer uma visão positiva ao
estado-novista, por meio de palestras e campanhas perante o povo.
Referência Bibliográfica:

GOMES, Ângela de Castro. A invenção do trabalhismo. 3 edição. Rio de Janeiro, FGV, 2005

Você também pode gostar