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Assim, como consequencia tinica do cescimento e do peso relativo da economia no mercado internacional, Jhaveed uma queda no nivel de bem-estar social da economia, A isto se chama de “ctescimento empobrecedot”, 2, Comérclo e desenvolvimento A teoria de desenvolvimento surgi nos anos que se seguitam ao final da Segunda Guerra Mundial, 0 concentrat srengio no que deveria sera otientago bisica para o empreyo de recursos. Assim, autores como Rontow (1956), Rosenstein-Rodan (1943) ¢ Nurkse (1953), entre outros, se preocuparam em discutit se 0s recursos deveriam ser concentrados em alguns poucos setores com grande efeito multipicador ou se. 20 contro, deveriahaver pulveti- tagio,alocando-se parcelas menores dos recursos dipontveis em divers stores. (0 objeto desse corpo tebrico sempre foi otratamentodiferenciado dos palses com menor grau de desenvolvi- mento, como uma categoria de andlise em si. ‘A geragio seguinte de models na teoria do desenvolvimento se concentrou no tratamento da alocaio eficiente de fatores € na escolha das melhores ténicas produtivas, dada a dotagao de fatores de produgio de uma economia. ‘Assim, por exemplo, Eckaus (1955) ¢ outros se preocuparam com as proporgéesfatriis mais adequadas, o que levou, no campo operacional, a recomendagbes de critérios espcifios a serem adotados na andlise de projetos de snvestimento, como explicitado em Litele 8 Mirslees (1968) ¢ Dasgupta, Margin ¢ Sen (1972) Em paralelo a essas preocupasdes, as décadas de 1960 ¢ 1970 testemunharam csforgos em diregées diversas, ratando de caracterizar os paises menos desenvolvides como efetivamente uma categoria de andlise dferenciada. ‘Assim, por exemplo, Chenery (1970) busca caracterizar as diversas exapas do desenvolvimento econémico (medido por niveis de renda per capita) como apresentando caractersticisproprias, mutates & medida que 2 economia cvolui no seu nivel de produto por habitante. De modo semelhante, outros autores procuraram tratar de forma sstematica diversos aspectos relacionados 20 processo de desenvolvimento, como o processo de migragio dos serores mas retrégrados aos sctores produtivos mais modernos ¢ competitivos (Lewis, 1955; 1964), e os determinants eas caractersticas dos processos migraté- rios entte 0 campo € a cidades ou entre regiesdistintas (Todaro, 1969). Mais relevante para os propésitos deste capfeulo, outros autores se preocuparam com a importincia vital — pa- 120 processo de crescimento e desenvolvimento das cconomias de menor expresso — da disponibilidade de di sas, Assim, Furtado (1964, 1969), Chenery & Strout (1966), Prebisch (1950), Singer (1950) ¢ outros enfatizaram 2s limieagGes da disponibilidade de recursos para financiar o proceso de desenvolvimento, com particular énfase na capacidade de geragio de divsas na quantidade requerda para sutentar ese proceso. E essa percepgio de que uma economia em desenvolvimento — uma estrutura mutante por definisio — tem necessidade de volume expressivo de divisas para viabilizar suas imporagées de produtos bisicos, assim como de cequipamentos e insumos intermediirios para satistizer as necesidades bisicas da populagio, ¢ 20 mesmo tempo tornar vidvel a produgio de uma série de itens que caracterizam um parque industrial srctu sensu, que dé origem a consideragies sobre como melhor lidar com essa questio. De um lado esté a opgio por viabiliar a oferta intema dos itens demandados e, com iso, reduir a pressio so- bre o balango de pagamentos, De outro lado est a alterativa de procurar gerar mais divisas através de exportagées competitivas, de modo a poder contar com os recursos necessrios sem penalizar 0 setor importador. A primeira estratégia é conhecida como “industralzagio via substituigio de importagées". A segunda & genericamente desig- nada por “promogio de exportagées". 2.1 Estratégias de substitulgao de importagdes e de promogao de exportacées A ideia bésica associada a um processo de substicuigio de imporagdes a de promogio — no mercado interno de uma economia — da capacidade de oferta de tens anteriormente conseguidos através do comeércio externo, Assim, a produsio nacional “substitui” a oferta de alguns produtos importados. Essa estratégia de promogio da industraliacio tem, em geral, um forte componente de indugio e, portanto, de dependéncia de recursos piiblicos, uma vez que esti frequentemente asociada & provisio de incentivos fisais € crediticios. Ela parte da identificacio —a partir da andlise da paura de importagdes — daqueles produtos para os | 77 Assim, como consequéncia tnica do crescimento e do peso relativo da economia no mercado internacional, hhaveré uma queda no nivel de bem-estar socal da economia. A isso se chama de “crescimento empobrecedor”. 2. Comércio e desenvolvimento ‘A teoria de desenvolvimento surgiu nos anos que se seguiram 20 final da Segunda Guerra Mundial, 20 concentrar srengio no que deveria sera orientagio bisica para 0 emprego de recursos. Assim, autores como Rostow (1956), Rosenstein-Rodan (1943) e Nurkse (1953), entre outros, se preocuparam em discutir se os recursos deveriam ser concenteados em alguns poucos setores com grande efeito multiplicador ou se, 20 contro, deveia haver pulvei- ragio, alocando-se parcels menores dos recursos dspontveis em diversos stores 0 objeto desse corpo teérico sempre foi o tatamento diferencado dos paises com menor grau de desenvolvi- ‘mento, como uma categoria de anise em si. ‘A geragio seguinte de modelos nateora do desenvolvimento se concentrou no tratamento da alocago eficiente de faores e na excolha das melhores téenicas produtivas, dada a dotagi de ftores de produsio de uma economia. ‘Asim, por exemplo, Eckaus (1955) e outros se preocuparam com as proporesfatorais mais dequadas, 0 que Jevou, no campo operacional, a recomendagées de critérios espectios a serem adotados na anilise de projetos de savestimento, como explicitado em Litle & Mires (1968) e Dasgupta, Marlin Sen (1972). Em paralelo a essas preocupagies, as décadas de 1960 ¢ 1970 testemunharam esforgos em diregées diversas, tratando de caracterizat 0s pales menos desenvolvides como efetivamente uma categoria de andlise diferenciada, ‘Assim, por exemplo, Chenery (1970) busca caraceriza as diversas eapas do desenvolvimento econémico (medido por aires de renda per capita) como apresentando caracteriticas préprias, mutantes & medida que a economia tvolui no seu nivel de produto por habitante. ‘De modo semelhante, outros autores procuraram trata de forma sstemitica diversos aspectos relacionados 20 processo de desenvolvimento, como o process de migragio dos setores mas retrdgrados aos stores produtivos sais modemos e competitivos (Lewis, 1955; 1964), e os determinantes eas caractersticas dos processos migrat6- rios entre o campo e as cidades ou entre regies dstinas (Todaro, 1969). Mais relevante para os propésitos deste capitulo, outros autores se preocuparam com a importincia vital — pa- 110 processo de crescimento ¢ desenvolvimento das economias de menor expressio— da dsponibilidade de divi- sas, Assim, Furtado (1964, 1969), Chenery & Strout (1966), Prebisch (1950), Singer (1950) e outros enfatizaram aslimitagSes da disponibilidade de recursos para financiat 0 processo de desenvolvimento, com particular énfise na capacidade de geragio de divisas na quantidade requerida para sustentar ese proceso. E essa percepgio de que uma economia em desenvolvimento — uma estrutura mutante por definigio — tem necessidade de volume expressivo de divisas para visblizar suas importagSes de produtos bisicos, asim como de equipamentos ¢ insumos intermediirios para satisfazer as necessidades bisicas da populagfo, ¢ 20 mesmo tempo tomar vidvel a produgio de uma série de itens que caracterizam um parque industrial tic sensu, que dé origem a consideragies sobre como melhor lidar com essa questio, De um lado esté a opcio por viabilizar a oferta intema dos itens demandados e, com isso, reduzir a pressio so- bre o balango de pagamentos. De outto lado est a alternativa de procurar gerar mais divisas através de exportages compettivas, de modo a poder contar com os recursos necessirio sem penalizar setor importador. A primeira izagio via substituigao de importagdes". A segunda é genericamente desig- nada por “promocio de exportagées", 2.1 Estratégias de substitul¢do de Importagées e de promogao de exportagdes A ideia bisica associada a um processo de substituigio de importagdes ¢ de promogio — no mercado interno de uma economia — da capacidade de oferta de itens anteriormente conseguidos através do comércio externo, Assim, a produgio nacional “substitu” a oferta de alguns produos importados. Essa estratégia de promocio da industrializagio tem, em geral, um forte componente de indugio e, portanto, de dependéncia de recursos piblicos, uma vez que estd frequentemente associada & provisio de incentivos fscais € creditcios Ela parte da identificacdo — a partir da andlise da pauta de importagées — daqueles produtos para os | 77 aquais existe demanda interna suficientee dos estimulos para produit no pais esses bens ¢ servigos com demang comprovada. A produgio competitiva com importagaes passa a see, portanto, considerada justficivel — sobretu em petiodos de escassez de divisas —, uma ver que se supe que a existencia dessa demanda que pode ser desy gar ruts nacional juss segs pr implant de nwa unas produ Vista de uma perspectiva de desenvolvimento econdmico — em que o objetivo ¢ alterar a estrutura produ de um sistema econdmico —, tal estratéigia & associada a um process que procura repetir de forma acelerada (ee condiges histricas distintas) a experiéncia de industrializagio dos patses descnvolvidos (Tavares, 1977). 0 objetivo no tanto as economias menos desenvolvida chegarem a competi com as econorias avan senio a constituigio de sistemas econdmicos nacionaisfeniveis, diversficados (de modo a reduait a vulnerabilid de frente as luruagbes das relagdes de troca,altamente desastrosas em sistemas dependentes de poucos prodi com condigio de poder geras a parti do seu préprio dinamismo, um ritmo sustentivel de crescimento do pro (Bruton, 1989). Esse objetivo requer certo grau de isolamento (supostamente remporitio) em relagio A produgio (consid mais competitiva, porque feta em escala maior e em unidades produtivas com custos fixos ja amortizados) ori niria dos paises industilizados. Assim, uma estratégia de substtuigio de importagSes requer um grau exps de protegio em rclagio 8 concorténcia de produtos importados,seja através de barreiras comerciais (substituigéo Jmportagoes induzida pelos efeitos da protecio comercial sobre a oferta nacional), seja por pregos relatives ( taxa de cimbio) que encarecam os produtos importados em relagio aos seus concorrentes nacionais, estim 0s produtores locais(substituisio “espontinea” de importagées) Em geral a existéncia de um processo de substituigio de importagées é identificada a partir da proporcéo centre um processo que implique “apenas” a redugio da proporcio de itens importados na oferta total e um prot ‘em que essa edugio seja associada a nogdes de otimalidade do processo produtivo (Desai, 1969). No segundo ca jfvel (“étimo") de produgio de decerminado item e, com base nesse nivel, avalat a adequacio do sistema produt cfetivamente encontrado, identificando os ajustes requeridos para aproximar-se daquele ponto “6timo”. [A légica subjacente da esratégia de substiuicio de importagdes como instrumento para indugio do desem nto econdmico &, portato, a de que algum custo em termos de efciénciaesttica® é aceitivel, uma vez levard (a médio prazo) a uma menor dependéncia em rclagio & oferta externa, ¢ i menor necessidade — ao | do tempo — de divisas (supostamente escasas) para poder adquitrtais produtos, permitindo alocar essas di para a aquitgio de outros itens (como bens de producio e tecnologia) que tém efeito mais expressivo sobre a petiividade do sistema. ‘A recomendagio desse tipo de estratégia esteve frequentemente associada a um diagnéstico que obede ‘uma sequéncialogica que pode ser resumida nos seguintes passos: a) as economias menos desenvolvidas, em g aprescntam um parque produtivo limitado, com oferta de poucos produtos;b) esses produtos sio, em gerahp claborados, requentemente produtos in natung c) a demanda por esses produtos ¢limitada, com baa cast seja em relago a prego, soja em rclagio & renda, o que faz com que o desempenho exportador desses palses pobre e foremente dependente dos ciclos de atividade das principais economias; d) a demanda interna nos pi _menos desenvolvidos ¢ predominantemente satisfeta com produtos fabricados no exterior, portanto a dispo lidade de divisas é vital para 0 funcionamento do sistema econémico € a satisfasio dos consumidores locas rma sutentada — mesmo desconsiderando a evolucio dos vetmos de troca desses paises em relagio aos pase tializados, na tradigio de Singer (1950) e Prebisch (1950) —, uma vez que as baixas elasticidades-prego e ddemanda por exportagessio fatoreslimitadores f) assim, o aumento do grau de industrializagio nao é ‘em si mesmo, mas a busca de uma forma mais eficientee fativel de reduzir a vulneral viabilizagio de forma mais eficiente de insergio na economia internacional, menos sueita a oscilagbes br rectita de divisas ¢ com redugio do peso do setor externo no conjunto da atividade econémica de cada pals, ¥ Ov ests esti associadosinefcitncadervada da adocio de barra comercas lou proviso excessva de recursos eis a determi seioresprodutivos, requentementeexcohidos spate da composigi das importagSese sem consderages, sea quanco 3 sua relagio 78 | padres de vantages compartvas da economia, sa quanto 20 uso alternativo dos recursos envolidos 4 Nesse contexto, seria inécuo tatar de estimular o setor exportador, uma ver que a probabilidade de resposta ppor parte da deinanda externa & baixa. Ese diagnéstco é frequentemente chamado de “pessimismo em relagio as clasticidades”, Issa estratégia baseada na substituigio de importagies caracterizou — com intensidades variadas — boa parte «la experiéncia da politica econdmica dos palses menos desenvolvidos nas duas ou trés décadas(dependendo de que pplses consideramos) que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial Hla foi colocada em xeque, no entanto, por dois tipos de consideragées. De um lado, a experiéncia mostrou que, para palses com dimens6es econémicas limitadas, 0 potencial para substituir importages é reduzido, uma vez que a tecnologia empregada nos processos produtivos demanda escala indivisivel, ¢ portanto é necessério poder dispor de mercado além de certo tamanho para que a producio possa ser realizada sem capacidade produtiva ociosa excessive. Além disso, a geracio de empregos no setor industrial ficou geralmente aquém do desejével. Mais importante que eses aspectos, contudo, 2 experiéncia mostrou que mesmo em processos exitosos de substtuigéo de importagées por produsio interna a dependéncia de importagées nao di- minuiu (Tavares, 1977). Em diversos casos, os insumos utilizados nos processos produtivos so de origem externa. Isso significa que ndo apenas a dependéncia em relagio is importagGes nao diminuiu, como eventualmente aumen- Cou, e com menor grau de compressibilidade, uma ver que cortesponde a componentes requeridos para o proprio processo produtivo, Por outro lado, mesmo no conjunto de paises menos desenvolvdos surgiram exemplos de que poitcas de esi- rnulo as exportagées podem dar bons frutos,levando & melhoria do desempenho exportador em termos de maiores taxas de crescimento da geracio de divisas ¢ de diversificagio da pauta exportadora. O “pessimism em relagio 4s clasticidades” deveria ser qualifcado, sobrerudo em relacio a sistemas econdmicos nos quais ja exstisse alguna ca- pacidade produtiva manufatureira eem que o desempenho exportador estivesse sendo dificultado pela estrurura de pregos relativos. Essa percepgio deu origem a uma literatura especalizada relaivamente grande sobre as distorgées internas induzidas pela politica comercial externa. 2.2 Intervengées otimas e viés da politica comercial A teoria bisica da protegio diz (ver o Capitulo 4) que apenas em cconomias de maior porte far sentido adotar politica comercial intervencionista, uma vez. que apenas nesses casos ¢ possivel melhorar as relagées de troca como resultado dessas intervengdes. Assim, segundo a teoria, apenas uma “taifa étima” deveria ser considerada. A tini possibilidade alternativa para paises pequenos deveria ser necessariamente limitada em escopo (para evitar as dis- torgoes induzidas no consumo ¢ na produgio) eno tempo de apicagi (¢ jusificvel apenas no caso de “industria nnascente” e, portanto, temporiria por definicio), A frequéncia com que os diversos paises adotam barrctas (explicit ou no) em relacSo a produtos importados concortentes com a produgio interna levou, como visto no Capitulo 4,20 surgimento de consideragBes sobre atu- ages “desejaveis” e atuagdes “possiveis” por parte das autoridades’ De forma semelhante, a discussio sobre a existéncia ou nio de favorecimento 20s setores cuja produgao pre- dominantemente voltada para o mercado interno ou contemplam exportagées evou Balassa (1989) a clasificar as estratégias de politica econdmica como voltadas ‘para dentro, ‘para fora” ou “neutras”, ‘As primeiras (as politicas “para dentro”) sio politica que prejudicam rlaivamente os segmentos exportadores. Possuem um “viés antiexportador’,refletido, por exemplo, em uma proceso efetiva negativa do valor adicionado idades de exportagdo, No caso em que a protegio efetiva dos segmentos exportadoresiguale ou supere a protegio efetiva aos setores produtores para o mercado interno, o sistema terd viés “neutto” ou “pré-comé: problema com as politics do tipo intervencionisa & que podem impor custos a0 sistema econémico, que cm alguns casos podem ser de magnitude expressiva, Entre outros, a literatura ressalta os sepuintes custos: a) cus- tos sociais da “apropriasio de rendas extraordindrias” (rene-seeking), derivada da atuacio de grupos interessados na prescrvacio de determinadas barreiras comerciais; b) custo social do tipo “peso morte”, relacionado & existencia © 1°Os econominas lasifcam esas politica segundo taduio ie cif do gio em ings ome polls de “pimeiro melhor” (fint- ber) ede outtas orden infriores (cond besides). “Ver entre outros, Krueger (1974), Bhagwati (1980), Ltd, Sco e Sn (1970), Libenstin (1966.

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