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Psiquiatria | Bárbara Vilhena

Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS)

Fluoxetina

Nome comercial: prozac, prozen, cloridrato de fluoxetina, daforin, deplofox, deprax, depressa, fluox,
fluoxetina

Farmacocinética: apresenta concentração plasmática máxima entre 6 e 8horas após a administração. É


metabolizada no fígado, sendo a norfluoxetina seu metabólito mais ativo. A excreção é por via urinária. O
início da ação antidepressiva ocorre entre 1 a 3 semanas, mas o efeito ótimo requer 4 semanas ou mais de uso.
Meia-vida é de 2 a 3 dias, enquanto o seu metabólito norfluoxetina varia entre 7 e 9 dias.

Modo de usar: doses habituais variam entre 20 a 40mg/dia, inicia com 20mg/dia. Geralmente administrada
em dose única, durante ou logo após refeições pela manhã (pode causar insônia, embora as vezes possa causar
sonolência). As formulações para liberação lenta entérica, com administração de uma cápsula semanal de
90mg, em princípio, promove menos efeitos colaterais digestivos, para uso dela interrompe-se a fluoxetina
(20mg) e inicia a fórmula de liberação lenta idealmente no 3 dia.
 Transtorno de pânico: recomenda-se começar com dose de 5mg/dia, para prevenir o aparecimento de
ansiedade e inquietude
 TOC e bulimia nervosa: iniciar com dosagens mais altas (60 a 80 mg/dia)
 Doença hepática, IR e idosos: utilizar doses menores

Farmacodinâmica: a fluoxetina inibe a receptação pré-sináptica de serotonina, facilitando a


neurotransmissão serotoninérgica. Diferente dos ADTs, apresenta efeitos mínimos na receptação de
noradrenalina e dopamina. Não tem afinidade com receptores muscarínicos, histaminérgicos H1, e alfa-1
adrenérgicos relacionados aos efeitos anticolinérgicos.

Reações adversas: náusea, cefaleia, diminuição do apetite, dor abdominal, insônia, nervosismo, sudorese
excessiva
 Causa diminuição do apetite e do sono (agitado)
 Fluoxetina altera o padrão do sono, levando ao aumento da fase 1 e da latência para o período REM e à
diminuição do tempo total de sono REM

Indicações: TDM, episódio depressivo do transtorno bipolar (associada a olanzapina), TOC, TP, bulimia
nervosa, TEPT, transtorno disfórico pré-menstrual, distimia.
Outras: tricotilomania, TAG, sintomas negativos da esquizofrenia, obesidade, profilaxia da enxaqueca

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Contra-indicações: hipersensibilidade ao fármaco, em combinação ou nos últimos 14 dias em uso de IMAO,


combinação com tioridazina ou pimozida (risco de arritmias)

Intoxicação: efeitos incluem agitação, insônia, tremor, náusea, vômito, taquicardia, aumento da PA. Medidas
de suporte geral. A diálise não é efetiva e não existe antídoto específico para a fluoxetina e seu metabólito
norfluoxetina.

Situações especiais
 Gravidez: não há comprovação
 Lactação: em função de apresentar a meia-vida mais longa entre os ISRS, seria a opção menos viável
 Crianças: aprovada com eficácia e segurança para o tratamento de TDM e TOC em crianças e
adolescentes, além de outros transtornos nessa faixa. Recomenda-se iniciar em doses mais baixas, em
torno de 5 a 10 mg/dia, para prevenir a ocorrência de efeitos adversos. Monitorar para a possibilidade de
surgimento de comportamentos suicidas
 Idosos: não foram observadas diferenças na segurança e na eficácia entre pacientes idosos e jovens. Pode
ocorrer maior secreção de ADH, útil o controle de sódio. Tende a ter níveis séricos mais elevados, por
isso inicia em doses menores de 10 mg/dia.

Precauções
1. Após o aparecimento de erupção cutânea ou de outra reação alérgica para a qual uma etiologia não pode
ser identificada, a fluoxetina deve ser suspensa.
2. Assim como com outros antidepressivos, a fluoxetina deve ser administrada com cuidado em pacientes
com história de convulsões.
3. Em pacientes com DM: foram detectadas hipoglicemia durante o tratamento e hiperglicemia após a
suspensão do medicamento. Portanto, a dose de insulina e/ou hipoglicemiante oral deve ser ajustada
durante o tratamento com fluoxetina e após sua suspensão.
4. Foram relatados casos de hiponatremia (alguns com sódio sérico abaixo de 11Ommol/L). A maioria
desses casos ocorreu em idosos e pacientes que estavam tomando diuréticos ou com depleção de líquidos.
5. Embora uma relação causal exclusiva para a fluoxetina em induzir tais comportamentos não tenha sido
estabelecida, uma avaliação com vários antidepressivos indica um aumento de risco potencial para ideias
e comportamentos suicidas em pacientes com menos de 25 anos.
6. Tendo em vista relatos de sangramentos anormais com o uso dos ISRSs, recomenda-se cautela em
pacientes utilizando fluoxetina concomitantemente a outros medicamentos que alteram a função
plaquetária e em pacientes com risco de hemorragias.

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Sertralina

Nome comercial: assert, cefelic, cloridrato de sertralina, dieloft, serenata, serolift, seronip, sertralin, zoloft,
tolrest, zoltralina

Farmacocinética: bem absorvida por VO, atingindo o pico de concentração plasmática entre 4 e 8 horas após
a ingestão. A ingestão com alimentos acelera a absorção, reduzindo o tempo de pico plasmático para 5,5
horas. Seu metabólito ativo, a desmetilsertralina , tem perfil inibidor semelhante , embora mais leve, ao seu
composto original. A farmacocinética da sertralina é linear nas doses de 50 a 200 mg diários. A meia-vida é de
26 a 32 horas. O equilíbrio plasmático é atingido depois de 7 dias de uso constante da substância. A
concentração plasmática máxima pode ser significativamente reduzida por cirurgia que envolva by-pass
gástrico.
As enzimas envolvidas na metabolização da sertralina não são completamente conhecidas, sendo que o
CYP2C9 é responsável por 23% de sua metabolização. Pacientes com insuficiência hepática leve tem aumento
de 3 vezes na meia-vida da substância.
Apesar de IR não influenciar o metabolismo da sertralina, pacientes em hemodiálise não toleram doses
superiores a 25 mg/dia sem apresentar toxicidade.

Modo se uso: inicia com 25 a 50mg em dose única diária. A dose terapêutica habitual é de 50 a 100mg/dia,
podendo chegar a dose máxima de 200 mg/dia, mas em geral os pacientes respondem bem a 100mg/dia.
 TOC refratário: utilizaram doses de 250 a 400 mg/dia e apresentaram os mesmos efeitos indesejáveis dos
que usaram dose de 200mg/dia
 Gera sonolência, administrar a noite, após o jantar. Se produzir insônia ou não gerar sonolência, pode ser
administrado pela manhã
 Se náuseas: administrar junto com a refeição
 A retirada deve ser gradual, para evitar sintomas de retirada, como tontura, náuseas, vomito, intolerância a
luz, fadiga, letargia, mialgia, reduzindo 50mg a cada 5 a 7 dias

Farmacodinâmica: age inibindo a receptação de serotonina por meio do bloqueio do seu transportador e faz
inibição discreta da receptação da dopamina, apesar de pequeno o efeito, é clinicamente significativo.
A serotonina agudamente liberada liga-se aos autorreceptores 5-HTw que, uma vez acionados, inicialmente
provocam diminuição da liberação da serotonina. Com o tempo, os autorreceptores 5- HT1A são
dessensibilizados e sofrem down-regu/ation. A partir de então, a sertralina não mais inibe sua própria
liberação, os neurônios serotonérgicos são desinibidos, e há liberação de serotonina pelo axônio terminal.

Reações adversas: boca seca, cefaleia, diarreia, disfunção sexual, insônia, náusea, sonolência, tontura.

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Indicações: TDM, TOC, TEPT, TP, TAS, TAG, distimia, transtornos alimentares, dependência de álcool,
sintomas climatéricos, transtorno por uso de cocaína

Contra-indicação: mesmas

Intoxicação: qualquer overdose deve ser tratada rigorosamente. Os sintomas incluem efeitos adversos
mediados pela serotonina, como sonolência, distúrbios gastrintestinais (como náusea e vômito) , taquicardia ,
tremor, agitação e tontura. Não existem antídotos específicos para a sertralina; o tratamento de suporte é o
mais adequado em casos de superdosagem. Devido ao amplo volume de distribuição da sertralina , diurese
forçada , diálise , hemoperfusão e transfusões de sangue provavelmente não fornecerão benefícios.

Situações especiais
Gravidez: maior risco de teratogênese, mas ainda é controverso, pode aumentar o risco de hipertensão
pulmonar no feto se administrada no último trimestre, mas deve avaliar o risco e benefício. C
Lactação: é um dos antidepressivos mais seguros para lactação
Crianças: boa eficácia e tolerabilidade para TDM, TOC, TAS e outros. Aprovada para uso em crianças acima
de 6 anos, com dose inicial de 25mg para menores de 12 e entre 13 e 17 iniciar com 50 mg. A dose pode ser
aumentada com 1 semana para 100 mg ao dia.
Idosos: seguro, pode ter ação protetora sobre o sistema cardiovascular, meia-vida maior.

Precauções
1. A concentração sérica da substância aumenta em pacientes com insuficiência hepática, em função da
redução de seu metabolismo, sendo necessário ajuste de dose. Embora a IR não altere o metabolismo da
sertralina, pacientes em diálise podem apresentar toxicidade com doses baixas.
2. É considerada um dos antidepressivos de escolha para pacientes com epilepsia, embora deva-se atentar para
o risco de redução do limiar convulsivo, especialmente em doses altas.
3. Monitorar piora em relação a pensamentos e comportamentos suicidas, principalmente em pacientes com
menos de 25 anos.
4. Atentar para aumento de risco de sangramento, especialmente em pacientes em uso de medicações
anticoagulantes ou portadores de patologias que aumentem esse risco.
5. Atentar para risco de SIADH, especialmente em pacientes com mais de 70 anos.

Paroxetina

Nome comercial: aropax, arotin, cebrilin, cloridrato de paroxetina, parox, pondix, praxetina

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Farmacocinética: é metabolizada pelo fígado, gerando metabólitos que não são ativos. Tem meia-vida de
aproximadamente 21 horas (9 a 28 horas), atingindo o pico de concentração plamástica entre 3 e 8 horas após
a dose oral. A formulação de liberação controlada reduz a velocidade de absorção e promove menos pico
plasmático, melhorando a tolerabilidade e diminuindo os efeitos adversos.
É um inibidor potente da CYP2D6, embora em menos grau que a fluoxetina e em um grau menor ou
semelhante a sertralina. Consequentemente, inibe seu próprio metabolismo, que, por esse motivo, não é linear,
apresentando níveis plasmáticos desproporcionalmente elevados em doses mais altas.

Modo de uso: inicia com dose de 20 mg/dia, pode aumentar a dose gradativamente com 10mg/dia até dose
máxima de 60mg/dia. Pacientes com TOC pode necessitar de doses mais altas. Geralmente administrada a
noite, porque pode promover sonolência. Entretanto, em doses mais altas aumenta o efeito noradrenérgico,
podendo promover insônia, então administra pela manhã nessas situações. Cuidado na retirada gradual, a
paroxetina é o que apresenta o maior número de relatos de associação a sintomas de retirada.

Farmacodinâmica: semelhante aos demais, inibe o transportador e aumenta a serotonina. Inicialmente, há


diminuição da neurotransmissão da serotonina, devido a ligação com o receptor 5HT1A, gerando feedback
negativo (down regulation). Depois de um tempo, os receptores 5HT1A são dessensibilizados, aumentando a
neurotransmissão serotoninérgica. Quando comparada aos demais IRSR, tem elevada ação noradrenérgica,
especialmente em doses altas.

Reações adversas: anorgasmia, astenia, boca seca, cefaleia, constipação, diarreia, diminuição do desejo
sexual, retardo ejaculatório , sonolência , tremor, tontura

Indicações: TDM, TOC, distimia, TP, TAG, TAS, TEPT, transtorno do jogo

Contra-indicações: mesmas

Intoxicação: promove vomito, febre, alterações na PA, contrações musculares involuntárias, ansiedade e
taquicardia. Não tem antídoto específico, realiza medidas gerais.

Situações especiais:
Gravidez: o uso no terceiro trimestre está associado a complicações no recém-nascido e pode levar à
necessidade de medidas de suporte a vida. Por isso, a indicação é categoria D, deve avaliar os riscos e
benefícios
Lactação: entre os ISRS a paroxetina é uma das melhores escolhas para utilizar durante a lactação
Crianças: cuidado com os pensamentos e comportamento suicidas em crianças e adolescentes

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Idosos: apresenta uma meia-vida maior, por isso iniciar com doses menores de 10 mg/dia e depois aumenta
semanalmente, até dose de 40mg/dia.
Precauções:
1. Ter cautela em relação a pacientes com insuficiência hepática e não exceder 40 mg/dia no caso de IR
grave.
2. Todos os pacientes devem ser monitorados quanto à piora do quadro (incluindo o desenvolvimento de
novos sintomas) e ao RS durante o tratamento, especialmente no início ou a qualquer momento em que
haja alteração na dose, seja aumento ou redução.
3. Como todo antidepressivo, a paroxetina deve ser usada com cautela em pacientes com história de mania.
4. Em geral, a incidência de convulsões é< 0,1% em pacientes tratados com paroxetina. Em qualquer
paciente que apresente convulsão, o fármaco deve ser descontinuado.
5. Assim como ocorre com outros ISRSs, a paroxetina pode causar midríase e deve ser usada com cautela
em pacientes com GAF agudo.
6. Sangramento na pele e nas membranas mucosas (incluindo hemorragia gastrintestinal) tem sido relatado após
tratamento com paroxetina. Portanto, o fármaco deve ser usado com cautela em pacientes predispostos a
condições hemorrágicas ou sob tratamento concomitante com agentes que aumentem o risco de sangramento.

Citalopram

Nome comercial: alcytam, celepram, cipramil, citaform, citagram, citalopram

Farmacocinética: rapidamente absorvido pela VO, alcançando o pico em 3 horas. A meia-vida é de mais ou
menos 33 horas, o que permite uma única administração diária. Sua farmacocinética é linear nas doses de 20 a
60 mg/dia. Em pacientes acima de 60 anos, ocorre uma redução no clearance que pode chegar a 50%. Sua
meia-vida pode aumentar até 30% em idosos, aparentemente sem exacerbação dos efeitos colaterais. O
citalopram é o único ISRS que tem apresentação IV; entretanto, não está disponível nessa preparação em
nosso meio até o momento.

Modo de uso: deve ser administrado em dose oral única de 20 mg por dia, e, dependendo da resposta
individual e da gravidade dos sintomas, a dose pode ser aumentada. Os cp devem ser ingeridos uma vez ao
dia, de manhã ou à noite, com ou sem alimentos.
 O citalopram pode estar associado a mudanças anormais na atividade elétrica cardíaca, a FDA recomenda
evitar o uso de doses acima de 40 mg/dia
 TP: uma única dose oral de 10 mg é recomendada na primeira semana, antes de aumentar para 20 mg por
dia.

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Farmacodinâmica: mesma ação, porém tem menos afinidade com receptores 5-HT1A, 5HT2, D1, D2,
colinérgicos, muscarínicos, H1, alfa e beta-adrenérgicos. Ou seja, produz menos efeitos colaterais tradicionais,
como boca seca, distúrbios vesicais e intestinais, visão turva, sedação.
Reações adversas: náusea, sudorese, boca seca, cefaleia, sonolência, tremor, retardo na ejaculação, insônia,
xerostomia e astenia
Indicações: TDM, TP, TOC, transtorno disfórico pré-menstrual, dentre outros
Contra-indicações absolutas: mesma coisa
Contra-indicações relativas: síndrome congênita do QT longo, bradicardia, hipocalemia, hipomagnessemia,
IAM recente ou insuficiência cardíaca descompensada.

Intoxicação: Os sinais de superdosagem são náusea, vômito, tontura, taquicardia, tremor, sonolência,
sudorese, cianose, hiperventilação e, com doses maiores, coma e convulsões. Como não existe antídoto
específico, o tratamento é sintomático e de suporte.

Situações especiais:
Gravidez: O citalopram tem sido considerado, em conjunto com a sertralina, uma das alternativas de ISRS
mais seguras durante a gestação. Deve-se considerar a redução gradual do citalopram no terceiro trimestre, a
fim de prevenir sintomas de retirada no recém-nascido. Categoria C da FDA
Crianças: uso do citalopram pode ser prescrito nessa faixa etária, mas o médico deve estar ciente dos riscos
associados a essa classe de medicamentos, principalmente no início do tratamento.
Idosos: A dose máxima recomendada em pacientes acima de 60 anos é de 20 mg/dia.

Precauções
1. Pode causar prolongamento do intervalo QT, que aumenta o risco de torsades de pointes, uma arritmia
potencialmente fatal. Não deve ser utilizado em doses acima de 40 mg/dia. Esse efeito é dose-dependente.
2. O monitoramento do ECG é recomendado em pacientes com ICC, bradiarritmias e em uso de
medicamentos que prolongam o intervalo QT.
3. A dose não deve passar de 20 mg/dia nos seguintes pacientes: com mais de 60 anos, com insuficiência
hepática/renal metabolizadores pobres da CYP2C19, que fazem uso concomitante de cimetidina ou outros
inibidores potentes da CYP2C19, que usam outros medicamentos que prolongam o intervalo QT.
4. Pacientes com risco de distúrbios eletrolíticas devem ter medidas séricas de potássio e magnésio antes e
durante o tratamento. Hipocalemia e hipomagnesemia prévias devem ser corrigidas antes do tratamento.
5. Ficar atento a sintomas de hiponatremia (confusão, letargia, mal-estar, convulsões), particularmente em
idosos.
6. Embora experimentos com animais tenham mostrado que o citalopram não tem potencial epileptogênico,
ele deve ser utilizado com cuidado em pacientes com história de convulsões

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7. Tendo em vista relatos de sangramentos anormais com o uso dos ISRSs, cautela em pacientes utilizando
citalopram com medicamentos que alteram a função plaquetária e naqueles com risco de hemorragias.
8. Crianças e adolescentes devem ser monitorados em relação a pioras clínicas e pensamentos suicidas,
especialmente nos primeiros meses de tratamento ou em períodos de mudança de dosagem.

Escitalopram

Nome comercial: esc, escilex, escip, oxalato de escitalopram, escitalopram, espran, estalox, exodus

Farmacocinética: rapidamente absorvido por VO, com pico em cerca de 4 horas. A meia-vida é de 27 a 32
horas. Os parâmetros farmacocinéticos indicam que 10mg de escitalopram são bioequivalentes a 20mg de
citalopram em relação as concentrações plasmáticas. É biotransformado hepaticamente em seu metabólito
desmetilado (S-desmetilcitalopram). Tem sido associado a um pequeno prolongamento dose-dependente do
intervalo QT, principalmente em pacientes do sexo feminino, com hipocalemia e om outras doenças cardíacas.

Modo de uso: sugere-se inicar com 5 mg/dia na primeira semana, seguir para 10mg/dia e a dose máxima é de
20mg/dia. Cuidado nos pacientes com TP e outros transtornos de ansiedade, porque podem apresentar
ansiedade paradoxal no início do tratamento.

Farmacodinâmica: além da ligação com o transportador de serotonina, ele também se liga a um sítio
alostérico nesse transportador, que potencializa sua ligação ao sítio primário, o que resulta em inibição da
receptação de serotonina mais eficaz.

Reações adversas: náusea, boca seca, coriza, diminuição ou aumento do apetite, inquietude, redução da
libido, disfunção ejaculatória e/ou erétil, anorgasmia em mulheres, insônia, sonolência, sudorese

Indicações: TDM, TP, TAG, TAS, TOC

Contra-indicações: além daquelas (IMAO), não deve ser utilizado em pacientes com síndrome genética do
QT longo ou associado a outras medicações que causem prolongamento do intervalo QT.

Situações especiais:
Gestação: os riscos e benefícios ao feto devem ser avaliados cuidadosamente antes do uso (categoria C)
Lactação: não é conclusivo
Crianças: monitorar a questão do aparecimento de sintomas suicidas
Idosos: dose máxima é de 10 mg/dia

Precauções:

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1. Aconselha-se cautela a pacientes com alto risco de desenvolvimento de torsades de pointes, tais como
aqueles com insuficiência cardíaca não compensada, que sofreram IAM recente, que apresentam
bradiarritmia ou com predisposição a hipocalemia ou hipomagnesemia, seja devido a outras doenças, seja
devido ao uso de medicamentos.
2. Os pacientes devem ser orientados a procurar atendimento médico imediato caso apresentem alterações de
frequência ou ritmo cardíaco enquanto estiverem utilizando o escitalopram.
Fluvoxamina

Nome comercial: luvox

Farmacocinética: primeiro ISRS lançado no mercado. concentração plasmática máxima é alcançada em 2 a 8


horas após uma dose única, atingindo níveis de 31 a 87 mg/L. A meia-vida situa-se entre 17 e 22 horas, e o
estado de equilíbrio dos níveis plasmáticos é alcançado em torno de 1Odias. Apresenta taxa de ligação às
proteínas plasmáticas de aproximadamente 77%, ligando-se, sobretudo, à albumina. Sua biodisponibilidade
absoluta é de 50%

Modo de uso: Deve-se iniciar com 50 mg/dia, administrados em dose única antes de dormir por 3 a 4 dias,
aumentando-se gradualmente 50 mg a cada 4 a 7 dias. A dose máxima recomendada é de 300 mg/dia no
tratamento tanto da depressão como do TOC. Doses acima de 100 mg devem ser divididas em duas tomadas
diárias. Se não puderem ser iguais, a dose maior deverá ser tomada à noite.

Farmacodinâmica: semelhante aos demais. Não tem efeito clínico substancial sobre o sistema
cardiovascular, além de hipotensão, taquicardia ou palpitações (geralmente de grau leve), sendo, em princípio,
um fármaco seguro para uso em pacientes com problemas cardiovasculares.

Reações adversas: náusea, cefaleia, sonolência, astenia, boca seca

Indicações: TDM, TOC, TP, TAS


Contra-indicações: semelhante as demais

Intoxicação: rara, os sintomas mais comuns incluem queixas gastrintestinais, sonolência e vertigem. Eventos
cardíacos (taquicardias, bradicardia e hipotensão postural), alterações da função hepática, convulsões e coma
foram relatados. A fluvoxamina tem larga margem de segurança na superdosagem. Não tem antídoto, faz
conduta geral, não respondem bem a diálise e diurese forçada, devido a extensa distribuição.

Situações especiais:

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Gravidez: categoria C, não tem evidencia sobre o prejuízo na fertilidade e nem efeito teratogênicos, mas deve
ser utilizada com muita cautela
Lactação: efeito desconhecido
Crianças: utilizada nos transtornos de ansiedade e TOC, lembrar de monitorar os sintomas suicidas
Idosos: administração com cautela e com doses mais baixas

Laboratório: o tratamento com fluvoxamina pode causar o aumento de enzimas hepáticas, geralmente
acompanhado por sintomas clínicos. Nesses casos, o tratamento deve ser descontinuado. O nível glicêmico
pode ser afetado, especialmente nos estágios iniciais do tratamento.

Precauções

1. A fluvoxamina deve ser usada com cuidado em pacientes com história de episódios maníacos, pois pode
causar virada.
2. A fluvoxamina diminui o limiar convulsivo, devendo ser administrada com cautela em pacientes com
história pregressa de convulsões e epilepsia.
3. Ficar atento a sintomas como agitação, hipertermia e mioclono acompanhados de alterações da
consciência e sintomas autonômicos, pois podem indicar síndrome serotonérgica, um quadro grave que
exige manejo emergencial devido ao risco de óbito.
4. A suspensão abrupta da fluvoxamina pode ocasionar síndrome de retirada, cujos sintomas mais frequentes
são tontura, náusea, cefaleia, fadiga, mialgia, vertigem, vômito e ansiedade, em geral de intensidade leve a
moderada, que desaparecem com a reintrodução do medicamento. Por esse motivo, a interrupção ou a
retirada devem ser graduais.
5. Determinados medicamentos, como terfenadina, astemizol ou cisaprida, podem sofrer aumento em suas
concentrações plasmáticas quando utilizados concomitantemente à fluvoxamina, resultando em aumento
do risco de prolongamento do intervalo QT com consequente risco de arritmias fatais. Por isso, não se
recomenda a associação da fluvoxamina a esses medicamentos.

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FLUOXETINA SERTRALINA PAROXETINA


(prozac, daforin) (cefelic, serenata,zoloft) (aropax,arotin, parox)

Norfluoxetina (7 a 9 horas) Desmetilsertralina Meia-vida 21h


Meia-vida 2 a 3 dias Meia-vida 26 a 33 horas Pico 3 a 8 horas
Pico 6 a 9 horas Pico 4 a 8 horas 20 mg ->60mg/dia (dose única à
20 mg ->60mg/dia (dose única 25/50 mg -> 200mg/dia (dose noite)
pela manhã) única pela noite) Doses altas: efeito noradrenérgico
TOC e bulimia: doses de 60 a 80 Discreta ação sobre dopamina -> insonia
TP: doses menores (5mg) Reações: Reações:
Reações:  Alteração de apetite  Apetite/ganho de peso
 Apetite (emagrece)  Sonolência  Sonolência/insônia
 Insônia/nervosismo  Náusea, diarreia  Náusea, boca seca, constip
 Náusea  Disfunção sexual, boca seca  Disfunção sexual
 Cefaleia Gravidez: controverso (C) Gravidez: controverso (D)
X gravidez e infância Crianças >6 anos: ajustar dose Lactação: um dos melhores
Crianças: TDM e TOC (doses Idosos: protetor cardíaco Crianças: cuidado com ideação
baixas) Lactação e epilepsia cuicida
Idosos: doses baixas (melhor) Idosos: 10 mg -> 40mg

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CITALOPRAM ESCITALOPRAM FLUVOXAMINA


(alytam, cipramil) (esc, lexapro) (luvox)

Meia-vida 33h Meia-vida 37 a 32h Meia-vida 17 a 22h


Pico 3h Pico 4h Pico 2 a 8h
20 mg ->40mg/dia (dose única 5 mg ->10mg -> 20mg(dose única 50 mg ->300mg/dia (acima de 100
pela manhã ou noite) pela manhã ou noite) dividir em 2 a 3 tomadas)
Mudanças na atividade elétrica do Prolongamento do QT: dose- Seguro de problemas cardiovasc
coração dependente Reações:
Reações:  Alteração do apetite  Náusea
 Insônia/sonolência  Insônia/sonolência  Cefaleia
 Náusea, sudorese  Náusea, boca seca  Sonolência
 Retardo na ejaculação  Redução da libido  Boca seca
 Boca seca, cefaleia  Disfunção ejaculatória Contra-indicações: semelhante
Contra-indicações: prolongamento Contra-indicação: prolongamento Gestação: C
do QT, hipoK, bradi, IAM recente do QT Crianças: ansiedade e TOC
Gestação: uma das melhores Gestação: avaliar com cautela C Idosos: doses baixas
Idosos: iniciar com 10mg Idosos: dose máxima de 10mg

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