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DIREITO DO TRABALHO

FLEXIBILIZAÇÃO:

O fato é que a flexibilização dos direitos trabalhistas parte do princípio de que se faz
necessário avançar no sentido de não mais tratar o trabalhador como um hipossuficiente
(pessoa com condições técnicas, econômicas ou sociais inferiores), mas uma pessoa apta a
negociar o seu contrato de trabalho. Desse modo, a flexibilização permite adequar as cláusulas
do contrato de trabalho às especificidades da empresa. Trata-se de um processo de adaptação
das normas trabalhistas às grandes modificações verificadas no mercado de trabalho.
A grande crítica atribuída à flexibilização é que ela poderá contribuir para a redução de
direitos. Embora o Direito do Trabalho esteja vinculado à economia, ele tem um papel
importante, que é a elevação do nível social dos trabalhadores, por meio da redução da
disparidade socioeconômica. Por outro lado, não podemos nos esquecer da necessidade de
modernizar algumas regras, a fim de atender às novas demandas e às diversas relações de
trabalho existentes atualmente.

Independentemente do fato de concordamos ou não com a flexibilização de direitos


trabalhistas, tudo indica que a fase atual do Direito do Trabalho no Brasil é justamente pela
consolidação da ideia de flexibilizar. A Lei nº 13.467/2017, publicada em 13 de julho de 2017,
conhecida como Reforma Trabalhista, teve a intenção de alterar diversos dispositivos legais da
CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mediante a flexibilização das relações trabalhistas. A
justificativa governamental para a alteração legislativa foi a de buscar a diminuição da
informalidade e o aumento da empregabilidade, principalmente, por meio da intensificação da
autonomia privada, ou seja, pela negociação direta entre trabalhadores, empregadores e
sindicatos.

A flexibilização é a possibilidade jurídica de diminuição da imperatividade das leis


trabalhistas.

O Direito do Trabalho brasileiro é constituído de diversas normas/leis imperativas. Isso


significa que não é possível afastar o cumprimento dessas regras, ainda que o trabalhador e a
empresa queiram modificá-las ou substituí-las. Dessa forma, a flexibilização tem a intenção de
amenizar essa imperatividade e, assim, proporcionar às partes a livre estipulação de regras em
uma relação de trabalho.

Direito do Trabalho como um conjunto de princípios e regras jurídicas que regem a prestação
de trabalho subordinada ou outras similares, por meio da tutela do trabalho. Na concepção de
Delgado (2016), o Direito do Trabalho pode ser definido como um complexo de princípios,
regras e institutos jurídicos que regulam a relação de emprego e outras relações de trabalho
normativamente especificadas. Prevalece também que o Direito do Trabalho é ramo do Direito
Privado, envolvendo uma relação jurídica entre particulares.

Direito do Trabalho pode ainda ser dividido em dois campos distintos:

Direito Individual: consiste no conjunto de normas que consideram, individualmente, o


empregador e o empregado, unidos numa relação contratual, tal como ocorre quando um
trabalhador celebra um contrato de trabalho com uma empresa
Direito Coletivo: se destina a regulamentar as relações coletivas entre empregados,
empregadores e suas entidades sindicais, quando, por exemplo, a empresa celebra um acordo
coletivo com o sindicato, criando normas e condições de trabalho.

Se o Direito do Trabalho é um conjunto de princípios e regras jurídicas, e se a regra jurídica é


sinônimo de lei ou dispositivo legal. Os princípios jurídicos ou princípios gerais do direito são
ideias fundamentais, que emanam da consciência social, sobre a organização jurídica de uma
comunidade. São espécies de valores considerados relevantes para a sociedade, tais como
justiça, liberdade, paz, dignidade da pessoa humana, etc. Em que pese nem sempre estejam
explícitos na lei ou no texto constitucional, os princípios possuem força normativa e têm
função de fundamentar o Direito, interpretar o Direito e auxiliar na sua aplicação. Inclusive, a
Reforma Trabalhista supracitada será analisada e aplicada sob o crivo desses princípios
trabalhistas.

No campo do Direito do Trabalho, os princípios dão sentido às normas trabalhistas e


regulamentam as relações de trabalho. Agora é o momento de conhecê-los:

princípio da proteção: talvez seja o mais completo e o mais importante princípio do Direito do
Trabalho, pois prescreve a necessidade de optar pela norma e pela condição mais favorável ao
trabalhador. Ele parte da ideia de que o trabalhador é a parte mais fraca na relação de
emprego (o hipossuficiente) e, por isso, merece proteção

princípio da primazia da realidade: é outro princípio essencial do Direito do Trabalho. Sua


intenção é impedir que documentos formais prevaleçam sobre a verdade. Muitas vezes, o
contrato de trabalho não retrata a realidade, ou seja, a situação de fato e a real condição de
trabalho. Nesse caso, devemos desprezar a ficção jurídica e sempre nos pautar pela verdade.

princípio da irrenunciabilidade: tem o propósito de limitar a autonomia da vontade das partes


na negociação, ao defender a irrenunciabilidade de muitos direitos trabalhistas, não podendo
o trabalhador dispor deles, ainda que essa seja sua vontade. Sabe-se que, pelo receio de
perder o emprego, muitos trabalhadores aceitam certas condições, às vezes, contrárias à lei.

princípio da continuidade: constitui presunção favorável ao empregado no que se refere às


razões que levaram ao término do contrato de trabalho. Isso pode ocorrer na situação em que
o empregador negar a prestação de serviços e a dispensa do trabalhador.

princípio da razoabilidade: também contribui para a imposição de limites ao poder diretivo do


empregador, na intenção de resguardar a dignidade e a intimidade do empregado, permitindo
ainda a efetivação da função social da empresa

I. A obrigação de comprovar o término do contrato de trabalho quando negado o


despedimento é do empregador. (CONTINUIDADE DA RELAÇÃP DE EMPREGO)
II. II. Haverá descaracterização de um contrato de prestação de serviços autônomos
quando verificado que o trabalhador labora na condição de empregado.
(PRIMAZIA DA REALIDADE)
III. As cláusulas regulamentares que alterem vantagens existentes anteriormente, só
atingirão os trabalhadores que forem admitidos após a alteração do regulamento.
(CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA)

RELAÇÃO DE TRABALHO

traduz o gênero a que se acomodam todas as formas de pactuação de prestação de


trabalho existentes no mercado, sendo a relação de emprego uma das modalidades de
relação de trabalho.

Nas palavras de Saraiva (2010, p. 39), “[...] toda relação de emprego corresponde a uma
relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho corresponde a uma relação de
emprego”. Em síntese, a relação de trabalho é gênero da qual a relação de emprego é uma
espécie.

Vamos nos ater a três espécies de relações de trabalho: relação de trabalho autônomo;
trabalho avulso e o eventual.

trabalhador autônomo: é, essencialmente, aquele que atua como “patrão de si mesmo”,


sem estar submetido aos comandos e poderes do empregador. Para que seja considerado
autônomo, o trabalhador deve conservar a sua liberdade de iniciativa, tendo autonomia –
daí o nome “autônomo” – de gerir sua própria atividade e, consequentemente, assumir os
riscos dela. A mais importante característica do autônomo é justamente a ausência de
dependência ou subordinação jurídica entre o prestador de serviço (trabalhador) e o
tomador de serviços (aquele que contrata).

trabalho eventual: se caracteriza por aquela em que o trabalhador presta serviços ao


tomador sem permanência (daí a noção de eventualidade). O eventual, então, trabalha
sem habitualidade e, em regra, com autonomia. Os estudiosos do Direito do Trabalho
criaram várias teorias para fundamentar e explicar o trabalho eventual, tais como: 1)
teoria do evento: o trabalhador é contratado para um único evento; 2) teoria dos fins da
empresa: o trabalho prestado não está ligado à atividade-fim (atividade principal) da
empresa; 3) teoria da descontinuidade: o trabalho não é contínuo; 4) teoria da fixação
jurídica da empresa: o eventual não está fixo na empresa.

trabalhador avulso: é aquele que presta serviços a diversas empresas, sem criar vínculos
com elas, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra ou do
sindicato da categoria.

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