MUNDO DO TRABALHO - Luta Por Direitos Sociais

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Questões do trabalho doméstico:

O serviço doméstico foi contabilizado na tabela 2 no setor em que a maior parte dos ocupados é
constituída por mulheres. Por mais que o trabalho doméstico remunerado seja tratado pelas ciências
econômicas como ocupação não produtiva, pois seu resultado seria consumido unicamente pelos
membros da família, Paul Singer foi um dos estudiosos que sempre reconheceu esse serviço como
parte da força de trabalho, mesmo considerando o obstáculo real a esse reconhecimento: censos e
estatísticas não eram sensíveis a discernir qual atividade exercida pelas mulheres era a principal
(Singer, 1970:19).

SLIDE 2:
O TRABALHO DOMÉSTICO
“Em 2009, 7,2 milhões de pessoas, das quais 93% (ou 6,7 milhões) eram mulheres. Dessas,
61,6% eram negras e 38,4% brancas. A sobrerrepresentação de trabalhadoras domésticas
negras torna-se mais evidente quando se percebe que, para cada conjunto de 100 mulheres
brancas ocupadas, 12 são trabalhadoras domésticas, enquanto para cada 100 mulheres negras
participantes da População Economicamente Ativa (PEA), 21 são trabalhadoras domésticas”
(Pinheiro, Fontoura & Pedrosa, 2011).
SLIDE 3:
O TRABALHO DOMÉSTICO
“se homens negros e mulheres negras abandonavam a condição legal de escravos, isto não
significava que suas imagens e corpos não estivessem sob controle do padrão de dominação
que estamos nomeando colonialidade do poder.” (Bernardino-Costa, 2015)
As desigualdades vivenciadas pelas trabalhadoras domésticas são oriundas desses aspectos
históricos relacionados à condição sexual da mulher, sobretudo da mulher negra, e às
dinâmicas de opressões de raça, gênero e classe vivenciadas no dia a dia que se cruzam e se
reforçam.
SLIDE 4:
O TRABALHO DOMÉSTICO
O aprisionamento do corpo e da imagem da mulher negra à uma posição no sistema de
estratificação social brasileiro, todavia, não foram aceitos de forma passiva. À exemplo disso
são as organizações das trabalhadoras domésticas.

Questões de mulheres nos sindicatos:

Até o final do XIX, mulheres eram apenas 1,5% da população sindical e, em 1910, elas atingiram a
taxa de 3,6%.” Em parte, os baixos números podem ser explicados + pelo papel que as assalariadas
desempenham, historicamente, no capitalismo, Entretanto, as pesquisas sobre o tema mostram
também uma “demarcação acentuada dos códigos de comportamento e de moralidade que derivam
de um senso de família (Kessler-Harris, 2007:206). Uma pesquisa de opinião do Instituto Gallup, por
exemplo, aferiu que, em 46, 82% das pessoas, incluindo homens e mulheres, responderam que
esposas não deveriam trabalhar fora de casa.* (p. 39)
Para aprofundar os motivos de exclusão das mulheres no mundo dical, há que se levar em conta,
também, as formas de organização. Muth Millkiman elaborou estudos sobre os sindicatos
americanos justamente com esse objetivo e considerou que era preciso compreender que “as
sindicatos falharam ao representar os interesses das trabalhadoras “ao enfrentar a desigualdade de
gênero”, concentrando suas forças na “ poncepção de que o sentido desse agrupamento se
concentrava na uni- “ade de “luta contra os patrões”, e não na organização de toda a classe
“(Millkeman, s.d.). (p. 39)

o fato é que as mulheres sindicalistas brasileiras também foram rotineiramente excluídas da direção
(Kersten, 2006:137). Tanto lá quanto no Brasil, esse quadro só sofrerá alteração depois da II Guerra
Mundial. Para maior precisão, no caso brasileiro, a entrada das mulheres no sindicato acontecerá de
forma mais sistemática apenas nos anos 1990, quando a taxa de sindicalização delas chegou a 25%,
apesar do fato de quase metade das brasileiras estarem empregadas em postos sem formalização
(Araújo e Ferreira, 1998). (p.40)

Das pautas conduzidas pelo Comitê de Defesa Proletária constavam: abolição do trabalho noturno
para as mulheres, direito de greve e reunião, abolição da exploração do trabalho de menores de 14
anos, ganhos salariais, jornada de trabalho de oito horas, acesso à alimentação e moradia.“ Essa
seria a primeira vez em que a abolição do trabalho noturno das mulheres aparecia como uma
reivindicação nas greves do ano de 1917. (p. 44)

À imprensa passava a falar do trabalho das mulheres em fábricas com mais assiduidade. A maior
parte dos editoriais abordava o assunto sem remeter ao que pensavam as mulheres presentes nos
protestos que se iniciavam. Para O Combate, a questão tinha uma face higiênica e outra financeira.
Defendia a limitação do trabalho das mulheres para evitar o “sofrimento da prole” e porque, “sem a
concorrência das mulheres e das crianças”, os homens encontrariam mais postos de trabalho, mais
bem remunerados. Nas notícias, a imagem que se desenhava era a de que “as mulheres se prestam
mais facilmente às explorações dos patrões que lhes pagam misérias a que operários conscientes
não se sujeitariam”.” Por esses motivos, defendiam abertamente que o governo cumprisse a lei que
proibia o trabalho de menores de 14 anos e que velasse pelo impedimento das mulheres “se
entregarem aos serviços noturnos”. (p.44 e 45)

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