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TOMANDO BOAS DECISÕES

A SATISFAÇÃO COM AS ESCOLHAS

PROFESSOR EVANDRO BORGES

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A tomada de decisões pode ser uma tarefa difícil, e quando
esperamos ser perfeitos, tornamos ainda mais difícil
estabelecer metas realistas.

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Uma boa maneira de refletir sobre a tomada de decisão é vê-la como
uma mesa de buffet self service. Nós temos várias opções de escolha,
cada uma com um custo-benefício, desde as opções mais saudáveis até
as mais calóricas. Se você estiver com muita fome, tenderá a escolher
as mais calóricas. Portanto, a escolha passa por dois critérios distintos:
NECESSIDADE e EXCESSO, mas o que pesa na balança é o
excesso. Tudo em excesso pode ser prejudicial.

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Pesquisadores em Psicologia Positiva avaliaram
dois perfis distintos de indivíduos frente à tomada
de decisões. Eles os classificaram em dois grupos:

“SATISFAZEDORES” e
“MAXIMIZADORES”

“Satisficers” e “Maximizers”, respectivamente.

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SATISFAZEDORES
Não existe uma tradução exata para o termo ‘satisficers’, ele seria
uma junção de suficiente com satisfeito, ou suficientemente
satisfeito, que caracteriza uma pessoa que faz uma escolha ou tende
a tomar uma decisão uma vez que seu critério de satisfação foi
atingido. Contudo, não significa, necessariamente, que os
satisfazedores estejam satisfeitos com qualquer escolha medíocre,
ou ainda, que estejam conformados com qualquer coisa. Eles
podem ter critérios até mesmo rigorosos, mas uma vez que
encontram algo que possui as qualidades que desejam, ficam
satisfeitos. Em suma, se isentam da preocupação de que poderia
existir uma opção ainda melhor, que de fato, existe. Existem
centenas de milhares de opções para quase tudo, mas se cairmos
nessa armadilha, gastaremos tanta energia na tomada de decisão,
que por mais perfeita que seja nossa escolha, não nos sentiremos
satisfeitos.

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SATISFAZEDORES
Para Barry Schwarts, psicólogo norte-americano e autor do livro
“O Paradoxo da Escolha”, os satisfazedores são os que desejam
“o bom o suficiente”. Mas o autor ressalta que a maioria das
pessoas podem oscilar entre uma mistura dos dois estilos, ou
seja, podem ser maximizadores para determinados tipos de
decisões mais complexas e satisfazedores para outras decisões
menos complexas. O Dr. Barry pondera que pessoas
suficientemente satisfeitas tendem a ser mais felizes, pois não
precisam dispender muita energia para tomar uma decisão.
Segundo as pesquisas, os satisfazedores também possuem
elevados padrões de escolha, mas são mais felizes. Já os
maximizadores tendem a ser mais depressivos e mais
insatisfeitos com a vida.
(Iyengar, S. S., Wells, R. E., & Schwartz, B. 2006).

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SATISFAZEDORES
Quando escolhemos a opção que é "boa o suficiente",
entendemos que isso produz um resultado aceitável
(Nyland, 2004; Parker, de Bruin e Fischnoff, 2007). Por
outro lado, quando maximizamos, nós nos esforçamos
para alcançar os altos padrões de conquista e escolhemos
a melhor opção possível (Parker, de Bruin & Fischnoff,
2007: Polman, 2010). Um dos fortes efeitos de ambos os
estilos é o seu vínculo com o perfeccionismo positivo ou
negativo (Bubic, 2015; Nyland, 2004). A experiência
humana do perfeccionismo foi colocada no centro das
atenções da pesquisa de psicologia positiva ao longo dos
anos. Os estudos se concentraram em responder às
questões de por que, como e o que faz com que as
pessoas busquem a perfeição (Bubic, 2015).

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SATISFAZEDORES
Na sociedade, muitas vezes pensa-se que uma boa
tomada de decisão é quando as pessoas se esforçam para
obterem os melhores resultados possíveis, o que produz
ambiciosos “garimpeiros” de melhores oportunidades,
com metas que envolvem um elevado grau de
expectativa. Caso alcancem essas metas, eles recebem
grandes recompensas por seus esforços. Esse perfil de
profissional é muito explorado nas grandes corporações,
que se beneficiam do potencial de pessoas dispostas a
escalarem todos os degraus dos planos de carreira
oferecidos por essas empresas. Mas, será que o retorno
financeiro e tão somente apenas o sucesso profissional
são capazes de suprir as necessidades de satisfação com a
vida?

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SATISFAZEDORES
As pesquisas revelaram que não. Na verdade, os resultados
revelaram que os maximizadores têm níveis mais baixos de
satisfação, felicidade, otimismo e autoestima em suas vidas
(Bubic, 2015; Diab, Gillespie & Highhouse, 2008; Nyland,
2004; Schwartz et al., 2002). Estes fatores, segundo os
pesquisadores, pode ser decorrente dos muitos desafios
cognitivos envolvidos no processo de maximização. Essas
pessoas tendem a confiar em influências externas, como
comparações sociais ascendentes e, portanto, sentir
arrependimento e ansiedade sobre o que "poderia ter sido
melhor" (Parker, de Bruin e Fischnoff, 2007). Um estudo de
Polman (2010) descobriu que, de fato, os maximizadores são
melhores na tomada de decisões, mas suas experiências
subjetivas desses resultados demonstraram uma menor satisfação
com a vida.

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SATISFAZEDORES
Um estudo realizado entre graduados de uma universidade
que foram identificados com perfis de maximizadores
revelou que eles eram 20% mais propensos a obterem um
emprego melhor remunerado do que os satisfazedores, isso
devido aos seus esforços extensivos e exaustivos para a
melhor opção possível (Parker, de Bruin e Fischnoff,
2007). No entanto, eles também foram relatados como
sendo menos satisfeitos após a busca de emprego, já que
eles se concentraram apenas nas características externas
(salário) e desconsideraram outras características
importantes da satisfação no trabalho (Parker, deBruin e
Fischnoff, 2007). A maximização foi, contudo, associada a
um grande problema...

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SATISFAZEDORES
A pesquisa descobriu que o estilo maximizador de tomada de
decisão tem um forte vínculo com o perfeccionismo negativo
(Bubic, 2015; Nyland, 2004).

"Os perfeccionistas negativos tendem a estabelecer metas


irrealistas e inalcançáveis, e não experimentam
autocompaixão e auto aceitação quando esses objetivos não
são atendidos" (Nyland, 2004).

Os maximizadores geralmente exibem ansiedade e angústia


por não terem melhores resultados e, portanto, têm menor
satisfação com a vida devido à sua incapacidade de atingir
esses padrões elevados (Nyland, 2004; Zhang, Yiqun &
Cham, 2007).

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SATISFAZEDORES
“A experiência debilitante do esgotamento cognitivo e
emocional está associada a esses perfeccionistas negativos
devido à persistente sobrecarga cognitiva da autocrítica e da
comparação social” (Zhang, Yiqun & Chan, 2007).

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OS BENEFÍCIOS DA TOMADA DE DECISÃO
DOS SATISFAZEDORES
O estilo de tomada de decisão satisfazedora é o processo de
aceitar um resultado que é "bom o suficiente" (Parker, de
Bruin & Fischnoff, 2007). Pessoas que se encaixam nesse
tipo de perfil colocam suas opções em uma escala ou "limite
de aceitabilidade" (Schwartz, 2002). A busca da opção "boa o
suficiente" geralmente excede o limiar de aceitabilidade de
forma mais rápida e objetiva, produzindo assim um resultado
positivo "bom o suficiente". Eles ainda estabelecem metas
altas, mas buscam adequação, ao invés do ideal que requeira
um grande esforço cognitivo e o potencial de uma explosão
de estresse (Diab, Gillespie & Highhouse, 2008).

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OS BENEFÍCIOS DA TOMADA DE DECISÃO
DOS SATISFAZEDORES

Não foram identificados entre os


satisfazedores vínculos estatisticamente
significativos entre a depressão, a ansiedade e
a baixa satisfação com a vida, em contraste
com o estilo maximizador de tomada de
decisão (Nyland, 2004).

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SATISFAZEDORES E O PERFECCIONISMO
POSITIVO
Os satisfazedores são considerados perfeccionistas
positivos. Semelhantes aos perfeccionistas negativos, eles
se esforçam para obterem padrões elevados em suas
escolhas, no entanto, eles experimentam satisfação,
independentemente de seus objetivos serem atingidos
(Nyland, 2004).

“Uma correlação significativa também foi encontrada


entre o perfeccionismo positivo e a satisfação com a vida
(Nyland, 2004)”.

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SATISFAZEDORES E O PERFECCIONISMO
POSITIVO
O componente que distingue os satisfazedores dos
maximizadores é o grau de aceitabilidade e adaptabilidade.
Os satisfazedores aceitam as decisões que fizeram (mesmo
que o fizeram de maneira "errada"), e também podem
adaptar e alterar seus objetivos a um nível mais realista.
Eles são descritos como mais flexíveis e têm menos metas
"fixas". Os perfeccionistas positivos, como os
satisfazedores, possuem uma melhor capacidade de se
adaptarem quando se trata do estabelecimento de metas, ou
seja, eles possuem uma melhor capacidade de autocontrole
cognitivo (Zhang, Yiqun & Chan, 2007).

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SATISFAZEDORES E O PERFECCIONISMO
POSITIVO

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TOMANDO BOAS DECISÕES
O estabelecimento de padrões elevados para nós mesmos
não conduz, necessariamente, a resultados negativos. É
tudo sobre como lidamos com esse processo. Enquanto
nossos resultados desejados forem realistas, alcançáveis e
focados em recompensas internas, ou seja, que nos tornem
satisfeitos, felizes e, principalmente, que façam sentido
para as nossas vidas, estaremos no caminho certo. Se
nossos objetivos não forem alcançados, geralmente
experimentaremos emoções negativas e cansaço
emocional. Mas, se tivermos o potencial de aceitar essas
limitações, praticando a autocompaixão e a gratidão, nos
tornaremos mais flexíveis e resilientes.

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TOMANDO BOAS DECISÕES
Ao aceitarmos nossa realidade, adquirimos também o
potencial de sermos capazes de alcançar a satisfação e,
consequentemente, níveis de felicidade mais elevados. Nos
tornamos seres satisfeitos em todas as esferas da vida, sem
o peso da autocobrança excessiva, mas compassivos para
com nós mesmos e menos preocupados com o
perfeccionismo negativo, fruto de expectativas elevadas
que nos levam, quase sempre, a experimentarmos
frustrações elevadas. Ao invés disso, passaremos a encarar
nossas frustrações como algo positivo, pois já não serão
mais vistas apenas como derrotas, e sim, como tentativas
que não deram certo na primeira vez, sem desistirmos.

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REFERÊNCIAS
Bubic, A. (2015). The role of perfectionism and emotional regulation in explaining decision-making
styles. Drustrena Istraziranja, 24(1), 69-87
Diab, D.L., Gillespie, M.A., & Highhouse, S. (2008). Are maximizers really unhappy? The measurement of
maximizing tendency. Judgment and Decision Making, 3(5), 364-370.
Iyengar, S.S., Wells, R.E., & Schwartz, B. (2006). Doing better but feeling worseL Looking for the “best” job
undermines satisfaction. Psychological Science, 17(2), 143-150.
Nyland, J.E. (2004) Dysfunctional cognitions: Associations with perfectionist thinking utilizing the positive
and negative perfectionism construct. McNair Scholars Journal, 8(1), 61-68.
Parker, A.M., deBruin, W.B., & Fischnoff, B. (2007). Maximizers versus satisficers: Decision making styles,
competence, and outcomes. Judgement and Decision Making, 2(6), 342-350.
Polman, E. (2010) Why are maximizers less happy than satisficers? Because they maximize positive and
negative outcomes. Journal of Behavioral Decision Making, 23(2), 179-190
Schwartz, B., Ward, A., Monterosso, J., Lyumbomirsky, S., White, K., & Lehman, D.R. (2002). Maximizing
versus satisficing. Happiness is a matter of choise. Journal of Personality and Social Psychology, 83(5), 1178-
1197.
Zhang, Y., Yiqun, G., & Chan, H. (2007). Perfectionism, academic burnout and engagement among Chinese
college students: A structural equation modeling analysis. Personality and Individual Differences, 43, 1529-
1540
Iyengar, S. S., Wells, R. E., & Schwartz, B. (2006). Doing better but feeling worse: Looking for the
“best” job undermines satisfaction. Psychological Science, 17(2), 143-150.

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