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FICHAMENTO DE LEITURA

Tipo: Livro
Assunto / tema: Desenvolvimento agrícola
Referência bibliográfica:
ABRAMOVAY, Ricardo. Paradígmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo:
HUCITEC; Rio de Janeiro: ANPOCS; Campinas: UNICAMP, 1992. (digitalizado)

Resumo / conteúdo de interesse:


Ricardo Abramovay expõe que as propriedades rurais familiares de pequeno porte,
que tem característica de grande volume e produtividade em países desenvolvidos,
possuem as suas raízes no campesinato tradicional, apesar de se distinguirem
substancialmente dele. Estes integrantes são definidas pelo autor como agricultura familiar,
e ele também assegura que esse molde de agricultura não pode ser completamente
definido por sua herança camponesa,
A partir dessas circunstancias foi desenvolvido uma análise meticulosa com a
finalidade de distinguir o conceito de agricultura familiar de outras noções equivocadas,
como o conceito de camponês. Quando definiu o que estabelece o campesinato, o autor se
demonstrou um estudo aprofundado da organização social da agricultura nos formatos do
capitalismo avançado. Abramovay propõe encorajar o surgimento de novos
questionamentos sobre os pensamentos marxista.
A obra chama a atenção para a evidente ausência da teoria marxista que
abrangesse à questão agrária. Por essa falta ele busca orientar sobre o campesinato ao
juntar aspectos teóricos externos ao marxismo, tendo como base autores como Chayanov e
economistas clássicos. No inicio do livro o autor apresenta de forma detalhada as principais
características do campesinato, posteriormente, ele se dedica em demonstrar novas formas
de abordagens para a análise da questão agrária. Há um grande destaque sobre
fenômenos mais contemporâneos, como a modernização da agricultura, como também as
inúmeras transformações na estrutura social no meio.
Na conclusão, Ricardo Abramovay fez uma denúncia a respeito da constante atraso
da agricultura brasileira em relação a países desenvolvidos. Também demonstra pontos
importantes como o excesso de trabalho com baixa produtividade, com a utilização
ineficiente das terras e as desproporções no desenvolvimento regional. Esta denúncia
serviu como um apelo urgente aos políticos e a sociedade em geral, para que alcancem
soluções efetivas e que alcance quem realmente precisa.

Citações: Página:
1 [...] o autor formulou a tese de que as unidades de pequeno porte, alto volume de
produção e elevada produtividade hoje existentes nos países capitalistas 12
avançados descendem do campesinato tradicional.
2 [...] a agricultura familiar é um fenômeno tão generalizado nos países capitalistas
avançados que não pode ser explicada pela herança histórica camponesa, de fato,
21
em alguns casos, existente: na verdade, o Estado foi determinante na moldagem
da atual estrutura social do capitalismo agrário das nações centrais.
3 Um outro obstáculo teórico para a compreensão da realidade agrária 21
contemporânea no capitalismo central está nas ambigüidades com que a noção de
unidade familiar de produção tem sido tratada.
4 Uma agricultura familiar, altamente integrada ao mercado, capaz de incorporar os
principais avanços técnicos e de responder às políticas governamentais não pode 22
ser nem de longe caracterizada como camponesa.
5 Se ao camponês for atribuído lucro, ele se torna um capitalista. Se receber um
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salário, vira operário. Se viver da renda da terra, é então um proprietário fundiário.
6 [...] o mais importante paradigma marxista no estudo da questão agrária: o
esforço permanente de encontrar na diferenciação social dos produtores a essência 42
da vida agrária de qualquer país capitalista.
7 [...] o campesinato está praticamente ausente da obra de Marx não podem ser
compreendidas com base naquilo que Popper (1979) chamou de sociologia ou 43
psicologia da descoberta:
8 O desenvolvimento da forma capitalista de produção rompeu o nervo vital da
pequena exploração na agricultura; a pequena exploração agrícola está decaindo e 45
marcha irremediavelmente para a ruína [...]
9 A noção de equilíbrio econômico subjetivo produz tanto propostas de
modernização acelerada como a recomendação de extrema prudência nas 97
transformações da vida agrária.
10 Além da personalização dos vínculos sociais, isso se traduz na ausência de uma
contabilidade racional, no envolvimento das operações produtivas e do próprio
consumo familiar num conjunto de motivações que só se explicam pelo tipo de 101
constrangimento que a unidade de produção individual sofre por sua completa
submissão às regras comunitárias em que está mergulhada.
11 a previsão de Marx de que a grande empresa capitalista se generalizaria na
agricultura, tanto quanto na indústria, possui ao menos uma virtude histórica: as
formas de produção familiar existentes em seu tempo exprimiam, antes de tudo, 129
sobrevivências de um passado que o desenvolvimento capitalista se encarregaria
mais ou menos rapidamente, mas inelutavelmente, de remover.
12 [...] o ambiente pelo qual se desenvolve na agricultura familiar contemporânea é
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exatamente aquele que vai asfixiar o camponês
Considerações do pesquisador (aluno): O livro de Abramovay não fornece somente
uma análise crítica do tempo analisado, mas também destaca-se como um guia inspirado
para delinear o futuro da agricultura brasileira.

Indicação da obra: professores de todas as áreas, acadêmicos de cursos ligados a


educação, pós-graduandos.
Local: arquivo em PDF disponível em
https://moodle.utfpr.edu.br/pluginfile.php/994405/course/section/179149/Abramovay1.pdf

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