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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA (UEPB)

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS (CCJ)

RODRIGO MORAIS TEOTÔNIO LUZ

JOÃO MIGUEL DE ALMEIDA BORBA ELOY DANTAS

VICTOR FRANÇA ALVES


GABRIEL GARCIA

LEI DAS XII TÁBUAS: TÁBUA IX (NONA)

CAMPINA GRANDE – PARAÍBA

2023
INTRODUÇÃO

Do direito público.

A Tábua IX tinha como sua principal função estabelecer condutas relativas


à esfera pública de Roma e, também, prever punições àqueles cidadãos que
agissem contra o regime político romano, a fim de garantir a fidelidade dos
civis para com o governo.

ARTIGO 1

“Que não se estabeleçam privilégios em leis. ”

No campo do Direito público, fazia-se ilegal a existência de privilégios


exclusivos para um grupo de cidadãos, proibição esta que visava garantir a
igualdade legal entre os indivíduos. Essa reivindicação possivelmente se
deu pelo fato de que os plebeus estavam descontentes com os privilégios
que os patrícios recebiam nos tempos iniciais da república romana, em que
as leis eram de acesso exclusivo a estes, e aplicadas de forma rígida contra
aqueles.

Ao tratar do conceito de igualdade entre os cidadãos no Direito brasileiro,


torna-se imperioso citar o Art. 5º da Constituição Federal, em que é
estabelecido o conceito de isonomia.

Percebe-se então que, mesmo com o passar dos séculos, o Direito


brasileiro se aproxima das Leis das Doze Tábuas ao tentar garantir igualdade
perante às leis para todos os cidadãos.
ARTIGO 2

“Aqueles que foram presos por dívidas e as pagaram, gozam dos mesmos
direitos como se não tivessem sido presos; os povos que foram sempre fiéis
e aqueles cuja defecção foi apenas momentânea gozarão de igual direito. ”

Este artigo garante, no campo do Direito público, que os cidadãos que


foram presos e que, posteriormente, tenham sido libertos, podem e devem
gozar dos mesmos direitos que um cidadão que não tenha sido colocado
em cárcere.

No Direito brasileiro, percebe-se o mesmo objetivo de garantir que um


indivíduo que foi preso, mas que já se encontra em liberdade possa gozar
dos mesmos direitos que uma pessoa que nunca tenha sido presa. Tal fato
está previsto no Art. 743 do Código de Processo Penal ~(A reabilitação será
requerida ao juiz da condenação, após o decurso de quatro ou oito
anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou reincidente,
contados do dia em que houver terminado a execução da pena
principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente
indicar as comarcas em que haja residido durante aquele tempo).

Portanto, é notório o fato de que, assim como na nona tábua, o Direito


brasileiro visa garantir que os indivíduos que cumpriram alguma pena
possam continuar, posteriormente, usufruindo de seus direitos como
cidadãos.

ARTIGO 3
“Se um juiz ou um árbitro indicado pelo magistrado recebeu dinheiro para
julgar a favor de uma das partes em prejuízo de outrem, que seja morto. “

Esse artigo visa garantir que nenhum juiz ou árbitro seja corrompido em
alguma decisão e que, caso isso ocorra, tal sujeito seja punido devidamente.

A Constituição Federal brasileira, em seu artigo 95, assinala que “aos juízes
é vedado: (...) IV - Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
ressalvadas as exceções previstas em lei.” Já o Código Penal exprime, em
seu artigo 317, o seguinte: “solicitar ou receber, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar tal promessa: Pena –
reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”

Dessa forma, torna-se perceptível o fato de que, no Direito brasileiro,


ocorre a tentativa de minimizar a corrupção de magistrados, assim como
objetivado na nona tábua por meio de proibições e penas legais. A distinção
entre os dispositivos romano e brasileiro encontra-se na natureza das
penas.

ARTIGO 4

“Que os comícios por centúrias sejam os únicos a decidir sobre o estado


de um cidadão (vida, liberdade, cidadania, família). “.
Os comícios romanos encarregaram-se da eleição dos magistrados e da
votação das leis, além de serem os únicos que tinham uma composição
mista, ou seja, os votos de plebeus e patrícios tinham a mesma importância.

Trazendo para a perspectiva do direito brasileiro, ao tratar sobre a


questão da igualdade e da democracia em relação às escolhas tomadas pela
sociedade, essa tábua assemelha-se com o Art. 14 da Constituição Federal
que expõe que a soberania popular deve ser exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, visando
que, assim como nos comícios romanos, os votos de todos os cidadãos
tenham a mesma importância na decisão final.

ARTIGO 5

“Os questores de homicídio ... “

Esse artigo atribui aos questores a função de interpretar acerca da


vingança de um homicídio.

No entanto, na época, os julgamentos acerca dos questores ocorriam em


benefício dos patrícios, em detrimento dos direitos da plebe.

Já no Direito brasileiro, há o Art.121º do Código Penal, o qual assinala que


o ato de matar alguém prevê uma pena de reclusão de 6 a 20 anos. Tal
artigo do Código Penal brasileiro se aplica para todos os cidadãos,
independente da natureza social, o que vai de encontro ao evidenciado na
república romana, em que os patrícios eram beneficiados.
ARTIGO 6

“Se alguém promove em Roma assembléias noturnas, que seja morto. “

É notório que o Artigo 6 possui certa relação com o inciso XVI do Artigo 5º
da Constituição Federal de 1988, em que, reuniões pacíficas e sem armas
em locais públicos, previamente avisadas para autoridades competentes,
são legais.

A distinção reside exatamente no fato de que, em Roma, tais assembleias


eram passíveis de punição severa, diferentemente do que ocorre no Brasil
contemporâneo.

ARTIGO 7

“Se alguém insuflou o inimigo contra a sua Pátria ou entregou um


concidadão ao inimigo, que seja morto. “

Esse artigo trata dos casos de traição para com a pátria por parte do
cidadão romano.

O Artigo 7 da nona tábua relaciona-se com o Artigo 8º da Lei 7.170/83,


que trata de Crimes contra a Segurança Nacional e a Ordem Política e
Social, em que “entrar em relação com governos estrangeiros a fim de
provocar guerra ou hostilidades contra o Brasil - cabível de pena de
reclusão, de 3 a 15 anos.”

Diferenciam-se o artigo da Lei brasileira e o Artigo 7 da Tábua IX pela


natureza das sanções previstas.

TÁBUA XI

“Que a última vontade do povo tenha força de lei”


Nessa tábua podemos perceber que os civis romanos tinham
participação direta na formulação das leis e no debate de questões
políticas em Roma.

Trazendo para o contexto do direito brasileiro, o art 1° da CF/1988 afirma


que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes, ou seja, a população participa indiretamente das decisões
acerca sobre a sociedade, escolhendo os representantes políticos e, esses
sim, têm a capacidade de formular leis e tomar decisões para a sociedade
como um todo. A realidade brasileira diferencia-se da romana, em que
patrícios e plebeus participavam diretamente dessas questões.

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