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TEMAS EM DEBATE

O PASSADO QUE NÃO PASSA: A


ATUALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO
DO MÉTODO EM MARX PARA A
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Anita C. Azevedo Resende 1

Resumo: O texto discute a atualidade da contribuição do método dialé-


tico, a partir de considerações de Marx. Decorridos mais de um século da
sua morte, e ainda se fazendo atuais estruturas e processos sociais con-
temporâneos a Marx, ainda é tempo de revisitar as questões por ele le-
vantadas com relação às condições e possibilidades do conhecimento da
realidade e, em decorrência, da intervenção direcionada e intencional nos
desenvolvimentos históricos. Compreendendo que o professor é tributário
dessa dupla exigência teórica e prática, o conhecimento rigoroso e a ação
direcionada à práxis social, postula-se a atualidade da contribuição de
Marx especialmente no que concerne à determinação material da cons-
ciência e da realidade, aos desafios do pensamento científico e à consi-
deração, entre mais, das relações entre aparência e essência, singular e
universal, abstrato e concreto, presente e passado.

Palavras-chave: Método em Marx; Dialética; Marxismo.

D e início, em tempos de tantos singularismos e particulari-


zações, pode ser pedagógico começar por reafirmar que a

1 Graduada em Psicologia; Mestre em Psicologia (Psicologia Social) pela Pon-


tifícia Universidade Católica de São Paulo; Doutora em Ciências Sociais pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com Pós-Doutorado pela Fa-
culdade de Educação da Universidade de São Paulo. Professora titular da
Universidade Federal de Goiás, atuando no Curso de Graduação em Pedago-
gia e no Programa de Pós-Graduação (M-D) em Educação.

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grande novidade da análise proposta por Marx acerca da socie-
dade não foi exatamente o fato de ser socialista, até porque exis-
tiram socialistas antes dele, mas a sua pretensão de realizar uma
análise “científica” dos processos históricos em desenvolvimen-
to tomando-os a partir do movimento real e não de um estado
ideal a se constituir ou resgatar. Os estudos de economia políti-
ca e a relação direta com o movimento operário de seu tempo,
especialmente após os anos de 18402, constituirão as bases da
ruptura de Marx com todo plano teórico-ideológico existente até
então e se manterão em sua teoria social. Aqui já se inscrevem
registros que serão sustentados e permanecerão no desenvolvi-
mento do conjunto de sua teoria: a afirmação da determinação
da produção material na constituição das relações sociais, da re-
alidade, do pensamento e, também, a afirmação da articulação
de todas essas relações numa totalidade complexa que não se dá
a conhecer imediatamente e exige investigação rigorosa para ser
compreendida. Estão em causa, portanto, a solidariedade entre
a determinação material de toda realidade, a totalidade signifi-
cativa que daí deriva e a exigência do método científico rigoroso
para descortinar essa totalidade. A produção concreta da realida-
de e da história faz exigências ao conhecimento e o método não
reporta abstratamente às questões da epistemologia enquanto
movimento da ideia, mas, sim, à práxis histórica.

A teoria social de Marx nasce da elaboração da realidade,


dela é tributária e nela deve encontrar sua afirmação. O

2 Os anos de 1840 foram especialmente importantes para o desenvolvimen-


to das análises de Marx, para o seu acerto de contas com a tradição teóri-
co-científica existente e a constituição das bases de sua teoria social. No
lastro de suas implicações com os desenvolvimentos históricos do tempo,
Marx produzirá, entre mais, textos que são particularmente emblemáticos
da viragem teórico-ideológica que estava em curso: Manuscritos Econômi-
cos Filosóficos, de 1844, Sagrada Família ou Crítica da Crítica Crítica: Con-
tra Bruno Bauer e seus Consortes (em conjunto com Engels), de 1845, Teses
sobre Feuerbach, de 1845 e Ideologia Alemã (em conjunto com Engels), de
1845/1846.

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reconhecimento da natureza histórica do objeto de análise ins-
titui, já de início, a teoria com a abertura necessária à captação
de processos históricos em desenvolvimento. Já em dezembro
de 1846, numa carta dirigida a Pavel V. Annenkov no contexto
de suas discussões com Proudhon, Marx indica a determinação
material da realidade, do conhecimento, do pensamento, da to-
talidade social.

O que o Sr. Proudhon não soube ver é que os homens


produzem também, conforme suas faculdades produtivas, as
relações sociais nas quais produzem a seda e o tecido. E, ainda,
não soube ver que os homens, que produzem as relações so-
ciais segundo a produção material, criam também as ideias, as
categorias, isto é, as expressões abstratas ideais destas mes-
mas relações sociais. Portanto, estas categorias são tão pouco
eternas quanto as relações que expressam. São produtos his-
tóricos e transitórios. (MARX,1982, p. 212).

A “falta de conhecimentos históricos” de Proudhon o im-


pediu de compreender que os homens desenvolvem entre si re-
lações que se modificam em razão das “faculdades produtivas”.
Em decorrência dessa desconsideração da determinação histó-
rica, Proudhon não compreendeu também que as “categorias
econômicas” são “abstrações” dessas relações reais e “que so-
mente são verdades enquanto estas relações subsistem”. (MARX,
1982, p. 210). Assim, incorre “no erro dos economistas burgueses,
que vêem nestas categorias econômicas leis eternas e não leis
históricas, válidas exclusivamente para certo desenvolvimento
histórico, desenvolvimento determinado pelas forças produti-
vas.” (MARX, 1982, p. 211).
As relações concretas materiais e historicamente deter-
minadas entre os homens determinam a totalidade da vida so-
cial e a compreensão dessa totalidade exige compreender que
as categorias econômicas e políticas “são abstrações de relações

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sociais reais, transitórias, históricas.” (MARX, 1982, p.211). En-
quanto elaborações que sintetizam uma realidade social que se
modifica, a teoria capta o movimento do real e é ela própria tão
transitória quanto seja a realidade que lhe dá origem. Vinculada
à história, à realidade que lhe dá origem e à totalidade da qual
é síntese, a teoria é aberta aos desenvolvimentos e processos no
curso da história e deve acolhê-los. Se a teoria não nasce da pró-
pria ideia ela tampouco nasce de uma objetividade a-histórica
e imutável. E, enquanto síntese da totalidade que se articula na
realidade concreta, a teoria é história, práxis social.
Essa determinação material é efetiva para Marx e permite
compreender que a elaboração que se sintetiza na teoria, na ca-
tegoria, no pensamento valerá enquanto durarem as condições
materiais-históricas que lhe deram origem. É bem verdade que,
nos desenvolvimentos do marxismo, essa lição de Marx parece
não ter sido aprendida. Afinal, não foram poucas as vezes que a
materialidade histórica como fundamento da teoria foi abando-
nada e deu lugar a interpretações mecanicistas que contradiziam
a natureza histórica do próprio objeto de análise de Marx. Não
foram poucas as interpretações mecanicistas e reducionistas que
ora flertaram tanto com o objetivismo mecanicista ou positivista
quanto com um subjetivismo idealista. Não foram poucas as in-
terpretações que, negando essa natureza histórica do objeto de
análise, deixaram para trás a vinculação da teoria social com a
sua base histórica naturalizando, eternizando e cristalizando as
interpretações de Marx.
A tomar essa determinação como fundamento, é necessá-
rio submeter a própria teoria marxista à indicação de que sua
verdade consiste em ser síntese teórica de uma totalidade articu-
lada numa realidade social concreta. Portanto, sua validade de-
pende da permanência das condições que lhe deram origem. Re-
tomando a advertência do próprio Marx de que “Dom Quixote já
pagou pelo erro de presumir que a cavalaria andante seria igual-
mente compatível com todas as formas econômicas da socieda-

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de” (MARX, 1983, p. 77) e evitando os riscos dos reducionismos
de qualquer espectro é que se devem questionar a atualidade e a
validade da teoria marxista a partir de Marx mesmo.
A determinação histórica da elaboração científica já se
anuncia na crítica que Marx fará aos neo-hegelianos para quem
a verdade é “um autômato que se demonstra a si mesmo” (MARX,
s/d, p.119), vez que “exclui do movimento histórico o comporta-
mento teórico e prático do homem perante a natureza” (MARX,
s/d, p. 226), e que compreendem que a história nasce não do
“produto grosseiramente material que se faz sobre a terra, mas
sim das brumas nuvens que pairam sobre o céu.” (MARX, s/d, p.
227). Afinal, não são os produtos da consciência, os pensamen-
tos, os conceitos os “verdadeiros grilhões dos homens”. “Não é
a consciência que determina a vida, mas a vida que determina
a consciência.” (MARX, 1991, p.37). Os grilhões não se produ-
zem na consciência, são produzidos pelas condições materiais.
Assim, compreendendo que “seus grilhões e seus limites são
produtos de sua consciência, os jovens hegelianos, consequen-
temente, propõem aos homens esse postulado moral: trocar sua
consciência atual pela consciência humana, crítica ou egoísta,
removendo com isso seus limites.” (MARX, 1991, p.26). Ao pro-
cederem assim, “não combatem de forma alguma o mundo real
existente” (MARX, 1991, p. 26), ao contrário. Um novo tipo de
saber deve tomar o lugar da especulação da vida real e aí ins-
taurar a “ciência real, positiva, a exposição da atividade prática,
do processo prático de desenvolvimento dos homens. As frases
ocas sobre a consciência cessam, e um saber real deve tomar seu
lugar” (MARX, 1991, p.38).
A ciência apreende cada realidade existente no “fluxo do seu
movimento, portanto também com seu lado transitório” (MARX,
1983, p.21), e investiga os nexos constitutivos da produção dessa
realidade, isto é, não postula verdades eternas. Numa su-
gestiva anotação acerca dos limites da Economia Política Clássica,
Marx aponta para a distinção fundamental entre o conhecimento

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que sintetiza o movimento do real daquele que cristaliza, natura-
liza e transforma em verdades eternas as ideias banais que ocul-
tam e confirmam o existente como se isso dependesse das ideias e
não dos processos e estruturas que se desenvolvem na realidade.

E para esclarecer de uma vez por todas, entendo com Eco-


nomia Política Clássica toda economia desde W. Petty que
investiga o nexo interno das condições de produção burgue-
sas como antítese da economia vulgar, que apenas se move
dentro do nexo aparente, rumina constantemente de novo
o material, já há muito fornecido pela economia científica
oferecendo um entendimento plausível dos fenômenos, por
assim dizer, mais grosseiros e para uso caseiro, da burguesia,
e limita-se, de resto, a sistematizar, pedantizar e proclamar
como verdades eternas as ideias banais e presunçosas que os
agentes da produção burguesa formam sobre o seu mundo,
para eles o melhor possível. (MARX, 1983, p. 76).

A ciência apanha os nexos internos, sua historicidade e


não os naturaliza.3 Ao contrário de eternizar o existente, a ciên-
cia apreende processos e estruturas do real nos seus desenvolvi-
mentos e sintetiza aquilo que na realidade se revela ao processo
de investigação: a totalidade que se articula a partir de relações
sociais concretas e determinadas. Nada do universo das coisas
ou dos homens tem outra origem que não seja uma complexa teia
de relações entre homens em condições históricas determinadas.

3 Sequer a natureza escapa a esse suposto. “Depois que o capital precisou de


séculos para prolongar a jornada de trabalho (...) ocorreu a partir do nasci-
mento da grande indústria (...) um assalto violento e desmedido como uma
avalancha. Toda barreira interposta pela moral e pela natureza, pela ida-
de ou pelo sexo, pelo dia ou pela noite foi destruída. Os próprios conceitos
de dia e noite, rusticamente simples nos velhos estatutos, confundiram-se
tanto que um juiz inglês, ainda em 1860, teve que empregar argúcia verda-
deiramente talmúdica, para esclarecer ‘juridicamente’ o que seja dia e o que
seja noite. O capital celebrava suas orgias.” (MARX, 1983, p. 220).

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Indivíduos, coisas, pensamentos, representações ou ideias
são constituídos e constituem uma complexa rede de relações
sociais determinadas em formações históricas específicas. Cada
indivíduo é articulado num feixe de relações sociais, produto
de uma trama complexa de relações que são determinadas para
além de si histórica e socialmente. “Um negro é um negro. Ape-
nas dentro de determinadas condições ele se torna um escravo.
Uma máquina de fiar algodão é uma máquina de fiar algodão. Ela
se transforma em capital apenas em condições determinadas.”
(MARX, s/d A, p. 69).
Essas necessárias relações sociais derivam de uma com-
plexa condição de interdependência, de dependência recíproca.
“Na produção os homens não agem apenas sobre a natureza,
mas também uns sobre os outros. Eles somente produzem co-
laborando de uma determinada forma e trocando entre si suas
atividades.” (MARX, s/d A, p 69). Essa dependência recíproca não
é uma escolha individual, mas uma condição humana universal
inscrita no fato de que “o primeiro pressuposto de toda existên-
cia humana e, portanto, de toda história, é que os homens devem
estar em condições de viver para ‘fazer história’. Mas para viver,
é preciso antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se...”
(MARX, 1991, p. 39). Essa é a base terrena da história: a condição
da existência humana é que o homem vem ao mundo portador
de necessidades e seu primeiro ato histórico é “a produção de
meios que permitam a satisfação dessas necessidades, a produ-
ção da própria vida material.” A incompletude, as necessidades
são o fundamento da sociabilidade humana porque daí deriva
a produção dos instrumentos de satisfação dessas necessidades
que “conduzem a novas necessidades” e à renovação da vida na
criação e procriação de novos homens e novas e complexas rela-
ções sociais. (MARX, 1991, p. 39-41).
A condição de dependência funda as relações sociais. O
homem “não vem ao mundo com um espelho, nem como um fi-
lósofo fichitiano: eu sou eu, o homem se espelha primeiro em

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outro homem. Só por meio da relação com o homem Paulo, como
seu semelhante, reconhece-se o homem Pedro a si mesmo como
homem.” (MARX, 1983, p.57). A dependência é o fundamento
da objetivação, do trabalho, da troca, da cooperação, da divisão
do trabalho, da complexificação das relações, da contradição, da
consciência, da alienação. Na condição de quem pelo trabalho e
“por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo
com a natureza” (MARX, 1983, p.149), o homem produz a histó-
ria a partir das condições que herda para tal. Suas objetivações
não se efetivam de qualquer forma ou a partir das suas próprias
decisões. Primeiro porque “Os homens fazem sua própria his-
tória, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circuns-
tâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam
diretamente ligadas e transmitidas pelo passado. A tradição de
todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro
dos vivos.” (MARX, s/d A, p. 203). Ademais, as próprias represen-
tações da consciência que derivem em escolhas aparentemente
individuais estão, elas próprias, entrelaçadas “com a atividade
material e com o intercâmbio material dos homens (...) Os ho-
mens são produtores de suas representações, de suas idéias, mas
como homens reais e ativos tal como se acham condicionados
por um determinado desenvolvimento de suas forças produti-
vas e pelo intercâmbio que a ele corresponde (...).” (MARX, 1991,
p.37). A condição ontológica da dependência, da exteriorização,
da relação com a objetividade se submete à práxis histórica na
medida em que se realizará em condições historicamente deter-
minadas - a ontologia se subordina à práxis.

Na produção, os homens não agem apenas sobre a nature-


za, mas também uns sobre os outros. Eles somente produzem
colaborando de uma determinada forma e trocando entre si
suas atividades. Para produzirem, contraem determinados
vínculos e relações mútuas e somente dentro dos limites des-
ses vínculos e relações sociais é que se opera sua ação sobre

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a natureza, isto é, realiza a produção. Essas relações que os
produtores estabelecem entre si e as condições dentro das
quais eles trocam suas atividades, tomando parte no conjunto
da produção, variarão de acordo com o caráter dos meios de
produção. (...) Do mesmo modo, as relações sociais de acordo
com as quais os indivíduos produzem, as relações sociais de
produção, alteram-se, transformando-se com a modificação
e o desenvolvimento dos meios materiais de produção, das
forças produtivas. Em sua totalidade as relações de produção
formam o que se chama de relações sociais, a sociedade, e
particularmente, uma sociedade num estágio determinado de
desenvolvimento histórico, uma sociedade com caráter dis-
tintivo, peculiar. (MARX, s/d A, p. 69).

As condições das objetivações, da ação dos homens para


produzirem sua existência, do trabalho, estão condicionadas e
determinadas pelo desenvolvimento de uma sociedade inscrita
numa particularidade histórica, ainda que não apareçam dessa
forma. Coisas e pessoas, processos e estruturas que parecem ser
naturais e eternos como se fossem dotados de vida própria são
frutos dessas relações de reciprocidade que constituem pessoas,
coisas, sentidos, ideias. As objetivações humanas são trabalho
vivo que acorda o morto tanto em formas de produção materiais
quanto espirituais.
Deriva compreender que as ações humanas são condi-
cionadas e determinadas ao tempo que esses condicionantes e
determinantes históricas são, eles próprios, frutos de ações hu-
manas, terrenas e não vêm das brumas do céu. Por mais que se
queira afirmar que a história se faz pela ação de pessoas ou per-
sonagens providenciais, ou pela ação das elites de qualquer no-
meação ou mesmo pelos desenvolvimentos da tecnologia, o que
Marx revela é que o desenvolvimento dos processos e estruturas
sociais diz respeito a relações sociais de produção articuladas a
um estágio particular de desenvolvimento das forças produtivas.

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Dessa perspectiva, Marx está constituindo as formas sociais do
trabalho e da propriedade como fundamento da produção das
relações sociais na totalidade do que significam material e espi-
ritualmente, objetiva e subjetivamente, social e culturalmente.4
Esse fundamento, que alcança todas as esferas da produção hu-
mana, não se pouparia ao desafiar o próprio pensamento cien-
tífico ao, contraditoriamente, constituir as condições objetivas
para Marx propor um método “cientificamente exato” que des-
cobrisse “o cerne racional dentro do invólucro místico” (MARX,

4 Importante observar que não se pode derivar daí, da afirmação de que todo
processo da vida social está determinado pelo modo de produção, uma vin-
culação mecânica entre ambos. Não escapará a Marx a compreensão de que
a contradição entre as relações sociais de produção e os diferentes estágios
de desenvolvimento das forças produtivas é o mecanismo fundamental da
transformação social.
“O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu-me de fio
condutor aos meus estudos, pode ser formulado em poucas palavras: na
produção social da própria vida, os homens contraem relações determina-
das, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas
que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento das forças
produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a es-
trutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma su-
perestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais deter-
minadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona
o processo em geral de vida social, político e espiritual. Não é a consciência
dos homens que determina seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que
determina sua consciência. Em uma certa etapa do seu desenvolvimento, as
forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as re-
lações de produção existentes ou, o que nada mais é do que a sua expressão
jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais aquelas até então
se tinham movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, es-
sas relações se transformam em seus grilhões. Sobrevém então uma época
de revolução social. Com a transformação da base econômica, toda enorme
superestrutura se transforma com maior ou menos rapidez. (...) Assim como
não se julga o que um indivíduo é a partir do julgamento que ele se faz de
si mesmo, da mesma maneira não se pode julgar uma época de transforma-
ção a partir de sua própria consciência; ao contrário, é preciso explicar essa
consciência a partir das contradições da vida material, a partir do conflito
existente entre as forças produtivas sociais e as relações de produção. (...)”
(MARX, 1978, p.129-130)

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1983, p.21) da dialética idealista. O próprio método é determina-
do pela história e nela encontra sua validade.
Afinal, como proceder de outra forma se, como fruto do
próprio processo histórico, “os homens e suas relações aparecem
invertidos como numa câmara escura” (MARX, 1991, p. 37) e a
realidade não se dá a conhecer imediatamente? E como garantir
o “cerne racional” que permita desatar o nó da complexidade da
totalidade que se articula na realidade?
De início, deve-se evitar reduzir o método dialético, tal
qual proposto por Marx, a um conjunto de regras, informações
ou tópicos que, se seguidos corretamente, garantiriam a apreen-
são da realidade, do objeto de análise5. Qualquer que seja a reali-
dade sobre a qual o pensamento se debruce, a exigência primeira
é tomá-la nas suas mediações, nas suas articulações internas, na
sua totalidade. Para isso, é necessário despojar o pensamento de
formas habituais e impressionistas, entendendo que qualquer
realidade, por mais que se manifeste de uma forma singular ou
particularizada, é constituída por um conjunto de relações, é
articulada em diferentes níveis a mediações de ordens diversas
e sintetiza em si uma totalidade histórica aberta na qual estão
em causa processos sociais presentes e pretéritos, singulares e
universais, simples e complexos, individuais e coletivos. A apre-
ensão da totalidade implicada na realidade é o fundamento do
método que recusa a consciência como gênese do real.

Por sua fundamentação, meu método dialético não só difere


do hegeliano, mas é também a sua antítese direta. Para Hegel,
o processo de pensamento, que ele, sob o nome de idéia,
transforma num sujeito autônomo, é o demiurgo do real, real
que constitui apenas a sua manifestação externa. Para mim,

5 Na esteira da conversão da questão do método em metodologia e do conhe-


cimento em regras, formas e instrumentos, não são poucas as propostas de
instrumentalizar a dialética, oferecendo fórmulas de proceder e operaciona-
lizar sua “aplicação” em manuais de diferentes origens e igual inconsistência.

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pelo contrário, o ideal não é nada mais que o material, trans-
posto e traduzido na cabeça do homem. (MARX, 1983, p. 20).

De início, em Marx, a dialética alcança a “configuração ra-


cional” e, no entendimento positivo do existente, “ela inclui ao
mesmo tempo o entendimento da sua negação, da sua desapa-
rição inevitável; porque apreende cada forma existente no flu-
xo do movimento, portanto, também com seu lado transitório;
porque não se deixa impressionar por nada e é, em sua essência,
crítica e revolucionária.” (MARX, 1983, p.21).
O comprometimento da dialética é com o real, portanto,
com a atividade humana, que é a fonte exclusiva de constituição
da realidade e da história. Se a realidade é resultado da práxis
humana, também o são as condições e possibilidades do conhe-
cimento. O conhecimento está inserido na práxis, seu funda-
mento e critério de veracidade. Já nas teses sobre Feuerbach,
Marx anunciava que “o principal defeito de todo materialismo
(incluindo o de Feuerbach) consiste em que o objeto, a realidade,
a sensibilidade, só é apreendido sob a forma de objeto ou de intui-
ção, mas não como atividade humana sensível, como práxis, não
subjetivamente.” (MARX, 1881, p.11. Grifos do autor).
Se é assim, não bastaria ultrapassar a intuição e buscar
um retrato da realidade numa descrição detalhada de sua mani-
festação, na busca de causalidades no seu funcionamento como
propõem algumas epistemologias para apreender aí o processo
real da constituição do objeto, da atividade humana que aí se
deposita? Não bastaria a apreensão da realidade tal qual ela se
apresenta para aí ser revelada a expressão da atividade humana?
A expressão imediata de toda realidade objetiva não revelaria
por si mesma a inteireza dessa realidade? O existente não revela
por si só aquilo que o constitui? Ou, dito de outra forma, a apa-
rência, a representação imediata, o presente, o singular, a par-
te, não revelam por si só a história, as relações sociais que aí se
sintetizam? Na aparência manifesta dos processos sociais, das

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estruturas que sustentam a sociedade ou do indivíduo não es-
tão revelados por si os complexos processos sociais e históricos
que aí se entrecruzam? Se a resposta a essas questões for sim, de
fato uma fotografia ou a mera descrição da realidade revelariam
a transparência das relações sociais. Fossem elas transparentes!
Contudo, a não ser em nome do engano, não se pode res-
ponder afirmativamente a essas questões, porque os processos
que envolvem a produção e a reprodução da sociedade não são
transparentes e racionais. “A figura do processo social da vida,
isto é, do processo de produção material, apenas se desprenderá
do seu místico véu nebuloso quando, como produto de homens
livremente socializados, ela ficar sob seu controle consciente e
planejado.” (MARX, 1983, p. 76). O processo de produção da re-
alidade não é transparente e as diferentes formas pelas quais se
apresenta em objetos parcelares não revela a totalidade que aí se
articula, as mediações que o constituem, a história que nele se
recria, a universalidade na qual se insere.
Assim é que a mercadoria, na forma como se apresenta
imediatamente, pode ser tomada como algo muito simples: “um
objeto externo, uma coisa, a qual pelas suas propriedades satis-
faz necessidades humanas de qualquer espécie.” (MARX, 1983, p.
45). Na sua forma manifesta, está oculta a sua determinação fun-
damental de ser trabalho humano realizado em condições deter-
minadas. Nesse enigma, se opera a inversão pela qual a merca-
doria, que é criada pela objetivação humana, parece ganhar vida
própria e comandar a vida do seu criador. “O misterioso da forma
mercadoria, consiste, portanto, simplesmente no fato de que ela
reflete aos homens as características sociais do seu próprio tra-
balho, como propriedades naturais sociais dessas coisas e, por
isso, também reflete a relação social dos produtores com o traba-
lho total como uma relação existente fora deles, entre objetos.”
(MARX, 1983, p. 71). Produtos do trabalho humano aparecem
nas mercadorias “dotados de vida própria, figuras autônomas,
que mantêm relações entre si e com os homens.” A esse proces-

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so, Marx chamará de fetichismo, que provém “do caráter peculiar
do trabalho que produz mercadorias” (MARX, 1983, p. 71) e é a
verdade revelada pela concreticidade da sociedade mercantil.
O mesmo véu nebuloso que oculta a objetividade, a his-
tória, o trabalho, envolve diferentes expressões da realidade. O
fetichismo não se esgota na mercadoria, na qual relações entre
coisas aparecem como relações entre pessoas, e alcança as rela-
ções sociais entre pessoas, que aparecem aos indivíduos como
relação entre coisas. Na sua representação, o indivíduo se apre-
senta livre, autônomo, senhor do seu próprio destino. Contudo,
superada essa aparência, pode-se compreender que essa auto-
nomia do indivíduo é uma representação necessária ao desen-
volvimento da sociedade capitalista. Afinal, “o indivíduo é o ser
social. Sua exteriorização vital (ainda que não apareça na forma
imediata de uma exteriorização vital comunitária, feita em união
com outros) é assim uma exteriorização da vida social.” (MARX,
1984, p. 145). O indivíduo, tal como se apresenta, é uma criação
histórica determinada.

Só no século XVIII, na ‘sociedade burguesa’, as diversas for-


mas do conjunto social passaram a apresentar-se ao indiví-
duo como simples meio para realizar seus fins privados, como
necessidade exterior. Todavia, a época que produz esse ponto
de vista, a do indivíduo isolado, é precisamente aquela em
que as relações sociais alcançaram o mais alto grau de desen-
volvimento. (MARX, 1978, p. 104).

Superada a aparência de sua manifestação, a forma do in-


divíduo desmente sua autonomia e liberdade. Da mesma forma,
a análise de Marx revela que os fatos da história não se reduzem
à forma manifesta da ação de indivíduos aparentemente isola-
dos. Os acontecimentos históricos são fruto da ação de sujeitos
coletivos que representam interesses de classe ou de frações de
classe que são derivados das condições peculiares de uma época.

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“Quando, porém, se examina mais de perto a situação e os parti-
dos, desaparece essa aparência superficial que dissimula a luta de
classes e a fisionomia peculiar da época.” (MARX, s/d A, p. 224).
A realidade oculta, na sua expressão aparente e imediata,
a totalidade que a constitui. E essa não é uma derivação de uma
consciência enganada e, sim, antes, uma condição do processo
social. Assim, é preciso abandonar a questão de que é possível
uma verdade objetiva, neutra, que seja exercício de um sujeito
cognoscente individual e desinteressado. Esse sujeito que se si-
tua sobre o céu e a terra não existe. As condições do conhecimen-
to são as condições dispostas pela história na constituição do
sujeito e do objeto. O conhecimento da verdade objetiva acerca
da realidade “não é uma questão teórica, mas prática. É na prá-
tica que o homem deve demonstrar a verdade, isto é, a realidade
e o poder, o caráter terreno do seu pensamento.” (MARX, 1991,
p.12). O conhecimento é tributário da historicidade, da totalida-
de que se sintetiza no objeto e implica a análise científica dos
processos e estruturas implicados nas formas da vida humana.
Assim, se a aparência, a representação, a intuição são o
ponto de partida, elas não podem ser o ponto de chegada. Operar
o “método cientificamente exato” implica apreender as media-
ções constitutivas do objeto, superar a abstração da representa-
ção imediata para apreender a totalidade significativa que sinte-
tize o concreto elaborado na categoria.

O concreto é concreto porque é a síntese de muitas determi-


nações, isto é, unidade no diverso. Por isso o concreto aparece
ao pensamento como o processo da síntese, como resultado,
não como ponto de partida, ainda que seja o ponto de partida
efetivo e, portanto o ponto de partida também da intuição e
da representação.” (MARX, 1978, p. 116).

Dessa perspectiva, o concreto é a síntese que articula a to-


talidade significativa do objeto e não a sua existência imediata

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e palpável. Ao contrário, considerando o fetichismo da socieda-
de, há de se compreender que a realidade “palpável” é tão pouco
compreendida nas suas determinações, que é abstrata e incom-
preensível ao sujeito; enquanto a realidade que se compreende
nas suas mediações é, de fato, concreta. O concreto é síntese ela-
borada no pensamento da realidade histórica.
Realizar esse empreendimento comprometido com a tota-
lidade significa tomar a realidade como se apresenta e buscar
apreender as relações e os processos que são constitutivos do
real. Isso implica se deslocar do imediato ao mediato, do simples
ao complexo, do abstrato ao concreto, do singular ao universal,
da parte ao todo, do presente ao passado para elaborar a síntese
articulada numa totalidade significativa. Essa totalidade, elabo-
rada teoricamente no pensamento, não conduz a realidade, ao
contrário, é conduzida por ela e com ela não tem correspondên-
cia empírica imediata. Ao contrário da epistemologia positivista,
que zela por essa correspondência empírica, o concreto enquan-
to síntese lógica da realidade histórica se afirma enquanto prá-
xis, enquanto desenvolvimento. Essa é uma questão importante
do ponto de vista da epistemologia dialética que, se não sustenta
sua verdade na empiria imediata, também não trata de explicar,
prever e controlar o fluxo dos movimentos históricos, podendo,
quando sim, compreender e anunciar tendências do desenvolvi-
mento.
Ainda quanto a algumas indicações de Marx acerca do mé-
todo “cientificamente exato” no que concerne à relação entre o
passado e o presente, está em causa a inversão do modelo histo-
riográfico convencional. Em O Capital, ao se propor pesquisar “o
modo de produção capitalista e as suas relações correspondentes
de produção e de circulação”, Marx decide por sua “localização
clássica”, estudar a Inglaterra, porque, afinal, “o país industrial-
mente mais desenvolvido mostra ao menos desenvolvidos tão-
-somente a imagem do seu próprio futuro.” (MARX, 1983, p. 12).
O mais desenvolvido aponta as leis de desenvolvimento que se

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realizaram, se romperam, foram concluídas ou continuaram. As-
sim se compreende, nessa rota oposta, que é o presente que tem
a chave do passado, que elucida o passado que não passou e se
recria, e não o contrário.

A sociedade burguesa é a organização histórica mais desen-


volvida, mais diferenciada da produção. As categorias que
exprimem suas relações, a compreensão de sua própria ar-
ticulação, permitem penetrar na articulação e nas relações
de produção de todas as formas de sociedade desaparecidas,
sobre cujas ruínas e elementos se acha edificada, e cujos ves-
tígios, não ultrapassados ainda, leva de arrastão desenvol-
vendo tudo o que antes fora apenas indicado que toma as-
sim toda a sua significação, etc. A anatomia do homem é a
chave da anatomia do macaco. O que nas espécies animais
inferiores indica uma forma superior não pode, ao contrário,
ser compreendido senão quando se conhece a forma superior.
A Economia Burguesa fornece a chave da economia da Anti-
guidade, etc. Porém não conforme o método dos economistas
que fazem desaparecer todas as diferenças históricas e vêem
a forma burguesa em todas as formas de sociedade. (MARX,
1978, p. 120).

O comprometimento de Marx não é com a história enciclo-


pédica, tampouco com a história de indivíduos. É com a história
que articula o real, a materialidade das relações entre os homens
na sua atividade vital e em condições particulares. Esse compro-
metimento exige revelar o que se oculta nas manifestações do
real, partindo da parte, da aparência, do abstrato, do simples, da
representação, do presente em direção a uma totalidade essen-
cial, concreta, complexa, elaborada em conceitos e categorias. O
percurso da reflexão dialética implica a construção de uma to-
talidade significativa que retém e sintetiza a realidade histórica
em seus desenvolvimentos. Esse todo, que difere do “tudo” po-

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sitivista, “é um produto do cérebro pensante que se apropria do
mundo do único modo que lhe é possível, modo que difere do
modo artístico, religioso e prático mental de se apropriar dele.”
(MARX, 1978, p. 117) Uma totalidade que sintetiza os desenvol-
vimentos da forma do existente e, enquanto tal, é aberta e tran-
sitória tanto quanto a realidade que lhe dá origem. Trata-se de
uma totalidade resultante de outro modo de apropriar-se do real.
Modo científico, dialético, que desvenda processos, relações, es-
truturas que são ocultas em razão do modo como as relações so-
ciais se produzem e das exigências da funcionalidade e manu-
tenção da sociedade.
A questão é acatar o desafio de compreender que a socie-
dade capitalista enquanto totalidade histórica se articula em vá-
rias totalidades que se criam e recriam cotidianamente e isso é
essencial ao método dialético. Resta saber se vamos nos conten-
tar com o fragmento que “torna sublime o existente”. Resta saber
se a materialidade que deu origem e se sintetizou na propositura
do método dialético de Marx continua constituindo o presente.
Resta saber se a história acabou. Dessas respostas emergem a
atualidade da contribuição de Marx para o descortínio do nosso
mundo e da importância disso para a formação daqueles que se
destinam à produção e socialização do conhecimento.
Aos professores, que por princípio estão vinculados às exi-
gências de uma sólida formação teórica e a uma ação cotidiana
que reporta ao outro e à práxis histórica, se destinam as con-
tribuições que permitam compreender a totalidade que está ar-
ticulada na realidade social, descortinar processos e estruturas
que constituem essa realidade, compreender sua transitoriedade
e historicidade e interferir consciente e intencionalmente na re-
alidade. Esses irão “des-cobrir” e “re-velar” a atualidade do mé-
todo dialético em Marx.

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THE PAST THAT DOES NOT PASS: THE ACTUALITY OF
THE METHOD IN MARX FOR TEACHER TRAINING

Abstract: The paper discusses the current contribution of the dialecti-


cal method, from considerations of Marx. After more than a century of his
death, and still doing contemporary social structures and processes current
Marx, there is still time to revisit the issues raised by him with respect to the
conditions and possibilities of knowledge of reality and, as a result, the tar-
geted and intentional intervention in historical developments. Understand-
ing that the teacher is this double tax theoretical and practical requirement,
the rigorous knowledge and action directed at social praxis, it is postulated
to present the contribution of Marx, especially with regard to determination
of material consciousness and reality, the challenges of scientific thought
and consideration, among more, relations between appearance and es-
sence, singular and universal, abstract and concrete, present and past.

Keywords: method in Marx; Dialectic; Marxism.

REFERÊNCIAS

MARX, Karl. Para a Crítica da Economia Política. In: Os pensadores. São Paulo:
Abril Cultural, 1978.
__________. Miséria da filosofia. São Paulo: Livraria Ed. Ciências Humanas, 1982.
__________ . O Capital I. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
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___________. A Sagrada Família ou Crítica da Crítica Crítica – Contra Bruno Bauer
e Consortes. Lisboa/São Paulo: Ed. Presença/ Ed. Martins Fontes, s/d.
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