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Capitulo 2 A teoria “pura” do comércio internacional 1. Mercantilismo ‘A chamada teoria “pura’ do comércio internacional lida com farores "reais", em contraposigao a formulagées al- temativas que consideram os fatores “monetirios”. Assim, a tcoria “pura” adota uma perspectiva de longo prazo, concentrando-se nos fatores reais que determinam os fluxos de comeércio (elementos como o estoque ¢ a qualidade de recursos, técnicas de produgio etc). Grosso mods, essa teoria esti centrada em algumas hipéteses bésicas, presentes na maior parte dos modelos teéri- cos, com algumas variagées. Como ficard claro 20 final deste capitulo ¢ 20 longo do Capiculo 3, 60 relaxamento de algumas dessas hipéteses que dé origem as diversas formulagSes teSricas alternativas. De modo geral, supde-se que: 2) todas as variéveis reais do sistema econdmico sao determinadas de forma independente dos fluxos monetétios (a moeda é neutra). Isso implica que 0 que interessasio os pregos relativos (sendo que a moeda apenas determina © nivel de presos absolutos); b) todos os pregos sio fexiveis; c) os mercados de produtos e de fatores estfo estrutura- dos em concorréncia perfeitas d) para cada pafs considerado, o estoque de fatores de producio é dado (exdgeno) € independe de sua remuneragio; e) 0s fatores de produgio sio mévels entre os setores e iméveis entre os paises; f) rio hé problemas de informacio, de forma que a tecnologia de produgio esté dispontvel para todos os fabricantes de um produto em dado pals; g) a estrutura de distribu sumo) € dada e constante; h) no existem barreiras comerciais ou de custos de transporte que afetem 0 comércio internacional; i) os pregos internacionais sio dados (hipétese de “pats pequeno”). ‘A wotia busca responder a algumas quest6es bésicas, como: 1) existem e (nese cas0) quai sio os ganhos com © comércio internacional?; 2) qual o padrio. dos fluxos de comércio (isto é, que produros uma economia deveria exportar e importar); 3) qual é a quantidade de produtos comercializados internacionalmente?; 4) a que niveis de pregos os produtos comercializados podem ser exportados e importados? Em ouctas palavra, a teoria “pura” procu- ra identificar 0 que determina o comércio internacional. 'A visio que dominou a discussio sobre esses pontos, entre os séculos XVI ¢ XVIII, foi essencialmente uma postura mercantlista, que via no comércio internacional uma fonte de riqueza, sob uma ética peculiar —a de acu- ada por erescentes ganhos derivados de superivits comercias. “io de renda (portanto, a estrurura de preferéncias de con- mulagio sem limites de poder de compra, poss Da mesma forma que a posse de teras era vista como fonte de riqueza e poder, sendo considerada um fim em si sesmo, por analogia a acumulaglo de metas preciosos de curso internacional, decorrente do saldo entre exporta- es e imporragdes também era considerada um objetivo bisico. A prosperidade de uma economia era medida pelo seu estoque de metais preciosos. ronibilidade de recursos. A atividade econdmica A visio mercantilista implicava uma percepgio estitica da disp. de um pals tém lugar em decrimento dos res. ra, portanto, tediizida a um jogo de soma zero, no qual os ganhos tados obtidos pelos demais (Appleyard & Field, 1998). | 4 ‘Como lembram Sodersten 8 Reed (1994), a doutrina mercantilsta era altamente nacionalista, 20 priorizar 9 bem-estar do préprio pals, ao mesmo tempo em que favorecia a regulagéo ¢ planejamento da atividade econéy ca como meios eficientes de atingir os objetivos ‘estabelecidos. Ela também via o comércio externo com suspeigao: um * a0 resto do mundo enquanto impunka bareiras is wwemno devia tratar de promover ao mximo suas venda: aquisigdes de produtos estrangeiros. : : 7 ‘A desconfansa de que a motivaio principal dos agentes econémicos nfo € a acumulagso purse simples de metas preiosos, masa satisfgio de suas necesidaces bsiaslevou, no final do século XVIL os chamados autores “lissicos” a proporem um enfoque alterativo, com énfase nfo mais nos objetivs ds nagéoy masa part das mot ‘agées de cada individuo (ou “agente econémica). Esse era o perfodo de consolidagao dos impérios « de explorasdo sistemética das colénias com propésitos econdmicos. A motivasio para & atividade econémica passava a ser a satis- facio das necessidades de consumo. 2. Visdo classica Entre os primers a atacar a ligica mercanilista ests David Hume, que, em 1792; com 0 it Political Discurses, questionou o argumento bisico de que uma economia poderia acumularindeinidamence divisss (ouro) sem com iio afetar sua propria posigio competiiva no mercado internacional, Seu argumento era de que acumulasé de ouro via superivts comers acabaria por afear a oferta interna de moeds e, com iss, clevaria 0 nivel de pesos tc alitios invernos, Esse aumento, por sua vee, compromieteria a compettividade das exportagdes do pals superavi- turio, reduzindo sua possibilidade de continuar gerando excedente comercial. Em outras palavras, o movimento de sas ente dois paises opera como um mecanismo aucomtico que leva & igualdade entre os valores das export: bes e importagées, Esse raciocinio €conhecido como mecanismo pregfuxo-epéciede Hume, ‘Note que, pra chegar a ais conclusbes, sio neesiros alguns pressupostos: a existéncia de um vinculo dire entre a quantdade de moeda eo nivel de pregos (tora quanctativa da moeda); demanda por bens elstca 20 nivel de precos;concorténciaperfeita nos mercados de bens efatores de producio; oferta monetéia do tipo padtio-ouro (ver Appleyard && Field, 1998). ‘A logica bésica da visio cléssica, iniclada com Adam Smith (1776) & de que — 8 diferenga da razio mereant- lista —, para que duas economias mantenham espontaneamente vinculos comercias entre si, é preciso que ambas tenham a ganar com esss transagdes. A principal motivagzo dos agentes em relagéo a0 comércio internacional info é a acumulagdo pura e simples de metaispreciosos, mas a satisfasao de suas necessidades bésicas: ndo hi justi- ficativa para a acumulagio por si 6; € importante haver uma razéo para o uso dos recursos obtidos via ganhos com © comércio. Para entender a argumentago — baseada em processos produtivos centrados em um tinico fator de produgio —€ preciso uma pequena digressio relativa 4 chamada teoria do valor-trabalho. 2.1 Teoria do valor-trabalho Os economistas clissicos desenvolveram sua argumentagio a partir de um modelo em que o processo produtivo na economia depende de apenas um fator de produsio, o trabalho. Para o economista do século XI acostumado a discussoes sobre fatores prodlutivos, como recursos natura capital humano e outros, a énfase em trabalho pode parecer uma simplificagio excessiva. No entanto, é possivel defendé-la nio apenas fazendo referéncia 20 momento histérico de sua formulagio — quando as técnicas produti- vas eram efetivamente mais intensivas em mio de obra do que nos dias atuais — como, sobretudo, porque é possivel teoricamente conceber uma “tradugio” de outros fatores de produgéo em termos de unidades equivalentes de mi0 de obra através de algum “fator de conversio equivalente”. E claro que uma condigio bisicaadicional para o funcionamento desse enfogue & considerar que o trabalho é algo homogéneo, no havendo qualquer attibuto (por exemplo, anos de escolaridade) que possa introduzie dife- renciais enttetipos de trabalho. f preciso, ainda, que haja concorréncia perfeita nos mercados de produto, pleno acesso 20 mercado de trabalho ¢ inexistncia de quaisquer limitagdesinstitucionais 4 mobilidade da mao de obra. Assim na dtia clissica, a teoria do valor-trabalho le — como esse 60 tinico fator de produgio — em ums economia “Fechada” (isto , sem relagdes comercais com o resto do mundo), 0s pregos dos produtos séo deter- minados por seu contetido de trabalho, Segue-se que os pradutos sia intercambiados de acordo com as quantidades relativas de trabalho que eles concentram, Isso permite, ademais, lemais, modelar as relagées econdmicas entre dois ou mais palses, considerando que a estructura de custos de produgdo em cada pals e em cada setor F produtivo & composta simplesmente dos custos com o emprego a s fo de obra, Nao ha outta fonte de custos nessas econo: Essa tcoria proporciona uma ferramenta importante para ene : lentifcar as rardes pelas quais uma economia man- tém relagoes comerciais com 0 resto do mundo e as caractersticas dos fluxos de comércio. 2.2 Vantagens absolutas ‘Adam Smith demonstrou desconforto com a visio predominante em sua época em relacio a0 cométcio internacio- nal. Segundo ele, & diferenca do que propunham os mercantilisas, “a riqueza no consiste em dinhciro, ou ouro ¢ prata, mas naquilo que o dinheito pode comprar” (Smith, 1976, p. 459). Isto , os mercantilistas teriam percebido que 9 comércio internacional traz bem-estar a uma economia, mas nio conseguiram entender por que isso ocorre. ‘gundo Smith, uma economia sé manteré transagdes espontneas com outra se perceber claros ganhos deriva- dos desse intercimbio. Como a nogio de ganho esté associada ao potencial de aquisigao de determinados itens via comércio, a explicagio esta necessariamente associada is caracteristicas do processo produtivo em cada economia. O comércio internacional se justifiaré apenas quando for mais barato adquitr itens produzidos em outra economia. O argument das vantagens absolutas pode, assim, ser apresentado a partir de exemplo numérico simples. Partindo da nogio de valor-trabalho (0 que determina os custos de produgio & apenas 0 contetido de fator tra- balho), suponha (em um mundo com apenas dois paises e dois produtos) que, em determinado pais A, a produgio dcuma unidade de alimentos demande 20 unidades de trabalho, ea producio de uma unidade de tecidos demande 10 unidades de trabalho. Ao mesmo tempo, em outto pais, B, a producio de uma unidade de alimentos demanda 10 unidades de trabalho e a produgdo de uma unidade de tecidos requer 20 unidades de trabalho (Tabela 2.1). Tabela 2.1. Pais A Pais B ‘Alimentos 20 unidades de trabaiho 10 unidades de trabalho Tecidos 10 unidades de trabalho 20 unidades de trabalho Nesse contexto, 0 pafs A tem vantagem absoluta na produgio de tecidos (¢ mais barato produit tecidos emt A), enquanto o pais B tem vantagem absoluta na produgio de alimentos. Na hipétese de haver comércio entre A € B, c se esse comércio ocorrer na relagio de 1:1, isto & com a troca de uma unidade de alimentos por uma unidade de tecidos, seré possivel ao pats A a seguinte esteatégia: em lugar de despender 20 unidades de trabalho para produzir alimentos, & mais eficiente alocar essas mesmas 20 unidades da seguinte forma: 10 unidades para produzir tecidos e trocar por alimentos produaidos em B ¢ 10 unidades para produir quantidade adicional de tecidos para consumo interno, O leitor atento jf percebeu a importincia da taxa de cimbio, Mas esse tema s6 serd tratado nos Capitulos 9 a 11 deste livro, A teoria “pura” de comércio lida apenas com varidveis de estrutura produtiva. Havers ganhos para os paises A ¢ B em assim proceder? A demonstragio de que ha beneficios &feita ao se consi derara relagio entre os pregos dos dois produtos (alimentos e tecidos) no comeércio internacional em contraposicio 4 essa mesma relagio vigente em A ¢ em B, Isto é, em A isoladamente, a relagio entre os pregos de alimentos ¢ tecidos era de 2:1. Em B isoladamente, essa mesma relagio era de 1:2. Como a relagio de pregos no mercado in- ternacional (I:1, como vimos) est situada entre esses dois valores, deduz-se que 0 comércio entre Ae B é factivel e trard ganhos para ambos os paises, com cada pats se especializando na produgio ¢ exportagio de um dos productos. istema monetario internacional: origens Este capitulo trata das relagées monetérias internacionais, Ele comesa com algumas consideragées sobre © que se entende por sistema monetério internacional, as condigées bisicas para a sua identificagéo. Apresenta. 2 sequin as caracteristicas centrais do chamado padrio-ouro e da evolugio — no periodo que se seguits & Segunda Guerra ‘Mundial — do sistema de taxas de cimbio fixas. O capitulo termina com a desctigio dos principais problemas que levaram a flexibilizar os sistemas cambiais, pela maior parte dos paises. 1. Sistemas monetarios internacionais A expresso sistema monetdrio internacional refere-se a0 conjunto de regras ¢ convengdes que governam as rela g6cs financeiras entre os paises. Elas formam o aparato institucional que mantém as relagdes entre as diversas economias. Essas normas referem-se em geral a dois aspectos: a conversio de uma moeda a outra ¢ 0 padrio monetirio adotado. A conversio de uma moeda a outra esté associada aos padrées de ajuste das taxas de cimbio, os pregos relati- vos das diversas moedas. Existe uma variedade de possibilidades, desde sistemas de taxas fixas a tasas totalmente Aexiveis, e outros, sistemas mistos, como flutuagio administrada, faixas de variagio de paridades, dewalorizagses ‘marginais e frequentes, entre outras. Os padres monetérios sio definidos, por sua vez, pela natureza dos ativos de reserva, Essencialments, po- ddem ser baseados em reservas em espécie (com frequéncia, o ouro), com valor intrinseco, ou reservas fiducisrias €M que as relagies esto baseadas no valor que os agentes econdmicos ourorgam a cada momento aos divervos Ativos, internacional nao é um fim em si mesmo. Seu principal objetivo € viabi- proporcionando a maximizagio dos ganhos cam o comércio .._Aeficigncia de um sistema monetiti a. fluiden das relagdes econdmicas entre os palses, * beneficios derivados dos movimentos de capital. : Um sistema eficiente permite aos produtores se especilizarem naqueles bens em rlagdo aos quais cada pais tem "antagens comparativas ey aos poupadores, buscar a exterior oportunils encivis de investment, Io oxorre Por meio das virtades da enbilidade que contibui para minimizar a volutilidade dos proyos de exportagio ¢ MPoracio —e da complementaridade, que permite que objetivos dispares, das autoridades monctirias dos diversos “S possam ser compatibilizados. 352 1.1 Fundamentos da moeda internacional O uso de um instrumento monetétio aceitivel como meio de pagamento ¢ como unidade de conta para os part. ipantes das transages internacionais & um pré-requisito para o desenvolvimento do comércio internacional, Sem um meio de pagamento aceitivel e uma unidade de conta, 0 comércio internacional tende a reverter a simples trocas. O problema de um sistema de trocas simples & que um agente que deseje adquirir determinedo produro io tem certeza de que o produto que fabrica é accitével pelo produtor do bem que ele deseja adquitir, 0 que torna limitado 0 potencial de expansfo do sistem: Em nivel internacional, existe concorréncia entre as moedas nacionais. No mundo moderno, nenhum pais axe hoje conseguiu impor sua moeda como referéncia tinica para as trocas internacionais, Isso leva a dois conjuntos de questées: aquelas associadas ao fato de que a moeda é um bem coletivo (tanto nacional como internacional) ¢ as ‘questées relacionadas com a confianga na moeda, i ' ‘Um pais que consegue ter sta moeda aceita para ntimero significative de transagdes internacionais esté de fato ofertando um bem coletivo ao mundo, Esse pals teré condigées de capturar os beneficios derivados dessa posigio, 20 obter uma diferenca entre seus ativos e suas dividas. Se uma moeda nacional ganha aceitagio como unidade de ‘tansagao, 0 pats que emie essa moeda pode se beneficiar dessa maior accitabilidade expandindo suas operacées, A oferta de moeda envolve uma operagio dupla. © pals emissor “emite uma obrigasao”, que € usada como moeda, e compra um ativo (dé crédito). A fonte do ganho é a diferenga entre a taxa de juros ganha sobre o ativo € a taxa de juros paga sobre a “obrigagio". Quando a “obrigagio" do pafs emissor ganha aceitagio crescente como ‘moeda, 05 usuérios aceitam “pagar mais pelo servigo” isto é, abrem mio de taxas de juros mais elevadas em troca da Posse dessa moeda. Como resultado, a margem entre os juros dos ativos € os juros das “obrigages” do pafs emissor pode aumentar: 0 emissor lucra com 0s rendimentos crescentes de escala. Isso faz-com que exista uma disputa constance, entre os diversos paises, para aproprriar-se dessa fonte de ganhos, Como nao existe uma autoridade monetéria internacional que monopolize a emissio de moeda, a oferta de moedas de curso internacional permaneceré ainda por um bom tempo como questo em aberto ¢ um estimulo & competi- do entre os paises. 1.2 Confianga: questao basica Boa parte da hist6ria do sistema monetirio internacional tem sido caracterizada pelas tentativas de encontrar estnt- turas institucionais eapazes de minimizar os efeitos da concorréncia na oferta de moeda internacional. A questio bsica é como 0 emissor de uma moeda pode convencer potenciais usustios estrangeiros de que sua moeda é estivel tem valor previsivel. ‘A maneira mais comum de induzir confianga é anunciar que determinada moeda é conversive livremente em outro ativo — frequentemente ouro ou outras moedas — sobre a emissio da qual o pais néo tem controle. Iso envolve, entre outras questées, ada erediblidade, uma vez que o pals pode anuniciar hoje que sua moeda equivale 2 tantos gramas de ouro ou a um prego dado em tetmos de outra moeds, mas nada garante que esse compromisso serd honrado no futuro, Manter um prego determinado como referencial pressupde a subordinagéo da politica mo- netiria interna do pas is necesidades da conversibilidade. Ao mesmo tempo, a confianga dos agentes econémicos em uma moeda abre ao pals emissor a possbilidade de apropriae-se de ganhos de escala, Desse modo, a0 mesmo tempo em que varios palses competem para consolidar suas moedas como unidades de troca internacional, exes paises enfrentam a cada momento a potencial desconfianga dos usustios dessas mesmas moedas, A histéria do sistema monetéro internacional nos tltimos cem anos ¢ uma sequéncia de tentativas de construit instituigdes internacionais que permitam capturat os beneficios do processo de etiagéo de moeda internacional, evitando ao mesmo tempo as crises inerentes a esse sistema competitive. 1.3 O problema da consisténcia Um sistema monetétio internacional requer a existéncia de regras claras, cipam. Qualquer conjunto de regras implica, aceitas por todos os paises que dele part ‘no entanto, © que se convencionou chamar de “problema da consis- +_psse problema deriva do suposto basico de « ‘os paises em deter réncia” codos 1 palses podem determi 5 pedo pais deve aceitar pass ais paises. Alternativamente, jetvos dos ” palses. ‘Um sistema monetério internacional pode lidar com e que a soma dos déficitse superdvits dos balangos de npo tem de ser igual a rero. Co r fica que posiges quar om m pases, ise significa q Posigdes quanto ao balango de pagamentos de forma independente, enquanto vamente o resultado ramente 0 resultado do balango cle pagamentos que Ihe & imposta pela agio dos sistema deve compreender algum mecanismo que indiza & consisténcia entre 05 i I sse tipo de problema por meio de: (1) um enfoque do i— 1, em que o n-“simo pals abre mio de definir metas externas; (2) mecanismos de ajuste automitico, como decimbio Rextveis om (3) coordenagio de politica enti o pes, E possivel associar uma altenativa como 1 a0 chamado sistema de Bretton Woods, abordado adiante neste ca- seal (pelo qual um pats permite que sua io Picadas pelos demais paises). A alterna Posigao em divisas se ajuste a0 nivel requerido para acomodar as politicas 2 refere-se as experiéncias de diversos pafses nos anos 1970, enquanto 3 i da segunda metade dos anos 1970, quando as tentativas de coordenagio anere as principais economias passaram a ser um exercicio sistemitico. ‘No caso de um sistema do tipo de Bretton Woods, a questio bisica é por que um pas (no caso, os Estados Ut ) abriria mao de sua capacidade de influenciar suas contas externas. A resposta estd em sua posicio diferenciada: 9 fato de sua moeda nacional ser usada como reserva de valor permitia a esse pals absorver ganhos (senhoriagem) dos da nfo necessidade de manter entre seus ativos outras moedas (que rendem retornos limitados) para iar eventuais déficits fururos. Por intermédio da captacéo de recursos a baixo custo, uma vez que os outros = 1) paises aceitam seus titulos, o pais hegeménico tem fx a aquisisio, por exemplo, de lade para financi Um sistema desse tipo exige da economia hegeménica a estrilizasio dos efeitos dos movimentos de reservas. istem, portanto, limites ao seu funcionamento: a) quando nao apenas esse, mas também os demais paises procu- sam esterilizar esses efeitos, tornando o sistema instive; b) quando o pais emissor da moeda de referéncia nfo con- rrola os seus custos em relagio aos dos demais paises, comprometendo a evolugio do seu saldo em conta-corrente. A anilise do sistema monetério internacional é mais bem compreendida quando apresentada de acordo com sequéncia cronolégica, uma ver que a evolugio das diversas economias e das préprias instituigSes envolvidas mina — a cada periodo — os tipos de arranjos vidveis. Historicamente, o primeiro sistema identificado como tl foi o padrao-ouro, objeto da préxima seco. Padrao-ouro existéncia de um padrao-ouro esté associada & adesio de um miimero expressivo de patses a trés caracteristicas bisicas: 1) conversibilidade das moedas nacionais em ouro; 2) liberdade para 0 movimento internacional de ouro ntrada e saida de cada pais); 3) um conjunto de regras que relacionem a quantidade de moeda em circulagio em minado pais ao estoque de ouro que esse pats dispe. Com cada pals disposto a converter sua moeda a uma quantidade predefinida de ouro, ¢ com o prego do ouro definido nos mercados internacionais, na pritica isso significa que 0 padrao-ouro estabelece uma paridade fixa tre cada moeda e o prego do ouro e, portanto, entre as diversas moedas. Eventuais descquilibrios de balango de ‘Pagamentos sio sanados por meio de transferéncias internacionais de ouro, ¢ 0 equilibrio ¢ obtido pelo impacto dos luxos de ouro sobre o sistema econdmico interno, Dado que as autoridades monettias em cada pais estavam su- tum dos resultados desse sistema foi uma harmonizagio efetiva das politicas monetirias, jeitas as mesmas limitagées, Sem necessidade de esforcos de coordenasiio. : ; A vigéncia do padrio-ouro é frequentemente associada & existéncia de um mecanismo eficiente para ass ade de preyos, por limiar raio de agio das autoridales monctitias nacionas, evitanclo descquilibrios do I Alguns anaisas argumentam, contudo (Oppenheimer, 1979), que mio & correto Mdenifcar no sistema de Bretton Woods ur “problema ipo (ni) uma ver uc oo fancanata de ato corn a n-ima ola qual as dais mobs deverian ex referenda 354 balango de pagamentos. geralmente aceto pelos historiades, hoje, que esse sistema vigorou de forma plena e em scala global? apenas por um perfodo de tempo limitado, de aproximadamente 20 anos. 2.1 Origens do padrao-ouro Ja.em 1816, uma disposigao legal (The Coinage Ae) na Inglaterra, autorizava a cunhagem de moedas em our Tt anos depois, outra lei especfica determinava ao Banco da Inglaterra que as eédulas emitidas pela instituiglo fossem resgatéveis em valor correspondente em battas de ouro, tornando a libra esterlina referenciada em termos de sua patidade em relagio a0 outro, eee Os Estados Unidos, por essa época, adotavam padrio bimetilico, baseado em ouro prata. Disposigbes legas, em 1834 ¢ 1837, alteraram a relagio do délar com os dois metas, elevando o peso do ouro na composicio (levando de fato a um padrio-ouro). O Gold Standard Act de 1900, oficializou a adesio a0 novo padrio. Na Alemanha, em 1871, 0s recursos recebidos a tilo de reparagio de guetta com a Franca ( : descoberta de novas minas de prata, 0 que reduziu o prego desse metal) permitiram a substituigao do padrao-prata adotado até entao por emissdes monetérias baseadas em ouro. A queda na demanda por prata ¢ 0 aumento paralelo de sua oferta induziram outros paises que adotavam esse metal como referéncia a seguirem 0 exemplo alemio, de modo que jé em 1879 0 ouro havia se convertido em referencial para as emissGes monetarias em boa parte da Eu- ropa, Estados Unidos, Russia, Japio e diversos paises latino-americanos. Varios autores concordam que é mais fécil determinar o perfodo em que o padrio-ouro chegou ao fim — 1914, com o inicio do conflto bélico — do que a data efetiva de sua origem. Como indicado por Yeager (1976): 0 que se sabe com alguma certeza é que o padrao-ouro nao existia em 1870, mas operava plenamente em 1900. (untamente coma 2.2 Funcionamento do modelo basico: a versao de Hume funcionamento do padrao-ouro requer que a economia opere em condigées de concorréncia perfeita, com precos ¢ salitios totalmente flexives, pleno emprego de fatores de producio, com a demanda por moeda sendo total ou predominantemente para fins de transagio e a oferta de moeda uma fungio do estoque de ouro, Sendo satisfeitas «sas condigoes, a chamada teoria quantitativa da moeda? passa a ser representativa. O modelo clissico do processo de ajuste sob 0 padrio-ouro foi descrito por David Hume (1752) e pode ser apresentado em forma resumida da seguinte maneira, em um modelo com apenas dois bens — ouro ¢ 0 conjunto de todos os demais produtos. ‘Um aumento da quantidade de moeda em circulagéo eleva o nivel de presos internos, o que afeta negativa- ‘mente osaldo comercial externo da economia. Como resultado do déficit em suas transag6es com o exterior, o pals demandaré quanidade maior de ouro para fazer face aos seus compromissosexternos, Esse processo reduz 0 estoque de reservas (ouro) disponives, afetando negativamente a oferta de moeda até 0 ponto em que essa oferta retorne 20 seu nivel original. Como resultado da menor oferta de moeda, tanto o nivel de pregos quanto o ritmo da atividade conémica sio reduidos. Esse movimento continua até 0 ponto em que — a um nivel de producio fisica mais baixo que o original — a quantidade ofertada de moeda é apenas sufciente para manter a economia operando a um nivel de pregos que permite recuperar o equillbrio nas transag6es com o exterior E importante notar que 0 processo é simétrico. Mesmo com a atividade econdmica tendo recuperado o seu Patamar original, o nivel de pregos permanece reativamente baixo (como, por hipétese, M eV sio constantes, a uum nivel de Q mais elevado corresponde um nivel de P reduzido, de modo a manter-se vida a relagio MV = PY). 1ss0 dé ao pals um adicional de compettividade temporitio no mercado internacional, levando a um superivit. * ‘Adoraram ese puto pas th diveros quanto Gri-Breank, Estados Unidos, Fraga, Alemania, Holanda, Dinamarce Nore Finlingia, Soci, Begs, Suga, Ie, Gre, Austria Hungria, Risa, Jpfo, Auli, Chile, Drea, Chine, Affe do Sul e Eee ichengren, 1985), 2 “Esa cova € representa pa ienidade MV » PY em que M a quanidade de maeds em crus,

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