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Camargo - Elementos de Automacao - Caps 1-2
Camargo - Elementos de Automacao - Caps 1-2
Introdução à
Automação
Para começar
Este capítulo tem por objetivo definir os conceitos básicos da automação industrial e fornecer uma
visão geral dos seus principais elementos, que serão aprofundados ao longo do livro.
1.1 Conceito
A primeira pergunta a ser respondida é: o que é automação?
Quando programamos um micro-ondas para cinco minutos e pressionamos o botão início,
esperamos que, passado esse tempo, ele se desligue sozinho. Esse processo é automático, ou seja,
acontece sem a intervenção humana. Quando entramos em um elevador e selecionamos o andar de-
sejado no painel, pressumimos que ele pare automaticamente naquele andar. A temperatura interna
de uma geladeira é mantida relativamente constante por um sistema de controle automático, que liga
ou desliga o compressor, conforme necessário.
Assim, um controle automático é aquele em que o próprio dispositivo é capaz de perceber mu-
danças que afetam o sistema, decidir sobre a necessidade de realizar alguma ação corretiva e atuar
sobre o sistema, sem intervenção humana.
Portanto, quando falamos de automação, estamos nos referindo ao processo de instalar
controles automáticos em um equipamento, uma máquina ou um processo.
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16 Elementos de Automação
Introdução à Automação 17
18 Elementos de Automação
Variedade
de produtos
Automação
flexível
Automação
programável
Automação
fixa
Quantidade
produzida
Figura 1.1 - Relação entre a quantidade produzida e a variedade de produtos conforme o tipo de automação.
Introdução à Automação 19
1.2.4.1 CIM
A automação integrada também é conhecida por manufatura integrada por computador ou
CIM (Computer Integrated Manufacturing). É a integração da área de produção com as demais
áreas da fábrica. Trata-se praticamente de uma necessidade das empresas hoje, já que o processo de
decisão é menos sujeito a erros quanto mais informações se tem sobre um assunto. Alguns termos
aparecem quando se fala de controle integrado da manufatura: CAD, CAM, CAE e CNC. A seguir,
uma breve descrição de cada uma dessas siglas.
1.2.4.2 CAD
Desenho auxiliado por computador ou CAD (Computer Aided Design) é a designação genérica
dos softwares utilizados por diferentes áreas, como engenharia e arquitetura, a fim de facilitar o
desenho técnico dos projetos. O termo design pode também ser traduzido como “projeto”. No en-
tanto, embora existam alguns softwares que realmente auxiliem a fazer o projeto, a maioria se limita
a auxiliar na confecção do desenho ou diagrama, ficando o projeto por conta do operador.
Podemos utilizar essa categoria de softwares, por exemplo, para fazer o desenho esquemático
de um circuito eletrônico, bem como o projeto do layout da sua placa de circuito impresso, veja as
Figuras 1.2 e 1.3.
FREEPCB, 2013
20 Elementos de Automação
Existem dezenas de softwares CAD específicos para cada tipo de aplicação. Entre eles, po-
demos citar: Autocad, SolidWorks, Google SketchUp, Blender 3D, 3D Studio Max etc.
1.2.4.3 CNC
O Controle numérico computadorizado ou CNC (Computer Numeric Control) utiliza um
código específico, chamado de código G, para posicionar no espaço, simultaneamente, os vários
eixos de uma máquina. Esse controle é bastante utilizado em centros de usinagem, para o con-
trole de tornos.
1.2.4.4 CAM
Manufatura auxiliada por computador ou CAM (Computer Aided Manufacturing). Trata-se de
equipamentos capazes de fabricar determinado produto a partir do recebimento de um arquivo
transferido por um sistema CAD. Por exemplo: para se fabricar Placas de Circuito Impresso
(PCI), são transferidos arquivos, chamados de Gerber, utilizados para posicionar a furadeira exa-
tamente sobre o local a ser furado. Também pode indicar qual o diâmetro dos furos, o que leva o
equipamento a realizar a troca automática das brocas quando necessário, veja a Figura 1.4.
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1.2.4.5 CAE
Engenharia auxiliada por computador ou CAE (Computer Aided Engineering) são softwares
que fazem cálculos especializados de engenharia. Eles são utilizados para análise e simulação de
materiais ou processos. Um exemplo bastante comum na engenharia mecânica (e mecatrônica)
é seu uso para análise estrutural de elementos de máquinas, com utilização do Método por Ele-
mentos Finitos (MEF). Outras aplicações incluem a análise de escoamento de fluidos, a simulação de
esforços em estruturas mecânicas etc.
22 Elementos de Automação
ERP
PIMS/MES
CLP/Supervisório
Rede de campo
A seguir serão descritos brevemente os termos utilizados e as funções de cada uma das ca-
madas. No intuito de associar essas camadas com os elementos do mundo real, será utilizada a
Figura 1.6.
Terceira camada
Supervisório (SCADA)
CLP
Segunda camada
Primeira camada
No nível mais baixo temos as redes de campo. Nesse nível encontramos os instrumentos e os
equipamentos que estão instalados diretamente na linha de produção. Temos, por exemplo, os mo-
tores; as bombas hidráulicas; as válvulas de controle e os transmissores de temperatura, pressão e nível.
Poderíamos generalizar essa camada como a de sensores, transmissores e atuadores. Normalmente
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24 Elementos de Automação
Introdução à Automação 25
Vamos recapitular?
Neste capítulo, vimos que os sistemas de controle automático fazem parte do nosso dia a dia, já
que a automação está presente em praticamente todas as atividades humanas. Aprendemos os tipos de
automação rígida, programável, flexível e integrada, sendo cada uma delas mais adequada para uma de-
terminada aplicação. Vimos também que a arquitetura dos sistemas de automação pode ser classificada
em várias camadas, sendo a mais baixa o chão de fábrica e a mais alta o sistema integrado de gestão da
empresa. Além disso, discutimos as vantagens e as desvantagens da automação, bem como sua relação
com o nível de emprego.
26 Elementos de Automação
1) Cite dois exemplos de controle automático e justifique por que eles são automáticos.
2) O que é automação?
3) A automação permite substituir o trabalho humano por:
a) animais;
b) escravos;
c) energia;
d) máquinas.
4) Uma das razões que levam as empresas a automatizarem seus processos é:
a) reduzir a produtividade;
b) aumentar os custos de produção;
c) reduzir a qualidade;
d) aumentar a eficiência.
5) Durante uma visita técnica a uma indústria, como você pode identificar o tipo de
automação que prevalece nela?
6) Para que tipo de fábrica você recomendaria a produção integrada por computador e
por quê?
7) Que tipo de automação você recomendaria para a fabricação:
a) de lâmpadas;
b) de vestuário;
c) de malharia;
d) de cimento;
e) gráfica;
f) de remédios;
g) de brinquedos.
8) A principal característica de um sistema de automação rígida é:
a) Alterar sua lógica de funcionamento é muito fácil e rápido.
b) É versátil, porque permite que as alterações sejam feitas via software.
c) É produzido para um propósito específico e não pode ser alterado facilmente.
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28 Elementos de Automação
Para começar
Este capítulo tem a finalidade de fornecer os conceitos básicos necessários para que o leitor
adquira a capacidade de interpretar e analisar malhas de sistemas de controle.
O objetivo principal é apresentar, de forma muito breve e resumida, os elementos básicos consti-
tuintes desse tipo de sistema, fornecendo uma visão geral de como os sensores, os controladores e os
atuadores estão inter-relacionados.
As informações apresentadas são a base necessária para entender os conceitos que serão apresen-
tados nos próximos capítulos.
2.1 Conceito
Para se trabalhar com automação, é necessário conhecer pelo menos alguns conceitos básicos
utilizados na área. O que é um sistema de controle, os principais tipos e o princípio de funciona-
mento são as principais questões a serem avaliadas.
Inicialmente gostaria de fazer uma ressalva e dizer que este é um texto introdutório e não
tem a pretensão de apresentar tudo o que há sobre o assunto, principalmente porque não é o foco
deste livro. A área de controle de processos é bastante extensa, e muito estudo é necessário para sua
completa compreensão. No decorrer do texto, serão vistos somente os elementos essenciais. Para se
conhecer mais sobre o assunto ou para um estudo mais aprofundado, sugerimos algumas referências
ao final do livro.
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Controlador
Sensor Atuador
Processo
30 Elementos de Automação
Água Água
proveniente proveniente
do hidrômetro do hidrômetro
Seu princípio de funcionamento é simples. Quando se detecta que o nível está abaixo de certo
valor, uma válvula é aberta para permitir a entrada da água de uma fonte externa. Quando o nível
atinge o limite máximo, a válvula é fechada, a fim de evitar que a água transborde. Assim, a boia
provê um sistema de controle automático, capaz de manter o reservatório sempre abastecido, sem
que precisemos que nos preocupar com isso. Dessa maneira, é graças a um controle automático que,
quando precisamos de água, basta abrir a torneira.
Então, uma possível definição de automação é: executar as ações necessárias para que um
equipamento, uma máquina, um processo ou um sistema funcione de maneira autônoma ou com o
mínimo de intervenção humana.
Podemos então dizer que, quando instalamos uma boia, realizamos uma automação.
Embora um controle automático não precise ser necessariamente eletrônico, como visto no
exemplo anterior, ele o é na maioria das vezes. Isso porque os avanços da eletrônica e da computação
tornaram essas tecnologias mais poderosas e com um preço bastante acessível, o que viabilizou seu
Sistemas de Controle 31
32 Elementos de Automação
(+)
(+)
Ações de
Atuador Processo
controle (+)
(–)
Realimentação Somador
Sensor
Controlador
2.2.2 Processo
Esse termo é utilizado neste livro no intuito de designar o sistema que será objeto da ação do
sistema de controle, ou seja, aquilo que vai ser controlado.
A palavra processo pode designar indistintamente um processo químico, de manufatura, uma
máquina ou um equipamento ou mesmo uma fábrica inteira. Se o objeto de estudo for um processo
químico, estaremos normalmente interessados em controlar as variáveis típicas desse tipo de pro-
cesso, como temperatura, vazão, pressão e níveis de tanques.
Alguns autores utilizam, para essa mesma finalidade, o termo “planta”, que tem origem na
palavra inglesa plant, a qual também poderia ser traduzida como fábrica, indústria ou instalação
industrial. Trata-se de uma palavra amplamente utilizada na teoria de controle, porque os primeiros
sistemas tiveram origem nesses ambientes.
2.2.3 Setpoint
O objetivo principal de um sistema de controle automático é manter determinada grandeza
física dentro de uma faixa predeterminada de valores. O termo, de origem inglesa, setpoint corres-
ponde ao valor que um sistema de controle automático tentará manter para determinada variável.
O setpoint também é chamado de variável de referência ou ponto de operação desejado do sistema.
Quando programamos um sistema de ar condicionado para que a temperatura ambiente fique
em torno de 23 ºC, por exemplo, estamos informando ao sistema de controle que ele deve tomar
Sistemas de Controle 33
2.2.8 Distúrbio
Se uma variável de carga altera seu valor, ela gera um distúrbio. O controlador automático
deverá absorver a flutuação e manter a variável controlada no ponto de operação desejado.
34 Elementos de Automação
Sistemas de Controle 35
Energia, operações
Matérias-primas
(insumos) Produtos
Processo
Entrada Saída
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Sistemas de Controle 37
2.5.1 Sensores
Os sensores são elementos que enviam ao controlador as informações sobre o sistema. Basica-
mente podem indicar os valores das grandezas físicas do processo, como temperatura, pressão, nível,
velocidade de motores e estados de chaves e botoeiras (acionados/pressionados) utilizados para
enviar comandos de liga/desliga.
Os sensores correspondem aos elementos ligados aos circuitos de entrada do controlador.
Dessa forma, podemos definir que eles compõem o sistema que está sendo controlado e
têm a função de enviar algum tipo de sinal necessário para o controlador tomar as decisões.
Normalmente este vai atuar sobre algum elemento do processo, a fim de manter uma de suas va-
riáveis dentro de uma faixa de valores predeterminada. Alguns exemplos de elementos sensores
podem ser vistos na Figura 2.7.
Oleksandr Lysenko/Shutterstock.com
Evgeny Korshenkov/Shutterstock.com
2.5.2 Atuadores
Quando o controlador detecta, por meio dos sensores, que alguma correção é necessária no pro-
cesso, ele atua sobre o sistema, enviando um comando para ligar ou desligar algum dispositivo cuja
finalidade é modificar alguma variável do processo. Esses dispositivos são chamados genericamente
de atuadores. Esse nome é dado para os elementos que atuam sobre o processo, ou seja, que são os
responsáveis por transferir alguma forma de energia. Os atuadores podem ser elétricos (motores,
resistências elétricas e solenoides), hidráulicos (válvulas, motor e pistão hidráulico), pneumáticos
(cilindros pneumáticos) ou, ainda, uma combinação de todos. Veja exemplos na Figura 2.8.
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Nick_Nick/Shutterstock.com
Figura 2.8 - Exemplos de atuadores.
2.5.3 Controladores
O controlador é o elemento responsável por tomar as ações necessárias, no intuito de manter
o sistema funcionando corretamente. A decisão de quando acionar algum atuador é baseada na in-
formação recebida dos sensores, no estado do processo e em suas regras específicas. Essa lógica pode
ser implementada de várias formas, dependendo do controlador utilizado. Ela pode ser descrita, por
exemplo, por meio de instruções do programa inserido em sua memória, no caso de se estar uti-
lizando controladores eletrônicos baseados em microprocessadores. Um exemplo de controlador
pode ser visto na Figura 2.9.
emel82/Shutterstock.com
Sistemas de Controle 39
Neste capítulo, vimos que um sistema de controle pode ser automático ou manual e que seu
objetivo é manter uma variável de interesse próximo de certo valor. Aprendemos que um sistema de con-
trole típico em malha fechada é composto por controladores, atuadores e sensores. Notamos diversos
tipos de processo, como contínuos, discretos e em lote, e que um controle pode ser construído em malha
aberta ou fechada.
40 Elementos de Automação