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Ferreira 2018
Ferreira 2018
Palavras-chave: Este artigo apresenta uma revisão detalhada do potencial energético da biomassa residual para geração distribuída
Biogás no Brasil, apresentando o potencial por macrorregião dos diferentes tipos de resíduos gerados nos setores agrícola,
Biodigestor florestal, pecuário, industrial e urbano. O foco desta pesquisa é mapear e apontar, por meio de pesquisa bibliográfica,
Mitigação
o grande potencial da biomassa no mercado brasileiro para a produção de biogás e consequentemente o uso para
Energia verde e sustentabilidade
geração de energia elétrica no país e principalmente no estado do Paraná.
Destaca-se, portanto, que a metodologia utilizada baseia-se em pesquisa bibliográfica a partir de bases de dados
e pesquisas recentes com levantamento realizado pelo Parque Tecnológico ITAIPU (PTI) em parceria com o SENAI/
PR, utilizando os Observatórios FIEP. Como resultado, esta pesquisa descreve através da coleta de dados um
cenário favorável para a viabilidade técnica do uso da biomassa para o aproveitamento energético do biogás para
geração de energia. A geração distribuída de energia elétrica a partir da biomassa pode ajudar o Brasil na
preservação do meio ambiente, bem como contribuir para a diversificação da matriz energética, desenvolvimento
econômico e ampliação do acesso à energia em comunidades isoladas.
1. Introdução (inclui importações), 8,2% de madeira e carvão vegetal e 4,7% de lixívia (fábricas de
papel e celulose) e outras fontes renováveis. A Fig. 1 apresenta a oferta doméstica de
Hoje, a população mundial gera uma enorme quantidade de resíduos. energia de 590,5 TWh no Brasil em 2015 [4].
Estudos de gestão de energia e resíduos merecem atenção especial para as novas e O Brasil possui uma matriz elétrica de origem predominantemente renovável, com
emergentes tecnologias que são capazes de produzir energia a partir de resíduos [1,2]. destaque para a geração hidráulica que responde por 64% da oferta doméstica. No ano
Este estudo apresenta o potencial energético dos diferentes tipos de resíduos gerados de 2015, houve um aumento da participação de fontes renováveis na matriz elétrica de
nos setores agrícola, florestal, pecuário, industrial e urbano. A metodologia utilizada foi 74,6% para 75,5%, o que é explicado pela diminuição da geração térmica a partir de
baseada em pesquisa bibliográfica. A principal fonte bibliográfica utilizada neste trabalho derivados de petróleo e pelo aumento da geração a partir de biomassa e eólica.
é o "Oportunidades da cadeia produtiva do biogás para o estado do Paraná", que é um
levantamento realizado pelo SENAI/PR, pelos Observatórios da FIEP [3]. O Brasil tem capacidade instalada de geração elétrica de 133,9 GW [4].
A Fig. 2 mostra a matriz elétrica brasileira no ano de 2015.
As usinas de biomassa representam 8% do total de energia elétrica gerada pelas
Atualmente, a matriz energética mundial é fortemente baseada em combustíveis termelétricas. O Brasil continua altamente dependente de duas fontes: hidrelétrica e gás
não renováveis. De acordo com o Balanço Energético Nacional [4], divulgado pela natural. Há necessidade de uma maior diversificação para garantir a segurança nacional
Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a matriz energética brasileira também é e uma maior inclusão de outras fontes de energia renováveis. Na geração hídrica, os
composta, em sua maioria, por 58,8% de fontes não renováveis. Está em uma posição melhores usos já foram feitos e já fazem parte da matriz energética atual, enquanto na
mais confortável em relação à média mundial que é de aproximadamente 86,5%. No ano geração térmica há uma dependência do preço do petróleo, do gás natural e da taxa de
de 2015, as fontes renováveis no Brasil tiveram uma participação de 41,2% na matriz câmbio [5-7].
energética, sendo 16,9% derivados da biomassa da cana-de-açúcar, 11,3% da geração
hidráulica O consumo de energia aumentou em todo o mundo e deve manter-se
ÿ Autor correspondente.
E-mail addresses: liz.alv.fe@gmail.com (L.R.A. Ferreira), rodrigobueno@pti.org.br (R.B. Otto), felipesilva@pti.org.br (F.P. Silva), ssouza@unioeste.br (S.N.M. De Souza),
saengquimica@gmail.com (S.S. De Souza), oswaldo.junior@unila.edu.br (O.H. Ando Junior).
https://doi.org/10.1016/j.rser.2018.06.034 Recebido
em 17 de abril de 2017; Recebido em formulário revisado em 13 de junho de 2018; Aceito em 14 de junho de
2018 1364-0321/ © 2018 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.
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A biomassa é qualquer recurso renovável derivado de matéria orgânica de origem para a criação de fertilizantes, enquanto o biogás representa uma excelente energia
animal ou vegetal, existente na natureza ou gerada pelo homem e/ou animais, como renovável para diferentes aplicações [16,17].
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(empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras). Dentro No Brasil, a cultura da cana-de-açúcar é a que apresenta maior quantidade
nesta configuração, a energia gerada pode ser dividida entre os produzido. O aproveitamento energético do resíduo da cana-de-açúcar é muito
condomínios em percentuais definidos pelos próprios consumidores. UMA nível mais alto do que em outras culturas [34,35]. Os principais produtos agrícolas
também foi criada a figura de “geração compartilhada”, permitindo que os stakeholders cultivadas no Paraná entre 2008 e 2012 foram cana-de-açúcar, milho, soja e
aderir a um consórcio ou cooperativa, instalar um gerador distribuído mandioca. Cada um proporciona a geração de diferentes tipos de resíduos,
e usar a energia gerada para reduzir as contas do consórcio a maioria deles atualmente sendo utilizada energeticamente via queima direta em
membros ou cooperativas [26]. caldeiras ou fornos [32]. A Tabela 1 apresenta a produção média anual em
As normas da ANEEL diferenciam micro e minigeradores. o toneladas considerando o período 2008-2012 dos principais produtos agrícolas já
a microgeração pode produzir até 75 kW. No caso de fontes de água, mencionados, bem como a respetiva quantidade de resíduos
a minigeração deve ter uma produção menor ou igual a gerado e o potencial energético.
3 MW. Para outras fontes renováveis de eletricidade ou no caso de A produção de cana-de-açúcar é superior em relação às demais hortaliças
cogeração qualificada deve ser menor ou igual a 5 MW [26,27]. espécies como mostrado na Tabela 1, consequentemente há uma maior capacidade de
produzir biogás a partir de resíduos de cana-de-açúcar. Também é possível verificar que
3.1. Potencial energético dos resíduos gerados no setor agropecuário espécies como cana-de-açúcar, milho, soja e mandioca juntas têm em
Paraná um potencial energético de 308.623 GWh/ano e no Brasil um potencial
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística energético de 2615.360 GWh/ano [36,37]. O estado do Paraná possui
[28], existem 5.175.489 estabelecimentos agropecuários, dos quais área de floresta plantada de 1,3 milhão de hectares e um consumo anual
3.526.330 unidades atestam ter energia elétrica obtida de de 51 milhões de metros cúbicos de madeira. Isso representa 7,03% da receita bruta
menos uma modalidade (gerada no estabelecimento, obtida por consignação ou valor da produção estadual e gera 300 mil empregos [38].
comprada de distribuidor).
O percentual de estabelecimentos com energia elétrica no tabela 1
As regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul são respectivamente 61,5%, Potencial energético dos resíduos agrícolas [3].
38%, 73,1%, 82,3% e 84%, em relação ao total existente Produção anual Quantidade de resíduos
Vegetal Energia
estabelecimentos em cada uma dessas regiões. A eletricidade comprada de Espécies (média 2008–2012) (tonelada/ano)b Potencial
a distribuidora está presente em 3.258.676 estabelecimentos agropecuários em (tonelada)a (GWh/ano)c
[34].
Em 2010, aproximadamente mais de 35% das emissões de gases de efeito estufa b Índices: 0,540 (cana-de-açúcar); 1.420 (milho); 1,40 (soja) e 0,186 (mandioca)
as emissões no Brasil foram causadas pelo setor agropecuário [30]. [35].
c
Atualmente, pesquisadores analisam o potencial da digestão anaeróbica de dejetos Valor Calórico (base seca): 16,0 MJ/kg (cana-de-açúcar – folhas e pontas);
animais no Brasil, especialmente para geração de energia elétrica 17,7 MJ/kg (milho – sabugo e palha); 14,6 MJ/kg (soja – palha) [36].
d
[31]. Valor Calórico (base seca): 15,8 MJ/kg (mandioca – folhas) [37].
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Cerca de 41 milhões de toneladas de resíduos de madeira são gerados anualmente a partir da PARANÁ
indústria de processamento de madeira e colheita florestal, o que pode gerar Aves 232,754,476.00 34,913,171.40 637,165,378.05 5518,927.00 911,15
energia equivalente a 1,7 GW/ano. As regiões Sul e Sudeste suíno 12,969,478.45 373,974,911.11
20,198,950.00
Dairy Cows
280,159,436.50
1615,916.00
239,889,319.00
TOTAL 534,78
68,081,599.85 1291,299,725.66 1846.56 400,63
têm o maior potencial de geração de energia de biomassa devido à
alta concentração de plantações florestais e plantações de cana-de-açúcar [40].
BRASIL
Aves 1032.038.992,00 154.805.848,80 2825.206.740,60 4040,05
3.1.2. Resíduos do setor pecuário Suínos 38.795.902,00 91.170.369,70 2628.897.610,30 3759,32
No meio rural, a modernização dos sistemas de criação intensifica as necessidades Vacas Leiteiras 22.803.519,00 285.043.987,50 3953.560.106,63 5653,59
TOTAL 1093.638.413 531.020.206,00 9407.664.457,52 13.452,96
de energia, geração de resíduos e necessidade de tratamento
desses resíduos [14,41]. As fortes transformações dos animais confinados Observação:.
[34].
isso também tem causado problemas ambientais devido à concentração b
Pesos considerados: frangos e galinhas até 2,5 kg (0,15 kg resíduos/
e escala da atividade. Isso cria a necessidade de buscar novas alternativas para mitigar dia); suínos 90 kg (2,35 kg resíduos/dia); bovinos 500 kg (12,5 kg resíduos/dia)
o problema e também agregar valor ao [45].
resíduos [42]. c
Taxas de conversão utilizadas: aves 0,05 m3 /kg, suínos 0,079 m3 /kg e laticínios
No setor pecuário, o estado que se destaca historicamente na suinocultura vacas 0,038 m3 /kg [46].
d
agropecuária é catarinense. Em 2012, correspondeu a uma participação de 19,3% na Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 . Este índice foi considerado
pecuária nacional. Em seguida, o Rio Grande do Sul com 16%, para todos os resíduos, mas sabe-se que pode haver variações de acordo com a
Paraná com 14,2% e Minas Gerais com 13,3%, juntos correspondem a 62,8% da substrato utilizado [47].
produção nacional [43].
A suinocultura é uma atividade poluidora com alta carga orgânica, responsável
pela disseminação de patógenos, contaminação de rios, produção de etanol. Para cada litro de álcool produzido, doze litros
água e solos, além de produzir odores desagradáveis e emitir da vinhaça fica como resíduo [49]. Trata-se de um resíduo altamente poluente, que
gases com efeito de estufa [44]. pode gerar grave fonte de poluição quando lançado em rios. Pode
O Brasil também é o segundo maior produtor mundial de carne bovina. No ano ser usado, como fertilizante, na produção de biogás para gerar eletricidade
2012, foi registrado um rebanho bovino de 211.279.082 cabeças, do qual ou na pecuária como um complemento de alta proteína da alimentação animal [50,51].
22.803.519 referiam-se a vacas leiteiras. No estado do Paraná, um rebanho bovino A Tabela 3 mostra os dados de produção de etanol para o Paraná e Brasil para
de 9.413.937 cabeças foram registradas, sendo 1.615.916 referentes a vacas leiteiras a safra de cana-de-açúcar 2012/2013 e também inclui a produção de
[45]. A pecuária confinada, principalmente de aves, suínos e vinhaça e seu potencial para obtenção de biogás por meio da digestão [3].
bovinos, tem um potencial significativo de produção de biogás a partir do esterco de Considerando os dados da safra de cana-de-açúcar de 2012/2013,
desses animais e posterior utilização do biogás para geração de energia elétrica [29]. O Paraná poderia produzir anualmente mais de 167 milhões de m3 de biogás,
com um potencial energético de 240 GWh de eletricidade por ano [27].
Pode-se observar na Tabela 2, que o maior potencial energético é
obtidos através da avicultura, devido ao maior número efetivo
desses animais. Juntos, os resíduos gerados por aves, suínos e 3.2.2. Resíduos do processo de produção de biodiesel
vacas leiteiras têm potencial energético estimado de 13.452,96 GWh/ano O biodiesel é um combustível que pode ser produzido a partir de óleos vegetais,
no Brasil e 1.846,56 GWh/ano no estado do Paraná [3]. gorduras e óleos de origem microbiana. As matérias-primas são convertidas em
Nos Anexos A, B, C e D, é apresentado o potencial teórico da produção de biogás biodiesel por meio de uma reação química envolvendo álcool e catalisador [54]. O
no estado do Paraná. Essas estimativas foram biodiesel também pode ser definido como um biocombustível derivado de biomassa
desenvolvido pela Rede BiogasFert em uma ação conjunta do renovável para uso em motores de combustão interna ou, de acordo com
Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás), à regulação, para outros tipos de geração de energia, que podem
ou substituir totalmente os combustíveis fósseis [55].
Centro Internacional de Hidroinformática (CIH), Brazilian Agricultural
Empresa de Pesquisa (Embrapa), Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em várias proporções. o
Itaipu Binacional. As categorias listadas nos Apêndices A, B, C e D a mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2; com 10%
(GWh/ano)d
cervejas, frigoríficos, papel e celulose, participam expressivamente
produção de resíduos. PARANÁ
1471.320,0 17.655.840,0 167.730.480,0 239,9
BRASIL
3.2.1. Resíduos das indústrias sucroalcooleiras
27.808.591,0 333.703.092,0 3170.179.374,0 4533,4
O Brasil não é apenas o maior produtor de cana-de-açúcar, é também o
maior produtor de açúcar e etanol e conquista cada vez mais o Observação:.
mercado externo com o uso do biocombustível como energia alternativa [48]. Dentro uma
[52].
Brasil, existem 411 usinas sucroalcooleiras que produzem etanol em b
taxa de conversão: 12 m3 vinhaça/m3 álcool [53]. taxa
c
além de grandes quantidades de resíduos no processo, principalmente vinhaça [29]. de conversão: 9,5 m3 biogás/m3 vinhaça [53]. taxas de
d
A vinhaça é o subproduto final da destilação da biomassa, principalmente para a conversão de biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
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Tabela 4 Tabela 5
Potencial energético do glicerol resultante da produção de biodiesel [3]. Potencial energético do soro de leite resultante da fabricação do queijo [3].
Anual Anual Estimativa de Produção Energia Anual Anual Produção anual Energia
Produção de Produção de Anual de Biogás (m3 ) Potencial Produção de Produção de De Biogás Estimado (m3 ) Potencial
uma b c uma b
Biodiesel (m3 ) Glicerol (m3 ) (GWh/ano)d Queijo (tonelada) Branco (m3 ) (GWh/ano)c
PARANÁ PARANÁ
120.110,85 12.011,09 3002.711,33 4,29 7568,00 68.112,00 774.774,00 1.11
BRASIL BRASIL
2717.483,49 271.748,35 67.937.087,23 97,15 867.100,00 7803.900,00 88.769.362,50 126,94
Observação:. Observação:.
uma
Taxa de conversão: 9 m3 de soro de leite/t queijo [70]. Considerando que o soro é 50%
b
Taxa de conversão = 0,1 m3 glicerol/m3 biodiesel [60]. inserido novamente em outros processos e 50% é descartado [71].
c b
Taxa de conversão = 250 m3 biogás/m3 glicerol [61]. Taxa de conversão: 22,75 m3 biogás/m3 soro [72].
d c
Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47]. Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
adicionado (B10); e assim por diante, até o biodiesel puro, denominado B100 [18]. A Lei 3.2.4. Resíduos gerados no processamento da mandioca
nº 11.097, de janeiro de 2005, introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira e No Brasil, os principais tipos de processamento da mandioca são para fabricação de
estabeleceu a obrigatoriedade da adição de um percentual mínimo de biodiesel ao óleo farinha e extração de amido [73]. Os resíduos sólidos e líquidos gerados durante o
diesel comercializado no país. Esse percentual começou em 2% [25,55]. A Lei nº 13.263 processamento da mandioca são: casca marrom, casca, descarte, triturado, fibra, bagaço,
de março de 2016 define que o valor de 7% deve aumentar para 8% em 2017, 9% em manipueira (água da borracha), água de lavagem, água de extração do amido [74,75]. A
2018 e 10% em 2019 [25,56]. poluição gerada por esses resíduos resulta em efeitos diretos, não apenas no meio
ambiente, mas também na qualidade de vida da população, principalmente daquelas
O aumento da produção de biodiesel também deve levar ao aumento dos resíduos localizadas no entorno das áreas de produção [73]. A manipueira é o efluente proveniente
resultantes do processo produtivo, entre eles a glicerina, que representa cerca de 10% da da prensagem da mandioca para a produção de farinha ou do efluente da fécula. Neste
massa total resultante do processo. A glicerina ou glicerol possui diversas aplicações nas caso, é diluído com a água extraída do amido. Mesmo diluída, a manipueira ainda possui
áreas cosmética, farmacêutica, detergente, fabricação de resinas, indústria alimentícia, alto teor de matéria orgânica e, dessa forma, há necessidade de tratamento para que
indústrias de alimentos e bebidas, como refrigerantes, doces, bolos, carnes e rações para possa ser lançada no meio ambiente sem causar danos [73].
animais [57].
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Tabela 6
Produção total e participação do estado na produção nacional de amido entre 2010 e 2012 [78].
Tabela 7 indústrias [84]. No entanto, grande parte dos resíduos permanece sem uso [3].
Energia potencial da manipueira resultante do processamento da mandioca [3]. O potencial de produção de biogás a partir de águas amarelas é apresentado em
[78].
b 1,6% do PIB e 14% da indústria de transformação nacional. Aproximadamente 14 bilhões
Taxa de conversão: 0,33 m3 manipueira/t mandioca processada [79].
c
Taxa de conversão: 4,1 m3 biogás/m3 resíduo [76,80]. de litros de cerveja são produzidos por ano [86].
d Em 2011 o Brasil tinha cerca de 170 microcervejarias e 30 médias
Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
cervejarias regionais [87]. A maioria das microcervejarias do país
adoção de sistemas mais eficientes, como a produção integrada, com estão concentrados em sete estados, conforme Tabela 9.
medidas para reduzir custos, melhorar e aumentar a comercialização A indústria cervejeira gera níveis relativamente altos de resíduos
do produto, entre outras iniciativas [81,82]. como bagaço de malte, levedura e lúpulo [88]. Bagaço de malte, também chamado de Wet
Um dos principais problemas enfrentados pelo processamento de suco de laranja Cervejaria (RUC) [89-91] é o resíduo mais abundante na fabricação de cerveja
nas indústrias é o grande volume de resíduos sólidos e líquidos produzidos diariamente. processo [92]. A torta de malte produz, a partir da digestão anaeróbica, 58-65%
Após a extração do suco, os resíduos sólidos da laranja na indústria, constituídos pelas gás metano [93]. O reaproveitamento do biogás para geração de energia na
cascas, sementes e polpas, geralmente são transformados em ração animal. Entre as própria cervejaria também é possível e pode atender parcialmente a demanda de
água", formada por proteínas e óleos essenciais, pectinas, açúcares, a faixa de 25-70% do consumo total [95,96].
ácidos e sais, é o que mais preocupa, devido ao seu alto teor Existe a possibilidade de converter em gás os restos de malte,
índices de matéria, o que o torna um agente de alto potencial poluente lúpulo e levedura, que são os principais ingredientes da fabricação de cerveja. Para cada um
[83]. litro da bebida ocorre o consumo de 100 litros de água, considerando tanto o processo de
Os resíduos da citricultura têm significativo valor comercial. De importância fabricação quanto a industrialização [97]. Dentro
são os óleos essenciais (cascas de frutas) utilizados como insumos na alimentação, bebidas, assim, cada litro de cerveja gera 0,16 kg de resíduos. arquibancadas do Paraná
indústria cosmética e perfumaria; essências aromáticas obtidas por concentração de na produção de cervejas fortes e vive um momento de
sumo; farinha de polpa cítrica destinada à produção de alimentos para animais valorização das empresas artesanais do ramo, com 18 fabricantes em operação no ano
(alimento para animais) e polpa de laranja utilizada pela indústria de alimentos e bebidas de 2014. Além das microcervejarias,
o estado tem duas grandes cervejarias [3].
Considerando que cada litro resulta em 0,16 kg de resíduo, pode-se
Tabela 8 estima que, mensalmente, são geradas 4,1 milhões de toneladas de biomassa,
Potencial energético da água amarela resultante da fabricação de suco de laranja representando um potencial energético de biogás de 8.281,04 GWh por ano em
[1]. Paraná [3].
Anual Anual Produção anual Energia
Produção de Produção de de Biogás Estimado Potencial
c
Laranja 2012 Água Amarela (m3 ) (GWh/ano) d
b
(tonelada)a (m3 ) Tabela 9
Distribuição de microcervejarias no Brasil [87].
PARANÁ
913.214,00 273.964,20 5810.780,70 8.31 Estado % do total nacional
BRASIL
18.012.560,00 5403.768,00 114.613.919,30 163,70 São Paulo 24
Rio Grande do Sul 17
Observação:. Santa Catarina 13
uma
[34]. Minas Gerais 10
b Rio Janeiro 8
Conversão 0,3 m3 de água de laranja/m3 de água de laranja. Considerando 70%
Paraná 7
da produção de laranja do país e do estado são utilizados para suco [74].
Goiás 5
c
Taxa de conversão: 30,3 m3 biogás/m3 água de laranja [61]. Outros 16
d
Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
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Tabela 10 Tabela 12
Potencial energético de resíduos úmidos de cervejaria [3]. Potencial energético do licor negro resultante da fabricação de papel e
celulose [3].
Produção anual de Produção anual de Potencial de Energia
uma
cerveja 2014 (m3 ) Estimativa de biogás (m3 ) (GWh/ano)b Anual Produção anual de Biogás Energia
c
Produção de Celulose líquidos e preto Potencial (m3 ) Potencial
PARANÁ b
e Papel (ton)a licor (m3 ) (GWh/ano)d
306.306.000,00 5790.937.920,77 8281.04
BRASIL PARANÁ
14.137.049.858,00 267.271.219.337,79 382.197,84 3153.000,00 510.786.000,00 468.646.155 670.164
BRASIL
Observação:.
24.078.000,00 3900.636.000,00 3578.833.530 5117.732
uma
Não foram encontrados levantamentos recentes sobre a produção de cerveja no Paraná, para os quais o
foi considerada a produção dos principais produtores do estado.
uma
b Observação:. [105].
Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
b
Taxa de conversão: 162 m3 resíduos/t papel e celulose [74].
c
Taxa de conversão: 0,9175 m3 biogás/m3 resíduo [106]. taxas de
3.2.7. Resíduos de matadouros d
conversão de biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
Nos matadouros (matadouro), os animais são abatidos,
produzindo carcaças (carne com ossos) e vísceras comestíveis. Algumas unidades
estabelece a produção desses resíduos no Paraná e no Brasil,
também desossava as carcaças e produzia os chamados cortes de açougue, mas
bem como o potencial energético do aproveitamento do biogás resultante, que
não industrializaram a carne. Os matadouros, por sua vez, podem ser
contribuem com mais de 700 GWh por ano para cada estado [3].
divididos em dois tipos: aqueles que abatem animais, separam seus
carne, suas vísceras e industrializá-los, gerando seus subprodutos,
ou seja, fazem todos os processos de matadouros e também industrializam
3.2.8. Resíduos das indústrias de papel e celulose
a carne, e aqueles que não abatem animais – compram a carne em
As indústrias de papel e celulose são caracterizadas pelo uso intensivo de
carcaças ou cortes, bem como vísceras, de outros matadouros para
de energia em seus processos produtivos, com uma participação de 4,3% no total
processamento e geração de seus derivados e subprodutos, para que
consumo no Brasil em 2014. Embora intensivo em energia, a maior parte
apenas industrializar a carne [98].
energia consumida pelo setor É gerada a partir de fontes renováveis,
Esta indústria gera uma grande quantidade de efluentes, tanto sólidos como
subprodutos de seus processos de produção. Em 2014, 71% da energia
líquido. O resíduo líquido consiste em 80-95% da água consumida.
consumida pelo setor veio de fontes renováveis, com a participação de 63% da
Esses efluentes caracterizam-se principalmente por apresentarem: alta carga orgânica;
energia térmica e elétrica gerada a partir de biomassa
alto teor de gordura; alto teor de nitrogênio; fósforo e sal; significativo
e licor negro (licor residual na polpa do efluente após a
quantidades de vários sais de cura e, opcionalmente, vários
processo de branqueamento) [101,102].
compostos; variações de pH e temperatura. Desta forma, o lixo
Além disso, o segmento exige um abastecimento de água de 100.000 l/ton de
possui altos valores de demanda bioquímica e química de oxigênio, parâmetros
papel fabricado. Além de consumir muitos recursos, o
utilizados para quantificar a carga poluente orgânica em efluentes, sólidos suspensos,
A indústria é responsável por gerar uma grande quantidade de resíduos. Sólidos
graxas e materiais flutuantes. Fragmentos de carne, gorduras
têm destinos bem estabelecidos, como compostagem, produção de
e miudezas geralmente podem ser encontrados em efluentes. Portanto, há altamente
cerâmica e paletes de madeira. No entanto, os líquidos ainda não possuem
material putrescível nesses efluentes, que se decompõe em poucas horas
propósito particular. O licor negro, efluente gerado durante a
após sua geração, especialmente quanto maior a temperatura ambiente
produção do papel, é bastante tóxico e acreditava-se que devido à
[98,99]. Uma das formas de reduzir o potencial poluidor desses
essa característica, não foi submetido a tratamento biológico, pois
resíduos está em tratamento anaeróbio, com produção de biogás. Tabela 11
inibiu a ação dos microrganismos. No entanto, estudos recentes
indicam que, misturado com outros resíduos e em condições
Tabela 11
podem ser tratados anaerobicamente e gerar um volume significativo de
Potencial energético de resíduos resultantes do abate e processamento de carnes.
biogás [103,104]. Conforme demonstrado na Tabela 12, o setor de celulose e papel
de bovinos, suínos e aves [3].
setor poderia, assim, contribuir com mais de 670 GWh por ano para o
Industrial Anual Anual Potencial de Biogás Energia matrix of Paraná [3].
c
Setor Produção de Produção de (m3 ) Potencial
b
Processado Resíduos (m3 ) (GWh/
Carne (t)a ano)d
PARANÁ
Bovino 497.084,50 6462.098,50 55.444.805,13 79,29
suíno 590.426,10 7675.539,30 66.393.414,95 94,94
Aves 3863.517,37 50.225.725,81 396.783.233,90 567,40
BRASIL
Bovino 11.862.879,00 154.217.427,00 1323.185.523,66 1892,16
suíno 3027.802,95 39.361.438,35 340.476.441,73 12.759.627,90 486,88
Aves 165.875.162,70 1310.413.785,33 1873,89
Observação:.
uma
[100].
b
Taxa de conversão: 13 m3 efluente/t carne processada [74].
c
Taxa de conversão: 8,58 m3 de biogás/t carne bovina 8,65 m3 biogás/t carne suína
446
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Tabela 13 Tabela 17
Potencial energético dos resíduos sólidos urbanos (RSU) [3]. Potencial energético dos resíduos do CEASA [3].
Produção anual de Potencial de Biogás (m3 / Potencial de Energia Produção anual de Potencial de Biogás (m3 / Potencial de Energia
USW (t/ano)a ano)b (GWh/ano)c Resíduos CEASAs (t/ano)a ano)b (GWh/ano)c
PARANÁ PARANÁ
2552.538 255.253.822,17 365.01 12.904,55 5725.293,36 8.19
BRASIL
59.109.898 5910.989.797,80 8452,72 Usar:
uma
[122].
Observação:. b
Taxa de conversão: 0,4985 m3 biogás×kgÿ1 sólidos voláteis (VS). [122] Resíduos
uma
Considerou-se apenas a população residente em áreas urbanas [112]. Vigarista com 89% de VS. [123].
taxa de versão: 0,746 kg/hab.dia (Paraná), 0,963 kg/hab.dia (Brasil) [110]. c
Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
b
Taxa de conversão: 100 m3 /t. A taxa variou de 100 a 200 m3 /t. [108].
c
Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
Tabela 14
Percentuais de tratamento de esgoto no Brasil em 2013 por região [29.114].
Observação:.
Existem várias rotas para o aproveitamento energético dos Resíduos Sólidos Urbanos
uma
População Urbana em 2010 × Produção de Esgoto per capita por dia (USW), por tratamento térmico ou biológico. As principais tecnologias para
(0,16 m3 /hab dia) x 365 dias [118]. tratamento térmico são incineração, gaseificação e plasma. As tecnologias mais conhecidas
b
Taxa de conversão 0,038 m3 biogás/m3 esgoto [126]. para o tratamento biológico de resíduos com energia
c uso são de biogás e gás de aterro em reatores anaeróbios [108]. Fig. 5
Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
apresenta as tecnologias de recuperação de energia da USW.
Tabela 16 Considerando todos os resíduos sólidos coletados no país, apenas 58,4%
Potencial energético de resíduos de varrição e poda [3]. é classificado como aterro, os 41,6% restantes são encaminhados para lixões ou aterros
controlados [110]. O aterro é definido como uma técnica de disposição no solo
Produção anual - Potencial de Biogás (m3 / Potencial de Energia
que não cause danos à saúde e segurança pública, minimizando
Varredura e poda de resíduos ano)a (GWh/ano)b
(tonelada/ano)
impactos ambientais. Deve ter proteção do ar e do solo, bem como
como tratamento de lixiviação e gás do aterro. O aterro controlado é um
PARANÁ
forma inadequada de disposição final dos resíduos, em que a única precaução é cobrir o
1143.654,50 200.139.537,50 286,20
aterro e a massa de resíduos. Não tem proteção do solo e
BRASIL
20.887.745,50 3655.355.462,50 5227.16 contamina as águas subterrâneas. O dumping é também uma forma inadequada de
eliminação de resíduos, que se caracteriza pela descarga simples, no
Observação:.
solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública
uma
Taxa de conversão 175 m3 /ton [61]. [111].
b
Taxas de conversão do biogás em energia 1,43 kWh/m3 [47].
A taxa de recuperação do gás de aterro, em geral, é cerca de 50% da
total produzido. No entanto, já é possível fornecer tecnologias de digestão anaeróbica
com um mínimo de 150 t/dia de resíduos sólidos urbanos,
3.3. Produção de energia através de resíduos urbanos
com um mínimo de 250 t/dia sendo mais conveniente [108]. Em ordem de
avaliar o potencial de geração de biogás a partir de resíduos sólidos urbanos,
3.3.1. Resíduos Sólidos Urbanos
foi considerada a população urbana do Paraná e do Brasil, bem como
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei nº 12.305/2010,
447
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Fig. 7. Potencial de geração de biogás e energia por setor da economia paranaense em termos percentuais [3].
os índices de degradação de resíduos per capita [3]. o Programa Brasileiro de Modernização do Hortifrutigranjeiro
De acordo com a Tabela 13 o estado do Paraná seria capaz de registrar Mercado. As CEASAs estão presentes em 52 grandes cidades brasileiras [120].
cerca de 365 GWh por ano de eletricidade a partir de resíduos sólidos urbanos. Valores do governo federal indicam que cerca de 30% de todo o desperdício de alimentos
no Brasil se deve à falta de estrutura e plano de gerenciamento de resíduos nas CEASAs
3.3.2. Uso energético de esgoto [120].
No ano de 2013, a coleta de esgoto atingiu apenas 48,6% da população brasileira: Com o objetivo de reaproveitar, o NSWP atualmente obriga os responsáveis pelas
mais de 100 milhões de brasileiros não tinham acesso a esse serviço. A situação é atividades agropecuárias, incluindo os responsáveis pelas CEASAs, a desenvolver seus
agravada pelo fato de 39% do esgoto ser tratado no país [113]. próprios planos de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS).
Esses planos devem incluir medidas como: acondicionamento, redução, reutilização,
O tratamento de esgoto é fundamental para garantir as condições sanitárias para a reciclagem, tratamento e disposição final. A Tabela 17 apresenta os dados de produção
habitação, mas mesmo a simples coleta é crucial para questões de degradação ambiental de biogás e energia elétrica a partir da digestão de resíduos de CEASAs no Paraná. Não
[115,116]. Permite reduzir o teor de agentes contaminantes, possibilitando o aproveitamento há comparação com o Brasil por falta de dados nacionais. Apenas dados de resíduos
dos subprodutos resultantes desse tratamento ou, ainda, o retorno ao meio ambiente orgânicos foram considerados [3].
[117]. A partir dos dados apresentados, o Paraná teria uma produção de energia
A Tabela 15 indica que o Paraná poderia utilizar o esgoto doméstico para contribuir com de 8,19 GWh por ano através dos resíduos da digestão das CEASAs [3].
quase 30 GWh da matriz energética do estado por ano [3].
3.4. Resumo do potencial energético estimado dos resíduos gerados no Estado do
3.3.3. Resíduos de limpeza urbana Paraná
A limpeza urbana e a gestão de resíduos sólidos são conhecidas como um “conjunto
de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de recolha, transporte, expedição, Figs. 6 e 7 apresenta um resumo do potencial energético em GWh por ano dos
tratamento e destino final de resíduos domésticos e lixos provenientes da varrição e resíduos gerados no estado do Paraná, nos setores de agricultura, pecuária, indústria,
limpeza de logradouros e vias públicas” [119]. A Tabela 16 mostra o potencial de biogás bem como dos resíduos gerados em áreas urbanas.
dos resíduos de varrimento e poda no Paraná. Os dados mostraram que a capacidade de áreas.
geração de energia elétrica chega a quase 300 GWh por ano no No setor pecuário, foram considerados os dejetos de animais confinados (aves,
suínos, vacas leiteiras). No setor agropecuário, foi considerada a colheita dos principais
Estado. produtos agrícolas cultivados no Paraná (cana-de-açúcar, milho, soja e mandioca). No
setor industrial, resíduos gerados na fabricação de açúcar e álcool (vinhaça), cervejas
3.3.4. Resíduos gerados nas Centrais de (resíduo úmido de cervejaria), biodiesel (glicerol), papel e celulose (lixívia). Assim como,
Abastecimento As Centrais de Abastecimento, mais conhecidas como CEASAs, são resíduos gerados no processamento da mandioca (manipueira), na fabricação de queijo
empresas estatais ou joint ventures com o objetivo de promover, desenvolver, regular e (soro), nas indústrias de processamento de laranja
organizar a comercialização do produto em determinada região. Eles fazem parte
448
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suco (água amarela) e resíduos gerados nos frigoríficos. No setor urbano, foram instalações de equipamentos;
considerados resíduos sólidos urbanos, resíduos gerados na limpeza urbana (varredura e • Limitação de Mercado: Falta de empresas brasileiras qualificadas no
poda), efluente líquido (esgoto doméstico) e resíduos gerados nas centrais de diversas etapas da cadeia produtiva do biogás;
abastecimento (CEASAs). Os dados numéricos apresentados na Fig. 6 foram adotados a • Qualificação Profissional: Escassez de conhecimento técnico de profissionais com
partir de "Oportunidades da cadeia produtiva do biogás para o estado do Paraná". Mais projeto e conhecimento prático para realizar a operação de biodigestores.
detalhes estão disponíveis nas Tabelas 1–17. A Fig. 7 mostra a distribuição do potencial
de produção de biogás nos setores pesquisados em termos percentuais, a fim de mostrar
o impacto de cada atividade na geração da matriz elétrica baseada neste combustível. Embora o Brasil esteja começando a explorar esse recurso, há o entendimento de
que o biogás terá um papel importante nos próximos anos. Entre as fontes primárias para
a produção de biogás estão os resíduos de intervenções rurais, urbanas ou industriais.
A Fig. 6 destaca o potencial energético dos resíduos produzidos no setor agrícola. No Resíduos agrícolas (esterco, palha e água de lavagem), urbanos (esgotos, lixo, varrição e
estado do Paraná, os resíduos gerados na colheita da cana-de-açúcar apresentam, em poda) e industriais (efluentes, sobras e produtos não validados pela qualidade.
termos energéticos, maior vantagem em relação às demais culturas. Isso pode ser
justificado pelo fato de a produção de cana-de-açúcar ser superior em relação a outras
espécies vegetais. A produção de energia renovável a partir do biogás é uma alternativa para a
De acordo com os dados apresentados na Tabela 1, a produção total de cana-de-açúcar, diversificação da matriz energética brasileira, que é muito dependente das hidrelétricas.
por exemplo, é quase cinco vezes maior que a de milho [124]. Observa-se que a geração de energia elétrica por meio do biogás ainda é pouco
Por outro lado, a cana-de-açúcar apresenta uma taxa de conversão inferior à do milho, representativa no país, com menos de 0,05% de participação.
soja e mandioca. Essa taxa de conversão é igual a 0,54 para cana-de-açúcar, 1,42 para
milho, 1,40 para soja e 0,186 para mandioca [27]. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial de 687,7 GWh por ano
Isso significa que para cada tonelada de cana produzida há 0,54 t de corresponde à energia elétrica consumida por 264 mil habitantes, equivalente à população
desperdício. de Foz do Iguaçu/PR.
A partir da Fig. 7, pode-se observar que a agroindústria está entre as atividades, a Assim, somado ao potencial de geração de biogás da pecuária, agroindústria e resíduos
principal fonte potencial de energia elétrica gerada a partir do biogás no estado. Os urbanos, seriam gerados 12.481,4 GWh por ano, o suficiente para suprir a demanda de
9.947,12 GWh/ano potencialmente gerados pelos resíduos da atividade em um ano 4.793.151 habitantes.
correspondem a 79,7% do potencial de geração de energia elétrica a partir do biogás no A falta de leis e regulamentações específicas do setor no Brasil priva produtores e
Paraná. Observa-se que a pecuária responde por 14,8% do potencial de geração de consumidores de aproveitar a cadeia do biogás. Esse cenário, no entanto, está próximo
biogás e energia elétrica. Por fim, verifica-se que o lixo urbano é a terceira maior fonte de ser modificado. No final de 2013, houve a criação da Associação Brasileira de Biogás
potencial de geração de energia elétrica a partir do uso do biogás. e Biometano - ABiogás, entidade que trabalha em uma proposta de política nacional para
o setor. A evolução no âmbito legal deve abrir muitas oportunidades para o desenvolvimento
do setor, consolidando a tecnologia no Brasil. Dessa forma, abastecendo toda a cadeia do
biogás, desde os fabricantes de equipamentos até os usuários, por meio da formação de
4. Conclusões e direção futura mão de obra especializada no Paraná. Ao mesmo tempo, os incentivos econômicos
também estão crescendo, mas as fontes de financiamento ainda são poucas no país. Os
A crescente preocupação com a sustentabilidade tem proporcionado o desenvolvimento programas Agricultura de Baixo Carbono, Pronaf Eco e eventual ANEEL e Financiamento
de tecnologias limpas para a obtenção de recursos renováveis, incluindo energia. Entre de Estudos e Projetos (FINEP) são agora as únicas oportunidades de acesso, todos
as tecnologias promissoras no Brasil, está a produção de biogás que ainda está em vinculados à esfera governamental. Além disso, a falta de regulamentação do setor, tanto
processo de adaptação e ajuste. Devido à diversidade de arranjos tecnológicos, escalas e em relação à produção quanto à comercialização, a falta de incentivos fiscais e a grande
matérias-primas disponíveis para a obtenção do biogás, isso torna o processo de burocracia para obtenção de licenças ambientais dificultam o desenvolvimento e a
regulamentação e padronização mais complexo. No entanto, como forma alternativa de popularização da tecnologia.
geração descentralizada de energia, o biogás proporciona benefícios econômicos, sociais
e ambientais. Onde, as principais deficiências para a implantação da cadeia produtiva do
biogás no estado do Paraná são apresentadas a seguir:
Este trabalho descreve por meio de levantamento de dados um cenário favorável para
a viabilidade técnica do uso da biomassa para o aproveitamento energético do biogás para
geração de energia. A geração distribuída de energia elétrica a partir da biomassa pode
• Mapeamento de potencial: Necessidade de criação de banco de dados contendo ajudar o Brasil na preservação do meio ambiente, bem como contribuir para a diversificação
informações sobre o potencial de implantação e tecnologias existentes para produção da matriz energética, desenvolvimento econômico e ampliação do acesso à energia em
de biogás; comunidades isoladas. No Brasil, a alta densidade urbana, a expressiva atividade agrícola,
• Limitação Tecnológica: Necessidade de adequação do sistema elétrico brasileiro industrial geram grandes quantidades de resíduos que não são aproveitados. Uma vez
(centralizado) às novas tecnologias e conceito de rede (Geração Distribuída); • que grande parte dessa biomassa residual que é desperdiçada hoje poderia ser usada
Limitação Técnica: Desenvolvimento e aprimoramento de tecnologia nacional com para gerar eletricidade e, assim, reduzir as emissões de gases de efeito estufa
garantia e segurança de manutenção e
sões.
449
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Apêndice A
Veja a Fig. A1
450
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Apêndice B
Veja a Fig. B1
451
Machine Translated by Google
apêndice C
Veja a Fig. C1
452
Machine Translated by Google
Apêndice D
Veja a Fig. D1
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