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6 Por que os objetos flutuam? Trés vers6es de didlogos entre as explicagées das criancgas e as explicacgdes cientificas Maria Lucia Vital dos Santos Abib ‘Todo professor, ao ensinar, teria que perguntar: “Isso que vou ensinar, € ferramenta? F brinquedo””. Se nao for, é melhor deixar de lado. Rube Alves Introdugao A ciéncia e a tecnologia estao cada vez mais presentes em nosso mundo atual. Aprender Ciéncias de modo a compreender 0 que se passa 4 nossa volta e, assim, poder participar de modo critico na sociedade ¢ uma necessidade con- temporanea inquestionavel. Isso significa que precisamos trazer para nossas escolas uma alfabetizagio cientifica desde os anos iniciais. Desde cedo, precisamos dar chance as criangas de desenvolver um gosto pela ciéncia e a percepcao de que podem aprender Ciéncias com facilidade. E nesse sentido que a experimentagao como investi- gacdo, mesmo que seja em suas formas mais simples, pode apresentar oportu- nidades de trabalhar tanto as “ferramentas” como os “brinquedos” necessarios ao desenvolvimento dos alunos. Se tomarmos esas finalidades como metas a serem atingidas, em nossas, agées como professores, podemos organizar diversas situagdes de ensino em que as criangas fiquem muito interessadas em entender os fendmenos e a exercer e compartilhar 0 pensamento a respeito deles. Como afirma Lemke (2006), diante de nossas novas formas de viver, precisamos encontrar novas maneiras de ensinar baseadas especialmente nas possibilidades de os alunos expressarem suas ideias, no didlogo entre essas € 0s conceitos cientificos e, acima de tudo, nas ag6es de mediagdo que podemos exercer. 94 | Ensino de Ciéncias por investigacao Com essa perspectiva, propamos neste capitulo trés situagdes de ensino sobre um tema muito presente no cotidiano das criangas: a flutuacio dos corpos. A base principal das propostas de ensino é sua organizacao de modo a promover aproximagées, didlogos, estruturados em trés niveis de dificuldade, entre as ideias dos alunos sobre os motivos pelos quais os objetos flutuam (ou afundam) ¢ as explicacoes cientificas a respeito desse fendmeno, Estruturamos este capitulo em trés partes. Primeiro, apresentamos resultados de pesquisas sobre as concepgées de criancas e adolescentes sobre o fendmeno. Na sequéncia, discutimos as explicacées cientificas e, posteriormente, apre- sentamos as trés sugestdes de atividades experimentais nas quais as mediagdes do professor podem se dar no sentido de promover diferentes graus de com- preensao sobre a flutuagao. Porque os objetos flutuam? As explicacées das criangas e o pensamento de senso comum As criangas desde muito pequenas observam com muita curiosidade o que ocorre A sua volta. Pela propria iniciativa, muitas vezes elas realizam “experi- mentos” para tentar controlar o efeito de suas agdes € provocagdes com os ob- jetos. Muitas brincadeiras infantis como rodar o pido, jogar bola e brincar na gua propiciam, pouco a pouco, maior chance de sucesso & medida que com- preensdes sobre o que ocorre se tornam mais aprimoradas. Com os adultos, a necessidade de entender 0 que ocorre com alguns dos fendmenos naturais for- temente presentes no cotidiano também leva, com frequéncia, a indagagdes a respeito deles e a um forte interesse a programas de divulgacio cientifica di- vulgados pela midia. E nesse movimento de curiosidade pelo mundo, muitas vezes potencializado pelo contexto cultural, que os individuos, ao longo de seu proceso de desen- volvimento podem elaborar e reelaborar suas explicagdes sobre os fendmenos. Muitos fendémenos que ocorrem no cotidiano chamam bastante a atencio das pessoas. Entre eles, a flutuagao dos corpos aparece com frequéncia como um fendémeno instigante. Por exemplo, as criangas desde muito cedo comegam a perceber a influéncia do peso dos objetos e, dependendo das suas vivencias, vao passam a incorporar novos elementos as explicagdes sobre as causas desse fendmeno. Em estudos realizados em diversos contextos escolares pudemos constatar que alunos das séries intermediarias do Ensino Fundamental, os ado- lescentes e mesmo os adultos, que nao tiveram acesso as explicagées cientificas a respeito do tema, comecam a elaborar explicagOes para a flutuagdo que Por que os objetos flutuam?... | 95 incluem propriedades diversas além do proprio peso. Em situagdes de experi- mentagao nas quais podem realizar obseryag6es sobre objetos com caracteris ticas bem diferentes tornam suas explicagdes mais complexas e passam a in- corporar outras propriedades como o tamanho do corpo, seu formato, o tipo de material que constitui o corpo ¢ outras informagées. As vezes, referem-se a “forca da agua” ou ao modo de colocar o objeto na superficie e, no caso de ob- jetos abertos e dos muitos finos, como laminas e agulhas, 4 importancia de manter seu equilibrio na superficie para nao entrar Agua. E muito interessante notar que as explicacées de uma mesma pessoa variam bastante de situacio para situagio, nao havendo, em grande parte dos casos, a busca de uma expli- cago geral e tinica valida para a maioria dos objetos. Dois estudos desenvolvidos por Jean Piaget e Barber Inhelder em suas in- vestigagdes sobre os processos de desenvolvimento de nogées fisicas (1971), € das explicacées causais de varios fendmenos fisicos (Inhelder e Piaget, 1976), podem nos ajudar a compreender formas de elaboragio das concepgées de nossos alunos. No caso da flutuagao dos corpos, esses pesquisadores realizaram uma in- vestiga¢do muito interessante ¢ elucidativa. Apresentavam a criangas de varias idades um conjunto de diversos objetos ¢ um recipiente com agua. Inicialmente, solicitavam que se fizessem previsdes sobre o que ocorreria se fossem colocados na agua. Em seguida, pediam que observassem seus comportamentos e expli- cassem os motivos pelos quais eles flutuavam ou afundavam.' As respostas apresentadas pelas criancas, diante do desafio de responder as varias perguntas feitas pelos investigadores durante as experimentagOes, mostraram que, a partir de 7 ou 8 anos, elas iam tornando suas explicacées cada vez mais complexas e, de modo surpreendente, chegavam a se aproximar, em maior ou menor grau, das explicacées cientificas sobre 0 fendmeno, revelando crescente complexidade das concepgdes e explicagdes causais. Esse movimento iniciava-se com explicag6es muito simples, como “esse pa- tinho boia porque gosta de nadar’, que mostra um carater animista, em que criangas muito novas (em torno de 4 anos), pela sua maneira de conceber 0 mundo, projetam agées “deliberadas” aos objetos inanimados. Com criangas um pouco mais velhas, 0s investigadores verificaram que as explicagdes basea- * Uma maneira de aprofundar a compreensdo sobre as possiveis hipéteses explicativas que possam surgir em atividades de ensino sobre esse tema é realizar previamente, em cariter explo: ratério, uma atividade como essa para criangas ou adultos com as mesmas solicitagoes feitas pelos pesquisadores. Para uma compreensao sobre os resultados, pode ser feita uma consulta & obra (Inhelder e Piaget, 1976, cap. 3). 96 | Ensino de Ciéncias por investigacao vam-se no peso dos objetos e, com a evolugao da idade, passavam a considerar outras propriedades que iam, paulatinamente, incluindo a comparagao entre 0 peso do objeto e seu tamanho, ou seja, comecavam a elaborar uma nogao pre- liminar de peso especifico (0 peso total comparado ao tamanho), préxima a ideia de densidade. Ja no inicio da adolescéncia, com a evolucao das formas de pensar e do amadurecimento das possibilidades de raciocinio dos individuos, esses estudos revelaram a inclusio de novos elementos explicativos para os fendmenos e, principalmente, da formacao do conceito de volume e de sua diferenciacao do conceito de forma. Ou seja, adquiriam a nogio fundamental de conservagio de volume (por exemplo, no caso de objetos maleaveis, como as “massinhas de modelar”, admitem que o volume nio se altera se o formato da “massinha” for mudado). Esse amadurecimento, entio, facilita a construgao da nogao de den- sidade, que é a propriedade mais importante para 0 entendimento da lei de flutuag’o dos corpos. Como destacam Piaget e Inhelder: “Essa lei de flutuagao constitui também uma relacio tinica e nao contraditéria. Ora, para chegar a essa relaco, é neces- sdrio eliminar inicialmente uma série de contradigdes que muitas vezes € dificil evitar (na medida, por exemplo, em que a explicacdo ¢ orientada na direcao apenas do peso, é possivel acontecer que os corpos mais pesados flutuem, ou, ento, que isso ocorra com os mais leves); depois, ¢ preciso separar o elemento comum a varias explicagdes diferentes (peso, volume, ar etc.) (1976, p. 15-16). Essa condigao significa que, para se chegar a uma explicacdo tinica, valida para todos os objetos, € necessario haver o controle de variaveis, que se constitui um_ procedimento dificilmente realizado de forma intuitiva pelos sujeitos. Para organizar atividades de ensino que levem 0s alunos a uma evolucio das suas explicacdes para o fendmeno, considerando que pode ocorrer em di- ferentes graus de aproximagao da explicagao cientifica, é muito importante nao apenas compreendermos as possiveis explicacées esponténeas do pensa- mento infantil, mas também as explicagées cientificas sobre o fendmeno. Por que os objetos flutuam? As explicacées cientificas Em grande parte dos livros didaticos atuais sobre Ciéncias, o tema flutuacio dos corpos comeca a ser tratado nas séries intermediarias no Ensino Funda- mental. Nesses textos, em geral, as explicagdes cientificas aparecem no Principio Por que os objetos flutuam?... | 97 de Arquimedes, que utiliza 0 conceito de empuxo, ou com a Lei de flutuagao dos corpos, que trabalha com 0 conceito de densidade. Vamos tratar de ambos os assuntos. Em situag6es de ensino sobre esse tema, dependendo da série em que for desenvolvido e do enfoque dado, as duas teorias podem ser abordadas. Em particular, como discutiremos adiante, nas séries iniciais do Ensino Fundamental 0 caminho explicativo que envolve a densidade dos objetos torna-se bastante atrativo para se construir os didlogos entre as ideias que os alunos podem trazer para as aulas ¢ os conceitos cientificos. O empuxo Quando tentamos fazer afundar uma bola de borracha na dgua, é bem facil observar a forte ago da égua sobre ela. E dificil manté-la submersa e, quando a soltamos, sobe rapidamente, as vezes “saltando” fortemente para cima. Essa acdo da agua é chamada empuxo ¢ consiste de uma forca dirigida de baixo para cima sobre o objeto imerso, ¢ € 0 resultado da pressdo da dgua sobre ele, como ilustrado nas figuras 1, 2 ¢ 3. Figura 1 Figura 2 Como além do empuxo o objeto, mesmo submerso, também esta sujeito ao peso, sua flutua¢do vai depender da intensidade do empuxo em comparagio ao peso. Para avaliarmos qual sera o resultado final no corpo, precisamos saber medir essas forcas. 2 Na linguagem cotidiana, frequentemente utilizamos a palavra peso para denominar a proprie dade do corpo medida por uma balanga. Na Fisica, hd uma diferenca entre a massa de um corpo € 0 peso. De modo simplificado, 2 massa pode ser considerada a quantidade de matéria que um corpo possui e seu valor € expresso, por exemplo, em gramas (g) ou quilogramas (kg). O peso é considerado a forca exercida pela Terra sobre 0 corpo € é expresso em unidades de forca, por ‘exemplo, em newtons (N). Como essas grandezas sao proporcionais (quanto maior a quantidade da matéria), maior a forga exercida pela Terra, podemos, no caso do fendmeno de flutuacio, trabalhar com a grandeza peso ou com a grandeza massa, em um nivel simplificado, para explicar 0 comportamento de objetos 98 | Ensino de Ciéncias por investigacao O peso dos objetos pode ser facilmente calculado a partir do valor de sua ‘massa medida em uma balanca. Para avaliarmos o empuxo, podemos recorrer aos estudos realizados por Arquimedes que elaborou o seguinte principio: todo corpo imerso total ou parcialmente em um liquido em equilibrio recebe por parte deste uma forga vertical, dirigida para cima, cuja intensidade ¢ igual ao peso do volume do liquido deslocado. Assim, quanto maior a quantidade de liquido que 0 objeto desloca ao ser colocado na égua, maior serd 0 empuxo. Medindo-se o volume deslocado, é possivel saber qual sera 0 valor do empuxo e se comparar ao peso. Essas possi- bilidades de comparagio, possivelmente, geraram a lenda que Arquimedes teria conseguido resolver a tarefa que Ihe fora encomendada pelo rei Hierao de descobrir se a coroa que encomendara a um ourives era de fato de ouro macigo.’ A densidade e a lei de flutuacao Se quisermos explicar por que os objetos flutuam ou afundam com base em suas caracteristicas, podemos utilizar uma “regra” que vale para qualquer objeto, estabelecida e aceita cientificamente, hoje denominada Lei de Flutuagao dos Corpos, que pode ser deduzida a partir do Principio de Arquimedes.* Essa lei fisica trata das condicdes nas quais um corpo flutua ou afunda quando colocado em um liquido. Estabelece que: a. Para um corpo flutuar, é necessario que sua densidade seja menor que a densidade do liquido; b. Para um corpo afundar, é preciso que sua densidade seja maior que a den- sidade do liquido. c. Seas densidades do corpo e do liquido forem iguais, o corpo fica em uma situacao-limite, imerso e em equilibrio no “seio” do liquido. Assim, nas trés situag6es, a densidade do corpo € a propriedade mais rele- vante para explicar seu comportamento (flutuar ou nao). Calcular a densidade dos corpos ¢ dos liquidos é um procedimento facil, pois como € baseada na re- » Para melhor compreensio dessa questo, propagada nos livros didaticos de Ciéncias, é preciso aprofandar nos aspectos histéricos da Ciéncia sobre esse tema, tratado no artigo de Martins (2000): “Arquimedes e a coroa do rei: problemas histéricos” (ver bibliografia). “Um exemplo de dedusio, feita para corpos cam volume bem-definido, pode ser consultada em Abib (1988). Por que os objetos flutuam?... | 99 lagao entre a massa e0 volume do corpo, basta estabelecer a razao (0 quociente) entre essas grandezas e pode-se prever se um objeto vai flutuar, afundar ou ficar em uma “situagao-limite’, na qual o objeto fica prestes a afundar. Uma anilise cuidadosa das figuras a seguir pode ajudar na compreensio das relacées entre as duas formas de explicacao cientifica para o fendmeno: r : E 3 i os Liquido Corpo Liguido Corpo Liquido Corpo deslocado deslocado deslocado m=m Vey > de dad t<& corpo & menos denso O corpo é t80 denso O corpo & mais denso do que o liquido quanto 0 liquido do que 0 liquido O ensino sobre a flutuacao dos corpos: didlogos em trés versGes Alguns estudos cientificos sobre 0 ensino da flutuacao dos corpos buscaram compreender formas de atuacao dos professores e dos alunos em aulas sobre o tema (Abib, 1988; Carvalho et al., 1998). Com base especialmente nos trabalhos de Piaget e suas contribuigdes para o ensino de Ciéncias, foram organizadas propostas para o ensino desse tema ¢ aplicaram-nas em intimeras classes da Escola Basica. Os resultados dessas investigagdes mostraram-se bastante pro- 100 | Ensino de Cincias por investigagio missores tanto para a mobilizacao das agdes dos alunos como em relacdo a evolugao das ideias por cles apresentadas nas aulas. ‘Na perspectiva dessas propostas, a aprendizagem em Ciéncias é entendida no como processos voltados simplesmente a memorizacio de fatos, nomes, leis cientificas com o intuito de suas aplicagdes em situagdes diversas, mas de um proceso de reorganizacoes de ideias. Nessa forma de ver a aprendizagem, oensino é estruturado principalmente pela proposigio de problemas e desafios para os alunos ¢ um ambiente de sala de aula, que muitas vezes inclui a obser- vaco, a experimentagao e a discussao sobre os fendmenos estudados, que pro- picie uma busca de solugées para os problemas propostos. E nesse tipo de am- biente, no qual sao fomentadas novas acdes e ideias, que as criancas podem exercer seu pensamento sobre as coisas e, & medida que expdem diwvidas e des- cobertas para o professor e para os colegas, podem rever suas explicagées in- tuitivas sobre o que ocorre a sua volta e elaborar compreensées mais adequadas ¢ proximas das explicagGes cientificas sobre o fenémeno em discussio. Nesses movimentos, o papel de mediagao do professor é essencial, pois cabe a ele pro- mover os didlogos entre as visGes dos alunos e os conhecimentos cientificos. Com esse propésito, as atividades feitas durante as aulas devem ser estrutu- tadas de modo que levem, na medida do possivel, a um desafio “ideal” de difi- culdade, de modo que nao seja tdo facil a ponto de nao levar o aluno a avangar em seus conhecimentos suas formas de raciocinio, nem tdo dificil a ponto de tornar o obstaculo intransponivel. Assim, em cada aula, com cada grupo de alunos uma das tarefas do professor ¢ observar com atengio as dificuldades que surgem para ajusta-las em diferentes momentos da aula. A seguir, propomos duas versGes principais que podem organizar aulas para serem desenvolvidas no Ensino Fundamental, em especial nas séries iniciais sobre 0 tema da flutuacao dos corpos. Tais versoes foram elaboradas com diferentes niveis de dificuldade e pensadas de modo a permitir adaptagdes para diferentes séries e diversos contextos escolares, incluindo alternativas para 0 desenvolvimento das atividades propostas com 0 uso de materiais experi- mentais simples e de facil acesso. Por que os objetos flutuam?... | 101 Versao 1 - Para inicio de conversa: o destaque ao “peso” dos objetos Os resultados das investigagdes anteriormente mencionadas revelaram que essa abordagem do tema, que enfoca a influncia do “peso” dos objetos,’ pode ser de- senvolvida com criancas logo nas primeiras séries do Ensino Fundamental. No livro desenvolvido por Carvalho et al. (1998), ha a proposicao de uma atividade muito interessante para estabelecer 0 didlogo entre as explicacdes es- pontaneas mais comuns dos alunos dessa fase de escolaridade e as explicagdes cientificas. Nessa situacdo particular, para viabilizar uma primeira aproximacio para o tratamento do fenémeno da flutuagao, a proposta de ensino é feita com uma simplificagéo do fendmeno a ser estudado, pois trabalha com situagdes relacionadas a flutuacao de objetos que podem sofrer alteraces apenas de peso.° Na atividade proposta para os alunos, utiliza-se um pequeno frasco plés- tico com um orificio em cada extremidade, e uma mangueira fina, acoplada em um dos orificios. Esse conjunto, frasco e mangueira acoplados (ver figura a seguir) ao serem colocados em uma bacia com Agua, pode funcionar como se fosse um “submarino’, pois sugando ou assoprando ar pela mangueira, a Agua do recipiente pode entrar e sair pelo outro orificio do frasco, levando 0 objeto a flutuar ou afundar. Saida de ar Entrada de aque 5 Aqui estamos utilizando o termo peso como é comumente referido na linguagem coloquial. Em linguagem cientifica,o peso nao é uma propriedade do objeto. Em termos cientificos, a pro- priedade em pauta seria a massa do corpo (medida por uma balanga). “ Nesse caso, as outras propriedades tambem relevantes para o fendmeno da flutuacdo, como seu volume, sio mantidas inalteradas. 102 | Ensino de Cincias por investigagio A atividade do submarino e os dialogos sobre o fenémeno De acordo com a proposta apresentada (Carvalho et al., 1998) a atividade em aula inicia-se com a apresentagao dos materiais da experiéncia: uma cuba com Agua eo submarino. Na sequéncia, o problema é apresentado a classe, com a seguinte formulacao: “Vocés vio tentar descobrir o que fazer para o submarino subir e descer na égua, quer dizer, pra ele flutuar e afundar” (p. 70) O desafio proposto instiga a curiosidade das criangas, e em um ambiente ludico e estimulante, elas comecam a fazer varias tentativas para resolver 0 problema.’ Os didlogos necessérios entre as explicagées dos alunos ¢ as cientificas ja podem se iniciar, com as intervengdes do professor, durante a experimentacao dos alunos em pequenos grupos e na roda de conversa organizada na classe pela professora ao término da experimentacdo com os materiais. No decorrer da atividade e dos animados diélogos que ocorrem, as criangas explicitam suas ideias aplicando seus conhecimentos, suas percepsdes ¢ lin- guagem propria: “quando chupamos pela mangueirinha a agua entra e o vidri- nho afunda’; “pra subir tem que assoprar pra gua sai”. Os processos de mediagao para auxiliar os alunos a aprender aspectos novos sobre o fendmeno desenvolvem-se por meio de varias perguntas, observacies e organizagao das trocas de ideias: “Como foi que vocés fizeram? Di pra contar direitinho 0 que acontece? Ou ainda, para promover a busca das possiveis causas do fenémeno: “Mas, por que isso acontece?”. As respostas ¢ as intimeras interven¢des dos alunos vio tecendo uma pro- fusdo de trocas de ideias: “porque sai o ar e entra gua’, “porque a agua pesa mais no vidrinho’, “com ar fica mais leve e sobe’, ou ainda, “porque fica mais pesado com a dgua dentro”. Assim, as conversas promovidas pelas interacées entre os alunos, estimuladas pelas perguntas ¢ interven¢ées da professora proporcionam um aprofundamento. das interpretagdes sobre o fendmeno. Levando-se em conta descri¢des sobre suas ages, ao falar sobre como resolver 0 problema, os alunos podem evoluir 7 As tentativas dos alunos para solucionar o problema, suas conversas ¢ a mediagao de professoras podem ser observadas em um video disponivel em , que é um dos denomi- rnados no site “As Atividades de Conhecimento Fisico’ Por que os objetos flutuam? ... | 103 para as explicagdes causais ao elaborarem respostas sobre os motivos ou “o porqué” dos fenémenos observados. Dependendo das diferentes ideias dos alunos e das interagdes promovidas na classe, tais explicagées podem incluir diferentes aproximagbes das explicagées cientificas, que nessa situaco especifica s¢ trata essencialmente do peso dos objetos como alguns dos alunos claramente enunciam. E muito importante destacar que a formulagao do problema — ponto fun- damental deste tipo de atividade — foi pensada em virtude de trés principios bisicos: = _apresentar em linguagem clara e acessivel para alunos nessa etapa de esco- laridade e com uma situago de desafio que os motive a buscar uma solugao por meio de suas agdes; = levar em conta as possiveis explicagdes dos alunos para 0 fendmeno estudado caminhos para a aproximagio das explicagées cientificas.* = possibilitar uma solugio compativel com as condigées do contexto da sala de aula. ‘Nesse sentido, a experimentacao ¢ pensada como uma investiga¢ao dos alunos para a solucao de um problema novo a eles, Nao se trata de leva-los a simples manipulacdes de objetos, mas faz8-los exercer seus pensamentos sobre os fend- menos. Assim, ¢ fundamental que a situacdo proposta permita variagdes das suas agées, escolha de objetos, opcdes para decisées diversas por parte dos alunos, intermediadas pelas agdes do professor. A situagdo, assim organizada, deve pro- mover estimulo a aces e pensamentos criativos, com adaptagGes a suas necessi- dades especificas de reflexdo, de modo que as aprendizagens resultantes para cada aluno e para cada grupo podem variar dependendo de seus conhecimentos prévios e da natureza de suas interacGes no ambiente da sala de aula. Uma atividade alternativa: para substituir o "submarino” No caso de dificuldade para montar os “submarinos” ou se 0 professor desejar pode apresentar uma atividade preliminar ou complementar a discutida ante- * Estudos e/ou conversas preliminares com criangas para a compreensio sobre suas concepsées espontineas sobre o fenémeno em foco so essenciais para a organizagio de atividades dessa natureza. 104 | Ensino de Cincias por investigagio riormente, ele pode utilizar pequenos frascos com tampa mével, nos quais a variagao do peso possa ocorrer colocando algo em seu interior, por exemplo, pequenas bolinhas de vidro ou outros objetos pequenos. Nessa atividade, 0 problema proposto precisaria ser adaptado para algo como: “Vocés vao tentar descobrir 0 que fazer para o frasco subir ¢ descer na dgua, quer dizer, pra ele (flutuar e afundar’. A condugio da atividade, a partir da apresentagio dos materiais e do pro- blema, pode ser conduzida de forma semelhante 4 atividade do submarino. No entanto, para incentivar a busca criativa da solucdo do problema e a riqueza e variedade das trocas de ideias, é importante preparar para a aula uma pequena caixa com materiais que permitam a¢6es variadas dos alunos (frasco e pequenos objetos que possam ser colocados no interior do frasco como bolinhas de vidro, pregos, bolinhas de materiais plisticos, pequenas arruelas, pedrinhas, massa de modelar etc.) Nas versdes de didlogos a seguir, apresentamos propostas de duas atividades (Versao 2 e Versao 3) pensadas para introduzir dois fatores muito importantes paraa compreensio da flutuagao: 0 volume dos objetos e a questo do equilibrio de corpos abertos. Assim, tais atividades proporcionam avango nas explicagdes com base apenas no “peso” absoluto como na Versio 1, para explicagoes que incorporam a ideia de peso especifico, na medida em que permitem a compa- rao do peso com o volume do objeto. Versdo 2 — Enriquecendo o dialogo: peso, tamanho e equilibrio na agua Como mencionamos no inicio do capitulo, as explicagdes espontaneas ou in- tuitivas das criangas sobre a flutua¢ao evoluem paulatinamente de explicagdes que se referem ao peso dos objetos para ideias que indicam um inicio da relacao entre o peso do objeto e seu tamanho, ou seja, revelam a elaboragio de nogdes preliminares sobre o peso especifico. Essa nogdio, mesmo que apresentada de forma preliminar, é o foco principal de novas possibilidades de diélogo com maior aproximagao das explicagées cientificas sobre a flutuacao dos corpos. Um exemplo de atividade para introduzir essa questao foi também proposta por Carvalho et al. (1998), na Atividade do Barquinho,’ que descreveremos brevemente a seguir. * Com video também disponivel em: Por que os objetos flutuam? ... | 105 Os alunos recebem folhas de papel de aluminio (podem ser de forma re- tangular ou quadrada, com aproximadamente 30 centimetros em cada lado), varias arruelas de metal (“pecinhas”) e uma bacia com agua. O professor propée o problema: Como sera que a gente faz para construir um barquinho que, na égua, consiga car- regar o maior nimero de pecinhas sem afundar? (p. 78) Em aula, 0 professor também pode incrementar 0 desafio acrescentando; “Vamos ver qual é 0 grupo que consegue vencer com seu barquinho..”. Como na atividade do submarino, as intimeras situagdes em que essa ativi- dade foi proposta em sala de aula mostram um enorme envolvimento dos alunos ¢ é bem-sucedida no que se refere a claboragées de explicagdes para a flutuacdo. De inicio, comecam a construir barquinhos “de dobradura” que ge- ralmente aprendem a fazer em brincadeiras de seu cotidiano, mas logo verificam que, ao se colocar arruelas em suas laterais, seu equilibro torna-se muito instavel, levando-os muitas vezes a afundar com poucas arruelas. Para driblar essa dificuldade, os alunos passam a tentar construir barcos com outros formatos ‘como canoas, botes e “balsas” com formas irregulares. Nesses momentos que a intervencao do professor torna-se essencial para interagir com os grupos, discutir 0 que ocorre, quais as vantagens ¢ desvantagens de cada barco ¢, se ne- cessario, sugerir modificagées em suas acdes. No momento da roda de conversa apés a “disputa” entre os grupos onde se pode comparar 0 sucesso (ou nao) das varias “embarcagoes’, surgem as questdes da importancia de se manter o equilibrio para impedir a entrada da agua da bacia (com aumento do peso interno) ¢ o tamanho dos barcos. Em geral, é evidente que os melhores barcos séo aqueles com melhor vedagao € maior volume, como 0 caso de algumas das “balsas” construidas com laterais altas. Em razao dos relatos sobre como resolveram o problema ¢ das discussdes sobre as explicagSes para os fatos observados, 0 professor pode promover varios niveis de sistematizagao das ideias trabalhadas na atividade. Desenhos e relatos individuais sao muito importantes ¢ podem auxiliar uma sistematizacio geral, elaborada coletivamente em um texto compartilhado a respeito dos por- qués dos fendmenos observados. Nos didlogos ¢ construgdes compartilhadas ¢ intermediadas pelo professor, ¢ importante que fiquem explicitas a importancia do peso total do barco e também seu volume como as caracteristicas funda- mentais para a flutuagao. Embora tal atividade possibilite um avanco no entendimento da flutuacao, suas explicages ainda so bastante parciais e restritas 4 situagdo particular em 106 | Ensino de Cincias por investigagio que se desenvolve (objetos abertos ¢ materiais delimitados). Para avangar na diregéo de uma compreensio sobre o peso especifico ¢ a densidade, no que se refere a relacdo quantitativa entre a massa do objeto e seu volume total, é preciso introduzir os aspectos quantitativos relativos as medidas de massa e volume dos objetos. E 0 que propomos na Versio 3, a seguir. Versao 3 - Novas palavras e significados: como medir as variaveis relevantes para a flutuacao A fim de promover uma abordagem com as caracteristicas relevantes do objeto, ‘0 peso (ou a massa) e 0 volume, em seus aspectos qualitativos e quantitativos, a atividade neste caso estd organizada com maior grau de complexidade, in- cluindo instrumentos de medida. Os materiais para a atividade consistem de 3 frascos do mesmo material (com tampas méveis) e tamanhos variados (mas proximos),"® diversas bolinhas pequenas de vidro ou outro material (de tamanhos aproximadamente iguais), provetas!! graduadas, balanca (opcional) e uma bacia com Agua. Para que a atividade propicie situagSes em que se observe que a flutuagao depende da re- lacao entre o peso do corpo e seu respectivo volume, é preciso promover com- paragdes entre objetos de diferentes tamanhos e os pesos mAximos que cada um suporta na flutuacdo, ou seja, seu “peso-limite” (mais precisamente, sua “massa-limite”). Assim, toma-se trés recipientes a, B e C ordenados em funcio do scu volume ¢ monta-se um desafio aos alunos que, com base nas observagdes sobre os pesos-limite do menor (a) ¢ do maior (c), devem estimar 0 peso- -limite do frasco de volume intermedidrio. A figura a seguir ilustra parte dos materiais necessdrios para as atividades. » Para que os volumes dos frascos possam ser medidos em uma proveta, é necessario que caibam nas provetas. ™ As provetas podem ser faciimente montadas com recipientes plésticos nos quais podem ser feitas marcas com as graduayées de volume. Algumas garrafas de agua saborizada de formato cilindrico sdo bastante epropriadas. Dependendo das condigées da escola, esses “instrumentos” para medir o volume podem ser feitos pelas proprias criangas durante as aulas de Ciéncias e/ou de Matematica Por que 0s objetos flutuam? ... | 107 oni 0 % © so o » 0 10 a 8 & PROVETA GRADUADA Frascos (ow sitar) O problema desencadeador das atividades pode ser apresentado com a se- guinte formulacio: Vejam estes trés frasquinhos. Eles esto colocados aqui por ordem de tamanho (A, Be). Imaginem que so barquinhos que vamos usar para transportar passageiros para atravessar um rio. As pessoas para nés setiam as bolinhas, que podemos colocar dentro, Com esses materiais, vocés vao tentar descobrir quantas bolinhas podemos colocar no barco B sem colocé-lo na égua. Levando-se em conta o conhecimento das criangas sobre a nogao de volume dos objetos e do que jd sabem sobre flutuacao, 0 grau de desafio aos alunos precisa ser avaliado pelo professor de modo a ajusté-lo em fungio das dificul- dades que os alunos apresentarao na situacdo proposta. E possivel que, em certos grupos, as iniciativas jd se apresentem na diregio da solucéo do problema, em outros, podera haver a necessidade de sugestdes para o procedimento. Os alunos poderao iniciar com um dos frasquinhos, por exemplo, o menor deles (4), e irem colocando bolinhas em seu interior, testando a cada acréscimo se ocorre a flutuacao. No caso, a questo é chegar a determinado ntimero de bolinhas que leve 0 “barco” a sua capacidade maxima, ou seja, na situagao em que 0s objetos ficam prestes a afundar (situa¢ao-limite). O mesmo procedimento pode ser realizado para o frasco maior (c). A partir dai, a solugéo do problema para avaliar o mimero de bolinhas que 0 frasco de volume intermedidrio suportard, exige a hipdtese de que hé uma uni- formidade no comportamento dos objetos. Em outras palavras, que hd uma re- Jacao de proporcao entre o volume dos objetos ¢ sua massa (ou 0 peso), quando estes se encontram em situacio-limite. ‘Assim, a solugao do problema dependera tanto da medida (ou estimativa) dos valores da massa (que pode ser estimada pelo nimero de bolinhas ou me- dida em uma balanga) como dos valores de volume. 108 | Ensino de Cincias por investigagio A medida do volume dos frascos, no caso, é uma das atividades mais impor- tantes para o aprofundamento ¢ compreensao dos conccitos fundamentais da flutuagao. A critério do professor e das possibilidades dos alunos, algumas alter- nativas podem ser escolhidas para medir os volumes dos objetos utilizados. A nosso ver, é bem interessante que os alunos aprendam um procedimento bastante simples que consiste em utilizar uma proveta com agua (ou tubo plistico previa- mente graduado) e medir o deslocamento do nivel da Agua quando 0 objeto € imerso no liquido. As figuras a seguir ilustram tal procedimento. DEPOIS TULL LGTSIALSTTRLILTATL ER: Vidro de volume Proveta desconhecido Obs.: No exemplo da figura, 0 volume do objeto ¢ de aproximadamente 7 centimetros ctibicos. Depois da realizacao das medidas e das estimativas feitas pelos grupos, 0 professor poderd sistematizar os resultados da classe. Para visualizar 0 conjunto dos resultados e promover a discussao sobre a generalizacao deles, pode ser elaborada, de modo coletivo e na lousa, uma tabela que registre os valores me- didos para A e ¢ ¢ 08 valores estimados para B. Ao final, os alunos poderio testar alguns dos objetos 8 para discutir 0 grau de aproximacao das previsdes realizadas ou, com base na tabela, estimar valores de massa para objetos nao estudados. Esse procedimento para a busca de uma generalizacao dos resultados é essencial para a compreensao da explicacao cientifica dada pela Lei de Flu- tuagao dos Corpos. Por que os objetos flutuam? ... | 109 O papel do professor no desenvolvimento das atividades Nas trés versdes apresentadas, a organizagao da aula — seja em relagdo ao plano global das atividades, seja em relacdo ao desenvolvimento delas ~ sem diivida esta baseada em uma postura muito especial do professor. De inicio, é preciso decidir em que momentos esas atividades poderiam ser inseridas e qual das verses seria mais adequada para seus alunos. O pro- fessor pode, ainda, optar por uma combinagao de versdes ou criar outras, com atividades de enfoque semelhante. Durante o desenvolvimento de cada uma das propostas, o professor precisa estar observando sempre e de modo muito cuidadoso quais sio as iniciativas dos alunos, quais as principais dificuldades e dtividas. Com base nesse acompa- nhamento continuo das agées, 0 professor podera desenvolver a mediagao ne- cessaria ao didlogo entre as possibilidades de atuagdo ¢ as ideias dos alunos ¢ as concepsées e explicagées cientificas que deseja ensinar. Para isso, cabe ao professor graduar o desafio proposto em cada atividade de modo que as dificuldades possuam um grau “ideal”, o que significa que estas nao podem ser tao dificeis a ponto de levar o aluno a desistir, nem tao faceis que nao estimulem o desencadear de agdes ¢ 0 esforgo necessario para progredir e avancar. Nesse sentido, o professor precisa muitas vezes fazer sugest6es sobre como os alunos podem proceder, mostrar aspectos e fendmenos importantes de serem observados, explicar as nogées envolvidas ¢ esclarecer as dividas apresentadas. Fm suma, uma mediago conduzida sob o principio fundamental de promover um ambiente de didlogo no grupo ¢ entre as ideias explicitadas ¢ as cientificas. Alem desses aspectos, é fundamental que sejam promovidas sistematizagoes sobre o que foi aprendido apés a solugao de cada desafio. Com criangas menores podem ser solicitados desenhos e pequenos textos. Podem ser feitas também sistematiza¢ées coletivas em textos compartilhados e organizados pelo professor. ‘Ainda, podem ser sugeridas leituras e busca de informagGes em uma perspectiva interdisciplinar de integracao com outras areas do conhecimento e a utilizagio em situagbes priticas. Referéncias bibliograficas ABIB, M. L. V. §. Fisica, no Ensino Fundamental? In: PAVAO, A. C.; FREITAS, D. (Orgs.). Quanta ciéncia no Ensino de Ciéncias. 1. ed. S40 Carlos: EDUFSCar, 2008. v. 1, p. 123-140. 110 | Ensino de Cincias por investigagio ABIB, M. L. V. S. Uma abordagem piagetiana para o ensino da flutuagao dos corpos. Pesquisas para o ensino de ciéncias (Faculdade de Educacio da Univer- sidade de Sao Paulo), n. 2, 1988. . A interferéncia do nivel de desenvolvimento cognitivo na aprendizagem de um contetido de fisica. Sao Paulo, 1983. Dissertacao (Mestrado) - Instituto de Fisica e Faculdade de Educa¢ao da Universidade. CARVALHO, A, M, P. et al. Ciéncias no ensino fundamental — O conhecimento fisico. So Paulo: Scipione, 1998. INHELDER, B.; PLAGET, J. Da logica da crianga a légica do adolescente. Sao Paulo: Pioneira, 1976. LEMKE, J. L. Investigar para el futuro de la educacién cientifica. Nuevas formas de vivir nuevas formas de aprender. Ensendinza de las ciencias, 2006. MARTINS, R. A. Arquimedes ¢ a coroa do rei: Problemas historicos. Caderno Brasileiro de Ensino de Fisica, v.17, n. 2, p.115-121, 2000. PIAGET, J5 INHELDER, B. O desenvolvimento das quantidades fisicas na crianga. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

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