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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS

CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TAINARA GUIZOLFI

DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO ANALÍTICO PARA IDENTIFICAÇÃO DE


DROGAS POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS DE ALTA RESOLUÇÃO COM
IONIZAÇÃO ELETROSPRAY

CAXIAS DO SUL

2020
2

TAINARA GUIZOLFI

DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO ANALÍTICO PARA IDENTIFICAÇÃO DE


DROGAS POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS DE ALTA RESOLUÇÃO COM
IONIZAÇÃO ELETROSPRAY

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte


dos requisitos para obtenção da aprovação na disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso – Bacharelado em
Química pela Universidade de Caxias do Sul na Área de
conhecimento das ciências exatas e engenharias.
Orientador Prof. Dr. Sidnei Moura e Silva
Cordenadora Profª. Drª. Eliena Jonko

CAXIAS DO SUL

2020
3

TAINARA GUIZOLFI

DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO ANALÍTICO PARA IDENTIFICAÇÃO DE


DROGAS POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS DE ALTA RESOLUÇÃO COM
IONIZAÇÃO ELETROSPRAY

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte


dos requisitos para obtenção da aprovação na disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso – Bacharelado em
Química pela Universidade de Caxias do Sul na Área de
conhecimento das ciências exatas e engenharias.

Banca examinadora
__________________________

Prof. Dr. Sidnei Moura e Silva

Universidade de Caxias do Sul - UCS

______________________________

Airton Carlos Kraemer

Instituto Geral de Perícias - IGP

______________________________

Prof. Dr. Leandro Tasso

Universidade de Caxias do Sul - UCS


4

Dedico esta conquista a minha família e em


especial ao meu namorado que sempre me
apoiou em todos os momentos tornando
possível a conclusão dessa etapa tão importante
da minha vida.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu namorado Guilherme Lang que sempre esteve ao meu lado, me
ouvindo, aconselhando, apoiando, incentivando em diversos momentos, principalmente nos
mais difíceis. Por todo o carinho, amor, paciência e compreensão que teve ao longo de toda a
graduação, mas em especial nessa reta final que eu sei que foi a mais difícil. Por me cobrar
diversas vezes quando eu mais precisei, me motivando a seguir em frente e sendo sempre meu
ponto de paz e porto seguro. Por todos os hambúrgueres e chocolates, quando eu precisava de
um pico de glicose para continuar mais algumas horas escrevendo e estudando e por todos os
abraços quando ficava difícil. Enfim, agradeço por tudo que tem feito por mim e para mim.
A minha família que entendeu minha ausência em diversos momentos e não mediu
esforços para me incentivar na conclusão dessa etapa tão importante da minha vida. Além de
sempre me apoiar e me ouvir em diversos momentos.
Ao meu orientador Sidnei Moura e Silva que sempre esteve disposto a me orientar,
buscando sempre a melhor versão do trabalho. Através dele, agradeço ao Laboratório de
Biotecnologia de Produtos Naturais e Sintéticos (LBIOP) que foi minha casa durante toda a
minha graduação.
Aos meus amigos que diversas vezes compreenderam a minha ausência, além de sempre
me apoiarem e incentivarem. Em especial as minhas amigas e irmãs de coração, a Fernanda
Taís Kohls que sempre esteve presente em toda a minha jornada na universidade e nunca mediu
esforços para me apoiar e incentivar, além de me cobrar quando eu precisei. A Julia Muhareb
Agnoletto que mesmo depois de ter saído da universidade sempre me apoiou e incentivou. A
Ediane Lang que sempre me ajudou em diversos momentos e me fez companhia quando ficava
horas escrevendo e claro, por deixar eu raspar as panelas depois.
A Fabiana Agostini que sempre foi mais do que minha chefe e me ensinou a vivência
de um laboratório, me suportou e aconselhou em vários momentos difíceis, mas sempre esteve
disposta a me ajudar e me explicar diversas vezes a mesma coisa. Por sempre me ouvir e
aconselhar em diversos momentos, além de me fazer chorar de tanto rir por tantas coisas.
Ao Instituto Nacional de Tecnologia e Ciência Forense (INCT Forense), a Polícia Civil
do Espírito Santo, ao Wanderson Romão e a todos que tornaram possível esse trabalho.
6

“Tudo o que temos que decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado.”

J. R. R. Tolkien
7

RESUMO

Droga é um termo genérico que define qualquer substância que pode causar
dependência, seja ela natural, semissintética ou sintética. Essas substâncias podem ser
classificadas de diversas formas, seja por legalidade, mecanismo de ação ou produção.
Conforme a legalidade, drogas lícitas são aquelas que tem livre comércio, produção e consumo
no Brasil, como bebidas alcóolicas e cigarros. Já as drogas ilícitas tem seu comércio, produção
e consumo vedados legalmente, como maconha, ecstasy e cocaína. Por serem substâncias
ilegais, todos os dias surgem novas formas de burlar a legislação vigente, bem como os órgãos
regulamentadores através de novas drogas e/ou mudanças estruturais naquelas drogas que já
são conhecidas. Tendo isso em vista, desenvolver e adaptar técnicas analíticas instrumentais é
fundamental para suprir a demanda legal de identificação e estudo de novas drogas. Entre as
técnicas mais difundidas na análise de drogas está a Espectrometria de Massas de Alta
Resolução (EMAR), que através da razão massa/carga (m/z) é capaz de analisar moléculas alvo
e não-alvo. Ainda, geralmente a quantidade de amostra apreendida é mínima e a EMAR
apresenta a possibilidade de detectar traços de drogas em um curto período de análise. Neste
contexto, esse trabalho teve como objetivo realizar o desenvolvimento de um método analítico
para a técnica EMAR com ionização eletrospray, identificando compostos conhecidos por meio
de amostras padronizadas e em seguida aplicando o método a amostras reais. Estas foram
cedidas pela polícia civil do estado do Espírito Santo, via convenio com o INCT forense. Assim,
foram analisadas 13 amostras padrões, as quais são: 6-acetilmorfina, metilecgodinina,
anfepramona, anfetamina, cocaína, codeína, femproporex, mazindol, MDA, MDMA,
metanfetamina, morfina e norcocaína. Sobre estas, foram identificadas características como
massa exata, razão isotópica e fragmentação. Ainda, foram analisadas 100 amostras de
comprimidos, as quais foi possível a identificação de 16 compostos ativos em 76 destas
amostras. Em suma, esse trabalho demonstrou a aplicabilidade de EMAR para identificação de
amostras alvo e não-alvo, através de um método rápido e eficaz para qualificação dos ativos
presentes em comprimidos apreendidos.

Palavras chave: Química forense; Drogas de abuso; EMAR; ESI.


8

ABSTRACT

A compound that causes addiction is generically called Abuse Drug, which may be
originally natural, semi-synthetic or synthetic. According to legality, these substances can be
classified as licit, such as tobacco and alcoholic beverages, as well as illicit with production and
consumption prohibited,, such as marijuana, ecstasy and cocaine. About the illicit`s, new ones
appear every day, mainly synthetic ones, with the intention of avoiding the law. Thus,
developing and adapting instrumental analysis methods is essential to elucidate the chemical
structures of these new compounds. In this way, one of the most widespread techniques in drug
analysis is High Resolution Mass Spectrometry (HRMS), which through the mass / charge ratio
(m/z) is able to analyze target and non-target molecules. In addition, features such as sensitivity,
ease of use and quick analysis, enable detection of drugs at trace levels in a short time. In this
context, this work aimed to develop an analytical method by HRMS with electrospray
ionization, with standard samples, which was applied to the analysis of real samples.These
samples were provided by the civil police of the state of Espírito Santo, through an agreement
with the forensic INCT. Thus, 13 standard samples were analyzed, which are: 6-
acetylmorphine, methylecgodinine, amfepramone, amphetamine, cocaine, codeine,
femproporex, mazindol, MDA, MDMA, methamphetamine, morphine and norcocaine.
Characteristics such as exact mass, isotopic ratio and fragmentation were used to analyze the
compounds. In addition, 100 tablet samples were analyzed, on which it was possible to identify
16 active compounds in 76 of these samples. In summary, this work demonstrated the
applicability of HRMS to identify target and non-target samples, through a fast and effective
method for qualifying the active compounds present in seized tablets.

Key-words: Forensic chemistry; Abuse Drugs; HRMS; ESI.


9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura química da cocaína ................................................................................... 17


Figura 2 - Estrutura química da metilecgonidina ..................................................................... 18
Figura 3 - Estrutura química da norcocaína ............................................................................. 19
Figura 4 - Estrutura química da codeína ................................................................................... 21
Figura 5 - Estrutura química da morfina .................................................................................. 22
Figura 6 - Estrutura química da 6-acetilmorfina ...................................................................... 23
Figura 7 - Estrutura química do MDMA .................................................................................. 24
Figura 8 - Estrutura química do MDA ..................................................................................... 25
Figura 9 - Estrutura química da anfetamina ............................................................................. 26
Figura 10 - Estrutura química da metanfetamina ..................................................................... 28
Figura 11 - Estrutura química da anfepramona ........................................................................ 29
Figura 12 - Estrutura química do femproporex ........................................................................ 30
Figura 13 - Estrutura química do mazindol .............................................................................. 31
Figura 14 - Amostras reais de apreensão diluídas .................................................................... 34
Figura 15 - Espectrômetro de massas de alta resolução ........................................................... 35
Figura 16 - Fluxograma de funcionamento de um espectrômetro de massas ........................... 36
Figura 17 - Funcionamento da fonte eletrospray ..................................................................... 37
Figura 18 - Funcionamento de um analisador de massa com quadrupolo................................ 38
Figura 19 - Espectro de EMAR para o composto padrão 10 – Cocaína. .................................. 40
Figura 20 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 10, cocaína....................................... 43
Figura 21 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 02, MDA ......................................... 44
Figura 22 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 11, metanfetamina ........................... 44
Figura 23 - Mecanismo de fragmentação para o padrão 12, anfetamina .................................. 44
Figura 24 - Mecanismo de fragmentação para o padrão 13, anfepramona............................... 45
Figura 25 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 14, MDMA ...................................... 45
Figura 26 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 15, femproporex .............................. 46
Figura 27 - Espectro para uma amostra real ............................................................................. 49
Figura 28 - Comparação entre o experimental e o teórico para compostos não-alvo ............. 50
Figura 29 - Mecanismo de fragmentação para a etilona ........................................................... 51
Figura 30 - Mecanismo de fragmentação para o bk-PBDB ..................................................... 51
Figura 31 - Mecanismo de fragmentação para a pirovalerona ................................................. 52
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Propriedades físico-químicas da cocaína ................................................................ 17


Tabela 2 - Propriedades físico-químicas da metilecgonidina ................................................... 18
Tabela 3 - Propriedades físico-químicas da norcocaína ........................................................... 19
Tabela 4 - Propriedades físico-químicas da codeína ................................................................ 20
Tabela 5 - Propriedades físico-químicas da morfina ................................................................ 22
Tabela 6 - Propriedades físico-químicas da 6-acetilmorfina .................................................... 22
Tabela 7 - Propriedades físico-químicas do MDMA................................................................ 24
Tabela 8 - Propriedades físico-químicas do MDA ................................................................... 25
Tabela 9 - Propriedades físico-químicas da anfetamina ........................................................... 26
Tabela 10 - Propriedades físico-químicas da metanfetamina ................................................... 27
Tabela 11 - Propriedades físico-químicas da anfepramona ...................................................... 28
Tabela 12 - Propriedades físico-químicas do femproporex ...................................................... 30
Tabela 13 - Propriedades físico-químicas do mazindol............................................................ 31
Tabela 14 - Resultados obtidos das amostras padronizadas de drogas..................................... 41
Tabela 15 - Resultados obtidos das drogas apreendidas........................................................... 47
11

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

6-MAM 6-acetilmorfina

AEME Anidroecgonina metil éster

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CND Commission on Narcotic Drugs

DL50 Dose letal media

EMAR Espectrometria de Massas de Alta Resolução

ESI Electrospray ionization

INCB International Narcotics Control Board

INCT Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Forense

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry

MDA 3,4-metilenodioxianfetamina

MDMA 3,4-metilenodioximetanfetamina

m/z Massa/carga

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Periférico

TOF Time of flight

UNODC United Nations Office on Drugs and Crime


12

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13

2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14

2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 14

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 14

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 15

3.1 DROGAS .................................................................................................................. 15

3.1.1 Drogas naturais .................................................................................................. 16

3.1.2 Drogas semissintéticas ....................................................................................... 19

3.1.3 Drogas sintéticas ................................................................................................ 23

3.1.4 Fármacos ............................................................................................................ 28

3.2 MÉTODOS ANALÍTICOS NA IDENTIFICAÇÃO DE DROGAS ........................ 31

3.2.1 Espectrometria de massas .................................................................................. 32

4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 33

4.1 AMOSTRAS ............................................................................................................. 33

4.2 ANÁLISE POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS DE ALTA RESOLUÇÃO .. 34

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 36

6 CONCLUSÕES................................................................................................................ 53

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 53

8 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 54


13

1 INTRODUÇÃO

A palavra “forense” vem do latim que significa “de ou aplicado a lei” (FU;
STOJANOVSKA, 2015). Dessa forma, a química forense, segundo o Conselho Regional de
Química – IV Região (2011), é uma ciência que embasa decisões judiciais através de estudos
utilizando análises orgânicas, inorgânicas, toxicológicas, entre outras. Tais estudos ocorrem
através de técnicas como a cromatografia e a espectrometria de massas, com as quais é possível
realizar a identificação de compostos químicos como venenos ou drogas (CONSELHO
REGIONAL DE QUÍMICA – IV REGIÃO).
Droga é um termo genérico que define qualquer substância, seja natural, semissintética
ou sintética, que pode causar dependência ao usuário. As drogas podem ser classificadas de
diversas formas, seja por legalidade, mecanismo de ação ou produção. Assim, quanto a
legalidade pode ser dividida em dois grupos, lícitas ou ilícitas. Drogas lícitas são aquelas
legalizadas, ou seja, tem livre comércio, produção e consumo, como o cigarro ou bebidas
alcóolicas (GLIDIZ, 2016).
Em contrapartida, as drogas ilícitas como maconha, ecstasy, cocaína, entre outros, tem
seu comércio, produção e consumo vedados legalmente. Assim, por serem ilegais, a cada dia
surgem novas drogas e muitas, que já são conhecidas, sofrem mudanças estruturais com o
intuito de burlar a legislação vigente e órgãos regulamentadores (GLIDIZ, 2016). No Brasil,
essas substâncias são regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) através da Portaria nº 344 de 1998.
Já no âmbito internacional, os órgãos responsáveis pela regulamentação de drogas são
o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, do inglês United Nations Office on Drugs
and Crime (UNODC), a Comissão de Narcóticos, do inglês Commission on Narcotic Drugs (
CND) e a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, do inglês International
Narcotics Control Board (INCB). Essa regulamentação se dá através de três convenções, as
quais visam limitar o consumo, produção e distribuição de drogas apenas a propósitos médicos
e científicos.
Assim, para qualificar e/ou quantificar essas substâncias ilícitas, são desenvolvidos
métodos analíticos com seletividade e sensibilidade adequados, que podem ser tanto
presuntivos quanto confirmatórios. Neste sentido, o primeiro, também chamado de screening,
são testes preliminares, simples e de baixo custo que verificam a presença dessas substâncias.
Já os métodos de confirmação são testes mais complexos que envolvem técnicas mais
14

sofisticadas como a cromatografia e a espectrometria de massas, os quais servem tanto para


confirmar a presença da substância quanto para quantifica-la (CARLIN; DEAN, 2013).
Desta forma, o desenvolvimentos de técnicas analíticas instrumentais são necessárias
para que ocorra uma diminuição de possíveis erros na área forense, onde uma determinação
inadequada pode criminalizar um inocente e/ou vice-versa. Ao mesmo tempo tem-se o avanço
constante da tecnologia que visa a busca por melhorias em técnicas já consolidadas no mercado.
Um exemplo que abrange ambas as situações é a Espectrometria de Massas de Alta Resolução
(EMAR), a qual é uma das técnicas mais difundidas para análise de drogas. Isso se deve porque
possui um curto tempo de análise e a utilização de uma quantidade mínima da amostra para a
realização do ensaio, além da possibilidade de detectar traços de drogas devido sua alta
sensibilidade (ROMÃO, 2010). Tendo isso em vista, a adaptação e o desenvolvimento de novas
metodologias se faz necessário para suprir a demanda legal de identificação e estudo de novas
drogas, além de acompanhar os avanços tecnológicos (DAÉID, 2016; MAURER; BRANDT,
2018).
Neste contexto, este trabalho se propõem a adaptar um método analítico para a técnica
de espectrometria de massas de alta resolução com ionização eletrospray, identificando
compostos conhecidos por meio de amostras padronizadas e aplicando o método a amostras
reais de apreensão.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um método analítico por espectrometria de massas de alta resolução com


ionização eletrospray no modo positivo ESI(+) para análise de drogas em comprimidos de
ecstasy.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Desenvolver e otimizar um método baseado em ESI-EMAR para compostos padrões;


• Aplicar o mesmo a amostras reais recebidas através do convênio INCT – Forense;
• Determinar os principais compostos presentes nestas amostras.
15

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 DROGAS

A definição no dicionário de língua portuguesa para “droga” é qualquer substância e/ou


ingrediente usado em química, farmácia, entre outros (MICHAELIS ON-LINE, 2015).
Contudo, em toxicologia social droga é um termo genérico para qualquer substância
entorpecente e/ou alucinógena que pode causar dependência, também chamada de drogas de
rua, drogas de abuso e/ou drogas ilícitas. A portaria n° 344 de 1998 define “droga” como
qualquer substância com finalidade medicamentosa ou sanitária e por fim, define entorpecentes
como substância que pode causar dependência psíquica ou física.

Drogas como heroína, cocaína, ecstasy, entre outras, que são de uso, comércio e
produção ilegal no Brasil. A partir do século XX houve uma alta disseminação dessas
substâncias, que são amplamente comercializadas clandestinamente por traficantes. Estes
geralmente misturam a droga com outras substâncias farmacologicamente menos ativas como
o paracetamol e a aspirina, podendo conter substâncias como açúcares e/ou talco. Esse corte
visa aumentar a produção e os lucros, tanto para os produtores quanto para os vendedores
(CARLIN; DEAN, 2013; SILVA et al., 2018).

Ainda, as drogas podem ser modificadas estruturalmente, também chamadas de


designer drugs, essas substâncias apresentam efeitos semelhantes a drogas ilícitas já conhecidas
e têm como objetivo burlar a legislação e a fiscalização de órgãos responsáveis, tais como, a
ANVISA e a UNODC (FU; STOJANOVSKA, 2015). Devido à falta de informações
importantes como, por exemplo, a toxicologia, se faz importante o uso de técnicas analíticas
para identificar os compostos presentes, ativos ou não, em drogas apreendidas pela polícia. Uma
vez que as identificações realizadas são de importância vital para descobrir essas variantes nas
estruturas. Além disso, o abuso dessas substâncias pode levar a graves intoxicações, as quais
podem ser fatais colocando em risco a saúde do usuário (DAÉID, 2016; MAURER; BRANDT,
2018).

As drogas ilícitas podem ser classificadas conforme suas ações no sistema nervoso
central (SNC), bem como seu mecanismo de produção. O primeiro divide as substâncias em
16

depressora, estimulante e perturbadora. Drogas que diminuem tanto a atividade motora quanto
a mental são denominadas de depressoras, já aquelas que aumentam a atividade de certos
sistemas neurais são denominadas de estimulantes. E, por fim, aquelas que prejudicam o
funcionamento cerebral levando a alucinações e delírios são denominadas de perturbadoras
(MAISTO; GALIZIO; CONNORS, 2017; SILVA et al., 2018). A classificação por mecanismo
de produção divide as drogas ilícitas em natural, semissintética e sintética (CARLIN; DEAN,
2013).

3.1.1 Drogas naturais

Segundo Carlin e Dean (2013), drogas naturais são aquelas derivadas de plantas,
minerais ou animais. Assim, possuem em sua composição ativos, denominados de metabólitos
secundários. Estes podem estar na forma de extratos, frações e até mesmo isolados através de
processos físico-químicos, sendo um exemplo disso a cocaína extraída da planta de coca.

3.1.1.1 Cocaína

A cocaína é um alcaloide usado como droga de abuso, a qual é extraída das folhas da
planta de coca (Erythroxylum coca), planta essa exclusiva da América do Sul. O químico
alemão Albert Niemann foi o primeiro a isolar a substância em 1859, onde foi usada como
anestésico (GOMES, 2013). É atualmente uma droga de uso ilegal no Brasil, porém é a droga
mais comumente utilizada no país.

Após o tratamento químico da droga, a mesma é comercializada na forma de sal e de


base livre. Esse último é geralmente o resíduo do processamento do sal, o qual é conhecido
popularmente como crack. O sal é o cloridrato de cocaína, o qual é solúvel em água e por isso
os usuários podem administrar a droga tanto por via intravenosa ou intranasal. Essa droga
contém, aproximadamente, 50 a 100 mg de princípio ativo o que corresponde a
aproximadamente 0,5 a 2,0 % do mesmo. (MAGALHÃES, 2012). A inalação do sal leva a
efeitos mais intensos, porém causa danos as mucosas do nariz. O usuário permanece sob efeito
da droga por, aproximadamente, 5 minutos. Alguns de seus efeitos são a sensação de alerta e
autoconfiança, além da diminuição do apetite (GOMES, 2013).
17

Devido a interferência nos centros sensoriais do cérebro, o usuário de cocaína terá uma
sensação de bem-estar e efeito estimulante, isso ocorre devido a retenção de excesso da
dopamina no cérebro (GOMES, 2013). Após seu uso, a cocaína pode ser detectada após 2 a 3
dias, através do metabólito benzoilecgonina, o qual se faz presente na urina em torno de 40 %
(PASSAGLI, 2009 apud SOUSA; LUCENA, 2012).

A DL50 para ratos é de 96 mg/Kg via oral. (COCAINE, 2020). Na Tabela 1 está
representado as principais propriedade físico-químicas da cocaína, enquanto na Figura 1 está
representado sua estrutura química.

Tabela 1 - Propriedades físico-químicas da cocaína


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 303,35
Ponto de Fusão (ºC) 98
Ponto de Ebulição (ºC) 187
Solubilidade em água (mg/L a 22 ºC) 1800
Fonte: Cocaine (2020).

Figura 1 - Estrutura química da cocaína

O produto da pirólise da cocaína base, o crack, é a metilecgonidina, também chamado


de anidroecgonina metil éster (AEME). Quando o crack é consumido via pulmonar através do
cachimbo, tanto a cocaína quanto a AEME volatilizam e são inaladas, sendo dessa forma
absorvidas pelo pulmão (GARCIA, 2014).

Quando o AEME é administrado via pulmonar ocorre a perda do ácido benzoico, após
é hidrolisado no organismo levando a anidroecgonina. A partir dessas substâncias, a droga atua
18

como um biomarcador indicando o uso de crack via pulmonar. Esses biomarcadores podem ser
detectados em diversas matrizes biológicas (CYPRIANO, 2019; SHIMOMURA; JACKSON;
PAUL, 2019). Na Tabela 2 está representado as principais propriedades físico-químicas da
metilecgonidina, enquanto na Figura 2 está representado sua estrutura química.

Tabela 2 - Propriedades físico-químicas da metilecgonidina


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 181,23
Ponto de Fusão (ºC) 191,42
Ponto de Ebulição (ºC) 335,33
Solubilidade em água (mg/L a 22 ºC) 587000
Fonte: Methylecgonine (2020) e PerkinElmer Informatics Inc. (2015).

Figura 2 - Estrutura química da metilecgonidina

Por fim, a norcocaína é um metabólito da cocaína que aparece em menor quantidade.


Sua DL50 em ratos é de 40 mg/Kg via intraperitoneal (NORCOCAINE, 2020). Na Tabela 3 está
representado as principais propriedades físico-químicas da norcocaína, enquanto na Figura 3
está representado sua estrutura química.
19

Tabela 3 - Propriedades físico-químicas da norcocaína


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 289,13
Ponto de Fusão (ºC) 232,9
Ponto de Ebulição (ºC) 496,88
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) S.I.1
Fonte: PerkinElmer Informatics Inc. (2015).
(1) S.I. = Sem informação

Figura 3 - Estrutura química da norcocaína

3.1.2 Drogas semissintéticas

Segundo Carlin e Dean (2013), as drogas semissintéticas derivam de fontes naturais,


porém diferente das drogas naturais, as semissintéticas necessitam de algum processo químico
para que o princípio ativo seja isolado, conferindo a ele um efeito biológico. Alguns exemplos
disso são: a codeína, a morfina, entre outros.

3.1.2.1 Codeína

A codeína é um alcaloide majoritário do ópio, denominado de fenantreno alcaloide, é


considerada uma droga semissintética. Em 1832, o químico francês Pierre Jean Robiquet
identificou pela primeira vez a codeína através do extrato da papoula. Apesar de ser usada para
fins recreativo, a codeína também é utilizada para fins medicinais como tratamento de dor,
supressão da tosse em casos descontrolados e controle da disenteria. Pode ser encontrada em
20

diversos medicamentos conhecidos como Tylenol® com codeína e Vicodil®, onde ambos são
indicados para aliviar dor aguda. Contudo, o uso prolongado de medicamentos que apresentam
codeína em sua composição pode causar dependência física ao usuário. A codeína para uso
comercial é produzida, atualmente, a partir da morfina, isso se deve a sua baixa concentração
no ópio (KANE, 2007).

A droga é comercializada na forma de comprimidos, solução e xarope, sendo a primeira


sua forma mais comum de uso. Dessa forma, é administrado majoritáriamente via oral, apesar
de poder ser administrada via intramuscular/subcutânea (CODEINE, 2020). Alguns de seus
efeitos é a euforia, analgesia, respiração lenta, entre outros. Além disso, o usuário irá apresentar
miose, ou seja, contração da pupila. Contudo, se o usuário ingerir uma alta dose de codeína, o
SNC irá sofrer uma depressão levando o usuário a entrar em coma, podendo sofrer uma
overdose acidental ou intencional (KANE, 2007). A codeína é metabolizada no fígado através
de três mecanismos, por conjugação com ácido glicurônico, por o-desmetilação levando a
formação de morfina e por fim, por n-desmetilação levando a formação da norcodeína. Após
essa metabolização, a codeína é excretada pelos rins (CODEINE, 2020).

A DL50 para ratos da droga é de 427 mg/Kg via oral (CODEINE, 2020). Na Tabela 4
está representado as principais propriedades físico-químicas da codeína, enquanto na Figura 4
está representado sua estrutura química.

Tabela 4 - Propriedades físico-químicas da codeína


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 299,36
Ponto de Fusão (ºC) 154 a 156
Ponto de Ebulição (ºC) 250
Solubilidade em água (mg/L a 23 ºC) 577
Fonte: Codeine (2020).
21

Figura 4 - Estrutura química da codeína

3.1.2.2 Morfina

A morfina foi um dos primeiros compostos naturais a ser extraído, o qual foi realizado
por Adam Sertürner em 1803. É um alcaloide do ópio, sendo o opiáceo mais antigo e seu nome
é uma homenagem ao deus grego do sono, Morfeo (GOMES, 2013). A morfina é usada no
tratamento de dor crônica moderada a grave e em sua forma pura pode ser até dez vezes mais
potente que o ópio, com isso requer uma menor quantidade para produzir o mesmo feito que o
ópio. Seu primeiro uso em massa foi em soldados durante a Guerra civil dos EUA, a qual
resultou em aproximadamente 400 mil soldados viciados (BUSSE, 2006).

A droga é comumente vendida em comprimidos e além de via oral, pode ser


administrada via intravenosa (MORPHINE, 2020). Alguns de seus efeitos são semelhantes aos
efeitos causados pela codeína, como a euforia e a depressão do reflexo da tosse. Além desses,
a morfina causa depressão respiratória, náusea e vômitos (BUSSE, 2006). A metabolização da
morfina se dá por glucoronidação e sulfatação levando a formação de codeína, normorfina e
sulfato etéreo de morfina, após é predominantemente excretada pela urina, porém de 7 a 10 %
é eliminada nas fezes (MORPHINE, 2020).

O DL50 da morfina estimada para homens é de 0,78 µg/mL, enquanto para mulheres é
de 0,98 µg/mL (MORPHINE, 2020). Na Tabela 5 está representado as principais propriedades
físico-químicas da morfina, enquanto na Figura 5 está representado sua estrutura química.
22

Tabela 5 - Propriedades físico-químicas da morfina


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 285,33
Ponto de Fusão (ºC) 255
Ponto de Ebulição (ºC) 190
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) 149
Fonte: Morphine (2020).

Figura 5 - Estrutura química da morfina

A 6-acetilmorfina ou também conhecida como 6-MAM é o metabólito mais forte dos


três majoritários da morfina. O qual, por ser mais lipossolúvel, apresenta maior facilidade em
penetrar no cérebro (GOMES, 2013). Seu DL50 em ratos é 59 mg/Kg via intravenosa (6-
ACETYLMORPHINE, 2020). Na Tabela 6 está representado as propriedades físico-químicas
da 6-acetilmorfina, enquanto na Figura 6 está representado sua estrutura química.

Tabela 6 - Propriedades físico-químicas da 6-acetilmorfina


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 327,4
Ponto de Fusão (ºC) 482,81
Ponto de Ebulição (ºC) 681,53
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) S.I.1
Fonte: 6-Acetylmorphine (2020) e PerkinElmer Informatics Inc. (2015).
(1) S.I. = Sem informação
23

Figura 6 - Estrutura química da 6-acetilmorfina

3.1.3 Drogas sintéticas

As drogas sintéticas, diferente das naturais e semissintéticas apresentadas


anteriormente, tratam-se de compostos completamente criados em laboratórios. Geralmente
estes compostos são obtidos em laboratórios clandestinos. Alguns exemplos são: o MDMA e a
anfetamina.

3.1.3.1 MDMA

O ecstasy, também chamado de MDMA, é uma droga de abuso sintética, a qual foi
inicialmente produzida como inibidor de apetite pela indústria farmacêutica Merck no ano de
1914. Essa droga foi distribuída para os soldados americanos na Primeira Guerra Mundial, por
ter propriedades de inibição de apetite e estimulante (ROMÃO, 2010; OLIVE, 2004). Já nos
anos 60, o ecstasy era utilizado para elevar o ânimo de pacientes psicoterápicos e somente na
década de 70 passou a ser usado recreativamente (OLIVE, 2004).
Atualmente, é uma droga de uso ilegal no Brasil, porém sua forma mais comum de
comércio clandestino é o comprimido, o qual contém elevado teores da droga, mas pode ser
encontrado também na forma de pó ou cristais (KILL, 2016). O MDMA é quimicamente similar
ao estimulante metanfetamina, isso porque também é um derivado de anfetamina e pertence à
classe da feniletilamina (KILL, 2016; GIL; GIMENEZ; SAUAEZ, 2014).
24

Seus usuários podem permanecer sob efeito durante, em média, 8 horas. Alguns de seus
efeitos são estado de alerta, euforia e aumento da sociabilização. Além disso, o ecstasy tem
como alguns de piores efeitos a disfunção do sistema imunológico, a diminuição da capacidade
de funcionamento do fígado e o aumento da temperatura corporal. A droga atua como agonista
no cérebro intensificando a atividade de três dos principais neurotransmissores, sendo eles a
serotonina, a noradrenalina e a dopamina. O primeiro é responsável pela elevação de humor,
sono e apetite, contudo pode provocar lesões irreversíveis nas células nervosas devido ao seu
excesso na fenda sináptica. (GIL, GIMENEZ E SAUAEZ, 2014; OLIVE, 2004).
Tem como seu nome químico 3,4-metilenodioximetanfetamina, comumente
denominado de nome IUPAC, do inglês International Union of Pure and Applied Chemistry
(IUPAC). Sua DL50 em ratos é de 97 mg/Kg via intravenosa e a partir disso, estima-se que a
DL50 para humanos é de 10 a 20 mg/Kg (JEROME, 2007). Na Tabela 7 está representado as
propriedades físico-químicas do MDMA, enquanto na Figura 7 está representado sua estrutura
química.

Tabela 7 - Propriedades físico-químicas do MDMA


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 193,24
Ponto de Fusão (ºC) 28,99
Ponto de Ebulição (ºC) 105
Solubilidade em água (mg/L a 23 ºC) 3220
Fonte: Midomafetamine (2020) e PerkinElmer Informatics Inc. (2015).

Figura 7 - Estrutura química do MDMA

3.1.3.2 MDA

O MDA é um inibidor da captação do neurotransmissor serotonina, porém menos tóxico


que o MDMA, além de ser um alucinógeno. Assim como o MDMA, a Merck patenteou o MDA
25

em 1914 (OLIVE, 2004). Somente em 1960 que a droga teve seu auge e era chamado de “droga
suave da América” (MAISTO; GALIZIO; CONNORS, 2017).

A droga é geralmente encontrada na forma de comprimidos, mas pode ser encontrada


na forma líquida ou em pó. É normalmente administrada via oral, porém pode ser injetada. Seus
efeitos duram, em média, de 6 a 8 horas e incluem euforia, sentimentos de calor e empatia. Já
seus efeitos adversos são alterações de humor e consciência, apresentando alguma ou nenhuma
alteração sensorial, aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, dilatação da pupila, entre
outros. Atua nos neurotransmissores dopamina, noradrenalina e serotonina, porém seus efeitos
são mais acentuados no sistema serotoninérgico (MAISTO; GALIZIO; CONNORS, 2017).

A droga tem como seu nome IUPAC 3,4-metilenodioxianfetamina. Na Tabela 8 está


representado as propriedades físico-químicas do MDA, enquanto na Figura 8 está representado
sua estrutura química.

Tabela 8 - Propriedades físico-químicas do MDA


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 179,21
Ponto de Fusão (ºC) 123,85
Ponto de Ebulição (ºC) 329,29
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) 2830
Fonte: Tenamfetamine (2020) e PerkinElmer Informatics Inc. (2015).

Figura 8 - Estrutura química do MDA

3.1.3.3 Anfetamina

A anfetamina foi descoberta há mais de cem anos, utilizada para tratamentos


terapêuticos de doenças como hiperatividade. Além disso, foi utilizada na Segunda Guerra
Mundial para manter os soldados alertas e menos fadigados. Contudo, foi apenas na década de
26

70 que passou a ser uma substância proibida nos Estados Unidos da América (CYPRIANO,
2019).

A anfetamina além de ser uma droga estimulante do SNC e do sistema nervoso


periférico (SNP), dá o nome de uma classe de substâncias ilícitas com moléculas análogas e
sintomas semelhantes, sendo algumas dessas moléculas são a metanfetamina e o MDMA. Essa
classe é a terceira mais utilizada no mundo, com 29 milhões de usuários de alguma substância
registrados no ano de 2017. Apesar disso, a anfetamina é a droga que possui o maior potencial
de abuso e, consequentemente, o maior potencial de dependência (CYPRIANO, 2019).

Alguns de seus efeitos são autoconfiança, euforia, melhora no desempenho em


atividades motoras e fala, elevação do humor, entre outros. Já os efeitos adversos são inibição
do apetite, paranoia e hiperatividade e seu mecanismo de ação se dá pelo aumento de dopamina,
serotonina e norepinefrina através da inibição de suas degradações e recapturas. (CYPRIANO,
2019).

A droga tem como seu nome IUPAC 1-fenilpropano-2-amina. Sua DL50 em ratos é de
30 mg/Kg via oral (AMPHETAMINE, 2020). Na Figura 9 está representado as propriedades
físico-químicas da anfetamina, enquanto na Figura 9 está representado sua estrutura química.

Tabela 9 - Propriedades físico-químicas da anfetamina


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 135,20
Ponto de Fusão (ºC) - 98
Ponto de Ebulição (ºC) 64,7
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) 1740
Fonte: Amphetamine (2020).

Figura 9 - Estrutura química da anfetamina


27

3.1.3.4 Metanfetamina

A metanfetamina, ou simplesmente meta, é uma droga estimulante da classe das


anfetaminas. A droga foi sintetizada pela primeira vez em 1919 por um químico japonês. Na
Segunda Guerra Mundial, foi muito utilizada pelos alemães para supressão de apetite, além
disso sabe-se que Hitler fazia uso de metanfetamina 8 vezes ao dia. Atualmente, a droga tem
seu uso, produção e comércio ilegais no Brasil (MEHLING, 2008).

Pode ser encontrada na forma de pó, comprimidos ou pedaços semelhantes a um cristal,


podendo ser administrava via pulmonar, injetável, intranasal ou oral. Cristal é um dos nomes
pelo qual a droga é conhecida, além de ser sua forma mais comum. Seus efeitos a curto prazo
são euforia, diminuição do apetite e hipertermia. Além disso, quando consumida em altas doses,
pode levar a alucinações, paranóia e psicose (MEHLING, 2008).

Ao entrar no cérebro, a metanfetamina atua como agonista dos neurotransmissores


dopamina, noradrenalina e serotonina. Além disso, atua como inibidor da recaptação
dopaminérgica e adrenérgica, quando em baixas concentrações. É absorvida rapidamente pelo
trato gastrointestinal e eliminada principalmente pela urina (METAMFETAMINE, 2020).

A DL50 é de 55 a 57 mg/Kg via intraperitoneal em ratos (KIYATKIN; SHARMA, 2009).


Na Tabela 10 está representado as propriedades físico-químicas da metanfetamina, enquanto na
Figura 10 está representado sua estrutura.

Tabela 10 - Propriedades físico-químicas da metanfetamina


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 149,23
Ponto de Fusão (ºC) -7,11
Ponto de Ebulição (ºC) 231,66
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) 928
Fonte: Metamfetamine (2020) e PerkinElmer Informatics Inc. (2015).
28

Figura 10 - Estrutura química da metanfetamina

3.1.4 Fármacos

3.1.4.1 Anfepramona

A anfepramona é um anorexígeno ou inibidor de apetite, também denominado de


dietilpropiona. O comércio do fármaco começou em 1958, com o intuito inicial de ser apenas
um supressor de apetite, contudo após alguns estudos foi constatado que mesmo em doses
terapêuticas a anfepramona apresentava efeitos colaterais como inquietação, delírio e até
paranoia (CYPRIANO, 2019).

Geralmente encontrada na forma de comprimidos, logo sua administração se dá via oral.


Seu principal efeito é a inibição de apetite, porém a superdosagem desse fármaco leva a
inquietação, tremor, confusão, alucinação, entre outros (DIETHYLPROPION, 2020). A
anfepramona estimula o SNC através da liberação de dopamina e inibição da recaptura da
dopamina e da norepinefrina. Por esse motivo, é muito procurado para fins recreativos
(CYPRIANO, 2019).

Sua DL50 para ratos é de 600 mg/Kg via oral (DIETHYLPROPION, 2020). Na Tabela
11 está representado as propriedades físico-químicas da anfepramona, enquanto na Figura 11
está representado sua estrutura química.

Tabela 11 - Propriedades físico-químicas da anfepramona


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 205,29
Ponto de Fusão (ºC) 168
Ponto de Ebulição (ºC) 316,44
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) 1220
Fonte: Diethylpropion (2020) e PerkinElmer Informatics Inc. (2015).
29

Figura 11 - Estrutura química da anfepramona

3.1.4.2 Femproporex

O femproporex é um estimulante ativo da classe das anfetaminas que é utilizado como


inibidor de apetite. Esse composto foi desenvolvido na década de 60, porém por causar
dependência foi classificado como substância ilícita e proibida pela Agência Mundial
Antidopagem. Além disso, pode ser associado a efedrina (CUNHA; SANTANA; OLIVEIRA,
2017). Apesar disso, é um medicamento sujeito a controle especial no Brasil (CYPRIANO,
2019).

Geralmente encontrado na forma de comprimidos. O fármaco é convertido em


anfetamina após sua ingestão oral e seu mecanismo de ação inibe a recaptação da dopamina no
hipotálamo, centro responsável pela fome. Além disso, inibe tanto a recaptação da serotonina
quanto da enzima monoamina-oxidase, podendo causar síndrome serotoninérgica
(CYPRIANO, 2019). Essa síndrome leva o usuário a ter efeitos como agitação, confusão,
hipertermia, taquicardia e até coma e convulsões (SANTA CATARINA, 2015).

Tem como seu nome IUPAC n-2-cianoetilanfetamina. Na Tabela 12 está representado


as propriedades físico-químicas do femproporex, enquanto na Figura 12 está representado sua
estrutura química.
30

Tabela 12 - Propriedades físico-químicas do femproporex


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 188,26
Ponto de Fusão (ºC) 146
Ponto de Ebulição (ºC) 379,5
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) 184
Fonte: Fenproporex (2020) e PerkinElmer Informatics Inc. (2015).

Figura 12 - Estrutura química do femproporex

3.1.4.3 Mazindol

Assim como a anfepramona, o mazindol também é um anorexígeno, menos tóxico do


que a anfetamina, porém com efeitos adversos semelhantes. Essa substância é aprovada nos
Estados Unidos da América apenas para tratamentos de distrofia muscular.

Geralmente é encontrado em comprimidos, logo sua via de administração é oral. Como


é um estimulante do SNC, essa droga causa o aumento da pressão arterial e da frequência
cardíaca, além de com a superdosagem da droga pode causar tremor, alucinações, convulsões e
até náuseas. Seu mecanismo de ação para supressão de apetite é através da inibição da
recaptação da noradrenalina (MAZINDOL, 2020).

Sua DL50 é de 1107 mg/Kg em ratos via subcutânea (MAZINDOL, 2020). Na Tabela
13 está representado as propriedades físico-químicas do mazindol, enquanto na Figura 13 está
representado sua estrutura química.
31

Tabela 13 - Propriedades físico-químicas do mazindol


Propriedade Valor
Massa molecular (g/mol) 284,74
Ponto de Fusão (ºC) 198 a 199
Ponto de Ebulição (ºC) 569,86
Solubilidade em água (mg/L a 20 ºC) 139
Fonte: Mazindol (2020) e PerkinElmer Informatics Inc. (2015).

Figura 13 - Estrutura química do mazindol

3.2 MÉTODOS ANALÍTICOS NA IDENTIFICAÇÃO DE DROGAS

Os métodos analíticos em química forense para a detecção de drogas são divididos em


dois estágios. O primeiro são testes presuntivos, os quais são testes simples, geralmente
colorimétricos, que têm como objetivo identificar a presença das substâncias psicoativas e/ou
entorpecentes. Como são testes que podem acusar o “falso positivo” e por não serem
específicos, se faz necessário outros testes para a confirmação da identificação (CARLIN;
DEAN, 2013; GOMES, 2013). Por outro lado, os testes de confirmação devem ser de qualificar
e quantificar os compostos de forma inequívoca com sensibilidade, seletividade e
especificidade adequadas. Estes servem para confirmar as estruturas químicas presentes na
amostra. Alguns métodos comumente utilizados são a cromatografia gasosa e líquida, bem
como a espectrometria de massas (CARLIN; DEAN, 2013; GIL; GIMENEZ; SAUAEZ, 2014).
32

3.2.1 Espectrometria de massas

A espectrometria de massas é uma das técnicas mais utilizadas no âmbito forense, isso
se deve ao breve tempo de análise, um preparo de amostra relativamente simples e, por fim, a
quantidade de amostra utilizada para a realização da análise (ROMÃO, 2010). Além disso, esta
técnica fornece informações como a composição elementar da amostra, bem como sua estrutura
molecular baseada em características como massa exata, razão isotópica de átomos e
mecanismos de fragmentações (SKOOG; HOLLER; CROUCH, 2016).

Nessa técnica as colisões entre elétrons energéticos e as moléculas do analito fornecem


a energia suficiente para as moléculas ficarem em seu estado excitado. Dessa forma, permite
que cada íon produzido seja ordenado com base na sua razão massa/carga (m/z) gerando um
espectro de massa. (SKOOG; HOLLER; CROUCH, 2016; GIL, 2014).

Como se faz necessário que os íons do analito estejam no estado gasoso para a realização
da análise, o processo de ionização é fundamental já que irá influenciar no método utilizado
para o ensaio. Dessa forma, a ionização por eletronebulização, do inglês Electrospray ionization
(ESI), é uma técnica que utiliza uma fonte de dessorção, onde a amostra líquida ou sólida em
solução será convertida diretamente para seu estado gasoso. Com isso, essa técnica pode ser
aplicada tanto para amostras não-voláteis, quanto para amostras termicamente instáveis
(SKOOG; HOLLER; CROUCH, 2016).

Devido a molécula entrar em um estado excitado, muitas vezes esse estado não é estável
e acaba quebrando-se em fragmentos menores, o qual geralmente é alcançado através do
aumento da energia de ionização. Em um espectro, geralmente não é possível analisar todos os
picos presentes, pois normalmente há a presença de ruídos. Dessa forma, busca-se padrões de
fragmentação principalmente do pico majoritário, também denominado de íon molecular, onde
é possível a identificação de grupos funcionais presentes (SKOOG; HOLLER; CROUCH,
2016). Por fim, apesar do padrão de fragmentação de cada molécula ser diferente, nota-se que
há semelhanças estruturais na maioria das drogas estudadas como, por exemplo, a presença do
anel benzeno, de átomos de nitrogênio e oxigênio. Somado a isso, características como massa
exata e razão isotópica são utilizadas para a confirmação da estrutura química do composto
analisado.
33

4 METODOLOGIA

4.1 AMOSTRAS

As amostras dos padrões utilizados estão descritas no Quadro 1 juntamente com seus
códigos de identificação, estas foram adquiridas a partir da Sigma-Aldrich® em soluções de 5
µg/mL.

Quadro 1 - Relação dos padrões analisados


Código de Composto
Identificação presente
01 Codeína
02 MDA
03 Norcocaína
04 AEME
07 Mazindol
08 Morfina
09 6-MAM
10 Cocaína
11 Metanfetamina
12 Anfetamina
13 Anfepramona
14 MDMA
15 Femproporex
Fonte: A autora (2020).

Para a realização da análise no modo positivo ESI (+), foi preparada uma solução de
acetonitrila, da marca LiChrosolv®, e água ultrapura, obtida a partir Milli-Q Advantage A10,
Millipore®, na proporção de 1:1 e acidificada com 0,1% de ácido fórmico, da marca Sigma-
Aldrich®. Os solventes foram adquiridos da Merck®. As amostra foram então diluídas com a
solução preparada na proporção de 1:3.
As amostras reais de comprimidos de ecstasy foram apreendidas e cedidas pela Polícia
Civil do Espírito Santo, foram recebidas por correio e apresentavam concentração inicial de 2
34

mg/mL, solubilizadas em metanol. Além disso, apresentavam códigos próprios que não são
relevantes para esse trabalho. A Figura 17 representa as amostras previamente diluídas.

Figura 14 - Amostras reais de apreensão diluídas

Fonte: A autora (2020).

Para a realização das análises, as amostras foram diluídas 1:100 em metanol, da marca
LiChrosolv®, e ressolubilizadas em uma proporção de 1:3 na solução preparada anteriormente
de acetonitrila:água (1:1) acidificado com 0,1% de ácido fórmico.

4.2 ANÁLISE POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS DE ALTA RESOLUÇÃO

O método desenvolvido neste trabalho foi baseado no de Kill (2016), com modificações.
As amostras previamente diluídas foram infundidas individualmente através de uma seringa, da
marca Hamilton® de 500 µL, com o auxílio de uma bomba de seringa a um fluxo de 180 µL/min
em um espectrômetro de massas de marca Bruker Scientific®, modelo microTOF-Q II. Esse
equipamento está acoplado a uma fonte de ionização eletrospray (ESI) e um separador de
massas por quadrupolo-tempo de vôo (Q-TOF). A faixa dinâmica de aquisição de íons foi de
m/z 100-1000 em uma velocidade de duas varreduras por segundo, já a voltagem no capilar foi
de -3600 v. Enquanto a voltagem no End Plate Offset foi de -500 v e no Collision foi de -1 v.
A temperatura foi de 250 ºC e o fluxo de gás de secagem de 3 L/min, já a pressão do gás
nebulizador foi ajustada para 1,5 bar. Para as fragmentações, também chamas de ESI (+) -
MS/MS, a energia de dissociação induzida por colisão, do inglês collision-induced dissociation
(CID), foi otimizada para cada componente. Por fim, o equipamento foi externamente calibrado
35

a partir de uma solução de formiato de sódio 0,1 M para ESI (+). A Figura 18 apresenta o
equipamento utilizado neste trabalho.

Figura 15 - Espectrômetro de massas de alta resolução

Fonte: A autora (2020).

Para a confirmação dos compostos, os íons diagnóstico foram identificados através da


comparação de suas massas exatas (m/z), razão isotópica e padrão de dissociação ESI (+) -
MS/MS com a fórmula teórica. Além da comparação com o indicado na literatura. O software
utilizado para o processamento dos resultados obtidos foi o DataAnalysis – Bruker Daltonics®.
Nenhum íon importante foi observado abaixo de m/z 50 ou acima de m/z 700 e por consequência
as medidas foram realizadas nesta faixa de massas.
36

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cada dia surge, clandestinamente, novas drogas sintéticas, as quais são vendidas de
diversas maneiras, seja nas ruas, eventos públicos e privados e até mesmo via internet. Com
isso, o trabalho das agências regulamentadoras se torna cada vez mais difícil quando se trata
em mapear essas drogas ilícitas. Assim, se faz necessário o desenvolvimento de novas
metodologias de análise para que sejam criadas leis que regulamentam esses compostos, ou
mesmo atualizar leis já existentes com a adição de novos compostos. Tendo isso em vista, este
trabalho teve como objetivo adaptar um método analítico para analisar compostos alvo a partir
de padrões, além de analisar amostras reais de apreensão para verificar a utilização do método
em um cenário real. Para tal, utilizou-se um espectrômetro de massas de alta resolução. A Figura
16 representa um fluxograma de blocos para o funcionamento de um espectrômetro de massas.

Figura 16 - Fluxograma de funcionamento de um espectrômetro de massas

Fonte: Adaptado de Skoog, Holler e Crouch (2016).

O equipamento de massas gera razões m/z, as quais podem servir para qualificar um
composto específico, seja ele previsto ou não para estar presente naquela amostra. Para isso,
uma quantidade de 10 a 1 ppm é inserida no equipamento através de métodos de separação
como cromatografia ou por infusão direta, o qual é com o auxílio de uma bomba de seringa.
Após as amostras passam através de uma fonte de ionização, a qual é responsável em converter
a amostra em um feixe de íon positivos, assimilando carga via adição de um hidrogênio ou de
addutos, entre outros. Ainda é possível que a amostra seja “carregada” negativamente através
37

da perda de um hidrogênio, ou de outras formas. Em seguida, esses íons são acelerados para
dentro do analisador de massa, o qual separa os íons conforme sua razão m/z. Esse bloco de
processos necessita de um sistema de vácuo para criar baixas pressões, geralmente de 10-4 a 10-
8
torr, pois dessa forma as partículas carregadas serão aniquiladas ao interagirem com
componentes da atmosfera. Após têm-se o processador de sinal e o dispositivo de saída, os
quais separam os íons gerados em um padrão de espectro de massa (SKOOG; HOLLER;
CROUCH, 2016). O espectrômetro utilizado apresenta uma fonte eletrospray, a qual tem seu
funcionamento representado na Figura 17.

Figura 17 - Funcionamento da fonte eletrospray

Fonte: Adaptado de Skoog, Holler e Crouch (2016).

No sistema eletrospray, a amostra é bombeada por uma agulha capilar para dentro de
uma câmara aquecida em pressão próxima a atmosférica em forma de gotículas. Essas são
carregadas devido a presença do eletrodo cilíndrico que envolve a agulha, após passam por um
tubo capilar. Assim entram em contato com o gás secante, o qual é nitrogênio, este tem a função
de evaporar o solvente ainda presente nas gotículas. Ao passo que a densidade dessas gotículas
cresce, ocorre a dessorção dos íons no gás ambiente (SKOOG; HOLLER; CROUCH, 2016).
Ainda, o EMAR utilizado apresenta dois separadores de massas sequenciais do tipo quadrupolo
e tempo de voo, respectivamente.

O analisador de massa com quadrupolo é o mais comumente utilizado em


espectrometria de massas. Isso se deve por ser mais compacto que outros analisadores e seu
38

tempo de varredura curto, geralmente menor que 100 ms (SKOOG; HOLLER; CROUCH,
2016). Na Figura 18 está representado um sistema de analisador de massa quadrupolo.

Figura 18 - Funcionamento de um analisador de massa com quadrupolo

Fonte: Adaptado de Pavia et al. (2015).

Esse analisador contém quatro barras sólidas, conforme a Figura 18, são aplicadas uma
corrente contínua e uma radiofrequência o que gera um campo eletrostático oscilante entre as
barras. Os íons com oscilações instáveis são aqueles que apresentam uma razão m/z muito
pequena ou muito grande, logo a trajetória deles os levará até uma das quatro barras. Já os íons
com oscilações estáveis são aqueles que apresentam a faixa correta de razão m/z, a qual é
imposta no software pelo operador, logo sua trajetória os levará até o detector (PAVIA et al.,
2015).

O analisador por tempo de voo, do inglês time of flight (TOF), traz uma robustez e
simplicidade ao espectrômetro de massas. Esse analisador baseia-se na velocidade de dois íons,
com massas diferentes, que chegarão ao detector com tempos diferentes apesar de apresentarem
a mesma energia cinética e terem sido criados no mesmo instante. Esses íons são acelerados
dentro um tubo de trajetória livre através de um pulso de campo elétrico com variação entre 103
a 104 V. Além disso, os tempos de voo comuns variam de 1 a 30 µs (SKOOG; HOLLER;
CROUCH, 2016).

Tendo isso em vista, estes dois separadores de massas em sequência geram resultados
de alta resolução, a qual apresenta uma faixa entre 10.000 a 100.000. Dessa forma, analisadores
EMAR podem melhorar o processo de identificação e confirmação de moléculas a partir de
diversos parâmetros como massa exata, razão isotópica e perfil de fragmentação. Com isso, é
39

possível obter uma confirmação do composto desejado sem interferência (KELLMANN et al.,
2009). Ainda, quando se trabalha com espectrometria de massas de alta resolução, a
determinação do erro de exatidão de massa do composto em estudo é de suma importância.
Geralmente, para EMAR com ionização por ESI e separação por Q-TOF, um valor de erro deve
ser inferior a 10 ppm para a confirmação da fórmula elementar do composto (BRISTOW;
WEBB, 2003). Para minimizar erros nessa medida se faz necessário garantir que o íon alvo
esteja completamente livre de íons interferentes para que não ocorra alterações na massa do
pico (ROMERO-GONZÁLEZ; FRENICH, 2017). Essa verificação pode ser determinada a
partir da Equação 1 (KELLMANN et al., 2009).

ml − me (1)
Erro (ppm) = x106
me

Onde ml é a massa lida no equipamento, enquanto me é a massa exata.


Experimentalmente, as amostras foram infundidas diretamente no sistema ESI no modo
positivo. A partir disso foram obtidos os espectros, bem como as razões isotópicas e seus perfis
de fragmentação apresentados no Apêndice A. A Figura 19 apresenta o resultado obtido para a
cocaína, enquanto os resultados experimentais para os 13 padrões estudados estão resumidos
na Tabela 16.
40

Figura 19 - Espectro de EMAR para o composto padrão 10 – Cocaína.

Em A) espectro no modo full; em B) expansão do espectro e comparação entre o teórico e o experimental para formula C17H22NO4+; em C) o espectro no modo MS-MS para
o íon m/z 304.
41

Tabela 14 - Resultados obtidos das amostras padronizadas de drogas (continua)

Encaixe
Massa Íon
Fórmula Erro da razão Fragmentação
Composto exata molecular
Elementar (ppm) isotópica (m/z)
(g/mol) (m/z)
mSigma
Codeína C18H21NO3 299,1521 300,1592 0,9 8,4 [M – C13H11O2]+
m/z 199,0741
[M – C15H13O3]+
m/z 241,0868
[M – C5H12NO2]+
m/z 181,0662
MDA C10H13NO2 179,0946 180,1020 0,3 1,6 [M – NH2]+
m/z 163,0750
Norcocaína C16H19NO4 289,1314 290,1391 1,6 2,4 [M – C7H6O2]+
m/z 168,1020
[M – C8H10NO]+
m/z 136,0757
AEME C10H15NO2 181,1103 182,1179 0,3 4,5 [M – C8H6O]+
m/z 118,0416
[M – C7H7]+
m/z 91,0538
Mazindol C16H13ClN2O 284,0716 285,0787 2,0 8,4 [M – OH]+
m/z 268,0758
Morfina C17H19NO3 285,1365 286,1435 0,8 2,6 [M – OH]+
m/z 268,1323
6-MAM C19H21NO4 327,1471 328,1542 0,2 5,6 [M – C14H11O2]+
m/z 211,0751
[M – C14H9O]+
m/z 193,0667
[M – C13H9]+
m/z 165,0691
Cocaína C17H21NO4+ 303,1543 304,1545 0,5 3,0 [M – C7H6O2]+
m/z 182,1174
42

(conclusão)
Encaixe
Massa Íon
Fórmula Erro da razão Fragmentação
Composto exata molecular
Elementar (ppm) isotópica (m/z)
(g/mol) (m/z)
mSigma
Cocaína C17H21NO4 303,1543 304,1545 0,5 3,0 [M – C7H6O]+
m/z 105,0338
[M – C5H8N]+
m/z 82,0650
Metanfetamina C10H15N 149,1204 150,1279 2,0 2,9 [M – C4H11N]+
m/z 91,0540
Anfetamina C9H13N 135,1048 136,1125 4,1 0,9 [M – C9H11]+
m/z 119,0858
[M – C7H7]+
m/z 91,0538
Anfepramona C13H19NO 205,1567 206,1540 0,2 2,8 [M – C8H8O]+
m/z 105,0689
[M – C7H17N]+
m/z 100,1125
MDMA C11H15NO2 193,1103 194,1179 1,4 0,6 [M – CH5N]+
m/z 163,0744
[M – C11H14O2]+
m/z 135,0440
[M – C8H9]+
m/z 105,0702
Femproporex C12H16N2 188,1313 189,1470 2,7 10,0 [M – C3H6N2]+
m/z 119,0858

Conforme apresentado na Tabela 16, os erros de massa exata estão adequados para
confirmação da fórmula elementar em um equipamento com ionização ESI e separação por Q-
TOF, sendo menores que 10 ppm conforme Bristow e Webb (2003). Assim, a Tabela 16 indica
que os parâmetros analisados, os quais são a massa exata, assim como a razão isotópica e o
perfil de fragmentação, estão de acordo com o esperado para os 13 padrões estudados. Destes,
43

demonstramos o perfil da cocaína e das anfetaminas, as quais estão presentes nos comprimidos
analisados.

Para o padrão 10, cocaína, temos como o principal fragmento o m/z 182,1174, este é
referente a perda da benzila e da metila [M – CO2Ph]+. Na sequência temos a perda da metoxila
[M – OCH3]+ com m/z 150,0913, estes estão representados na Figura 20.

Figura 20 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 10, cocaína

Os mecanismos propostos para a fragmentação do padrão 02, MDA, destaca-se o


fragmento m/z 163,0750 que é referente a perda da amina [M – NH2]+, conforme representado
na Figura 21.
44

Figura 21 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 02, MDA

Para o padrão 11, metanfetamina, destaca-se o fragmento m/z 91,0540 caracterizado


pela perda do grupo N-metilpropan-2-amina [M – C4H11N]+ (CYPRIANO, 2019). Este está
representado na Figura 22.

Figura 22 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 11, metanfetamina

Para o padrão 12, anfetamina, destaca-se o fragmento m/z 119,0858 caracterizado pela
perda do grupo metanamina [M – C9H11]+, na sequência a perda da etilamina [M – C2H6N]+
com massa 91,0538, o qual é referente ao íon tropílium. Os mecanismo está representado na
Figura 23.

Figura 23 - Mecanismo de fragmentação para o padrão 12, anfetamina

Para o padrão 13, anfepramona, destaca-se o fragmento m/z 105,0689 caracterizado pela
perda do benzaldeído [M – C8H8O]+ (CYPRIANO, 2019). Por outro lado, o cátion
45

trietilamonium com m/z 102,1125 [N(C2H5)]+ também é formado. Estes estão representados na
Figura 24.

Figura 24 - Mecanismo de fragmentação para o padrão 13, anfepramona

Para o padrão 14, MDMA, destaca-se o fragmento com m/z 163,0744 caracterizado pela
perda da dimetilamina [M – CH5N]+. Este fragmento foi determinado por Romão (2010) e
Cypriano (2019) como característico do MDMA. O fragmento m/z 135,0440 é caracterizado
pela perda do grupo N-metilpropan-2-amina [M – C11H14O2]+, já o fragmento m/z 105,0702 é
caracterizado pela perda do grupo 1,3-dioxolano [M – C8H9]+. Os fragmentos estão
representados na Figura 25.

Figura 25 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 14, MDMA

Para o padrão 15, femproporex, destaca-se o fragmento m/z 119.0858 caracterizado pela
perda do grupo 3-aminopropanenitrilo [M – C3H6N2]+, determinado por Cypriano (2019), este
está representado na Figura 26.
46

Figura 26 – Mecanismo de fragmentação para o padrão 15, femproporex

A partir da avaliação dos padrões, o mesmo foi aplicado a amostras reais. Assim, as
drogas apreendidas e cedidas pela Polícia Civil do Espírito Santo, previamente preparadas,
foram infundidas diretamente, da mesma forma que os padrões, no mesmo sistema ESI no modo
positivo. À vista disso, das 100 amostras avaliadas em 24 não obtivemos êxito em identificar
os componentes. Enquanto isso, para as 76 amostras restantes identificamos os princípios ativos
presentes, os quais estão descritos no Quadro 2. Tendo isso em vista, é possível notar que a
maioria dos compostos identificados são estimulantes. O Gráfico 2 relaciona o número de
amostras positivas para cada composto, sendo que a maioria dos comprimidos apresentou
MDMA em sua composição.

Quadro 2 - Compostos identificados (continua)


Composto ativo Atividade
4-metoxi-N-metil-N-
isopropiltriptamina Estimulante
(4-MeO-MiPT)
4-metilmetcatinona Estimulante
(4-MEC)
9-aminoacridina Antisséptica
bk-PBDB Estimulante
Cafeína Estimulante
Dipentilona Estimulante
Etilona Estimulante
Ketamina Anestésico
Lidocaína Anestésico
MDMA Estimulante
Metanfetamina Estimulante
47

(conclusão)
Composto ativo Atividade
Nortriptilina Antidepressivo
Pentazocina Analgésico
Pirovalerona Estimulante
Protiptilina Antidepressivo
Safrol Inseticida e Antisséptica

Gráfico 1 – Porcentagem dos compostos identificados

25 23

20
16
Comprimidos

15
12 12

10 9

5
5 3

Composto ativo

A partir disso, foi possível determinar a presença de novas substâncias psicoativas, do


inglês new psychoactive substances (NPS), como a etilona, também denominada de bk-MDEA,
além dessa NPS como bk-PBDB e 4-MeO-MiPT também foram identificados. A Tabela 17
representa os resultados obtidos para os comprimidos.

Tabela 15 - Resultados obtidos das drogas apreendidas (continua)

Encaixe da
Fórmula Massa Íon
Erro razão
Composto Elementar exata molecular
(ppm) isotópica
[M + H]+ (g/mol) (m/z)
msigma
4-MeO-MiPT [C15H22N2O + H]+ 246,1732 247,1793 4,8 2,8
4-MEC [C12H17NO + H]+ 191,1310 192,1384 0,5 0,8
9-aminoacridina [C8H10N4O2 + H]+ 194,0844 195,0908 16,0 2,9
bk-PBDB [C14H19NO2 + H]+ 249,1438 250,1436 0,7 1,8
48

(conclusão)

Encaixe da
Fórmula Massa Íon
Erro razão
Composto Elementar exata molecular
(ppm) isotópica
[M + H]+ (g/mol) (m/z)
msigma
Cafeína [C8H10N4O2 + H]+ 194,0804 195,0879 1,3 4,2
Dipentilona [C14H19NO3 + H]+ 249,1346 250,1432 8,6 6,4
Etilona [C12H15NO3 + H]+ 221,1052 222,1124 0,4 5,0
Ketamina [C13H16ClNO + H]+ 237,7250 238,1112 14,2 11,9
Lidocaína [C14H22N2O + H]+ 234,1732 235,1801 1,9 3,9
Nortriptilina [C19H21N + H]+ 263,1674 264,1760 5,1 17,4
Pentazocina [C19H27NO + H]+ 285,2093 286,2162 1,1 2,7
Pirovalerona [C16H25NO + H]+ 245,1780 246,1849 1,3 144,4
Protiptilina [C19H21N + H]+ 263,2377 264,1753 2,4 21,3
Safrol [C10H11O2 + H]+ 162,0681 163,0749 2,6 3,2

Na Figura 27 é apresentado um espectro típico no modo full de uma amostra real. Nesta
foram identificados os compostos alvo metanfetamina [C15H16N]+, com m/z 150,1270 e não
alvos com m/z 195,0878; 235,1799 e 238,1112, os quais são referentes a cafeína [C8H11N4O2]+;
lidocaína [C14H23N2O]+ e ketamina [C13H17ClNO]+, respectivamente. Na Figura 28 é
apresentado a comparação da massa exata e a razão isotópica para cafeína e lidocaína. A maioria
de compostos ilegais utilizados como drogas de abuso apresenta misturas de substâncias ativas,
como no caso da amostra indicada. Evidentemente não há controle de qualidade e por isso há
uma incidência alta de vários compostos concomitante no mesmo comprimido. Geralmente,
comprimidos de ecstasy contém além do MDMA, compostos como MDA, MDEA (3,4-
metileno-dioxietilanfetamina), MBDB (1,3-benzodioxol-5-il)-2-butamina, metanfetamina,
ketamina, cafeína, entre outros (UNODC, 2019). Ainda, a atividade sinérgica destes compostos
pode conduzir a um aumento das desordens neurológicas que podem conduzir ao aumento da
ansiedade entre outros sintomas (PAPASEIT et al., 2020)
49

Figura 27 - Espectro para uma amostra real

Em A) espectro no modo full e em B) a comparação da m/z exata e razão isotópica para metanfetamina.
50

Figura 28 - Comparação entre o experimental e o teórico para compostos não-alvo

Em A) para a cafeína e em B) para lidocaína.


51

Dessa forma, a massa exata, razão isotópica e perfil de fragmentação obtido para o
MDMA e para a metanfetamina foi idêntico ao determinado para os padrões. Já para os
compostos não-alvo como a etilona, o perfil de fragmentação foi similar ao MDMA. Assim,
para esse composto identificamos a perda da hidroxila [M – OH]+ com m/z 204, o qual foi o
mais intenso entre os fragmentos. O fragmento está representado na Figura 29.

Figura 29 - Mecanismo de fragmentação para a etilona

Da mesma forma, os fragmentos característicos do bk-PBDB identificados nos


comprimidos foram o m/z 232 correspondente a perda do grupo hidroxila [M – OH]+. Já o
fragmento m/z 202 é caracterizado pela perda do grupo metoxil [M – CH2O]+, este está
representado na figura, estes estão representados na Figura 30.

Figura 30 - Mecanismo de fragmentação para o bk-PBDB

Os compostos etilona e bk-PBDB apresentam a fragmentação característica de


catinonas, a qual é um alcaloide do tipo monoamina, esta é quimicamente similar as
anfetaminas. Ainda, o fragmento característico da pirovalerona identificado nos comprimidos
foi o m/z 175 caracterizado pela perda do grupo pirolidina. O fragmento está representado na
Figura 31.
52

Figura 31 - Mecanismo de fragmentação para a pirovalerona

No estudo realizado por Kill (2016), foram avaliados 60 amostras de selos de papéis de
absorção, as quais foram igualmente apreendidas e cedidas pela Polícia Civil do Espírito Santo.
A autora utilizou um espectrofotômetro de massas com separação por transformada de Fourier
com ionização por ESI (FTICR-ESI) atuando no modo positivo, o que conferia uma resolução
aproximada de 200.000 a m/z de 200. A autora determinou a presença de diversas NPS entre as
amostras, sendo que o composto etilona estava presente em 5 comprimidos, já a cocaína estava
presente em 15 selos dentre os avaliados. Assim, há uma diferença entre as amostras avaliadas
neste estudo e os determinados por esta autora, mostrando o quão dinâmico é as drogas
presentes nestes produtos ilegais. Na mesma linha, em estudo conduzido por Romão (2019),
foram avaliados 30 comprimidos de ecstasy apreendidos e cedidos pela Polícia Civil do Rio de
Janeiro. A mesma técnica foi utilizada (FTICR-ESI), ainda o autor indicou a presença de
MDMA, bem como outros compostos como como lactose e sacarose.
Já no estudo realizado por Ostermann et al. (2014), foram avaliados 74 amostras por
espectrometria de massa com fonte MALDI e analisador de massa Orbitrap obtidas através de
doadores anônimos que participam do projeto “checkit!”. Este projeto foi implantado no ano de
2000 em Viena na Áustria para prevenção de drogas. Neste estudo foram identificados 49
compostos e dentre as amostras compradas como ecstasy estavam substâncias tais como
butilona, escopolamina e safrol, além do próprio MDMA. Apesar de usar uma fonte de
ionização diferente da usada neste estudo, bem como um analisador de massa distinto nota-se
que as substâncias safrol e MDMA foram igualmente identificadas. Assim, é perceptível que
apesar das drogas analisadas serem de países diferentes a composição apresenta semelhanças.
53

6 CONCLUSÕES

A espectrometria de massas de alta resolução com ionização eletrospray com infusão


direta é um método rápido que não necessita de preparação de amostras. Além disso, é eficaz
para qualificar compostos alvo, bem como não-alvo em amostras de drogas de abuso. A
aplicação a amostras reais indicou 16 compostos identificados em 76 das 100 amostras
analisadas, entre os quais estavam anfetaminas e derivados como a etilona, o bk-PBDB e a
pirovalerona. Estes foram similares aos encontrados em outros estudos com selos e
comprimidos apreendidos. Como se trata de um método que analisa compostos não-alvo, outros
materiais como resíduos de síntese e solventes podem ser identificados. Além disso, podem
indicar a rota de síntese e a proveniência destas amostras, dessa forma sendo importante no
auxílio do processo de inteligência da polícia. Por fim, ainda se faz necessário um avanço no
método, mas já é possível indicar que se trata de um processo adequado para avaliação
recorrente de drogas apreendidas.
Este trabalho é uma parte do artigo recentemente aceito:
SANTOS, Nayara A. dos; MACRINO, Clebson J.; ALLOCHIO FILHO, João Francisco;
GONÇALVES, Fernanda F.; ALMEIDA, Camila M.; AGOSTINI, Fabiana; GUIZOLFI,
Tainara; MOURA, Sidnei; LACERDA, Valdemar; FILGUEIRAS, Paulo R; ORTIZ, Rafael S.;
ROMÃO, Wanderson. Exploring the chemical profile of designer drugs by ESI (+) and PSI (+)
mass spectrometry - an approach on the fragmentation mechanisms and chemometric
analysis. Journal Of Mass Spectrometry, 19 jun. 2020. Wiley.
http://dx.doi.org/10.1002/jms.4596.

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com o propósito de melhorar a adaptação do método, sugere-se que:

• Fazer uma validação do método analítico;


• Aplicar novos padrões para qualificar outros compostos de forma adequada;
• Utilizar métodos cromatográficos para avaliar a quantidade dos compostos
presentes;
• Buscar outras moléculas não-alvo, as quais possam ser relacionadas com a
síntese, gerando informações para identificação de rotas de tráfico.
54

8 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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