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COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL

ADRIANA RIBEIRO

ALVENARIA ESTRUTUTAL

ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Sorocaba/SP
2014
Adriana Ribeiro

ALVENARIA ESTRUTUTAL

ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade de Engenharia de Sorocaba
como Exigência Parcial para Obtenção do
Diploma de Gradução em Engenharia Civil

Orientadora: Profª. Me. Rosemeire Mazzer

Sorocaba/SP
2014
FICHA CATALOGRÁFICA
ELABORADA PELA ‘’BIBLIOTECA FACENS’’

R484a
Ribeiro, Adriana.
Alvenaria estrutural e alvenaria de vedação / por Adriana Ribeiro. – Sorocaba,
SP: [s.n], 2014.
71f.; 29cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Engenharia de


Sorocaba, Coordenadoria de Engenharia Civil - Curso de Engenharia Civil, 2014.
Orientadora: Me. Rosemeire de Cássia Mazzer

1. Alvenaria. I. Autor. II. Faculdade de Engenharia de Sorocaba. III. Título.


CDU 693.1
ALVENARIA ESTRUTURAL E ALVENARIA DE VEDAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade de Engenharia de Sorocaba
como Exigência Parcial para Obtenção do
Diploma de Gradução em Engenharia Civil.

Comissão examinadora:

Rosemeire de Cássia Mazzer, mestre

Jóse Antônio De Milito, doutor

Fábio Usuda, mestre

Coordenador:

Ass._________________________
José Antônio De Milito

Sorocaba/SP
2014
A minha família, que me propiciou uma vida digna onde eu pudesse crescer, acreditando que tudo
seria possível, desde que tivesse força para enfrentar os desafios.
Em especial, a minha mãe, que me mostrou que com força de vontade e honestidade eu poderia
realizar o meu sonho. Mesmo com pouca saúde esteve ao meu lado me auxiliando até os últimos
momentos de sua vida.
AGRADECIMENTOS

Deus, pela força espiritual para a realização desse trabalho.


Aos meus pais, marido e filha que estiveram ao meu lado todo o tempo dando o apoio
necessário para a conclusão deste trabalho.
Aos meus amigos, que mesmo nos momentos difíceis, estiveram ao meu lado dando a ajuda
que eu necessitava.
Aos meus professores, responsáveis pela minha estrutura profissional.
Procure ser um homem de valor, em vez de ser um homem de sucesso.
Albert Einstein

O sucesso é um professor perverso. Ele seduz as pessoas inteligentes e as faz


pensar que jamais vão cair.
Bill Gates
RESUMO

Ribeiro, A. Alvenaria Estrutural e Alvenaria de Vedação. Sorocaba, SP: [s.n],


2014. 62f.; 29cm.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Engenharia Civil,
Faculdade de Engenharia de Sorocaba - 2014.

Com o passar dos anos e com o desenvolvimento da tecnologia muitos métodos


construtivos de edificações foram surgindo. Considerando que a alvenaria com
blocos cerâmicos atualmente vem dominando o mercado da construção civil, deve-
se atentar nas diferenças existentes entre os blocos estruturais e os de vedação,
além dos sistemas construtivos utilizados para cada alvenaria.
A alvenaria estrutural de blocos cerâmicos é um sistema construtivo racionalizado,
tem como uma das principais vantagens a velocidade de execução da obra, redução
de desperdício de materiais, economia de mão-de-obra e materiais, de forma que os
resultados no final da construção são bastante significativos em termos de custo e
tempo.
A alvenaria de vedação de blocos cerâmicos é um sistema construtivo utilizado
largamente para a construção de edificações residenciais, tem como uma das
principais vantagens a facilidade de execução da obra, a disponibilidade de mão-de-
obra e o custo do material.
Portanto no estudo de caso, faz-se uma análise comparativa simplificada entre dois
empreendimentos residenciais, sendo um deles em alvenaria estrutural e outro em
alvenaria de vedação, ambos executados pela mesma construtora.

Palavras-Chave: Alvenaria. Métodos Construtivos. Projeto.


ABSTRAT

Ribeiro, A. Structural masonry and masonry fence. Sorocaba, SP: [s.n], 2014.
62f .; 29cm.
Work Completion of course (Graduation) - Civil Engineering Course, School of
Sorocaba Engineering - 2014.

Over the years and with the development of technology many construction methods
of buildings have emerged. Whereas the masonry with ceramic blocks is currently
dominating the construction market, one must note the differences between the
building blocks and the seal in addition to the construction systems used for each
masonry.
The masonry of ceramic bricks is a building system streamlined, is a key advantage
to the work execution speed, reduction of waste materials, saving labor, labor and
materials, so that the results at the end of construction are quite significant in terms
of cost and time.
The sealing masonry ceramic blocks is a building system widely used for the
construction of residential buildings, is one of the main advantages the ease of
execution of the work, the availability of hand labor and material cost.
So in the case study, it is a simplified comparative analysis between two residential
buildings, one of them in structural masonry and another in sealing masonry, both
run by the same builder.

Keywords: Masonry. Constructive methods. Project.


LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1. Tijolos de barro em duas de suas dimensões habituais..................17


Figura 3.2. Edifício Monadlock...........................................................................17
Figura 3.3. Estrutura em alvenaria de vedação.................................................18
Figura 3.1.1. Construção em taipa, do século XVII – São Paulo, SP...................19
Figura 3.1.2. Construção de pau a pique, década de 1990.................................19
Figura 3.1.3. Construção em cantanaria São Luís, MA........................................20
Figura 3.1.4 Condomínio Central Parque Lapa, São Paulo................................21
Figura 3.1.5. Blocos cerâmicos.............................................................................21
Figura 3.2.6.1.1. Amarração de canto.........................................................................30
Figura 3.2.6.1.2. Amarração de canto e “T”...............................................................31
Figura 3.2.6.1.3. Amarração tipo “Cruz”, para família de blocos de 15 e 20.............32
Figura 3.2.2.1. Carga distribuída no solo através da parede.................................24
Figura 3.2.4.1. Enrijecedor ou contraventamento...................................................26
Figura 3.2.6.2.1. Amarração de indireta....................................................................33
Figura 3.2.7.2.1. Modelo de projeto...........................................................................37
Figura 3.2.7.3.1a Tubulação embutida em parede hidráulica....................................38
Figura 3.2.7.3.1b Parede enchimento – para passagem da tubulação......................39
Figura 3.2.7.3.1c Execução de sancas para a passagem da tubulação....................39
Figura 3.2.7.3.2. Abertura na parede não estrutural feitos para a passagem da
tubulação.........................................................................................40
Figura 3.3.2. Execução de vigas e pilares...........................................................41
Figura 3.3.1. Disposição dos componentes da alvenaria de vedação................41
Figura 3.3.3.1.1. Bloco cerâmico de vedação com furos na horizontal.....................43
Figura 3.3.3.1.2. Bloco cerâmico de vedação com furos na vertical.........................43
Figura 3.3.3.3.1. Dimensão de tijolos cerâmicos de vedação...................................44
Figura 4.1.1.1. Perspectiva do Residencial A.........................................................50
Figura 4.1.1.2. Fundação da torre 1A.....................................................................51
Figura 4.1.1.3. Alvenaria estrutural do Residencial A.............................................52
Figura 4.1.1.4. Prumadas de hidráulica..................................................................53
Figura 4.1.1.5. Caixa de passagem de esgoto e água pluvial................................53
Figura 4.1.1.6. Passagem da tubulação de água da cozinha................................54
Figura 4.1.1.7. Shafts com os hidrômetros.............................................................54
Figura 4.1.1.8. Passagem da tubulação de águas pluviais....................................55
Figura 4.1.1.9. Passaagem da tubulação do gás no shaft.....................................55
Figura 4.1.1.10. Revestimento cerâmico da área de serviço e cozinha...................56
Figura 4.1.1.11. Forro de gesso acartonado e moldura e esquadria de alumínio..56

Figura 4.1.2.1. Perspectiva do Residencial B.........................................................58


Figura 4.1.2.2. Implantação do Residencial B........................................................59
Figura 4.1.2.3. Fundação de sapata do Residencial B...........................................60
Figura 4.1.2.4. Alvenaria usada no Residencial B..................................................60
Figura 4.1.2.5. Alvenaria usada no residencial B...................................................61
Figura 4.1.2.6. Execução de vigas e pilares...........................................................61
Figura 4.1.2.7. Forro de gesso acartonado.............................................................62
Figura 4.1.2.8. Passagem de água fria nas paredes..............................................62
Figura 4.1.2.9. Chapisco nas paredes....................................................................63
Figura 4.1.2.10. Revestimento das paredes da cozinha e área de serviço.............64
Figura 4.1.2.11. Parede de gesso e moldura............................................................64
Figura 5.7.1. Gráfico dos valores gastos.............................................................66
LISTA DE QUADROS E TABELAS

Tabela 3.2.7.1.1. Valores de ɤm.................................................................................33


Tabela 3.2.7.1.3. Número mínimo de corpos de prova poe tipo de elemento de
alvenaria..........................................................................................35
Tabela 3.3.3.2. Resistência à compressão (fb).......................................................44
Tabela 5.7.1. Tabela dos valores gastos..............................................................65
Tabela 5.7.2. Tabela comparativa do período de execução das etapas..............66
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................14

2. OBJETIVO..............................................................................................................16

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................18
3.1. Hstória no Brasil...............................................................................................19
3.2 Alvenaria Estrutural.....................................................................................22
3.2.1. Racionalização...............................................................................................22
3.2.2. Vantagens da alvenaria estrutural.................................................................23
3.2.3. Limitações da alvenaria estrutural.................................................................24
3.2.4. Termos, definições e normas.........................................................................25
3.1.4.1. Normas técnicas.............................................................................................27
3.2.5. Componentes da alvenaria estrutural............................................................29
3.2.6. Principais parâmetros considerados para a adoção do sistema...................30
3.2.6.1. Amarração direta da parede..........................................................................30
3.2.6.2. Amarração indireta da parede........................................................................32
3.2.7. Requisitos de projeto e cálculo da alvenaria estrutural.................................33
3.2.7.1. Resistência à compresssão da alvenaria estrutural......................................33
3.2.7.2. Elaboração de projetos..................................................................................36
3.2.7.3. Instalações hidráulicas...................................................................................38
3.3. Alvenaria de Vedação..................................................................................40
3.3.1. Vantagens da Alvenaria de Vedação.............................................................42
3.3.2. Limitações da Alvenaria de Vedação.............................................................42
3.3.3. Componentes da Alvenaria de Vedação.......................................................43
3.3.3.1. Blocos Cerâmicos de Vedação......................................................................43
3.3.3.2. Resistência à Compressão do bloco de vedação (fb)...................................43
3.3.3.3. Tijolo Furado..................................................................................................44
3.3.3.4. Vantagem do Tijolo Cerâmico em Relação ao Bloco de Concreto...............46
3.3.3.5. Limitações do Tijolo Cerâmico em Relação ao Bloco de Concreto...............46
3.4. Resíduos Gerados na Obra de Alvenaria Estrutural.................................46
3.5 Principais Diferenças entre Alvenaria de Vedação e Alvenaria Estrutural
........................................................................................................................47

4. ESTUDO DE CASO................................................................................................49
4.1. Comparação entre Construções de Alvenaria Estrutural e Alvenaria de
Vedação ........................................................................................................49
4.1.1. Residencial A..................................................................................................49
4.1.2. Residencial B..................................................................................................57

5. ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................65
6. CONCLUSÃO.........................................................................................................67

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...............................................................................69
1.INTRODUÇÃO

Segundo a Wikipédia, Alvenaria é a construção de estruturas e de paredes


utilizando unidades unidas entre si por argamassa. Estas unidades podem ser
blocos (de cerâmica, de vidro, de concreto e pedras).
A alvenaria pode servir tanto como vedação quanto estrutura de uma
edificação. Neste segundo caso, assume o nome de alvenaria estrutural. (Wikipédia)
A principal finalidade da alvenaria estrutural é distribuir as cargas verticais e
horizontais para as fundações. Essa distribuição é feita através das paredes e na
alvenaria de vedação essa distribuição de cargas é feita através de através de
estrutura de concreto armado, constituída de vigas e pilares.
Alguns dos materiais usados na alvenaria são:
 Pedra natural;
 Bloco de concreto;
 Bloco sílico-calcário;
 Bloco de concreto celular autoclavado;
 Bloco cerâmico;
 Tijolo de vidro;
 Tijolo solo-cimento;
 Tijolo cerâmico;
 Placas de concreto pré-fabricada.

As técnicas construtivas no mercado da construção civil apresentam-se cada


vez mais desenvolvidas. As construções em alvenaria de vedação ou alvenaria
estrutural são mais usuais em edificações residenciais e comercias. As estruturas
metálicas e pré-moldadas são mais usuais em galpões industriais.
A alvenaria estrutural é uma ótima escolha de método construtivo, pois é uma
alvenaria racionalizada, com significativa redução de custos quando utilizada
corretamente, podendo ser executada com blocos cerâmicos e de concreto.
A economia, segurança, qualidade e rapidez de execução, permitem a
alvenaria estrutural adequar-se a todos os tipos de construções, sejam simples ou
de alto padrão.
No entanto, a falta de mão-de-obra qualificada para a alvenaria estrutural,
tanto no conhecimento de cálculos, quanto na execução e controle da obra, é um
dos motivos pelo qual muitas empresas ainda usam o método construtivo de
vedação.
2.OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo principal, uma análise simplificada da


aplicação da alvenaria com blocos cerâmicos, considerando que este material é
amplamente utilizado na construção civil, principalmente para edifícios residenciais.
A análise consiste no estudo do sistema construtivo em alvenaria estrutural e
alvenaria de vedação com blocos cerâmicos.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A alvenaria tem sua origem a cerca de 5000 aC, sendo considerado o sistema
construtivo mais antigo da humanidade. Nessa época os tijolos eram secos ao sol, e
a partir de 3000 aC os tijolos passam a ser secos em fornos. (Figura 3.1)
Figura 3.1.: Tijolos de barro em duas de
suas dimensões habituais.

Fonte: Tacao Kageyama, Sunao Kishi, Célia Regina Moretti Meirelles, Revista Mackenzie de
Engenharia e Computação, v. 6, n. 6-10, p.48 (2009).

No século XIX a alvenaria estrutural passou a ser mais utilizada, o que antes
era feito de forma empírica, com paredes muito espessas, passam a ter suas
dimensões reduzidas em função da evolução dos métodos de cálculos. O primeiro
edifício de alvenaria estrutural construído no mundo foi o Edifício Monadnock, em
Chicago (figura 3.2). Possuía 16 pavimentos, 65 metros de altura e uma parede com
espessura de 1,80 m.
Figura 3.2.: Edifío Monadlock

Fonte: Allan Brunettin

Com o aprimoramento das técnicas construtivas e dos materiais utilizados na


alvenaria, o cimento e o aço se tornam evidentes a partir do século XX, dada
vantagem de construir edificações com grandes aberturas de vãos e mais esbeltas.
Obtendo o domínio do mercado da construção civil, a estrutura em concreto
armado se tornou um sistema estrutural predominante, figura 3.3, fazendo com que
o sistema de alvenaria estrutural fosse deixado de lado, tendo como consequência a
paralização de pesquisas e do seu desenvolvimento. (João Carlos de Campos)
Por volta de 1950, as normas técnicas passam por revisões com base em
experimentações laboratoriais e métodos de cálculos considerando as resistências
das alvenarias.
Em 1951, o engenheiro suíço Paul Haller dimensionou e construiu na
Basiléia, um edifício de 13 pavimentos em alvenaria estrutural. Este edifício foi um
marco na história. Foram, então, retomadas as pesquisas sobre o comportamento
estrutural da alvenaria. (João Carlos de Campos)
Figura 3.3: Estrutura em alvenaria de vedação

Fonte: João Carlos de Campos


3.1. História no Brasil
A taipa, técnica que chegou ao Brasil na época da colonização, foi
preponderante na construção de edificações, pois a durabilidade era a maior
preocupação.
Há exemplos de edificações construídas em taipa na capital paulista, cidades
do interior do Estado e em diversas regiões do país.
Por ser uma terra simplesmente apiloada e cocada, a taipa necessita de uma
espessura extremamente exagerada para adquirir rigidez. Isso fazia com que os
espaços úteis da edificação diminuíssem. (Figura 3.1.1)

Figura 3.1.1: Construção em taipa, do século XVII – São Paulo, SP.

Fonte: Tacao Kageyama, Sunao Kishi, Célia Regina Moretti Meirelles, Revista Mackenzie de
Engenharia e Computação, v. 6, n. 6-10, p.47 (2009)

Fotografia 3.1.2: Construção de pau a pique, década de 1990.

Fonte: Tacao Kageyama, Sunao Kishi, Célia Regina Moretti Meirelles, Revista Mackenzie de
Engenharia e Computação, v. 6, n. 6-10, p.47 (2009)
Por ser muito espessa e pesada, a taipa foi substituída por paredes menos
espessas de pau a pique, formada por uma trama de paus finos preenchidos com
barro. (Figura 3.1.2)
Mas ainda era preciso encontrar um meio mais eficiente de construção para
se conseguir mais agilidade e versatilidade.
Figura 3.1.3: Construção em cantanaria – São Luís, MA.

Fonte: Wissenbach e Tauil (1990).

Conforme a figura 3.1.3 do Sobrado Lagos & Cia localizado em São Luís –
MA. É também considerado como uma referência de método construtivo, neste
caso, o da Cantanaria que é constituído de blocos de granito assentados peça por
peça. Alguns exemplos de cantanaria estão em São Luiz no estado do Maranhão e
em outras capitais e sítios urbanos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a indústria de cimento Portland se instalou
no Brasil, dando início ao uso das estruturas em concreto armado. Como exemplo o
Edifício Martinelli, em São Paulo, com 30 pavimentos.
Conforme o Manual técnico de alvenaria da Associação Brasileira de
Construção Industrializada – ABCI – (Wissenbach; Tauil , 1990), nesse período pós
guerra era usada a alvenaria de vedação e apenas por meados da década de 60 foi
introduzida a alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto, com a construção
de prédios de até 4 pavimentos. Um exemplo foi o Condomínio Parque Lapa, com
1.024 apartamentos em São Paulo. (Figura 3.1.4)
Figura 3.1.4: Condomínio Central Parque Lapa, São Paulo.

Fonte: Tacao Kageyama, Sunao Kishi, Célia Regina Moretti Meirelles, Revista Mackenzie de
Engenharia e Computação, v. 6, n. 6-10, p.52 (2009)

Conforme a Revista Mackenzie de Engenharia e Computação, a partir da


década de 1970 as exigências de mercado obrigaram as indústrias de blocos
cerâmicos, (Figura 3.1.5), a ter padronização e controle de qualidade dos materiais,
fatores indispensáveis para tornar os produtos competitivos.

Figura 3.1.5: Blocos cerâmicos.

Fonte: Tacao Kageyama, Sunao Kishi, Célia Regina Moretti Meirelles, Revista Mackenzie de
Engenharia e Computação, v. 6, n. 6-10, p.50 (2009)
Em 1982, após a visita técnica do engenheiro calculista americano Green
Fenver, contratado como consultor técnico da construção do Central Parque Lapa,
no Brasil, profissionais da construção civil do Brasil se uniram para definir as normas
em blocos estruturais da associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). (Tacao
Kageyama, Sunao Kishi, Célia Regina Moretti Meirelles)

3.2. Alvenaria estrutural

Segundo Odilon Pancaro Cavalheiro, Alvenaria estrutural é toda a estrutura


em alvenaria, predominantemente laminar, dimensionada por procedimentos
racionais de cálculo para suportar cargas além de seu peso próprio. Possui dupla
função, ou seja, vedação e estrutural.

3.2.1. Racionalização

A racionalização construtiva pode ser entendida como uma aplicação mais


eficiente dos recursos em todas as etapas desenvolvidas para a construção de um
edifício, desde os projetos a execução no canteiro de obras.
A preparação do canteiro e o planejamento da execução das etapas da obra
resultam, de forma positiva, diminuição de custo e tempo de execução dos serviços
no final da obra.
“Racionalização é o processo dinâmico que torna possível a otimização do
uso dos recursos humanos, materiais, organizacionais, tecnológicos e
financeiros, visando atingir objetivos fixados nos planos de desenvolvimento
de cada país e de acordo com a realidade socioeconômica própria.
’’(SABBATINI apud FRANCO, 1989).

“Aplicação mais eficiente de recursos para obtenção de um produto dotado


de maior efetividade possível”. (ROSSO apud FRANCO, 1980).

“Baseia-se no esforço para aumento do desempenho e produtividade pela


aplicação de todas as possíveis medidas para incrementar a produção, para
garantir a melhor utilização dos materiais, equipamentos e mão-de-obra, no
canteiro de obras e no processo de produção". (TESTA apud FRANCO,
1972)

3.2.2.Vantagens da alvenaria estrutural


ROMAN (1990), diz que a principal vantagem da alvenaria estrutural está no
fato de que um mesmo elemento pode ter várias funções.
Segundo o mesmo autor (1996) as principais vantagens da alvenaria
estrutural de blocos cerâmicos, são:
 Ser apropriado a uma grande variedade de usos funcionais;
 Mais econômica, em alguns casos, do que estruturas em aço ou concreto;
 Distribuição das cargas verticais através das paredes estruturais ao solo
(figura 3.2.2.1);
 Por não ser necessário o uso de fôrmas para vigas e pilares torna-se uma
construção mais rápida em relação à alvenaria de vedação;
 Reduzir o número de subcontratados e tipos de material em obra;
 Facilitar supervisão em obra;
 Ser durável, com pequena manutenção;
 Bom isolamento térmico e acústico;
 Permitir uma fácil interpretação do projeto pelo responsável no canteiro de
obras por ser baseado em uma unidade de pequena dimensão (bloco) e
planta com detalhamentos de paredes e as duas primeiras fiadas;
 Facilitar a contratação de mão-de-obra qualificada e dispensa armadores e
carpinteiros;
ROMAN; MUTI e ARAÚJO (1999) também afirmam que a alvenaria estrutural
é de 15 a 20% mais econômica que a alvenaria de vedação por reduzir a quantidade
de madeira, aço e concreto, usar uma espessura menor de revestimento e ter maior
rapidez de execução.

Figura 3.2.2.1: Carga distribuída no solo através da parede.


Fonte: João Carlos dos Santos

3.2.3. Limitações da alvenaria estrutural


Como todo sistema construtivo, a alvenaria estrutural também tem suas
limitações: (ROSEMEIRE MAZZER)
 O projeto arquitetônico deve ser adequado ao arranjo espacial das paredes
de acordo com a modulação da obra;
 Pode ser usado em edificações esbeltas;
 Suas paredes tem função estrutural não podendo ser removidas ou até
mesmo cortadas. No entanto, é possível o uso de paredes não estruturais
(vedação), prevendo uma possível reforma na edificação;
 Necessidade de mão de obra qualificada. O desconhecimento sobre materiais
e técnicas construtivas pode resultar em intervenções ineficientes, falhas e
manutenção de construção no edifício em uso;
 Necessidade de um controle rigoroso dos materiais usados para a execução
dos serviços.
3.2.4. Termos, definições e normas
Para este trabalho foram adotadas as seguintes definições da Norma Técnica
Brasileira NBR 15812-1 – Alvenaria Estrutural – Parte 1 – Projetos – Terminologia e
requisitos.
 Componente: Menor parte dos elementos da estrutura. Os principais são:
bloco, junta de argamassa, graute e armadura;
 Bloco: componente básico da alvenaria;
 Junta da argamassa: Componente utilizado na ligação dos blocos;
 Graute: Componente utilizado para o preenchimento de espaços vazios de
blocos, com a finalidade de solidarizar armaduras à alvenaria ou aumentar
sua capacidade resistente;
 Elemento: Parte da estrutura elaborada constituída da reunião de dois ou
mais componentes;
 Elemento de alvenaria não armado: Elemento de alvenaria no qual a
armadura é desconsiderada para resistir aos esforços solicitantes;
 Elemento de alvenaria armado: Elemento de alvenaria no qual são utilizadas
armaduras passivas que são consideradas para resistir aos esforços
solicitantes;
 Elemento de alvenaria protendido: Elemento de alvenaria no qual são
utilizadas armaduras ativas;
 Parede estrutural: Toda parede admitida como participante da estrutura;
 Parede não estrutural: Toda parede não admitida como participante da
estrutura;
 Cinta: Elemento estrutural apoiado continuamente na parede, ligado ou não
as lajes, vigas ou contravergas;
 Coxim: Elemento estrutural não contínuo, apoiado na parede, para distribuir
cargas concentradas;
 Enrijecedor: Elemento vinculado a uma parede estrutural com a finalidade de
produzir um enrijecimento na direção perpendicular ao seu plano (figura
3.2.4.1);
Figura 3.2.4.1: Enrijecedor ou contraventamento
Fonte: Manual Técnico de Alvenaria

 Viga: Elemento linear que resiste a flexão e cujo vão seja maior ou igual a
três vezes a altura da seção transversal;
 Verga: Viga alojada sobre abertura de porta ou janela e que tem a função
exclusiva de transmissão de cargas verticais para as paredes adjacentes à
abertura;
 Contraverga: Elemento estrutural colocado sob o vão de abertura com a
função de redução de fissuração nos seus cantos;
 Pilar: elemento linear que resiste a cargas de compressão e cuja maior
dimensão da seção transversal não exceda 5 vezes a menor dimensão;
 Admite-se que as lajes maciças ou lajes painéis (devidamente solidarizadas
entre si) têm o funcionamento de diafragmas rígidos, enquanto as lajes
nervuradas mistas, quando analisadas perpendicularmente à direção de
suas nervuras, têm o funcionamento de diafragmas semi-rígidos,
necessitando de reforços complementares de forma a objetivar a efetiva
transmissão dos esforços às paredes;
 Juntas de dilatação: Juntas usualmente verticais e contínuas, seccionando
todos os componentes estruturais, isolando trechos da construção.
 Excentricidade: Distancia entre o eixo de um elemento estrutural e a
resultante de uma determinada ação que atua sobre ele;
 Área bruta: Área de um componente ou elemento, considerando as
dimensões externas e desconsiderando a existência dos vazios;
 Área líquida: Área de um componente ou elemento, com desconto das áreas
dos vazios da área bruta;
 Prisma: Corpo-de-prova obtido pela superposição de blocos unidos por junta
de argamassa, grauteados ou não;
 Amarração direta no plano da parede: Padrão de distribuição dos blocos no
plano da parede, na qual juntas verticais se defasam em no mínimo 1/3 do
comprimento dos blocos;
 Junta não amarrada no plano da parede: Toda parede com junta não
armada no seu plano deve ser considerada não estrutural, exceto se existir
comprovação experimental de sua eficiência ou efetuada a amarração
indireta;
 Amarração direta de paredes: Ligação de paredes por intertravamento de
blocos, com a interpenetração alternada de 50% das fiadas de uma parede
na outra ao longo das interfaces comuns;
 Amarração indireta de paredes: Ligação de paredes com junta vertical a
prumo em que o plano da interface comum é atravessado por armaduras e
furos verticais grauteados ou telas metálicas ancoradas em juntas de
assentamento.

3.2.4.1. Normas técnicas

Para a alvenaria estrutural de blocos cerâmicos, seguem vigentes:


 A NBR 15812-1 - Alvenaria Estrutural e NBR 15812-2 - Alvenaria Estrutural,
em vigor desde 2010 e revisadas em 2011, tratam, respectivamente, do
projeto e da execução e controle de obras da alvenaria estrutural usando
blocos cerâmicos. Esse sistema construtivo exige um projeto cuidadoso,
obedecendo às normas técnicas em vigor, além de carregar ótimo custo-
benefício e organização.
A NBR 15270, em vigor desde 2005, é dividida em três partes:
 NBR 15270-1 que trata da utilização dos blocos cerâmicos na alvenaria de
vedação. Define os termos e fixa os requisitos dimensionais, físicos e
mecânicos exigidos para os blocos cerâmicos de vedação a serem utilizados
em obras de alvenaria de vedação, com ou sem revestimento;
 NBR 15270-2 tem o mesmo objetivo que a NBR 15270-1, mas trata da
utilização dos blocos cerâmicos na alvenaria estrutural;
 NBR 15270-3 trata de métodos de ensaios em laboratórios de blocos
cerâmicos que serão utilizados na alvenaria estrutural e alvenaria de
vedação.
Outras normas técnicas:
 NBR 13276 - Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e
tetos – preparo da mistura e determinação do índice de consistência, 2005;
 NBR 13277 - Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e
tetos – determinação da retenção d’água, 2005;
 NBR 13278 - Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e
tetos – determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado;
 NBR 13279 - Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e
tetos – determinação da resistência à tração na flexão e à compressão, 2005;
 NBR 13280 - Argamassa para revestimento de paredes e tetos –
determinação da densidade de massa aparente no estado endurecido, 2005;
 NBR 13279/2005 – Argamassa para Assentamento e revestimento de
paredes e tetos - Determinação da resistência à tração na flexão e à
compressão;
 NBR 7175 - Cal hidratada para argamassas, 2003;
 NBR 15961- Alvenaria Estrutural – Blocos de concreto, 2011;
 NBR 7211 – Agregados para concreto – Especificações, 2005;
 NBR 7480/2008 - Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto
armado.
 NBR 6120/ 1980 (corrigida em 2000) – Cargas para cálculo de estruturas de
edificações.
 NBR 6123/1988 (Corrigida em 1990) – Forças devidas ao vento em
edificações.
3.2.5. Componentes da alvenaria estrutural
 Blocos: Os blocos devem atender as especificações das normas técnicas,
sendo NBR 15270 para bloco estrutural cerâmico e NBR 15961 para bloco
estrutural de concreto.
 Argamassa de assentamento e graute: A junta de argamassa tem função de
unir os blocos e contribui para a vedação da alvenaria, sendo aplicada com
espessura de um centímetro, tanto na vertical quanto na horizontal. A
resistência da argamassa é determinada através de ensaios, onde o corpo de
prova é moldado em formato cilíndrico com 10 cm de altura e rompido numa
prensa.
O graute é utilizado para preencher os espaços vazios de blocos, com a
finalidade de solidarizar a armadura ao bloco e aumentar a resistência da alvenaria.
O graute pode ser produzido industrialmente com maior controle de qualidade no
canteiro de obras, desde que seja atendida as especificações de resistência. Os
materiais usados na produção do graute são:

a) cimento;

b) cal hidratada;

c) agregados;

d) água.

 Armadura: Na falta de ensaios pode-se adotar o módulo de elasticidade igual


a 210 GPa. (NBR 7480/2008).

3.2.6. Principais parâmetros considerados para adoção do sistema


Deve-se decidir pela alvenaria que melhor atenda ao projeto arquitetônico, ao
incorporador e à condição financeira do usuário que irá adquirir o imóvel. (TAKAO,
SUNAU, CÉLIA, 2001).
Segundo o Professor João Carlos de Campos, em casos usuais, o acréscimo de
custo para a execução da Alvenaria Estrutural é compensado com folga pela
economia obtida com a retirada dos pilares e vigas.
“O uso da alvenaria não-armada é recomendado sempre que
possível, pois não se têm sismos no país.
Um edifício em alvenaria estrutural não-armada pode ficar mais econômico
que o mesmo executado em alvenaria de vedação.
A armação de paredes é sempre necessária quando as tensões de
tração superam os valores admissíveis conforme a NBR 15961-1/2011, pois
são relativamente baixas.
Em geral, as armaduras são utilizadas nos edifícios mais elevados,
onde as ações horizontais provenientes do vento e do desaprumo são mais
significativas.” (JOÃO CARLOS DE CAMPOS)

3.2.6.1. Amarração direta de parede


É a ligação de paredes por intertravamento dos blocos com a interpenetração
de 50% das fiadas de uma parede com a outra ao longo das interfaces comuns.
(NBR 15812-1, 2010 - Alvenaria Estrutural – Parte 1 – Projetos).
Figura 3.2.6.1.1: Amarração de canto.

Fonte: Acervo próprio

Conforme a norma técnica NBR 15270-1 - Componentes cerâmicos - Parte 1:


Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação — Terminologia e requisitos, os blocos
são divididos em famílias para facilitar a construção das alvenarias e suas
amarrações, tendo como característica comum mesma largura.
As modulações dos blocos são de 15 e de 20 centímetros. A amarração direta
pode ser de canto, em “T” e em cruz.(Figura 3.2.6.1.1, Figura 3.2.6.1.2 e figura
3.2.6.1.3).
Figura 3.2.6.1.2: Amarração de canto e “T”.

Família de blocos - 15 Família de blocos - 20

Fonte:Rosemeire Mazzer

Figura 3.2.6.1.3: Amarração tipo “Cruz”, para família de blocos de 15 e 20


Fonte: Rosemeire Mazzer

3.2.6.2. Amarração indireta de paredes


É a ligação de paredes com junta
vertical a prumo em que o plano da interface
comum é atravessado por armaduras
normalmente constituídas por grampos
metálicos ancorados em furos verticais
grauteados, ou por telas metálicas nas juntas de
assentamento, mostrada na figura
3.2.6.2.1. (NBR 15812- 1, 2010 - Alvenaria
Estrutural – Parte 1 – Projetos).

Figura 3.2.6.2.1: Amarração Indireta

Fonte: Rosemeire Mazzer


3.2.7. Requisitos de projeto e cálculo da alvenaria estrutural
Uma estrutura de alvenaria deve ser projetada de modo que esteja apta a
receber todas as influências ambientais e ações que sobre ela produzam efeitos,
tanto na sua construção quanto durante a sua vida útil.

3.2.7.1. Resistência à compressão da alvenaria estrutural


A resistência de cálculo é obtida dividindo-se a resistência característica pelo
coeficiente de ponderação da resistência. A tabela 3.2.7.1.1 mostra os coeficientes
de ponderação para verificação do ELU (Estado Limite Último), conforme a NBR
15812-1/2010 – Blocos Cerâmicos – Parte 1 – Projetos.

Tabela 3.2.7.1.1: Valores de ɤm

Combinações Alvenaria Graute Aço

Normais 2,0 2,0 1,15

Especiais ou de 1,5 1,5 1,15


construção

Excepcionais 1,5 1,5 1,0

Fonte: NBR 15812-1 (2010, p.10)

O ELS (Estado Limite de Serviço) não necessita de minoração e para a


aderência entre o aço e o graute, ou argamassa que o envolve, deve-se adotar o
valor ɤm = 1,5.

Quadro 3.2.7.1.1: Classificação das ações


Fonte: Parsekian (Cálculo de Alvenaria Estrutural em Blocos Cerâmicos, 2008, p.106).

Em uma pesquisa feita por Garcia (2000) foi observado que para se obter
uma resistência ideal, a argamassa deve ter a mesma resistência à compressão do
bloco, assim trabalhando os componentes em conjunto.
Para o dimensionamento da estrutura devem ser consideradas as ações
permanentes e excepcionais, pois produzem um estado de tensão nos elementos
estruturais. (Tabela 3.2.7.1.1)
As ações verticais são definidas pela NBR 6120/ 2000 – Cargas para cálculo
de estruturas de edificações.
As ações dos ventos são definidas pela NBR 6123/ 1988 – Forças devidas ao
vento em edificações.
Alguns ensaios devem ser feitos para medir a resistência à compressão.
A caracterização da alvenaria deve ser feita através de ensaios de prismas ou
de paredes pequenas, ou paredes em escala natural executadas com materiais que
serão usados na estrutura (blocos, argamassa e graute). Deve-se recolher um
número mínimo de corpos de prova, conforme a tabela 3.2.7.1.2 da NBR 15812-
1/2010 - Blocos Cerâmicos – Parte 1 – Projetos.

Tabela 3.2.7.1.2: Número mínimo de corpos de prova por tipo de elemento de alvenaria.

Tipo de elemento de Número de


Alvenaria corpos de prova

Prisma 12
Pequena parede 06
Parede 03

Fonte: NBR 15812-2 (2010, p.9)

Os ensaios dos prismas e pequenas paredes devem ser realizados conforme a


NBR 15812-2/2010 - Blocos Cerâmicos – Parte 2 – Execução e Controle de Obras.
Os ensaios de paredes devem ser realizados conforme a NBR 8949/1985 - Paredes
de Alvenaria Estrutural - Ensaio à Compressão Simples.
. Esses ensaios definem o valor da resistência característica à compressão da
parede.
Pode-se estimar a resistência característica à compressão simples como
sendo 70% do prisma ou 80% da pequena parede.
Conforme Santos (2008), alguns fatores influenciam na resistência da
alvenaria:
 A espessura da junta de argamassa;
 Tipo de assentamento dos blocos;
 Geometria à tração dos blocos;
 Resistência à tração dos blocos;
 Índice de absorção dos blocos;
 Resistência à compressão da alvenaria;
 Resistência à compressão da argamassa;
 Fator de eficiência;
 Módulo de elasticidade dos materiais.

3.2.7.2. Elaboração de projetos


O projeto de alvenaria deve ser elaborado com base no projeto arquitetônico, a
partir do projeto de alvenaria estrutural são elaborados os demais projetos de
instalações prediais, tais como: hidráulica, elétrica e ar condicionado conforme
mostrado na figura 3.2.7.2.1.
O projeto de alvenaria estrutural deve conter desenhos técnicos com as plantas
da modulação de primeira e segunda fiadas, detalhamento de todas as paredes,
vista em elevação, além das especificações de resistências e dimensões dos
elementos. Em casos especiais de elementos longos, como os muros, por exemplo,
as plantas e elevações podem ser representadas parcialmente.
Devem ser apresentados detalhes de amarração das paredes, localização dos
pontos grauteados e armaduras, e posicionamento das juntas de controle e de
dilatação.
Na alvenaria estrutural, o projetista define o tipo de bloco a ser usado (concreto
ou cerâmico), e suas dimensões modulares. (TAKAO, SUNAU, CÉLIA, 2001).
As especificações de projeto devem conter as resistências características dos
prismas e grautes, as faixas de resistência média à compressão das argamassas
(conforme NBR 13281- Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e
tetos - Requisitos) e a categoria, classe e bitola dos aços a serem adotados. (NBR
15812-1 - Alvenaria Estrutural – Parte 1 – Projetos.
A seguir alguns itens que devem ser considerados no desenvolvimento de um
projeto de alvenaria estrutural. (Pauzzini)
 Locação dos pontos das instalações elétricas e elétrodutos verticais, os
quais serão passados por dentro dos furos dos blocos;
 Locação de shafts verticais para passagem de tubulações;
 Locação dos quadros de distribuição;
 Locação de ramais hidráulicos com os hidrômetros;
 Locação das peças sanitárias e pontos de água na cozinha, banheiros,
lavabos e área de serviço;
 Locação do ponto de gás natural ou GLP.

Figura 3.2.7.2.1: Modelo de projeto


Fonte: www.pauluzzi.com.br

O projeto de alvenaria estrutural deve ser detalhado, contendo as seguintes


informações:
 Numeração das paredes;
 Planta baixa da primeira e segunda fiadas;
 Posição de vergas e contravergas;
 Especificação do tipo de bloco com suas dimensões e dosagem da
argamassa de assentamento e graute;
 Especificar as resistências características de blocos, prisma, graute e
argamassa de assentamento;
 Espessura das juntas de argamassa entre os blocos;
 Detalhamento das ligações entre a alvenaria estrutural e paredes não
estruturais.

3.2.7.3. Instalações hidráulicas

A alvenaria estrutural não permite a instalação de tubulação hidrosanitária,.


De forma que estas instalações devem ser feitas em paredes não-estruturais,
“shafts” hidráulicos, enchimentos, sancas, forros falsos, etc., conforme as figuras
3.2.7.3.1a, 3.2.7.3.1b e 3.2.7.3.1c. (JOÃO CARLOS DE CAMPOS).

Figura 3.2.7.3.1a: Tubulação embutida em Parede hidráulica

Fonte: Felipe Claus Rauber

Figura 3.2.7.3.1b: Parede enchimento – para passagem da tubulação


Fonte: ABCI – Manual Técnico de Alvenaria

Figura 3.2.7.3.1c: Execução de sancas para passagem da tubulação

Fonte: ABCI – Manual Técnico de Alvenaria

No caso das paredes de vedação, que não farão parte da estrutura do


edifício, é permitida a execução de aberturas para embutir as tubulações. (Figura
3.2.7.3.2)

Figura 3.2.7.3.2: Abertura na parede não estrutural feitos para a passagem da tubulação

Fonte: Acervo próprio

3.3. Alvenaria de vedação

A alvenaria de vedação possui função de vedar. É responsável pela divisão


dos ambientes internos e pela proteção do edifício das intempéries. As cargas são
distribuídas pela estrutura de concreto armado, composta de vigas e pilares.
A norma técnica NBR 15270-1 Componentes cerâmicos – Parte 1: Blocos
cerâmicos para alvenaria de vedação, define os termos e fixa os requisitos
dimensionais, físicos e mecânicos exigidos no recebimento de blocos cerâmicos de
vedação que serão utilizados em obras de alvenaria de vedação, com ou sem
revestimento.
Para a construção de elementos como vigas e pilares são usados aço
estrutural e fôrmas de madeira. (Figura 3.3.1 e figura 3.3.2)

Figura 3.3.1: Disposição dos componentes da alvenaria de vedação


Fonte: Comércio FK

Figura 3.3.2: Execução de vigas e pilares

Fonte: Acervo próprio


3.3.1. Vantagens da alvenaria de vedação
Segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Unama no Amazonas a
alvenaria de vedação em bloco cerâmico, possui algumas vantagens construtivas:
 Bom isolamento térmico;
 Bom isolamento acústico;
 Boa estanqueidade à água;
 Excelente resistência ao fogo;
 Excelente resistência mecânica.
 Facilidade de composição de elementos de qualquer forma e dimensão;
 Sem limitações de uso em relação às condições ambientais.
 Total disponibilidade de matérias primas em qualquer região;
 Não existem restrições em relação às construções de alvenaria de vedação;
 Não requer mão de obra especializada para sua execução.

3.3.2. Limitações da alvenaria de vedação


A alvenaria de vedação apresenta as seguintes limitações:
 Algumas soluções construtivas são improvisadas durante a execução;
 A quebra de tijolos no transporte e na execução, a utilização de marretas
para fazer aberturas nas paredes e o grande volume de descarte de
material da obra aumenta o desperdício de material;
 A falta de controle durante a execução da obra traz como consequência
a detecção de problemas, como por exemplo, o desaprumo das
paredes. Esse desaprumo gera elevados consumos de revestimento e
argamassa, As paredes são seccionadas para a passagem de
instalações e embutimento de caixas e, em seguida, são feitas
correções com a utilização de argamassa para o preenchimento dos
vazios aumentando as ações permanentes atuantes na estrutura.
Problemas patológicos são causados por diversos fatores, tais como:
 Falta ou inadequação de vergas e contra vergas nas regiões dos vãos
de portas e janelas;
 Qualidade deficiente dos materiais utilizados (tijolos, blocos e
argamassas) e da execução;
 Problemas da ligação da estrutura em concreto armado com a parede
de vedação (ligação pilar / parede e encunhamento).

3.3.3. Componentes da alvenaria de vedação

3.3.3.1. Blocos cerâmicos de vedação


O bloco cerâmico para vedação é produzido para ser usado com furos na
horizontal ou na vertical, conforme figura 3.3.3.1.1 e 3.3.3.1.2 (NBR 15270-1
Componentes cerâmicos - Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação —
Terminologia e requisitos).
Os blocos cerâmicos correspondem a 90% do mercado brasileiro de blocos.

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