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NA Reitor Jodo Claudia Toderov Vice-Retor rico Paulo Siegmar Weide EDITORA UNIVERSIDADE DE BRASILIA Diretor Atexande Lima CConsexito EDrTORIAL Presidente Emanel Araijo Atexandre Lima ‘Aivaro Tamayo ‘Aryon Dail Igna Rodrigues Dourimse Nunes de Moura ‘Emanoel Araija Baridice Carvatho de Sadinha Ferro Licio Benedite Rena Sslomon Matcel Auguste Dardenne Sylva Ficher Vilma de Mendonge Figucizede Volnel Garrat Ellen F. Woortmann Klaas Woortmann O TRABALHO DA TERRA A LOGICA E A SIMBOLICA, DA LAVOURA CAMPONESA UnB Discos exclsivos pata esta dio: EDITORA UNIVERSIDADE DE BRASILIA SCS Q02~ loco C-NE78 Ed. OR “2 andar Fax: (061) 225.5611 Copyright © 1997 by len F. Woortsna¢ Kass Woormann Todos or deco eseris, Nenu pr: deta pabcagto poser se arma ad os ercksida por qugit ho sow asrienho ps eset core SUMARIO BeIRODUGAO, 7 (A stiria da tera, 19 A etmografa do processo de trabalho, 27 ‘Olugar do trabalho, 27 ‘Trabulhando ater, 34 Preparande a tra, 36 ‘Aconstusto co solo, 6S © plantio ea logics do espaso, 76 ‘A logica do consorciamento, 93 O fone afrazo; 0 quente eo fo, 97 Consideragdes fina, 135 Bibiografia, 189 INTRODUCAO [Esta € uma etngrafia do tipo tradicional. Seu objetivo &analissr 0 processo de trabalho agrieata de eampaneses nordestinos, buscando Fever sua logic itera. Tal processo € visto como onganizagio de fexpagas ¢ combinaylo de espécies © vaiedades vegetal, formando ‘rostistemas consufdas com base em modelos de saber ¢ de conhe- ‘Cimento da natureza-— um espéie de “iéncia do conereto” que fun- ‘damenta a priien da Ivor, Esse saber, contido,€ mais do que um conhecimento espscializado ara consti ogadoe cle & parte dem modelo mais amplo de presp- {0 de saturezae dos homens. Por outro lo, o prosesto de trabalho possi dimensSes simbéli- cas que o ftzem construir ndo apenas espagos agrees, mis também fspayos socias © de género,c essa formas de simbolizae s¥o ou ‘objetivo de nossa mise. O significado simbélico do tabalho © 0 mo- Selo de saber nio io dimensder separadas, embora possam operat em ‘epistos distintos, Em conjunto, constimem ura forma de ver © rane Es Sendo uma etografs, buscamos, nesses dias de desconstruslo, a perepeto ssémicn que o¢ propio: sitantes ttm da natureza, embers tire eles hal contoversis ¢embora sistemas, em qualquer pare, no Slam incitamentecoerentes, Sendo tradicional, nel inclulmos matos ‘etathesresultanes de obeeragBes de campo, que, acredtamns, perio Ser ites etoes que desejem lvar a andlse mais diane So, ademas, So que subamnos, gins. Seguimos, asim, © exemple elssico de Ma. Tinowsk, "Nossa tiatho basciae em dados de campo cbidos no inicio dos anos 1980 em itis raunsipos do estado de Serpe, principalment os te aby e Ribeixplis, no context de um programa de pesqusaspato- ‘nado pelo INAN (Insitro Nacional de Alimentagio © Nutrigfo), que Visava 1 ienfcar problemas ligadee 20 estado nuicional dos “produtores de baira ronda" Visitando rosados e fizendo perguntas & stientes fenmo local que designaaqueles pequenos produtore,carpe- ests da tego fenfamos aleangar intslgtncia dos modes de cuivar a 1 trabalho de campo foj realizado mums momento a0 mesmo tempo negative e positive. Ele coineidiy com uma dos virias seca que ate maoicke ‘mentam os lavrdres nordestnes. Foi, portnto, um momento ext ‘mamente negative para os sidantes, notadamente os de Tabi, mais Proximo do serto do Sto Francisco. Mas, por gr tm momento ceo, le se aproximou de uma “rise revelaéra”, 0 que fez com que 0% sitiantes falatsem de coisas que possivelmente no fara cin cir ‘cnstineias normals, como a seca em face da condigao humana, ‘A-circunstincia de seca fazia com que muitas vezes os homens, 20 invés de estaem na ropa, eatsem em cast, o que inibia a Sones ‘com mulheres, Mas faz também com que fcassem no femeio, Od ‘mesmo ni rua da cidade, ou no sindieao, que tivesser tempo lives Para gastar conosco em conversas sabre o trabalho. Talvee porque nis Dodessem trabalhar, gostavam de falar do trabalho, >, gome marido e mulher, podfames agit como um ‘workieam, um falando com homens ea outa Gom mulheres, Depo de algum terpo, porém, a pesqusadora péde passa feqUniar spas ‘masculinos, como a ropa e © part, mesmo porque, pot Mats scala ‘que fosse pela comunidade, nfo deisava de ser "de for” O mesma unease apicou, de forms plena, ao pexqusador. Poti freqlenar ¢ otinha, mas nfo podia falar sabre “stsuntos de mulher” caress ae Theres [Nossas observagdes de campo foram realizadas em diversos con textos locas: nos eseritvios de extenfo rural da Eater SE; nae sede os sindzatos de trabathadoreseuris que, paradonalmente,congrease ‘vam tanto os esalariados quanto os silanies que asalravar, ambos Petecidos em oposigio aos fizendelos pecuarsas; nas ras semana, ‘excelentesocasites para obternfermasdes, mas que nos acordevam de ‘madrugads quando um vendedar de “lombrigucit,em frente 4 nossa anela,conclamava 0 povo a assistir A “peleja do Teid com a cobra ‘Tereza, que prometia era lua do séeutoyeprincipalmente nos ioe, Em cats um desses contexts lorais ocotiam discusos distintas ©, ‘muta vezes,conteadtérias. Ot extensionstas davamv-noe nfomaybes valiosas sobre tenicas agricolas, mas estavam em confit aberte ‘com os sindieatos, visto que disputavam um mesino "campo" Ce Poder ¢ estes ltimas temiam perder a ascendneia soare sus clea. tela. E confliavam também com siattes individuals, Nama ceasilo, ‘um sitianteffeou esperando na calzads da tua, em frente a0 ese local da Ematcr, a8 que sassemos. Fez queso de nos levar at seu (CE Manila, tne age oan. ovmanatnovaTaRns ° ee fom So ee ee a ae ee corner coe inns moe | aa es No ce le epee | ge cee arc om regen secs ese Ab stereo epee arene pre eee ae ara se Sine elas Dente es ete nent Sener setter Ned wenn tee ae Shek cate tee atin ieee lies ie Se fens oars ten a sua Teer sgeereinre rem ne io Epes eee ae ols i eee eee as oe pees a cont intr ca rm om gre ty fe pres ee ae oe, gat ee nacre nero Snes Sn ee esioaeee oes Ses tne na ance a ae er catea on aces —————— aac ca ai, mene ov cn cesar tan ne ne eee spemeten 0 processo de trabalho & um forma de atuagointeligente, resul= do de projet ergo a partir de um modslo pensado em terms ¢© Tams “soo” gna un sian de plans no gu tana mana ts, & cstv sens uneven pot, erp eon ethene eat ‘sogelnaar ns mae 0 rrconcko ‘uma eoncepsdo global, que incu todos os passos de sua stuagdo, AS sm, relagao entre 0 homem ¢ a nafurera na produgio agricole tem fxlsgneis ideal, construida j@ antes na mente de quem 0 exceuts, ‘pemitno a antecipagzo da resultado experado, "0 processo de trabalho fuze, de um lado, a parts de uma ideali= -zagdo la aturezs. Fm outros temos, no existe una natueza em 8c Ings uma nalreza cognitiva ¢ simbolicamente apreendids, De outto lado, ele se fz no interior de um peoeesso de relagdes socials que transforma a natureza. Para entendermos a consiragao da Togo, pre= cisimos conhecer tanto © modelo cultural quanto © proceso hstéieo ‘e sociedad, pois nfo existe uma natureza independente dos homers a0 longo do tempo a natureza & eansformada, inclusive pelo proprio Processo de trabalho. Transforma-se lambem 0 acess0 a ea t 0 Te {radas careporas sociais especifcst. ‘0 processo de trabalho ise pela ariculagdo de Forgas produtivas com relagdes soclals de produyio, A nog de foras produtvas, tal como € utlzada pela sociologa, significa 0 conjunta de faores de produslo: recursos disponivels, homens e iasteumentos de tabalho. Os elementos desse conju se combinam de maneirs especies em cada sociedade especitica, ou em cada momento histrica de ust so. leds, para produzir o que ela nscessta Contado, nem of recursos, ‘nem os instrumentos e 0s homens exisem socimiente sem «cule, Eo saber que permite ust-los e & a cultura que Ines di significado, inclusive para mais além da materaiade ou da intrumenaldade pat cadotmbalho. ‘A nogto de relages de producto refero-se as fingdes preenchidas por indivduos e grupos no proceso de produgso © no eoneae dos fto- {esc meios de prodiueao. Erbora ess nosso exes gerfmentevinevlads idtia de classes cociis,posemos dane um outro sentido, voltado pars 3s elages que se etabeiecem no interior do grupo seta pectic que realiza a produgio; no ess0 do tabalho eamponés, ¢ unidade familia. sas relagoes sto dehierarquia ede gnero. Maurie Godelier, parr de uma concepeR0 marxista do traballo, refina a nogo de forgas produsivas, ereebendo-es como (2) o¢meios materaseielectaie que membros de uns sie: ‘Gee implementa, deavo dos diferentes processor de tabelhoy 8 fm de wabathor = hatureza © cxtalr dela os seu moe de exist ovmseatnoa Tem u ia, yaneformando-, asin, em natura socalizaa (fos do ax ton? (x meios inteleetais podem ser entendidos como 0s modelos de ser pelos quais¢ soe ba uals homer age sobre a natore7a. (Os meios materiss sexist socalmentes pari dos meics intlee- fhnis, © é por inermédio deses gue a natureza se torn socialzada Hid como que un "aba das dias” que antecedee nfo o tabs Tho snateml”O prineito transforma ound dessoeido mum ori ‘mento cogiivament agreed, permit ao segundo tanstornat [are cm expo de uv, Eo que Gousier chara de realidad idetl. No cere mesmo das relapses “materia” que homem estabelece com s natura, pert Cn compo de representagos a ealidaer deta expressat em ‘StigsTingsisticns que a tomar sciis — caja presen € essen pra relizagao ce qualquer atvidede aerial. ‘Os mcne ntsectnis si 9 ser este um chigo lingstica seprodszivel pela namisado pelo aprenizad, Sua fepodsio — Se pode ser ama “eprodugtosmpiad, pos expo d saber incor Soncontinsament novor elementos — ¢ part integrand repro odo propo soca ‘Atintnissio dos meios inllecuss de aborda #matrezs la sama, um insomento de trabalho —o tabalho do saber com ut Ihetode pedagogco que Scompana oiicando e sobre ele opera, c- Lindo an mesino tempo on tabelhadoe pel saber "wénico, capes de produ eando vende gener, pois ¢simlancament saber sire Bstce "No campesinato que aqui estamos, a ransmisso do sber para 0 tuabalhofazse no propio trabalho ~ pos 0 saber & um saber fazer, fate da hisrargut familar suborinado ao cefe da fii, vi de Fear opal. Se ete qutm govern o tabao, como diem ox sian- {ex Ge também quom govema © faze-aprender. A tansmissio do {Ske @ mals do_que tansmisrio de tcnist: cla envolve valores, omstrugdo de paps et on Enmuroel ‘erry! o conbscinento social necessro para a seprodupho da sottira teil como um to, distingue-se do cone. 5 Nice Gali, oconodod oraclonaliade na scons p39 “Sore stuns lars and primi soci” PB srronucto cimentotkenico, por ele visto como secundivi, de menor importincia, ‘que parece ncoerete, ‘Alproducto @ central para a epradugio do grupo, visto como ‘um todo, ¢ para eada grupo doméstico especifico que a realiza que também a unidade de eprodusao da fora de trabalho, Se 2 prodgao central para a reproducto, se & pelo trabalho que se constr a fae nl, pelo saber “téenico” que ela se faz e 0 Controle sobre esse saber que faz a hicrargula do grupo domestica. Exert-se 0 poder pot gue se detém o saber. Na hierarquia de unidade produtva, 0 pal de famitia (no plano pablico) gover a familia porgue gover produ ‘lo: governa o processo de trsbatho porque “Jomins” o saber. © suber "téenieo”€,portanto, fundamental para 4 reprodigdo da este rascal, “Assoviado a rtos de pussagem, & esse dominio do saber trabthar {gue toma o homem, no sentido de um aduto pleno, capac de constitr ‘ova familis. Constiui-se como “forga plena”, part usar de forma ampliads a expresso de Jeri Tepicht) do & apenas uma questio de fora fisiearelacionad &idade; no se resting tampovco ase cape de paticipar de todas as etapas do procesto de wabutho. Ser const, so como forga plens, © que s6 ocere se tecomhecido como tl pela coletividade, implica dominarintslecvamente, a partic de sistas de suber eultralmente expecticas, 0 modelo ideal como th todo, de forma a jt poder ver, no inicio do process de trabalho, 0 seu resultado final. saber como e por que fazer. Nesse sentido, nto é a dade que faz o homem pleno ou a forgaplena, mas € 0 saber pend que fac 8 dade enquanto consrictosocis ‘Ao final do processo de trabalho, surge um resultado que jé tisha cexistincia ideal na mente do trabathador: Nesse ponto, camo sr ow laos que no interessa aqui disetir, 0 saberfazer camponts, global zante, distingueseradicalmeate do processa de trabalio ope sob ‘©.capitl ragmentado, em que o abaliador se assemelna, no der de Karl Mari abelha © trabalhador industrial no € apenas seperado «dos meios de produstio. Num processo repetitive, om gue damina ape ‘as uma etapa do processo produtvo, ele também separsdo Jo move lo global referido. Conkecimento e forga de tuabulho operam separadamente, na medida em que © primeira & “propriedae™ do {ct soba arm tapas paysn pony. Sobre osu, sh Le sepa 4 | ‘ovmanaunoa Ta ry ‘capital, tabalhador no &separado apenas dos meios de producto spo plano material, mas também do stber que informs & produto Saber poder. ‘Em contrast, 0 processo de trabalho camponts & consciente. ‘0 “peepatrio” nao & 0 equivalent de um empresdrio modern, por ser ‘deter do saber. Ele 0 detentor de um saber que o aoriza a £0- ‘ernor 0 processo de tabatho, iste &, a digit o Wabalho da fara [Exec saber ¢ wansmitide 4forea de trabalho”, aos hos que, a taba Ther, esto-se consituindo também em “conhecedores plenos”. Ade Imai entre os sitantes, goversar € um processo ideologica: flhos, nts cers idade, conocem o proceso de trabalho tanto quanto © Pal ‘como oftzem tamném as mulheres ou os events assalados, Para se reproduzirem, os camponeses produzem mereadoris, mas a produgdo de mercadoras€ antvedida logicamente pela produgio de ‘hens, © esta, por sua vez, € antecedida pela produgto-reproduszo de ‘bens simbolicos que constituem o compo do saber. ‘A etnologia dis sociedades “primitivas” tom enfutizado a presenca de um saber prdprio que no se confunde com urna rao pres, em ‘bors condusa a resultados pticas, como os alimentos a seem com ‘doe. Ele se aproxina de um modelo egritve “ollie, um modelo de ‘rdenagio do mundo , nel, danatureza sobre aqua se taba "Norse stnoprafia rugere que o mesmo pode set dito com relagZo @ ‘camponeses. Se 0s modelos do saber por meio dos quais se trabalnava foram objeto privlegido das emologis de povos indigems, isto no comet not estudor sobre campesinsto, emboea com freqhncia se fate de um "conkecimento eamponés. Seguindo o cainkio aberto por Alexander Chayanov, foram varies os estados, elusive n0 Bras, que desvendaram a lgica econdmica da produeio eamponese, como, por texemplo, os de Lils Mourdo Si, Beatriz Heredia, AfrOnio Garcia Jr, Jost: Vicente Tavares dos Santos ¢ outres.” Suas anlises, contudo, tomam o trabalho i feito, o resultado do processo de wabalho, eaquan- tornosto inerese etd no trabalho em processo e nas idéias que 0 an. tecedem. "Na maioria dos estudos sobre 0 campesinto, poues ou neshuma tengo foi dada 20 saber camponts sobre os solos e as plantas, visto 7 Or eon cade ecommerce, is rs he tor of prea ‘conomy Ope dae mara da a Tarde able: Or amt do = ‘the elec ogc cepts econo 9 fia dae nr. ooucko como sistema cognitivo, paste de um modelo mss abrangente. Ou ele SVaprenntado como ma prea fagmentada, ou € implicants ‘egnde como saber suténomo, ou & visto apenas como um aabe dep perad, remanescenteanacronico de una tradi cviintiia que se transformer uma "pequena taigia, como sila Robers Redilds ‘Ateativamente, em vee dm saber campos, false dea ft ma mone aes ope tov one plains de Caan, ‘© esd do saber como um sistema permite-ns perceero cam- pean cone poder de atapiss renee ee Enda entender o procosco de tbatho sob novas prspectivan: Rete. rmomos Godelier apeiron Be 0) produziré combina, segundo ceras repay tics, reusos, atime «homens prt pro iil escent "Ad matin primat dependem do sagiotcnoloice doce Dirneno do know-how gu orth exploraney, Recrocanents, © Setrumenal ¢0fnow how exrinem saauplagso sum ero ipod ‘cursos exploedvels Nao ha porno, recnsat ent sk mat pool: Uiidades ae recursos efreides pela matures no guudro de wm ‘dada sotedode (7), Toa a exploragdo de recursee supe, portano, wn corto co- nheinento dar propredes dat “abjeaas"e de sues Pelagdes es Fencas om cera condigbs (os rio to nossa) [Esse conhscimento ¢ definido por Godslier como uma espécie de ‘inca do concreto".O que querer ¢revelar os princpios em que cle se assent eat prtieas de produgo nele baseday, numa forma carpe. nest especfca Hsss pinepiosinformam estatégiasdindnias e onen- ‘um seetivamente a incorpoagio de conhecimentos e pritias noves, ‘como “respostas" a madangas no ambiente natealesocal ‘© modelo ideal a que se rerere Godelier deve, 4 0880 ver, ser en- fendido nos termes do que significa o real em cada culture. Paro ‘eobriadeses, a magia da agricultura & parte das “forea prodtivas" ‘oncebidas por aguela sociedad, tanto quanto 0 & a cigncla dos solos no Ocidente modemo, pois, para aquelesinsulaes deseitos nos is= {be assaf. Th ie conmuninPsaan scat nd ele {CE Henry Mens, Secndader caps ommananooa ra 1s soos etnogrificos de Pronislaw Malinowski, as bruxas sto reais. ‘O saber mégico e ab crengasreligiosas, para os trobriandeses, tanto, [Quen pura os stants (Benzer © paso eo gada ou recorrer ags sane ‘Repor exemple} sto to necessires quanto saber "éenico", © co- neces fundamienal para que © antropOlogo posse dat sentido 20 forgo produtvo ‘Queremos de outro lado mostrar que, a0 tabalhara tera, o eam= ponésrealza osta trabalho: 0a ideologia, que, jutamente com a de alimentos, produz categoras socials, pois o processo de {aban alm descr um encadesmento de agdes teenicas, & também lim encadeamento de agdes simbolicas, ou soa, um processo stu ‘Asn de produc caltivos,otabalho produz cultra ‘0 provessa de trabalho & um precedimentotenico, mas esa cul- ‘ura tom procedimentorteeicos, formas de saber © consinugbies sim boliea especifias. Como disse Edmund Leach: From the obser’ point of view, actions appear a means ends, Ende ts gute Tease to follow Malinois advice and els {Sei ases interme of tei onde “=e the "basi neds which they appear to sary But he fst which re theeby revealed se SS i aay vie ete or dineahing the peculntcs of any one cate or anyone sete. In ft, o Gouhe, very few soc actions have this clement fctonally ‘Snel fom, For example fie does to pone, es eral ‘hues and functionally necesoy to clear a pece of gourd ans Swed nie And itil aa doubt improve the prospect of ood Sis ifthe lori fenced ad the rowng top wendet om te 0 Une Rachel tote tinge an int tra ey oO they fe performing sme echnical vets Of ancora nd. These ae- ‘dn seve to sat “basi needs But tere Io much more to than ear a Kahin “customary procedure" the ouies af clearing Re proud, planting She sad, Teeing the plot and weed ‘he towing crop ae al teed sceordng to formal canversions 2nd [Etosped wih al kinds of etna suerlvous fil and decor lop Ire ee fs and decorations which make the performance 1 ach pooance nd not usta single finconal at. Aad 30 {oi eve kind tected actin, tere always the element ‘Wahi Tunioalyesena an ander element which ssi {he focal custom: a sxc fl). seems tote, however, hat Gin san sarge ab Pac Sa Corel pans itis precisely hese customary fils which provide the socal amtho oogis wih his porary cata). They are symbole clon, re- Fretntaons. J the antroplogit tas oy 1 discover ad 0 translate nto is on sean Jargon what i fs thas pmtboksed ‘represented. (0 los So moans) Os frills © decorations levam-nos 4 especifieldade cultura. Resta siber se slo fils e decorations ou se sho, na perspectiva Jos ios", componentes centrais do proprio procesto. de teabalho, demas, certor procedimentos "téenieas” nia’ sto apenas tGenicos ‘era os siiantes que estudaris,cercar as rogas é um aa sci mipos- {por um proceste hstérico confitual que marca disrengas socials Outtos, se 20 "tenicos", sto igualmentesimbolicos, eineresea-nos suber o que eles esti constrindo enquantotabalhoideoloyic, © processo de trabalho, quando falado, & mais do que uma se- éncia de agdestéenieas. Qutndo comunicado 4 ns, pela fla, tome 55 um processodiscursvo, ganhando com iso miltilos signticados, ‘Devemos notar que as atividades prodativas foram em parte observe: das, com i paciene ovienapto dos sitiantes, em visiae 405 rOsados Conta, 0 espago do rogado sé se tomow intligivel depots de expt id Cmre Mica de Ports Fl oporide d uovini dtd de de eubrode 186 pd Tecra Simos) “Apa Ted Scop tp 28 ecarendo neo) 4 dear xeon sho er fas que me informaraypetenvntes a eeu, mat que pets ccs tinclas dao lgorarex vom doe dono nfo user ves Iminines de pes ne pareiam ingramente fora te qulguer do: Ini coma os to st nso) “"Vestigios minimos” havia: os vestigios de um tabalio passado, ‘nico "tulo™leitimo para aguelee“eroue”(herdetos) ¢ does, come ‘vetemos mais adiane, Mas nao era no eampo gus os agentes do Eta. 4p buscavam vestigios «sim nos eartrios, © assim a8 temas de “ereus" 06 “quinhes" em comum foram dealestimados. Se nfo se uilizos nessa exproprisgao a viléneia dita das armas, comno no México," uillzouse violencia doe papéls, ( temo “soltas” muda de significado, passando a designar terras fo cultivadas — soltas de criar ado — 20 interior das propredades Bole de subordinagdo. ‘Os sitiantes fora obrigadosa crear seus rogados para protegé-los j-se que “fica desde jd prohibido tirar-se madeira de qualquer atureza ou fi erie rogas nas imeclagies das fazendas do eresp0, sem euorizagio + pebvia do dono da mesma fazenda"” ‘Apesar das pressées, © eampsinato sobrevive, poe tatsvase me- | nos de eliministo que de subotdini-o, mesmo porque era a ua iaveura que “arava a caposi”e erava as melhores pastas no interior dt ‘popiedide pastor Mas hi dferenas ente a veeise mais pars 0 sero, onde se lelica Ibi, atigamente perencente a Porto da Folht, ©a regio das ant Matis de iataiana, andes loclin Ribeirépolis ede a peguena ‘ours de sitiantes encontrou sires possbldades Je reproduc, Desde o século XVIII jé se desenvolvia nas Mattos de Habalana lavoura, Nas “mats fescas” de tera freis se produzia “oda queli- dade de legumes e algaddes entanto, © maior abundincin que. val ‘eer hur toga desta Provincia"™ re i, 9 20, CEM. Pron, “Le asc ene Goce oa’ on Teor Re Rabi (8) le anrcaoa on ras mena dere sus pies ht mes de pad Tec do Sts ope {4 TSD8 pu Nunes," oop tral de Vis de buon a se Da combinasio de Ivouras eritrio de gndos ¢ engenbos de canrde-aucarresutaram coniis, pois sobre a repo avanava 9 {ado transterido do sero darane as Soca, ciao & sola, se expo {ia tumbem o gale dos engenhos que neesstavam de arande quant {ue de cavalose bos, oma mosta Santan de Almeida” in 1nd ep eek ots pas demarc tas soparando aqilaspropleas i lavoure das adequadas ao ci Ho’ Kase confit denorou sr elusonado, poem 1837 ands se nsiatia ue at ote oo er i set ec ta te aa rare eet oa as eae] tion losemaade heehee ere Siete teatienetuannst arate! saruaeeegiatten toeemerticrerss| igihasetAtetnceet eta Seees| Socata tnnmetunt aco inetenwniaramecnucaa "| CContrariamente 20 que acoria no sero de Porto da Foha, cont do, 8 Cémara de Tabeiana reconhecia, em 1828, que a obrigagao de ‘efear os ogades oneravaolavrador. Sendo de madeira, a cereas ni ‘ram fcilmente trnsporiveie de um local para outro, quando se {eslocava o rozado e, em 1830, decide-se pela protbiglo do criatrio, 5 eno sot om ens conierads prin pr sevour, 0&2 fas "mati feseas™ ‘No #6 conchia, todavia, que tal vibra tena sido a dos ftacos contra os fortes, num movimiento socal camponés, Emors pequenos Tavradores estivessem presents, a lideranga eos maioresintresses em {ga no foram os dos "pequenos". Em 1818, afta ft encabeyada por José Matheus das Gragas Leite Sampaio, apitio-mor das ordenangas ‘de Ttabaiana e "0 mais importante seakor de teras a Villa © um dos rsa she tosladde cosine Sepp", Ants do VIE Simp Nocatee iA ag pd Nuns 41S S16 “Spin Nalnal dos Profesor de Hn Amero anes B ‘mais destacados da Provincia"! E anteiormente era 0 movimento Ticerado pelo padre Alexandre Pinto Lobfo, "importante agricultr da vila de Tabaiana © membvo destacado de sua Cimara™!* Mas se 05 Daquenossitantes mo lideraram © movimento, dele se benefiiaram, ram eles que produziam os cereals que iam constiuir os “genores de permuta no mereado ou fora que somanarameate,(.) ha mutes fanos seach ali esabelecida” ‘Contudo,o proceso de fechamento das soltas também af se reali- zou, $6 se completando, port, em meades do nosso séeulo, com a ‘hegada do arame fupado. Em Ribeitépolis eras abertas ainda exis tama década de 1920, Como dizia um stiante:, "esse que eu alcanei nfo ra como ages, fo ia um Ho {de aame, Stink era un fla para os lads do Jano e uta ‘Tot do Chico, ovewo em abet Alcancel Sando darn até ease ‘rms pa mst sr vera eres As que tinh ca pars seg ‘ar eriagio so pi paramo entrar na ro, Mas ents ersn {As cereas de madera, “creas de face”, eram testemunhas de que «0 sado dos fortes contineava ameagando’ as rocas. Na rogiio dat ‘Matas de Tabaiana,contudo, as pressGes dos pecuaistas eram meno- es que no sero, Por 80, por estar a regito a sulvo das Secase pela presena das terra de mathada, eyo significado sexi visto mais adian- fe, os camponesestiveram melhores possibidades de reprodusto, im todos os lugares, porém,tiveram fim as temas elas. Equivs- lentes “lngas” do Bi ‘Aud recentemente exstia uma “larga” nas viziahangas do Bras ugar mesmo onde seria, em 1922, a “pedra fundamental” (marco 4o centro geodésico do Brasil) do que seria mais tarde a capital fede ‘ral. Hoje um espace tombado pelo Fstado, continua permaneeendo na ‘cancengao da papslagae local mais ant ‘onde anger seu pado. Em todo Pais, esas tera eram a base da formagio de umn eam- pesinato que prescindia da propriedide privada e que coexist com 26 ommas hegsmOnicas de exploracio agropecsirs, come as plantations pd ane op AS 4 omanatuonn roma sgucarczs. Se no pps intaior do universoexravits exist ua “Trechacamponea a sous naam como gue um substrata invisivel da conde camponesa. Neus te conattula, cx vos ‘sos, terra de parent, como aguas oeupadas pot “teas eo: ‘mum’, constant dos fleos Se autoriades segipanse. Embers uate caraceristicas dstinas das trras de santo ds terran de ‘negro, tim em comum com sas onsite “emis campos TAs tes sollas exam farraliberta © coniguavar, Re elon frente de expansfocamponess tal como ocareu mas recenements tt Amann: Hoje no Nordest, que 6 ces como "ea Ibert” © tar, assim estgodzado por poscadores, que 36 porcabet lives Quah. do contastados aos wabalhadores agricola. Mas, mesmo pescado. tes, como no Ital do Rlo Grande do Nowe, ublizavam trsehos do {eva proximos & praia somo soltas. Osorno sa expropriago por fraps econdmicos a part de 1980 (um seule apos Lal de Teas), Senseguiam, nara octdae, com apo Us Tg Cae, eg {ls como temas de sppaagdo somal. roncamen,wlizram 3 mesma ama que dovate mais dem solo servis pare a expoprae {Hor documento carr. Deseparecids as sos em Serpe prodasao social do campesnato focal Cada vee mas cereadas pla tande proprsdade esta passou mesmo 4 dentminay, poset teofe, em subsiigdo 20s nomes derivagos de acierfes natures “sola do tavessao do Moca” (arco 0 limite de ue propiedad), “soli de Maria das Indios", por exemplo. A fomnas de ominago expressimn simbolicatente as fommas ce epropragio da tem. Anes dsignadas por fats de natrezay erm do domino da naturera de Deus” Passando a ser designadas pelo dominio pivado dos homens, jae allgurava seu gradatvedosaparcemento como nshos lives pa A reprodusdocamponesa ‘Nur momento especficoe mura cea restr, santos consegsi- am reconsiuir © modelo tadicional dz wso da tera. Fol sma minieforma sriia” ogateada pelo sindeat. de abalhadores TG Mac Yon Late Lares « Faso Calon Tene de Sv, tia do Yee nitedo Wage Pde mcd, "Temas de peo, eras des eas soe: pmcomasac confi Humane 15 988, pp 248 'CCSinone Dana Cre, Tra ert: hbo alimetan om owt do Mao (Gsseaghe demand) teraram-se as priticas de re arena E04 as is de Malhador. Adguirdes crea de uzents hetaes, rea foi ‘Ghia em totes memes de mathada foes maire de chao de sere eros que serio analizados mais aan Elem desses 1s, ‘econ ma tea desl, pra uso coun de eto et eer lena, Mas fo spenas ui aremeso do pated, pols emne ‘Shae rade uso comtm, nto eam expago por onde 3 podlam ex {andr novor son como no tempo em qe ema era ibe. ‘O espayo canponts encole sighicaivament, mas a8 soles ceminsams ovata mention conigho de set Hert. | i | A ETNOGRAFIA DO PROCESSO DE TRABALHO [As ansformagges hiséricas acim deseritas modicum o espa {go no qual te moviam os sitiantes, assim como sua pereepea0. O pro- FEE0 de enciowure das terms de livre acesso.nZo <6 fimitow suas Sosnbiidades de eproduyao social, como trbém modificow 0 espa: Pentermo do sitio Este espago que agora examinamos ‘0 iugar do trabalho (0 sito &o hugar do trabalho por exceléncia. Mas ele € igualmente ‘renultado do trabalho, pois €1am espago construido; melhor dizendo,, {im conjunto do espagoearicuados entre si, que Ihe permite orga arse como um satema de insumos e produs. Esse espago € 0 resul {ado, também, de am pocesso historico secular em que o ambiente foi Sereda, coms gradaiva climiado da eobertura vegetal orginal © de {oxo 0 ecossisienm que Ine era astocado, A organizacio espacial do ‘Mofo analisada em detalhe por Ellen F. Woormann, © aqui a des- ‘rovers de maneiraresumi. Tcaiments, na regi estudada,o so se compte dos segues espa- soso mato a eapecia, ocho de rs elon a mtthada,o past, a cass de Tiras, aeasa eo quinl ‘O mato designa uma deca cujacobertura vegetal nunca soe der- rubada, ou em que esta ocoreu hd muitas décadas. Eo espaco inci {ue da lugar a0 rogade. ‘Devemos notar que o ambiente natural tem um significado distinto para silanes © pra prandes propretrios. Para 0s limos, © mato € [igo a ser removid, para ser subsituldo pelo eapim, Para os primel- om algo a ser presevado, como pare mest do espago €e tbalho, fo utizado apenas & medida das necessidades de reprodugto social. Sea lavoura eamponesa & de queimada e coivars, to condenadas, ela Dé no interior de urna percep do trabalho ¢ da naturezs que busea © qullbeio, Tal equilio era possivel com auillzagio das sols nom proveswo de rotag de teras com rogados de pequenas dimensOes, por TCO se campos Amve dope 8 (189), 16208, 2 ‘ovzazaunona rena isso mesmo, autoepenerator. Era compativel,tmlm, com 9 exiate fo soft, Na verade proceso de tialhetniionah combina lnvoua eet, prods in viento cco em que taurees stguis uae boos aan te sates € mot de ogi of oe poder iar aera escansr” Nam caso, dlrs fs em "deans" dame 38 ano end 28 Shown epee naturale aa {gue © trabalho pudesereinkiar nam nova cleo na erate seine Fars sidanta, lagi com snatuesa Suma ea epetons? “Aeapocra,enquaio pastagem par o gato. ere contleradahupe- tir ao mata pa prosengs de gumineus © pel veptanio mas aber, Por out lado, reeulvar um who dttado cm pusio duane agus anos — a capoera ~ rama vantsjone us daub nove eee de mato pois enoivia menor sumone fabalho« rapuménves ee sora de madi orn adsiva depo da Ste dos sos, 9 mato © a capt tomas un rca etecentemente esas, ifeutande ne c8 {titel de gad, mas propia avour, visto gu ao dreas de oust, {am isto, va amin dessparecondo Ye ten mms ceo roceisico de elivo-forapem-pousecltvo, ‘Arai de 1980 surgan ts paragon plantas cm tbs & a ocr; toma-se tb suis feqlene © expo dpa ean fondo olor da vredne “gande ntrousda pa dade 1920, “ust do mato como Sto ears de mento do pd om ice da seca coma consequencia do coeareste spaces nario mato ea eapocra fram substiudos, pos, por expos tulvas. Sto epagos que se sede, inetigaos nom process temporal mato-capeeirapastagemy mates pala, fag conapeo da vlgdo com = aatucea& soto Aq dos empaeses «shosos Amann expr placenta ao “capa oe stam ge se een en Coan os fa Sia 2 {les ngs pata lad poo ft de go rape fan cb (Ger st homsnins: Par selon etalon do u's prs dat ‘ere ni toss cone teen pre EA miming ee mt a a oat 3 qn de mata sole Sets saunas ems ever CE Neeya Ste, ere glo srs (ners Je dora i | | -eroaRAFt BD moCESSODETAABALEO 29 Entre cada um deles © o seguine, medela sempre-a roga. Vale dizer fue se sucedem sempre mediadas pelo uabalho (0 mato € 0 ponto de partiéa de qualquer os espagos do sitio, ‘Ap6s demubade, tora-se ra, que se toma capoeira fina, que evolu jr eapociza gross, que novamente se torna ropa, até gue, invab lo radio de tras, 0 solo excessivamente “esmoreido” écoberts ‘de pastagens ou palma, "Temos ent, a0 longo do tempo, um sistem dado po anticulagta cere vegotagdo naturale lvoura, que étambbsm uma aricalagio entre Invoura eeragdo. Na organizagdo do sto, observam-se duas varantes bisicas de relagdes entre seus espagos constiutives: o modelo de chao de roca, mais antigo e que demanda o pousio por longos anes, e 6 46 inafhada, de culivo imansivo e mais recente [No primeir, exila-e do mato ou di capoora grossa a madei para a construcfo da casa ¢ da casa de farinha, assim como de seus ‘quipamentos;extaa-se tabi alenha, vem a qual nfo poderia set ‘roduzida a Turina nem operae a cozinh_ Do mato, dbsnham-setam- ‘hin caga,fruosslvestrese plantas medicine ‘© mato, na percepeto “einoecol6pica” dos stants, representa no ‘uma reserva de recursos (¢ po s80 envidam todos os esorgos para preseri-o}, como constitu uma fonte de exploraglo de recurso re- roviveis, como parte mesmo das priticastradicionis de reprodugto social earponesa, ‘Com cercamento das salts, 0 inico espaso de mato disponive é ‘que existe no interior do sito ¢, ao ser transformado em lavoura, Geixa de ser espaco proveder de madeira, lenba ¢ estacss. A produ. ‘lo/eprodugao camponesaimplicava maior extensfo de mato do que agula que seria tansformada em roga,ndo s6 para possibltar a rose ‘ode terra, mas também para assegurar a continidade do suprimen- fo daqueles insures. Na medida em que Sus prosonga se limita 30 interior do sitio, o siante pereebe sua lavoura como conduzindo 8 _radstivaeliminagio de um dos proprios supostos* de sun reprodo, Da eapocira fina também se exteala a lerha © wala se maatinh parte do pido e da mimga(ovelhas ox cabras) em vist de dit eria 0 om cra nova, gado em regime de engorda eanimais a serem abatides. 1 Eas ii deena em ae tls, 0 atgn “0 sin eps, de ‘ee F Woactmann Bip) » omanarxo 4 Te Aernoaesi 0 roesSSODERABALIO 3 spotados of reeusos alimentares da cuposira fina, o gado era trans- Terido para scapocira grossa ou perao mito ‘Da roca levase paraa casa legume (mio, feito, ete) que _erendas,bolos e doces, para venda, A casa 6 também o foo de um eso de disteibuglo, Segundo regras de reciprocidade, para grupos omestions aparentados. "O modelo de chio de rogaatualdifernci-se do antigo pelo dest- ‘do mao e da capocira grossa. Ao mesmo tempo em que Pieelstavam cssis modificagBes iteras 20 st, tansformava-se ‘Ganhéon o sistema de arrendamenta, como ser visto. Com isso, reduz- SSapossbilidade de culsivo de mandiocae ende a desaparecer a casa {e farinha, visto que # madeira lah tém, endo, de ser compradas, Hoje so pouces os sidantes que sinda dspem de mato ou capo- cia gross, A aioe pate dos sitios de cho de roa passa ase organi Zar segundo 0 modelo a seguir descr, seansformari em comida. Antigamente dela se levava 0 algodio, para ‘Ser transformado em tezido ey prineipalmente, pata ser veneigo. bs tempresis deserogadoras eno existntes. Hoje, a comercializasa0 do Slgoeto & restrta, Parte do milhoalimentava a miunga, como consumo intermedisio. “Apbs a colheits,transfra-te © gado para espaso da rosa, onde se alimentava da paiha(restolho) A palha do slgoato € especalmeat= impo" A impetnsia medicinal do sigad, perm, Jnetida que o eo depo tadcional ope duro" de pequeno por. | Dacapoetafina, que tend a ser mantida como reserva, comin 3 tere subsludo pelo gad “2ebuade", maiz pesado e mais ito. Com | seretirada a Tena, seinte apenas ara consumo da css. {Soo alyoddo perde sew signified tedicnal;mantémse,no entn- | Da Yoga para « cas coninun se dirgro legume. Da riacto {oricusenio de suplement limentar,tanto aus gueimsprtam, em | colinua ser iio para acasao leit, mas es cigs 2 250- pevodo de exigem prolonguds, aorta.O gato "péduto",em eripo | ren past, que osupe pare Jo espag antes dextinado §roga no is 4 couagem, "ra tangido para deniro do tate; Mele se vias © | ema de totopde de temas «de sucesso mato (ov capo ogaea ‘Sebuado” tem menos resbisncay "som jet, no sabe Comer © | eimleapacra O past € cviide em viris pares cecadas, de forma ‘mandacar.- preva da tot, endo nfo ptt {posta rdtze de pastagense mninizar seu despaste "Arora medida que va sno fvadign por graminea ates de |“ sig atual mo em porno, ostblidaes de se reprodusi se pasar ao eat de capac ins, omase copinla, amb FeseV pando a pritica tadiional. A moda que solo se esos, ele val ‘Se para o ga, ransformada em pasto ou em eam iu, Em muitos se ‘Da roga para & casa de feria dirge-se a mandioca que, uma vez Sendo tansformado em pas po a pala. process Pk consis ds componctes bles dvd funale_| SOON apenata cain poco de capo frm0 7st wes nda monettia Gurtamene como mihoenquanto fo se | Meese cara a case de frie soem ainda'e | Bemdiferente & 0 modelo do sto de malhada, coos espagos sto 2 tele polvho, ain como as fees da producto de fama @ | "alls opus, ocuralacsa de fariaa apna 6x cpowr eee en ee ceo anintoy Sas atinascolgetea | Ext tena da mandion por exclénca, Os bso rrais (00 ‘beeapocire ins ena'patbads, Da casa de faritha para a ropa dirige-se | stsicipos) ricos em muahadas so ricos também em mandioca, ali- fusro subprodsta importante: 0 liguido tOxico resultant da prensa- mento bisico e uma das principtis mereadoris destinadas fers. A {bem utlzado censo fonnicia — outto resto transformade em ins mandioca & eonsoriada outros produts, basicamente de subsstén- smo. Parte dos restos lo. consumidos pela eagle pode ser | ca, destinados dessa transformada em abo, depois de fermentada, ‘A muthada divide-se em mathada nova © malhada velha, ou 'Na cass, ade st fazer a stmazenagem de alguns progutos des- planta nova e planta veh, catacterizadas pela “ade” da mandioca © tinados & venda,fabrica-se tambem o quelj, que produzici cure resto, polo fto-de ter sido a primeira recentemente adubada, enquanto, na ‘0 sore, destnado a alimentagdo dos poreos, assim como a lavagem”, _ tallada velha, em seu segundo ano de produglo, ainda se aproveta & restos alimentaga0 humana, Na esta so ainda produzides bardades __adubago anterior. 2 losnanato oa Tenn Da mathads retia-se ainda a palha para a ctiagto, Porno ser de adi em pousio, a malhada nio’€ invadida por sraminess que ite limentar © gado. Mal germinadas, so entorradas para formar adube: verde, [esse sistema surge um componente novo: 0 cura, leilizado no ‘espago do pasto,préximo i malkada ov casa de farinha, €nele onde se colocam a paths, a raspa da mandioce e, eventualments, pala Por outro lado, €nele onde se acumnulao estrumeutilizado na edu fo da mathada. Nestes sites o rodizio de pastagens 6 menos feqlen- {c, pols os restos da mathada eda casa de farnha sto mais consantes, Como se tats de um sistema de planio intensivo,nio se peatica rotagdo de eras ‘A caposira resume-se a uma reserva de lea. Como no modelo anterior, dt casa de frinha para lavoura drige- © 0 formiida, Da malhads velha para a nov, amaniva, que niiaré nova plantsgfo de mandioca; 0 que excede as necessidades do teplan: tio se toma combustvel para 2 casa de farinha ou slimento pare 9 sudo. Alterativamente, junto com os restos da casa de farnhay € transformada em advo En casa de farinha que se produs o principal produto comer 2 farina de mandioes slém de outos secunditios, como a fora, que Seri uilizada para engommar os panos bordados na caea plas mulheres, ‘01 0 polvitho, usado para consumo ou para a produgdo de biscoitos a setem vendidos. Ela é uma fonte de rena ainda em outto sentido, pols pode ser alugada a sitiantes que nto a possuem. Outrasfontes de ronda slo dadas pelo gado e seus prodtos,principalmente 6 quelo, assim somo pelo aluguel do sto. eriagdo de poreos € mals vive) nesse sistema, dado © supeimento de alimentos vindo da cast-de farinhe, ‘Ambos os modelos contam com a presenga do pasto © do gado, ‘mas seu significado € distnto. No modelo de eho de roga eles repre- sentam 0 esto terminal de um procesto evolve, dado pelo cago tamento do solo da possibildade de realizar a roto de terres. No ‘modelo de mathada, pelo contro, 0 zado & um elemento da reproda- ‘lo do proprio sistema agricola, A'mathada ens a presenes do Eada, visto que € dele que virdo esteume, 0 unto. Entec a malhada © 0 ado processinse, portant, como que uma rocs de alimentos, -smocaver no rocesso DE TRABALHO = | apesar do estoro om mane oFsupostos da prods internas 20 sos, Fesiza-se uma toca ca 0 sero, para onde se vender fara, {eee outos alimentos, ¢ de ole sc compram esume ¢ tort Je ‘ffaio.O sho como que replies 0 interedmbo radional ene as ies nordstnas. no enpayo do so, ele reso am proceso cestane do taba tn, onde se dove realizar, idesimens, 0 processo de trabalho. Cont fn, pa muitos stants, foi nosescnadeslocor a lavaura para © ‘Shar ds propriedade, na forma de trendament, que elon com. digo de sdbvviveria em fae de exighdade do sito ou do exgot {ano do seus recurcos. ‘0 stendamento foi mundando deforma, 29 longo do tempo, De ini, 0 proprctro ava a tera em toca da alba, to 80 inte ‘eae nia stava mu sproprigde de um abrcrbalbo fa forma de pro- Gos aprclas, e sim na pla cas gramineas que se instal Socapg do ogado aps cola come demote fila de um itr do Tea ‘Quando er de novenbro pars demo opel ie ns teens ‘ar arena, qo nha mn egucia co para dara capaci, Data acer capers para o as cpa fcr a eapocina para 0 g0 ‘amdreu diate sno eu even posto defn dea® { || Num segundo momento, &*renda “rend | ain que predomi i « Seada Je 1950, sem conta afr 9 | preceso de uatulo,idensco a0 realizado no inerior do sito. Ne | Srcana aicads, soméca, poran, wma temnaformao Resimentall & | Srazdo (ermo ge desgnava satvidade pastor om pastagene nats | eis) cade lugar’ peeusria(criaio em pestagenscsltvedae), | rendatrio €obrigada plantar, junta sot seat proton, expen | que oeuprddefiiivamente aque expase, £0 gue demonsra 0 dis Ingo segue ranacets aqui em tabi cles querem que eric o cpim .. Quer dizer que qui esse prprietri dvsao pobre plantar omthe <0 feiso no meio 7 par, il: tree & ptt de ua msn eo sini ‘arpa ese een Exc ou et Gan oa) 7k {Gos py cl pen ern Sons fae ae ‘Sahel Sena casa Cone: Si

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