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SÓCRATES

Sócrates ficou conhecido por ter iniciado um período da Filosofia Grega Antiga, o Período Socrático ou Antropológico, que teria
surgido como uma nova saída em relação aos estudos dos filósofos anteriores (classificados como pré-socráticos). A filosofia
passaria, a partir de então, a abordar questões essencialmente humanas.

Nessa época, teve início a segunda fase da filosofia grega, conhecida como socrática ou antropológica, onde Sócrates foi o
principal filósofo desse período da filosofia antiga. Nessa fase, os filósofos passaram a se preocupar com os problemas
relacionados ao indivíduo e a organização da humanidade.

Passaram a perguntar: O que é verdade? O que é o bem? O que é a justiça?, uma vez que na primeira fase da filosofia grega a
preocupação era com a origem do mundo

Para Sócrates, existiam verdades universais, válidas para toda a humanidade em qualquer espaço e tempo. Para encontrá-las,
era necessário refletir sobre elas. Essa percepção da verdade como alcançável é um fator de diferenciação entre Sócrates e
os sofistas.

O princípio da filosofia de Sócrates estava na frase "Conhece-te a ti mesmo", um oráculo universal dado pelo deus Apolo
na mitologia grega. Antes de lançar-se em busca de qualquer verdade, o homem precisa se auto analisar e reconhecer sua
própria ignorância.

O próprio Sócrates ao consultar o Oráculo de Delfos recebeu a mensagem de que ele era o mais sábio entre os gregos.

Sócrates percebeu que ele era sábio porque, dentre os sábios, era o único que julgava não saber e buscava o verdadeiro
conhecimento. Da afirmação de sua própria ignorância faz surgir a célebre frase:

Só sei que nada sei.

MÉTODO SOCRÁTICO.

A partir desta ideia, é desenvolvido o Método Socrático. O filósofo inicia uma discussão e conduz seu interlocutor ao
reconhecimento de sua própria ignorância através do diálogo: é a primeira fase de seu método, chamada de ironia ou refutação.

Na segunda fase, a "maiêutica" (técnica de trazer à luz), Sócrates solicita vários exemplos particulares do que está sendo
discutido.

Por exemplo, ao ser questionado sobre a coragem, desenvolve um diálogo com um general muito respeitado por sua atuação em
guerras. O general (Laques) lhe dá exemplos de atos corajosos. Não satisfeito, Sócrates analisa esses casos com a finalidade de
descobrir o que é comum a todos eles.

Esse algo comum poderia representar o conceito de coragem, a essência dos atos heroicos, que existirá em qualquer ato
corajoso, independente das circunstâncias que o cercarem.

A "técnica de trazer à luz" pressupõe uma crença de Sócrates, segundo a qual a verdade está no próprio homem, mas ele não
pode atingi-la porque não só está envolto em falsas ideias, em preconceitos, como está desprovido de métodos adequados.

Derrubado esses obstáculos, chega-se ao conhecimento verdadeiro, que Sócrates identifica como virtude, contraposta ao vício, o
qual se deve unicamente à ignorância

Sócrates era uma figura célebre de Atenas. Por onde ia, carregava consigo uma quantidade imensa de seguidores e discípulos,
sobretudo jovens.

"A CRÍTICA DE SÓCRATES AOS SOFISTAS”

O aspecto negativo que atribuímos aos sofistas é baseado na crítica de Sócrates a esse grupo de pensadores. Vemos nos
diálogos platônicos, por meio de Sócrates, que os sofistas propõem apenas verdades relativas. Na ausência de uma verdade
absoluta, torna-se mais fácil praticar a erística, a saber, a tentativa de alcançar sucesso em qualquer debate. Uma das descrições,
que alguns sofistas atribuíam a si mesmos, era a habilidade de refutar qualquer assunto. Sua elogiável oratória favorecia a
aparência de sábios, mas o interesse pela verdade não estava presente.
O que o sofista oferecia, então, era um produto àqueles que pagavam pelo seu serviço. A proposta socrática, por outro lado,
visava transformar aqueles com os quais dialogava, libertando-os do domínio das sombras e conduzindo-os para um
conhecimento real. Sem esse procedimento dialético, que inclui o abandono das opiniões, qualquer discurso belo pode convencer
tanto da falsidade quanto da verdade sobre um assunto."

MORTE DE SÓCRATES

Em seus encontros com figuras respeitadas da polis grega, por conta de seu método, acabava expondo e irritando seus
interlocutores.

Esse comportamento deu a Sócrates inimigos entre as figuras mais poderosas de Atenas. Em pouco tempo, o filósofo foi acusado
de corromper a juventude e atentar contra os deuses gregos.

Seu julgamento foi realizado em duas partes. Na primeira, a votação sobre sua culpa ou inocência teve uma margem apertada a
favor de sua condenação (280 a 220).

Posteriormente, Sócrates propõe como pena alternativa o pagamento de uma multa. Essa pena é amplamente recusada e a
condenação é a favor da pena capital (360 a 141).

Sócrates aceita o julgamento e despede-se com a frase:

É a hora de irmos: eu para a morte, vós para as vossas vidas; quem terá a melhor sorte? Só os deuses sabem.

Exercícios
01.(FATEC SP) Sócrates, grande filósofo grego, formou numerosos discípulos, que seguiram diferentes caminhos para buscar o
conhecimento real. A grande preocupação socrática era:

a) interpretar o mundo como sendo espiritual e organizado segundo uma moral baseada em verdadeiros conceitos imutáveis.
b) compreender as causas primeiras e os fins últimos de todas as coisas, pois só se pode dizer que se conhece alguma coisa
quando se conhece sua causa primeira.
c) o autoconhecimento que poderia ser obtido por meio da ironia e da maiêutica, métodos que consistiam em fazer indagação,
fingindo ignorância, para despertar no interlocutor o conhecimento latente.
d) fazer um estudo crítico da História, comparando a História Grega com a dos povos orientais, a fim de mostrar que o mundo era
mais amplo do que se imaginava.
e) mostrar que todo o conhecimento era obtido por intermédio dos sentidos humanos e que, por esses serem falhos, era relativo e
limitado.

2. (UESPI) “De tal modo nossa cidade se distanciou dos outros homens, no que toca ao pensamento e à palavra, que os seus
alunos se tornaram mestres dos outros, e o nome de Gregos já não parece ser usado para designar uma raça, mas uma
mentalidade, e chamam-se Helenos mais os que participam na nossa cultura do que os que ascendem a uma origem comum.
(Apud Figueira, Divalte G. História. São Paulo: Ática, 2000. p. 53).

Pensando o conjunto do legado cultural da Antiguidade Clássica ao ocidente, a leitura desse trecho atribuído a Sócrates, permite
afirmar acertadamente o seguinte, EXCETO:

a) Os gregos transformaram-se de tribo nômade em nação sedentarizada.


b) O ser grego ou heleno é como ser sinônimo de uma certa forma de pensar.
c) A cultura filosófica grega fixou e desenvolveu suas raízes de tal maneira e perenidade que no ocidente dos séculos seguintes
essa herança se tornou fundamental.
d) A invenção da cidade grega é, em certo sentido, a invenção da própria ideia contemporânea de república e de democracia.
e) A força e transcendência das ideias sistematizadas pelos gregos antigos era percebida por eles próprios em face do mundo
então conhecido.

3. (Fac. Cultura Inglesa SP) Sócrates foi julgado e condenado à morte pelo tribunal da cidade de Atenas por volta do ano de 399
a.C. O filósofo fez a sua defesa no tribunal ateniense, procurando refutar seus acusadores:
Cidadãos atenienses, eu vos respeito e vos amo, mas enquanto eu respirar e estiver na posse de minhas faculdades, não deixarei
de filosofar e de vos exortar ou de instruir cada um, dizendo-lhe, como é meu costume: – Ótimo homem, tu que és cidadão de
Atenas, da cidade maior e mais famosa pelo saber e pelo poder, não te envergonhas de fazer caso das riquezas, para guardares
quanto mais puderes e da glória e das honrarias, e de não fazer caso da sabedoria, da verdade e da alma?
(Platão. Apologia de Sócrates, 1969. Adaptado.)
O sentido que Sócrates dava à razão pode ser relacionado, no aspecto político, com a implantação, em Atenas, da
a) Oligarquia.
b) Teocracia.
c) Tirania.
d) Democracia.
e) Talassocracia.

4. (UFPE) Os gregos construíram reflexões importantes para a formação do pensamento ocidental, contribuindo para
compreender o mundo e a sua complexidade.
Sócrates, um dos seus filósofos mais conhecidos:

a) defendeu a existência da democracia e a organização de uma Assembleia Popular para definir o governo ateniense.
b) polemizou com os filósofos sofistas que defendiam princípios religiosos diferentes dos princípios gregos.
c) teve muitas das suas teorias incorporadas ao pensamento idealista de Platão, outro grande pensador grego.
d) foi contra as reformas políticas defendidas por Aristóteles, pois era favorável à existência de um governo democrático.
e) propagou a necessidade do fortalecimento militar de Atenas, para evitar os ataques dos inimigos asiáticos.

5. (UEG GO) A Grécia foi o berço da filosofia, destacando-se pela presença dos filósofos que pensaram o mundo em que viveram
utilizando a ferramenta da razão. O período da história grega e o filósofo que afirmou que “só sei que nada sei” foram
respectivamente o

a) período pós-clássico e Sócrates.


b) período helenístico e Platão.
c) período clássico e Sócrates.
d) período clássico e Platão.

06. O período grego, do século VI, permitiu que o cidadão grego fosse livre em seu pensamento e essa liberdade de expressão foi
importante para o desenvolvimento da filosofia ocidental, onde o homem pode refletir mais e usar o seu raciocínio crítico.
Quanto à liberdade para Sócrates podemos afirmar:

A) que livre é aquele que consegue dominar seus sentimentos, seus pensamentos e a si próprio.
B) que a ação que não sofre coações é livre e voluntária.
C) que livre é o sujeito que busca a purificação e a oração.
D) que “onde não há lei, não há liberdade”.
E) que a liberdade é fruto de uma escolha.

07. O método socrático de induzir as pessoas a descobrirem as suas próprias verdades, que deu origem ao método pedagógico
que permite ao professor dirigir as pesquisas do aluno, deixando que ele descubra a verdade por seus próprios meios, também é
conhecido como:

A) Indução.
B) Dedução.
C) Summerhill.
D) Semiótica.
E) Maiêutica.

08. Sócrates é um dos personagens mais conhecidos e influentes do pensamento ocidental. Embora não tenha deixado nada
escrito, suas ideias foram redigidas por um de seus discípulos, Platão, que lhe atribui a seguinte máxima: “a única coisa que sei é
que nada sei”. Com essa máxima, Sócrates expressa que o caminho do conhecimento

A) é impossível e todo o saber possível é uma ilusão.


B) depende da experiência e não de proposições teóricas.
C) desconsidera a opinião sobre assunto que se ignora.
D) pressupõe dar opinião sobre assunto que se ignora.
E) é limitado porque a razão humana não pode saber tudo.

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