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ECONOMIA DE

EMPRESAS
Fernanda Cristina Vianna
TRILHA DE APRENDIZAGEM 5

Estruturas de mercado
Objetivos de aprendizagem

• Reconhecer o comportamento de empresas competitivas.

• Compreender as seguintes estruturas de mercado: concorrência


perfeita, concorrência monopolista, monopólio e oligopólio.

• Estudar a maneira pela qual as empresas determinam os preços


dos produtos e as quantidades que serão produzidas nos diversos
mercados de uma economia.
Tópicos da trilha
5.1 O que é um mercado competitivo?.................................................................................. 3
5.2 Modelo da concorrência perfeita ................................................................................... 4
5.3 Monopólio ............................................................................................................................ 6
5.4 Concorrência monopolística .......................................................................................... 8
5.5 Oligopólio .......................................................................................................................... 10
5.5.1 Modelo de Cournot ................................................................................................... 10
5.5.2 Modelo de Bertrand ................................................................................................. 12
Palavras-chave........................................................................................................................ 13
Referências............................................................................................................................... 14
Trilha 5: Estruturas de mercado

5.1 O que é um mercado competitivo?


Entende-se por mercado de bens e serviços, um contexto em que compradores
(os quais compõem o lado da demanda) e vendedores (os quais compõem o lado da
oferta) estabelecem contatos e realizam transações.

Para ser competitivo, esse mercado deve ter as seguintes características:

1. Há muitos compradores e vendedores no mercado, dessa forma, as ações


individuais de um comprador ou vendedor tem impacto insignificante sobre o
preço de mercado. Todos os consumidores e vendedores são chamados de
price takers (tomadores de preço).

2. Os bens oferecidos pelos diversos vendedores são, em grande escala, os


mesmos, ou seja, não pode existir grau de diferenciação entre os produtos ou
serviços.

3. As empresas podem entrar e sair livremente no mercado. A mobilidade de


firmas (sem barreiras legais e econômicas) é uma força poderosa que dá forma
ao equilíbrio de longo prazo.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

5.2 Modelo da concorrência perfeita


Vasconcellos (2011, p. 144) faz a seguinte colocação: “As hipóteses de uma
estrutura de mercado em concorrência perfeita, ou mercado perfeitamente competitivo
refletem o funcionamento de um mercado completamente livre, sem barreiras e
totalmente transparente”.

Como as empresas competitivas são tomadoras de preços, suas receitas são


proporcionais à quantidade produzida. O preço do bem é igual à receita média (receita
total dividida pela quantidade) e à receita marginal da empresa (variação da receita
total decorrente da venda de uma unidade adicional).

Para maximizar o lucro, a empresa escolhe uma quantidade produzida tal que
a receita marginal seja igual ao custo marginal. Como a receita marginal das empresas
competitivas é igual ao preço de mercado, a empresa escolhe uma quantidade tal que
o preço seja igual ao custo marginal. Assim, a curva de custo marginal da empresa é
sua curva de oferta.

Para melhor explorar a análise de maximização do lucro, considere as curvas


de custos da Figura 1. Conforme visto na trilha anterior, a curva de custo marginal
(CMg) tem inclinação ascendente, a curva de custo total médio (CTM) tem forma de
U e a curva de custo marginal cruza com a curva de custo total médio no ponto em
que o custo total médio é mínimo.

A linha do preço é expressa como uma horizontal, pois a empresa é uma price
taker e sabe-se que, em uma empresa competitiva, o preço é igual à receita marginal,
a qual, por sua vez, é igual à receita média.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

Figura 1 – Maximização do lucro para uma empresa competitiva

Fonte: MANKIW (2013, p. 266).

Quando a quantidade é Q1, a receita marginal supera o custo marginal. Dessa


forma, o aumento da produção aumenta o lucro. À quantidade Q2, o custo marginal
está acima da receita marginal, portanto, a redução da produção é que aumenta o
lucro. A quantidade que maximizará o lucro dá se no ponto em que a curva do custo
marginal cruza com o preço, Qmax.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

5.3 Monopólio
Uma estrutura de mercado monopolista apresenta três características
principais: uma única empresa produtora do bem ou serviço, a ausência de produtos
substitutos próximos, além da existência de barreiras à entrada de firmas concorrentes
(VASCONCELLOS, 2011).

As barreiras de acesso de novas empresas nesse mercado podem ocorrer de


várias formas:

1. monopólio puro ou natural, devido à alta escala de produção requerida,


exigindo um elevado montante de investimentos. A empresa monopolista já
está estabelecida em grandes dimensões e tem condições de operar com
baixos custos;

2. proteção de patentes;

3. controle sobre o fornecimento de matérias-primas essenciais;

4. tradição no mercado (por exemplo, relógios suiços).

Os monopolistas podem agir sem restrições na fixação de preços, visto que são
fazedores de preço. Ainda que existam empresas marginais, suas decisões não
afetam materialmente os lucros do monopolista (BESANKO et al., 2012).

Um monopolista seleciona o preço de tal forma que a receita da última unidade


vendida seja igual ao custo marginal de produzi-la, ou seja, quando a RMg é igual ao
CMg, conforme ilustrado pelo Ponto A na Figura 2.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

Figura 2 – Maximização do lucro de um monopólio

Fonte: MANKIW (2013, p. 289).

Então, o monopolista usa a curva de demanda para determinar o preço que


induzirá os consumidores a comprar essa quantidade, conforme ilustrado pelo Ponto
B na Figura 2. A curva de demanda do monopolista tem inclinação descendente para
seu produto, pois é a única produtora de seu mercado.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

5.4 Concorrência monopolística


A concorrência monopolística (ou imperfeita) apresenta três características
principais: mercado atomizado (há muitos vendedores e compradores), livre entrada
de produtores no mercado e diferenciação do produto (os produtos são similares, mas
não idênticos). “A competição monopolística faz jus ao nome que tem: é um híbrido
de monopólio e competição perfeita” (MANKIW, 2013, p. 324).

Como os produtos não são homogêneos (há diferenciação entre os produtos),


cada empresa tem certo poder sobre os preços e o consumidor tem opções de
escolha, de acordo com sua preferência. No entanto, a demanda é bastante elástica
porque tem substitutos próximos (VASCONCELLOS, 2011).

Os produtos podem ser verticalmente diferenciados, quando há uma variação


de modo claro na qualidade, ou horizontalmente diferenciados, quando variam em
certas características do produto com apelo para diferentes grupos de consumidores
(por exemplo, localização geográfica, atendimento pós-venda etc.) (BESANKO et al.,
2012).

Outro ponto importante da diferenciação horizontal diz respeito ao uso da


publicidade para atrair clientes para sua própria marca. Os críticos argumentam que
as empresas as utilizam para manipular os gostos dos consumidores e para reduzir a
competitividade. Por outro lado, os defensores argumentam que as empresas as
utilizam para informar os clientes e para competir com maior vigor em preço e
qualidade do produto (MANKIW, 2013).

O equilíbrio a longo prazo em um mercado de concorrência imperfeita difere do


mercado da concorrência perfeita, pois cada empresa tem capacidade ociosa, ou seja,
ela opera na parte descendente da curva de custo total médio, além disso, cada uma
cobra um preço superior ao custo marginal, conforme ilustrado na Figura 3.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

Figura 3 – Equilíbrio a longo prazo em uma estrutura monopolística

Fonte: VASCONCELLOS (2011, p. 173).

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Trilha 5: Estruturas de mercado

5.5 Oligopólio
Esse tipo de estrutura de mercado pode ser definido de duas formas:

1. oligopólio concentrado: quando há um pequeno número de empresas no


setor;

2. oligopólio competitivo: quando um pequeno número de empresas domina


um setor com muitas empresas.

Embora o oligopolista possua alguma influência sobre o preço praticado, sua


ação está limitada pelas possíveis reações de sua concorrência. Dessa forma, a
precificação e as decisões de produção de cada firma afetam o preço e a produção
do setor.

Há dois modelos de oligopólio focados em como as empresas reagem aos


movimentos umas das outras: o modelo de Cournot e o modelo de Bertrand.

5.5.1 Modelo de Cournot


No modelo de Cournot, cada uma das duas empresas escolhe as quantidades
Q1 e Q2 para serem produzidas. Cada empresa toma a produção da outra como dada
e escolhe a produção que maximize seu lucro. O preço que emerge clears the market
(demanda = oferta, ou seja, toda a produção é vendida).

As condições para o equilíbrio de Cournot, ilustrado na Figura 4, entre duas


empresas são, portanto:

• P é o preço que absorve toda a produção do mercado, dados os níveis de


produção das empresas.

• Q1 é o nível de produção que maximiza os lucros da Empresa 1, dado que ela


acredita que a Empresa 2 escolherá Q2.

• Q2 é o nível de produção que maximiza os lucros da Empresa 2, dado que ela


acredita que a Empresa 1 escolherá Q1.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

Como exemplo, considere as funções a seguir.

A função demanda de mercado: P = 100 - Q1 - Q2

A função custo da Empresa 1: CT1 = 10Q1

A função custo da Empresa 2: CT2 = 10Q2

O lucro total da Empresa 1 pode ser expresso como:

LT1 = Q1 x P - CT1 = Q1 x (100 - Q1 - Q2g) - 10Q1

LT1 = 100Q1 - Q12 - Q2gQ1 - 10Q1

Sendo Q2g a ideia de quantidade da concorrência.

Derivando a função lucro e igualando a zero para o lucro máximo, tem-se:

100 - 2Q1 - Q2g - 10 = 0

90 - 2Q1 - Q2g = 0

Q1= 45 - 0,5Q2g

De modo análogo, Q2 = 45 - 0,5Q1g.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

Figura 4 – Equilíbrio de Cournot

Fonte: BESANKO et al. (2012).

5.5.2 Modelo de Bertrand


No modelo de Bertrand, cada firma escolhe o preço e se prepara para vender
qualquer quantidade que for demandada por aquele preço.

Cada empresa toma o preço estabelecido por sua rival como dado e estabelece
seu próprio preço para maximizar seu lucro. No equilíbrio, cada empresa prediz
corretamente a decisão de preço de sua rival.

Se duas empresas são idênticas, elas estabelecerão o mesmo preço. O preço


será igual ao custo marginal (assim como na concorrência perfeita). Nenhuma das
empresas fará um aumento de preço porque, dessa forma, deixariam todo o mercado
para seu rival. Por outro lado, se uma empresa decidir baixar seu preço, ela “ganharia”
todo o mercado. Desde que ambos conheçam isso, cada um tentará fazê-lo até que a
venda do produto não gere mais lucro, criando assim o equilíbrio.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

Palavras-chave
Concorrentes; monopólio; concorrência; oligopólio; barreiras de mercado.

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Trilha 5: Estruturas de mercado

Referências
BESANKO, D. et al. A economia da estratégia. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

MANKIW, G. Princípios de microeconomia. São Paulo: Cengage Learning, 2013.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

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