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TCC - Tainara Guizolfi
TCC - Tainara Guizolfi
TAINARA GUIZOLFI
CAXIAS DO SUL
2020
2
TAINARA GUIZOLFI
CAXIAS DO SUL
2020
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TAINARA GUIZOLFI
Banca examinadora
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______________________________
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu namorado Guilherme Lang que sempre esteve ao meu lado, me
ouvindo, aconselhando, apoiando, incentivando em diversos momentos, principalmente nos
mais difíceis. Por todo o carinho, amor, paciência e compreensão que teve ao longo de toda a
graduação, mas em especial nessa reta final que eu sei que foi a mais difícil. Por me cobrar
diversas vezes quando eu mais precisei, me motivando a seguir em frente e sendo sempre meu
ponto de paz e porto seguro. Por todos os hambúrgueres e chocolates, quando eu precisava de
um pico de glicose para continuar mais algumas horas escrevendo e estudando e por todos os
abraços quando ficava difícil. Enfim, agradeço por tudo que tem feito por mim e para mim.
A minha família que entendeu minha ausência em diversos momentos e não mediu
esforços para me incentivar na conclusão dessa etapa tão importante da minha vida. Além de
sempre me apoiar e me ouvir em diversos momentos.
Ao meu orientador Sidnei Moura e Silva que sempre esteve disposto a me orientar,
buscando sempre a melhor versão do trabalho. Através dele, agradeço ao Laboratório de
Biotecnologia de Produtos Naturais e Sintéticos (LBIOP) que foi minha casa durante toda a
minha graduação.
Aos meus amigos que diversas vezes compreenderam a minha ausência, além de sempre
me apoiarem e incentivarem. Em especial as minhas amigas e irmãs de coração, a Fernanda
Taís Kohls que sempre esteve presente em toda a minha jornada na universidade e nunca mediu
esforços para me apoiar e incentivar, além de me cobrar quando eu precisei. A Julia Muhareb
Agnoletto que mesmo depois de ter saído da universidade sempre me apoiou e incentivou. A
Ediane Lang que sempre me ajudou em diversos momentos e me fez companhia quando ficava
horas escrevendo e claro, por deixar eu raspar as panelas depois.
A Fabiana Agostini que sempre foi mais do que minha chefe e me ensinou a vivência
de um laboratório, me suportou e aconselhou em vários momentos difíceis, mas sempre esteve
disposta a me ajudar e me explicar diversas vezes a mesma coisa. Por sempre me ouvir e
aconselhar em diversos momentos, além de me fazer chorar de tanto rir por tantas coisas.
Ao Instituto Nacional de Tecnologia e Ciência Forense (INCT Forense), a Polícia Civil
do Espírito Santo, ao Wanderson Romão e a todos que tornaram possível esse trabalho.
6
“Tudo o que temos que decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado.”
J. R. R. Tolkien
7
RESUMO
Droga é um termo genérico que define qualquer substância que pode causar
dependência, seja ela natural, semissintética ou sintética. Essas substâncias podem ser
classificadas de diversas formas, seja por legalidade, mecanismo de ação ou produção.
Conforme a legalidade, drogas lícitas são aquelas que tem livre comércio, produção e consumo
no Brasil, como bebidas alcóolicas e cigarros. Já as drogas ilícitas tem seu comércio, produção
e consumo vedados legalmente, como maconha, ecstasy e cocaína. Por serem substâncias
ilegais, todos os dias surgem novas formas de burlar a legislação vigente, bem como os órgãos
regulamentadores através de novas drogas e/ou mudanças estruturais naquelas drogas que já
são conhecidas. Tendo isso em vista, desenvolver e adaptar técnicas analíticas instrumentais é
fundamental para suprir a demanda legal de identificação e estudo de novas drogas. Entre as
técnicas mais difundidas na análise de drogas está a Espectrometria de Massas de Alta
Resolução (EMAR), que através da razão massa/carga (m/z) é capaz de analisar moléculas alvo
e não-alvo. Ainda, geralmente a quantidade de amostra apreendida é mínima e a EMAR
apresenta a possibilidade de detectar traços de drogas em um curto período de análise. Neste
contexto, esse trabalho teve como objetivo realizar o desenvolvimento de um método analítico
para a técnica EMAR com ionização eletrospray, identificando compostos conhecidos por meio
de amostras padronizadas e em seguida aplicando o método a amostras reais. Estas foram
cedidas pela polícia civil do estado do Espírito Santo, via convenio com o INCT forense. Assim,
foram analisadas 13 amostras padrões, as quais são: 6-acetilmorfina, metilecgodinina,
anfepramona, anfetamina, cocaína, codeína, femproporex, mazindol, MDA, MDMA,
metanfetamina, morfina e norcocaína. Sobre estas, foram identificadas características como
massa exata, razão isotópica e fragmentação. Ainda, foram analisadas 100 amostras de
comprimidos, as quais foi possível a identificação de 16 compostos ativos em 76 destas
amostras. Em suma, esse trabalho demonstrou a aplicabilidade de EMAR para identificação de
amostras alvo e não-alvo, através de um método rápido e eficaz para qualificação dos ativos
presentes em comprimidos apreendidos.
ABSTRACT
A compound that causes addiction is generically called Abuse Drug, which may be
originally natural, semi-synthetic or synthetic. According to legality, these substances can be
classified as licit, such as tobacco and alcoholic beverages, as well as illicit with production and
consumption prohibited,, such as marijuana, ecstasy and cocaine. About the illicit`s, new ones
appear every day, mainly synthetic ones, with the intention of avoiding the law. Thus,
developing and adapting instrumental analysis methods is essential to elucidate the chemical
structures of these new compounds. In this way, one of the most widespread techniques in drug
analysis is High Resolution Mass Spectrometry (HRMS), which through the mass / charge ratio
(m/z) is able to analyze target and non-target molecules. In addition, features such as sensitivity,
ease of use and quick analysis, enable detection of drugs at trace levels in a short time. In this
context, this work aimed to develop an analytical method by HRMS with electrospray
ionization, with standard samples, which was applied to the analysis of real samples.These
samples were provided by the civil police of the state of Espírito Santo, through an agreement
with the forensic INCT. Thus, 13 standard samples were analyzed, which are: 6-
acetylmorphine, methylecgodinine, amfepramone, amphetamine, cocaine, codeine,
femproporex, mazindol, MDA, MDMA, methamphetamine, morphine and norcocaine.
Characteristics such as exact mass, isotopic ratio and fragmentation were used to analyze the
compounds. In addition, 100 tablet samples were analyzed, on which it was possible to identify
16 active compounds in 76 of these samples. In summary, this work demonstrated the
applicability of HRMS to identify target and non-target samples, through a fast and effective
method for qualifying the active compounds present in seized tablets.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
6-MAM 6-acetilmorfina
MDA 3,4-metilenodioxianfetamina
MDMA 3,4-metilenodioximetanfetamina
m/z Massa/carga
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14
4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 33
6 CONCLUSÕES................................................................................................................ 53
1 INTRODUÇÃO
A palavra “forense” vem do latim que significa “de ou aplicado a lei” (FU;
STOJANOVSKA, 2015). Dessa forma, a química forense, segundo o Conselho Regional de
Química – IV Região (2011), é uma ciência que embasa decisões judiciais através de estudos
utilizando análises orgânicas, inorgânicas, toxicológicas, entre outras. Tais estudos ocorrem
através de técnicas como a cromatografia e a espectrometria de massas, com as quais é possível
realizar a identificação de compostos químicos como venenos ou drogas (CONSELHO
REGIONAL DE QUÍMICA – IV REGIÃO).
Droga é um termo genérico que define qualquer substância, seja natural, semissintética
ou sintética, que pode causar dependência ao usuário. As drogas podem ser classificadas de
diversas formas, seja por legalidade, mecanismo de ação ou produção. Assim, quanto a
legalidade pode ser dividida em dois grupos, lícitas ou ilícitas. Drogas lícitas são aquelas
legalizadas, ou seja, tem livre comércio, produção e consumo, como o cigarro ou bebidas
alcóolicas (GLIDIZ, 2016).
Em contrapartida, as drogas ilícitas como maconha, ecstasy, cocaína, entre outros, tem
seu comércio, produção e consumo vedados legalmente. Assim, por serem ilegais, a cada dia
surgem novas drogas e muitas, que já são conhecidas, sofrem mudanças estruturais com o
intuito de burlar a legislação vigente e órgãos regulamentadores (GLIDIZ, 2016). No Brasil,
essas substâncias são regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) através da Portaria nº 344 de 1998.
Já no âmbito internacional, os órgãos responsáveis pela regulamentação de drogas são
o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, do inglês United Nations Office on Drugs
and Crime (UNODC), a Comissão de Narcóticos, do inglês Commission on Narcotic Drugs (
CND) e a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, do inglês International
Narcotics Control Board (INCB). Essa regulamentação se dá através de três convenções, as
quais visam limitar o consumo, produção e distribuição de drogas apenas a propósitos médicos
e científicos.
Assim, para qualificar e/ou quantificar essas substâncias ilícitas, são desenvolvidos
métodos analíticos com seletividade e sensibilidade adequados, que podem ser tanto
presuntivos quanto confirmatórios. Neste sentido, o primeiro, também chamado de screening,
são testes preliminares, simples e de baixo custo que verificam a presença dessas substâncias.
Já os métodos de confirmação são testes mais complexos que envolvem técnicas mais
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2 OBJETIVOS
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 DROGAS
Drogas como heroína, cocaína, ecstasy, entre outras, que são de uso, comércio e
produção ilegal no Brasil. A partir do século XX houve uma alta disseminação dessas
substâncias, que são amplamente comercializadas clandestinamente por traficantes. Estes
geralmente misturam a droga com outras substâncias farmacologicamente menos ativas como
o paracetamol e a aspirina, podendo conter substâncias como açúcares e/ou talco. Esse corte
visa aumentar a produção e os lucros, tanto para os produtores quanto para os vendedores
(CARLIN; DEAN, 2013; SILVA et al., 2018).
As drogas ilícitas podem ser classificadas conforme suas ações no sistema nervoso
central (SNC), bem como seu mecanismo de produção. O primeiro divide as substâncias em
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depressora, estimulante e perturbadora. Drogas que diminuem tanto a atividade motora quanto
a mental são denominadas de depressoras, já aquelas que aumentam a atividade de certos
sistemas neurais são denominadas de estimulantes. E, por fim, aquelas que prejudicam o
funcionamento cerebral levando a alucinações e delírios são denominadas de perturbadoras
(MAISTO; GALIZIO; CONNORS, 2017; SILVA et al., 2018). A classificação por mecanismo
de produção divide as drogas ilícitas em natural, semissintética e sintética (CARLIN; DEAN,
2013).
Segundo Carlin e Dean (2013), drogas naturais são aquelas derivadas de plantas,
minerais ou animais. Assim, possuem em sua composição ativos, denominados de metabólitos
secundários. Estes podem estar na forma de extratos, frações e até mesmo isolados através de
processos físico-químicos, sendo um exemplo disso a cocaína extraída da planta de coca.
3.1.1.1 Cocaína
A cocaína é um alcaloide usado como droga de abuso, a qual é extraída das folhas da
planta de coca (Erythroxylum coca), planta essa exclusiva da América do Sul. O químico
alemão Albert Niemann foi o primeiro a isolar a substância em 1859, onde foi usada como
anestésico (GOMES, 2013). É atualmente uma droga de uso ilegal no Brasil, porém é a droga
mais comumente utilizada no país.
Devido a interferência nos centros sensoriais do cérebro, o usuário de cocaína terá uma
sensação de bem-estar e efeito estimulante, isso ocorre devido a retenção de excesso da
dopamina no cérebro (GOMES, 2013). Após seu uso, a cocaína pode ser detectada após 2 a 3
dias, através do metabólito benzoilecgonina, o qual se faz presente na urina em torno de 40 %
(PASSAGLI, 2009 apud SOUSA; LUCENA, 2012).
A DL50 para ratos é de 96 mg/Kg via oral. (COCAINE, 2020). Na Tabela 1 está
representado as principais propriedade físico-químicas da cocaína, enquanto na Figura 1 está
representado sua estrutura química.
Quando o AEME é administrado via pulmonar ocorre a perda do ácido benzoico, após
é hidrolisado no organismo levando a anidroecgonina. A partir dessas substâncias, a droga atua
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como um biomarcador indicando o uso de crack via pulmonar. Esses biomarcadores podem ser
detectados em diversas matrizes biológicas (CYPRIANO, 2019; SHIMOMURA; JACKSON;
PAUL, 2019). Na Tabela 2 está representado as principais propriedades físico-químicas da
metilecgonidina, enquanto na Figura 2 está representado sua estrutura química.
3.1.2.1 Codeína
diversos medicamentos conhecidos como Tylenol® com codeína e Vicodil®, onde ambos são
indicados para aliviar dor aguda. Contudo, o uso prolongado de medicamentos que apresentam
codeína em sua composição pode causar dependência física ao usuário. A codeína para uso
comercial é produzida, atualmente, a partir da morfina, isso se deve a sua baixa concentração
no ópio (KANE, 2007).
A DL50 para ratos da droga é de 427 mg/Kg via oral (CODEINE, 2020). Na Tabela 4
está representado as principais propriedades físico-químicas da codeína, enquanto na Figura 4
está representado sua estrutura química.
3.1.2.2 Morfina
A morfina foi um dos primeiros compostos naturais a ser extraído, o qual foi realizado
por Adam Sertürner em 1803. É um alcaloide do ópio, sendo o opiáceo mais antigo e seu nome
é uma homenagem ao deus grego do sono, Morfeo (GOMES, 2013). A morfina é usada no
tratamento de dor crônica moderada a grave e em sua forma pura pode ser até dez vezes mais
potente que o ópio, com isso requer uma menor quantidade para produzir o mesmo feito que o
ópio. Seu primeiro uso em massa foi em soldados durante a Guerra civil dos EUA, a qual
resultou em aproximadamente 400 mil soldados viciados (BUSSE, 2006).
O DL50 da morfina estimada para homens é de 0,78 µg/mL, enquanto para mulheres é
de 0,98 µg/mL (MORPHINE, 2020). Na Tabela 5 está representado as principais propriedades
físico-químicas da morfina, enquanto na Figura 5 está representado sua estrutura química.
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3.1.3.1 MDMA
O ecstasy, também chamado de MDMA, é uma droga de abuso sintética, a qual foi
inicialmente produzida como inibidor de apetite pela indústria farmacêutica Merck no ano de
1914. Essa droga foi distribuída para os soldados americanos na Primeira Guerra Mundial, por
ter propriedades de inibição de apetite e estimulante (ROMÃO, 2010; OLIVE, 2004). Já nos
anos 60, o ecstasy era utilizado para elevar o ânimo de pacientes psicoterápicos e somente na
década de 70 passou a ser usado recreativamente (OLIVE, 2004).
Atualmente, é uma droga de uso ilegal no Brasil, porém sua forma mais comum de
comércio clandestino é o comprimido, o qual contém elevado teores da droga, mas pode ser
encontrado também na forma de pó ou cristais (KILL, 2016). O MDMA é quimicamente similar
ao estimulante metanfetamina, isso porque também é um derivado de anfetamina e pertence à
classe da feniletilamina (KILL, 2016; GIL; GIMENEZ; SAUAEZ, 2014).
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Seus usuários podem permanecer sob efeito durante, em média, 8 horas. Alguns de seus
efeitos são estado de alerta, euforia e aumento da sociabilização. Além disso, o ecstasy tem
como alguns de piores efeitos a disfunção do sistema imunológico, a diminuição da capacidade
de funcionamento do fígado e o aumento da temperatura corporal. A droga atua como agonista
no cérebro intensificando a atividade de três dos principais neurotransmissores, sendo eles a
serotonina, a noradrenalina e a dopamina. O primeiro é responsável pela elevação de humor,
sono e apetite, contudo pode provocar lesões irreversíveis nas células nervosas devido ao seu
excesso na fenda sináptica. (GIL, GIMENEZ E SAUAEZ, 2014; OLIVE, 2004).
Tem como seu nome químico 3,4-metilenodioximetanfetamina, comumente
denominado de nome IUPAC, do inglês International Union of Pure and Applied Chemistry
(IUPAC). Sua DL50 em ratos é de 97 mg/Kg via intravenosa e a partir disso, estima-se que a
DL50 para humanos é de 10 a 20 mg/Kg (JEROME, 2007). Na Tabela 7 está representado as
propriedades físico-químicas do MDMA, enquanto na Figura 7 está representado sua estrutura
química.
3.1.3.2 MDA
em 1914 (OLIVE, 2004). Somente em 1960 que a droga teve seu auge e era chamado de “droga
suave da América” (MAISTO; GALIZIO; CONNORS, 2017).
3.1.3.3 Anfetamina
70 que passou a ser uma substância proibida nos Estados Unidos da América (CYPRIANO,
2019).
A droga tem como seu nome IUPAC 1-fenilpropano-2-amina. Sua DL50 em ratos é de
30 mg/Kg via oral (AMPHETAMINE, 2020). Na Figura 9 está representado as propriedades
físico-químicas da anfetamina, enquanto na Figura 9 está representado sua estrutura química.
3.1.3.4 Metanfetamina
3.1.4 Fármacos
3.1.4.1 Anfepramona
Sua DL50 para ratos é de 600 mg/Kg via oral (DIETHYLPROPION, 2020). Na Tabela
11 está representado as propriedades físico-químicas da anfepramona, enquanto na Figura 11
está representado sua estrutura química.
3.1.4.2 Femproporex
3.1.4.3 Mazindol
Sua DL50 é de 1107 mg/Kg em ratos via subcutânea (MAZINDOL, 2020). Na Tabela
13 está representado as propriedades físico-químicas do mazindol, enquanto na Figura 13 está
representado sua estrutura química.
31
A espectrometria de massas é uma das técnicas mais utilizadas no âmbito forense, isso
se deve ao breve tempo de análise, um preparo de amostra relativamente simples e, por fim, a
quantidade de amostra utilizada para a realização da análise (ROMÃO, 2010). Além disso, esta
técnica fornece informações como a composição elementar da amostra, bem como sua estrutura
molecular baseada em características como massa exata, razão isotópica de átomos e
mecanismos de fragmentações (SKOOG; HOLLER; CROUCH, 2016).
Como se faz necessário que os íons do analito estejam no estado gasoso para a realização
da análise, o processo de ionização é fundamental já que irá influenciar no método utilizado
para o ensaio. Dessa forma, a ionização por eletronebulização, do inglês Electrospray ionization
(ESI), é uma técnica que utiliza uma fonte de dessorção, onde a amostra líquida ou sólida em
solução será convertida diretamente para seu estado gasoso. Com isso, essa técnica pode ser
aplicada tanto para amostras não-voláteis, quanto para amostras termicamente instáveis
(SKOOG; HOLLER; CROUCH, 2016).
Devido a molécula entrar em um estado excitado, muitas vezes esse estado não é estável
e acaba quebrando-se em fragmentos menores, o qual geralmente é alcançado através do
aumento da energia de ionização. Em um espectro, geralmente não é possível analisar todos os
picos presentes, pois normalmente há a presença de ruídos. Dessa forma, busca-se padrões de
fragmentação principalmente do pico majoritário, também denominado de íon molecular, onde
é possível a identificação de grupos funcionais presentes (SKOOG; HOLLER; CROUCH,
2016). Por fim, apesar do padrão de fragmentação de cada molécula ser diferente, nota-se que
há semelhanças estruturais na maioria das drogas estudadas como, por exemplo, a presença do
anel benzeno, de átomos de nitrogênio e oxigênio. Somado a isso, características como massa
exata e razão isotópica são utilizadas para a confirmação da estrutura química do composto
analisado.
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4 METODOLOGIA
4.1 AMOSTRAS
As amostras dos padrões utilizados estão descritas no Quadro 1 juntamente com seus
códigos de identificação, estas foram adquiridas a partir da Sigma-Aldrich® em soluções de 5
µg/mL.
Para a realização da análise no modo positivo ESI (+), foi preparada uma solução de
acetonitrila, da marca LiChrosolv®, e água ultrapura, obtida a partir Milli-Q Advantage A10,
Millipore®, na proporção de 1:1 e acidificada com 0,1% de ácido fórmico, da marca Sigma-
Aldrich®. Os solventes foram adquiridos da Merck®. As amostra foram então diluídas com a
solução preparada na proporção de 1:3.
As amostras reais de comprimidos de ecstasy foram apreendidas e cedidas pela Polícia
Civil do Espírito Santo, foram recebidas por correio e apresentavam concentração inicial de 2
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mg/mL, solubilizadas em metanol. Além disso, apresentavam códigos próprios que não são
relevantes para esse trabalho. A Figura 17 representa as amostras previamente diluídas.
Para a realização das análises, as amostras foram diluídas 1:100 em metanol, da marca
LiChrosolv®, e ressolubilizadas em uma proporção de 1:3 na solução preparada anteriormente
de acetonitrila:água (1:1) acidificado com 0,1% de ácido fórmico.
O método desenvolvido neste trabalho foi baseado no de Kill (2016), com modificações.
As amostras previamente diluídas foram infundidas individualmente através de uma seringa, da
marca Hamilton® de 500 µL, com o auxílio de uma bomba de seringa a um fluxo de 180 µL/min
em um espectrômetro de massas de marca Bruker Scientific®, modelo microTOF-Q II. Esse
equipamento está acoplado a uma fonte de ionização eletrospray (ESI) e um separador de
massas por quadrupolo-tempo de vôo (Q-TOF). A faixa dinâmica de aquisição de íons foi de
m/z 100-1000 em uma velocidade de duas varreduras por segundo, já a voltagem no capilar foi
de -3600 v. Enquanto a voltagem no End Plate Offset foi de -500 v e no Collision foi de -1 v.
A temperatura foi de 250 ºC e o fluxo de gás de secagem de 3 L/min, já a pressão do gás
nebulizador foi ajustada para 1,5 bar. Para as fragmentações, também chamas de ESI (+) -
MS/MS, a energia de dissociação induzida por colisão, do inglês collision-induced dissociation
(CID), foi otimizada para cada componente. Por fim, o equipamento foi externamente calibrado
35
a partir de uma solução de formiato de sódio 0,1 M para ESI (+). A Figura 18 apresenta o
equipamento utilizado neste trabalho.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A cada dia surge, clandestinamente, novas drogas sintéticas, as quais são vendidas de
diversas maneiras, seja nas ruas, eventos públicos e privados e até mesmo via internet. Com
isso, o trabalho das agências regulamentadoras se torna cada vez mais difícil quando se trata
em mapear essas drogas ilícitas. Assim, se faz necessário o desenvolvimento de novas
metodologias de análise para que sejam criadas leis que regulamentam esses compostos, ou
mesmo atualizar leis já existentes com a adição de novos compostos. Tendo isso em vista, este
trabalho teve como objetivo adaptar um método analítico para analisar compostos alvo a partir
de padrões, além de analisar amostras reais de apreensão para verificar a utilização do método
em um cenário real. Para tal, utilizou-se um espectrômetro de massas de alta resolução. A Figura
16 representa um fluxograma de blocos para o funcionamento de um espectrômetro de massas.
O equipamento de massas gera razões m/z, as quais podem servir para qualificar um
composto específico, seja ele previsto ou não para estar presente naquela amostra. Para isso,
uma quantidade de 10 a 1 ppm é inserida no equipamento através de métodos de separação
como cromatografia ou por infusão direta, o qual é com o auxílio de uma bomba de seringa.
Após as amostras passam através de uma fonte de ionização, a qual é responsável em converter
a amostra em um feixe de íon positivos, assimilando carga via adição de um hidrogênio ou de
addutos, entre outros. Ainda é possível que a amostra seja “carregada” negativamente através
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da perda de um hidrogênio, ou de outras formas. Em seguida, esses íons são acelerados para
dentro do analisador de massa, o qual separa os íons conforme sua razão m/z. Esse bloco de
processos necessita de um sistema de vácuo para criar baixas pressões, geralmente de 10-4 a 10-
8
torr, pois dessa forma as partículas carregadas serão aniquiladas ao interagirem com
componentes da atmosfera. Após têm-se o processador de sinal e o dispositivo de saída, os
quais separam os íons gerados em um padrão de espectro de massa (SKOOG; HOLLER;
CROUCH, 2016). O espectrômetro utilizado apresenta uma fonte eletrospray, a qual tem seu
funcionamento representado na Figura 17.
No sistema eletrospray, a amostra é bombeada por uma agulha capilar para dentro de
uma câmara aquecida em pressão próxima a atmosférica em forma de gotículas. Essas são
carregadas devido a presença do eletrodo cilíndrico que envolve a agulha, após passam por um
tubo capilar. Assim entram em contato com o gás secante, o qual é nitrogênio, este tem a função
de evaporar o solvente ainda presente nas gotículas. Ao passo que a densidade dessas gotículas
cresce, ocorre a dessorção dos íons no gás ambiente (SKOOG; HOLLER; CROUCH, 2016).
Ainda, o EMAR utilizado apresenta dois separadores de massas sequenciais do tipo quadrupolo
e tempo de voo, respectivamente.
tempo de varredura curto, geralmente menor que 100 ms (SKOOG; HOLLER; CROUCH,
2016). Na Figura 18 está representado um sistema de analisador de massa quadrupolo.
Esse analisador contém quatro barras sólidas, conforme a Figura 18, são aplicadas uma
corrente contínua e uma radiofrequência o que gera um campo eletrostático oscilante entre as
barras. Os íons com oscilações instáveis são aqueles que apresentam uma razão m/z muito
pequena ou muito grande, logo a trajetória deles os levará até uma das quatro barras. Já os íons
com oscilações estáveis são aqueles que apresentam a faixa correta de razão m/z, a qual é
imposta no software pelo operador, logo sua trajetória os levará até o detector (PAVIA et al.,
2015).
O analisador por tempo de voo, do inglês time of flight (TOF), traz uma robustez e
simplicidade ao espectrômetro de massas. Esse analisador baseia-se na velocidade de dois íons,
com massas diferentes, que chegarão ao detector com tempos diferentes apesar de apresentarem
a mesma energia cinética e terem sido criados no mesmo instante. Esses íons são acelerados
dentro um tubo de trajetória livre através de um pulso de campo elétrico com variação entre 103
a 104 V. Além disso, os tempos de voo comuns variam de 1 a 30 µs (SKOOG; HOLLER;
CROUCH, 2016).
Tendo isso em vista, estes dois separadores de massas em sequência geram resultados
de alta resolução, a qual apresenta uma faixa entre 10.000 a 100.000. Dessa forma, analisadores
EMAR podem melhorar o processo de identificação e confirmação de moléculas a partir de
diversos parâmetros como massa exata, razão isotópica e perfil de fragmentação. Com isso, é
39
possível obter uma confirmação do composto desejado sem interferência (KELLMANN et al.,
2009). Ainda, quando se trabalha com espectrometria de massas de alta resolução, a
determinação do erro de exatidão de massa do composto em estudo é de suma importância.
Geralmente, para EMAR com ionização por ESI e separação por Q-TOF, um valor de erro deve
ser inferior a 10 ppm para a confirmação da fórmula elementar do composto (BRISTOW;
WEBB, 2003). Para minimizar erros nessa medida se faz necessário garantir que o íon alvo
esteja completamente livre de íons interferentes para que não ocorra alterações na massa do
pico (ROMERO-GONZÁLEZ; FRENICH, 2017). Essa verificação pode ser determinada a
partir da Equação 1 (KELLMANN et al., 2009).
ml − me (1)
Erro (ppm) = x106
me
Em A) espectro no modo full; em B) expansão do espectro e comparação entre o teórico e o experimental para formula C17H22NO4+; em C) o espectro no modo MS-MS para
o íon m/z 304.
41
Encaixe
Massa Íon
Fórmula Erro da razão Fragmentação
Composto exata molecular
Elementar (ppm) isotópica (m/z)
(g/mol) (m/z)
mSigma
Codeína C18H21NO3 299,1521 300,1592 0,9 8,4 [M – C13H11O2]+
m/z 199,0741
[M – C15H13O3]+
m/z 241,0868
[M – C5H12NO2]+
m/z 181,0662
MDA C10H13NO2 179,0946 180,1020 0,3 1,6 [M – NH2]+
m/z 163,0750
Norcocaína C16H19NO4 289,1314 290,1391 1,6 2,4 [M – C7H6O2]+
m/z 168,1020
[M – C8H10NO]+
m/z 136,0757
AEME C10H15NO2 181,1103 182,1179 0,3 4,5 [M – C8H6O]+
m/z 118,0416
[M – C7H7]+
m/z 91,0538
Mazindol C16H13ClN2O 284,0716 285,0787 2,0 8,4 [M – OH]+
m/z 268,0758
Morfina C17H19NO3 285,1365 286,1435 0,8 2,6 [M – OH]+
m/z 268,1323
6-MAM C19H21NO4 327,1471 328,1542 0,2 5,6 [M – C14H11O2]+
m/z 211,0751
[M – C14H9O]+
m/z 193,0667
[M – C13H9]+
m/z 165,0691
Cocaína C17H21NO4+ 303,1543 304,1545 0,5 3,0 [M – C7H6O2]+
m/z 182,1174
42
(conclusão)
Encaixe
Massa Íon
Fórmula Erro da razão Fragmentação
Composto exata molecular
Elementar (ppm) isotópica (m/z)
(g/mol) (m/z)
mSigma
Cocaína C17H21NO4 303,1543 304,1545 0,5 3,0 [M – C7H6O]+
m/z 105,0338
[M – C5H8N]+
m/z 82,0650
Metanfetamina C10H15N 149,1204 150,1279 2,0 2,9 [M – C4H11N]+
m/z 91,0540
Anfetamina C9H13N 135,1048 136,1125 4,1 0,9 [M – C9H11]+
m/z 119,0858
[M – C7H7]+
m/z 91,0538
Anfepramona C13H19NO 205,1567 206,1540 0,2 2,8 [M – C8H8O]+
m/z 105,0689
[M – C7H17N]+
m/z 100,1125
MDMA C11H15NO2 193,1103 194,1179 1,4 0,6 [M – CH5N]+
m/z 163,0744
[M – C11H14O2]+
m/z 135,0440
[M – C8H9]+
m/z 105,0702
Femproporex C12H16N2 188,1313 189,1470 2,7 10,0 [M – C3H6N2]+
m/z 119,0858
Conforme apresentado na Tabela 16, os erros de massa exata estão adequados para
confirmação da fórmula elementar em um equipamento com ionização ESI e separação por Q-
TOF, sendo menores que 10 ppm conforme Bristow e Webb (2003). Assim, a Tabela 16 indica
que os parâmetros analisados, os quais são a massa exata, assim como a razão isotópica e o
perfil de fragmentação, estão de acordo com o esperado para os 13 padrões estudados. Destes,
43
demonstramos o perfil da cocaína e das anfetaminas, as quais estão presentes nos comprimidos
analisados.
Para o padrão 10, cocaína, temos como o principal fragmento o m/z 182,1174, este é
referente a perda da benzila e da metila [M – CO2Ph]+. Na sequência temos a perda da metoxila
[M – OCH3]+ com m/z 150,0913, estes estão representados na Figura 20.
Para o padrão 12, anfetamina, destaca-se o fragmento m/z 119,0858 caracterizado pela
perda do grupo metanamina [M – C9H11]+, na sequência a perda da etilamina [M – C2H6N]+
com massa 91,0538, o qual é referente ao íon tropílium. Os mecanismo está representado na
Figura 23.
Para o padrão 13, anfepramona, destaca-se o fragmento m/z 105,0689 caracterizado pela
perda do benzaldeído [M – C8H8O]+ (CYPRIANO, 2019). Por outro lado, o cátion
45
trietilamonium com m/z 102,1125 [N(C2H5)]+ também é formado. Estes estão representados na
Figura 24.
Para o padrão 14, MDMA, destaca-se o fragmento com m/z 163,0744 caracterizado pela
perda da dimetilamina [M – CH5N]+. Este fragmento foi determinado por Romão (2010) e
Cypriano (2019) como característico do MDMA. O fragmento m/z 135,0440 é caracterizado
pela perda do grupo N-metilpropan-2-amina [M – C11H14O2]+, já o fragmento m/z 105,0702 é
caracterizado pela perda do grupo 1,3-dioxolano [M – C8H9]+. Os fragmentos estão
representados na Figura 25.
Para o padrão 15, femproporex, destaca-se o fragmento m/z 119.0858 caracterizado pela
perda do grupo 3-aminopropanenitrilo [M – C3H6N2]+, determinado por Cypriano (2019), este
está representado na Figura 26.
46
A partir da avaliação dos padrões, o mesmo foi aplicado a amostras reais. Assim, as
drogas apreendidas e cedidas pela Polícia Civil do Espírito Santo, previamente preparadas,
foram infundidas diretamente, da mesma forma que os padrões, no mesmo sistema ESI no modo
positivo. À vista disso, das 100 amostras avaliadas em 24 não obtivemos êxito em identificar
os componentes. Enquanto isso, para as 76 amostras restantes identificamos os princípios ativos
presentes, os quais estão descritos no Quadro 2. Tendo isso em vista, é possível notar que a
maioria dos compostos identificados são estimulantes. O Gráfico 2 relaciona o número de
amostras positivas para cada composto, sendo que a maioria dos comprimidos apresentou
MDMA em sua composição.
(conclusão)
Composto ativo Atividade
Nortriptilina Antidepressivo
Pentazocina Analgésico
Pirovalerona Estimulante
Protiptilina Antidepressivo
Safrol Inseticida e Antisséptica
25 23
20
16
Comprimidos
15
12 12
10 9
5
5 3
Composto ativo
Encaixe da
Fórmula Massa Íon
Erro razão
Composto Elementar exata molecular
(ppm) isotópica
[M + H]+ (g/mol) (m/z)
msigma
4-MeO-MiPT [C15H22N2O + H]+ 246,1732 247,1793 4,8 2,8
4-MEC [C12H17NO + H]+ 191,1310 192,1384 0,5 0,8
9-aminoacridina [C8H10N4O2 + H]+ 194,0844 195,0908 16,0 2,9
bk-PBDB [C14H19NO2 + H]+ 249,1438 250,1436 0,7 1,8
48
(conclusão)
Encaixe da
Fórmula Massa Íon
Erro razão
Composto Elementar exata molecular
(ppm) isotópica
[M + H]+ (g/mol) (m/z)
msigma
Cafeína [C8H10N4O2 + H]+ 194,0804 195,0879 1,3 4,2
Dipentilona [C14H19NO3 + H]+ 249,1346 250,1432 8,6 6,4
Etilona [C12H15NO3 + H]+ 221,1052 222,1124 0,4 5,0
Ketamina [C13H16ClNO + H]+ 237,7250 238,1112 14,2 11,9
Lidocaína [C14H22N2O + H]+ 234,1732 235,1801 1,9 3,9
Nortriptilina [C19H21N + H]+ 263,1674 264,1760 5,1 17,4
Pentazocina [C19H27NO + H]+ 285,2093 286,2162 1,1 2,7
Pirovalerona [C16H25NO + H]+ 245,1780 246,1849 1,3 144,4
Protiptilina [C19H21N + H]+ 263,2377 264,1753 2,4 21,3
Safrol [C10H11O2 + H]+ 162,0681 163,0749 2,6 3,2
Na Figura 27 é apresentado um espectro típico no modo full de uma amostra real. Nesta
foram identificados os compostos alvo metanfetamina [C15H16N]+, com m/z 150,1270 e não
alvos com m/z 195,0878; 235,1799 e 238,1112, os quais são referentes a cafeína [C8H11N4O2]+;
lidocaína [C14H23N2O]+ e ketamina [C13H17ClNO]+, respectivamente. Na Figura 28 é
apresentado a comparação da massa exata e a razão isotópica para cafeína e lidocaína. A maioria
de compostos ilegais utilizados como drogas de abuso apresenta misturas de substâncias ativas,
como no caso da amostra indicada. Evidentemente não há controle de qualidade e por isso há
uma incidência alta de vários compostos concomitante no mesmo comprimido. Geralmente,
comprimidos de ecstasy contém além do MDMA, compostos como MDA, MDEA (3,4-
metileno-dioxietilanfetamina), MBDB (1,3-benzodioxol-5-il)-2-butamina, metanfetamina,
ketamina, cafeína, entre outros (UNODC, 2019). Ainda, a atividade sinérgica destes compostos
pode conduzir a um aumento das desordens neurológicas que podem conduzir ao aumento da
ansiedade entre outros sintomas (PAPASEIT et al., 2020)
49
Em A) espectro no modo full e em B) a comparação da m/z exata e razão isotópica para metanfetamina.
50
Dessa forma, a massa exata, razão isotópica e perfil de fragmentação obtido para o
MDMA e para a metanfetamina foi idêntico ao determinado para os padrões. Já para os
compostos não-alvo como a etilona, o perfil de fragmentação foi similar ao MDMA. Assim,
para esse composto identificamos a perda da hidroxila [M – OH]+ com m/z 204, o qual foi o
mais intenso entre os fragmentos. O fragmento está representado na Figura 29.
No estudo realizado por Kill (2016), foram avaliados 60 amostras de selos de papéis de
absorção, as quais foram igualmente apreendidas e cedidas pela Polícia Civil do Espírito Santo.
A autora utilizou um espectrofotômetro de massas com separação por transformada de Fourier
com ionização por ESI (FTICR-ESI) atuando no modo positivo, o que conferia uma resolução
aproximada de 200.000 a m/z de 200. A autora determinou a presença de diversas NPS entre as
amostras, sendo que o composto etilona estava presente em 5 comprimidos, já a cocaína estava
presente em 15 selos dentre os avaliados. Assim, há uma diferença entre as amostras avaliadas
neste estudo e os determinados por esta autora, mostrando o quão dinâmico é as drogas
presentes nestes produtos ilegais. Na mesma linha, em estudo conduzido por Romão (2019),
foram avaliados 30 comprimidos de ecstasy apreendidos e cedidos pela Polícia Civil do Rio de
Janeiro. A mesma técnica foi utilizada (FTICR-ESI), ainda o autor indicou a presença de
MDMA, bem como outros compostos como como lactose e sacarose.
Já no estudo realizado por Ostermann et al. (2014), foram avaliados 74 amostras por
espectrometria de massa com fonte MALDI e analisador de massa Orbitrap obtidas através de
doadores anônimos que participam do projeto “checkit!”. Este projeto foi implantado no ano de
2000 em Viena na Áustria para prevenção de drogas. Neste estudo foram identificados 49
compostos e dentre as amostras compradas como ecstasy estavam substâncias tais como
butilona, escopolamina e safrol, além do próprio MDMA. Apesar de usar uma fonte de
ionização diferente da usada neste estudo, bem como um analisador de massa distinto nota-se
que as substâncias safrol e MDMA foram igualmente identificadas. Assim, é perceptível que
apesar das drogas analisadas serem de países diferentes a composição apresenta semelhanças.
53
6 CONCLUSÕES
8 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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