Você está na página 1de 2

Capítulo 16: Obras de Macrodrenagem 148

16 OBRAS DE MACRODRENAGEM

16.1 Introdução

As estruturas de macrodrenagem destinam-se à condução final das águas captadas pela


drenagem primária (microdrenagem) dando prosseguimento ao escoamento dos deflúvios provenientes
de ruas, sarjetas, valas e galerias.
A macrodrenagem de uma zona urbana corresponde à rede de drenagem natural pré-existente
nos terrenos antes da ocupação, sendo constituída pelos córregos, riachos e rios localizados nos
talvegues e vales. A rede física de macrodrenagem sempre existe independente da execução de obras
específicas e tampouco da localização de extensas áreas urbanizadas, por ser o escoamento natural das
águas pluviais.
As obras de drenagem visam melhorar as condições de escoamento dessa rede para atenuar
problemas de erosão, assoreamentos e inundações ao longo dos principais talvegues. É constituída de
canais artificiais ou naturais, galeria de grandes dimensões, estruturas auxiliares e obras de proteção
contra erosões que devem ser dimensionados para tempo de retorno igual a cem anos. Pode incluir
outros componentes como vias marginais e faixas de servidão.
A necessidade de elaboração de obras de macrodrenagem aparece à medida que são
implantadas as obras de microdrenagem, as quais aumentam as vazões afluentes nos receptores. Além
disso, é possível enumerar outras causas, além do aumento de vazão, para implantação ou ampliação
da macrodrenagem, que são:
 Ocupação dos leitos secundários dos córregos;
 Aumento da taxa de aporte de sedimentos (desmatamento, manejo inadequado dos
terrenos, lixo, etc.);
 Necessidade de ampliação da malha viária em vales ocupados.

16.2 Obras Usuais

Normalmente as obras de macrodrenagem constituem-se na retificação e ampliação das seções


de canais naturais, construção de canais artificiais ou galerias de grandes dimensões, estruturas
auxiliares para controle de dissipação de energia, amortecimento de picos, proteção contra erosão e
assoreamento, travessias e estações de bombeamento.

16.2.1 Canais

Apesar de usual, o projeto de canais destinados à drenagem urbana apresenta diferentes


aspectos daqueles destinados a outras aplicações. O escoamento nesses canais é essencialmente
hidrodinâmico, isto é, varia no tempo e no espaço em função do evento histórico e das peculiaridades do
traçado.
Os canais fechados são mais complexos em condições limites de escoamento.
Nos canais de macrodrenagem a vazão de projeto está associada à probabilidade de ocorrência
do evento hidrológico da chuva. A geometria não depende apenas dos requisitos hidráulicos para
condução das águas, mas também das exigências urbanas locais. O percurso e a declividade
longitudinal definem os limites de velocidade e o tipo de seção compatível ou seu revestimento.
As dimensões e o acesso à faixa do canal definem características, tais como o uso de seções
fechadas ou abertas e a localização dos pontos de acesso para limpeza, e, juntamente, com a malha
viária fixarão as dimensões máximas da seção em seus diversos pontos ao longo do traçado.
Outros condicionantes são os volumes de corte e aterro, as cotas das seções em relação à área
drenada e os projetos urbanísticos.
Capítulo 16: Obras de Macrodrenagem 149
16.3 Desempenho e Impactos Ambientais

A introdução no meio urbano de uma obra de macrodrenagem gera impactos socioambientais.


A ampliação da capacidade de descarga de um trecho do canal existente poderá causar
problemas à jusante, como: aumento da vazão e redução do tempo de trânsito da onda de enchente.
A retificação e redução do percurso de um rio aumentam a declividade, e consequentemente, a
capacidade de transporte de sólido e poder erosivo das correntes.
As medidas mitigadoras desses impactos podem ser incorporadas ao projeto. Entre elas pode-se
citar:
 Tanques de amortecimento;
 Bacias de detenção de sedimentos;
 Estabelecimento de limites de impermeabilização;
 Zona de inundação gerenciada.
O estabelecimento de critérios para desempenho da obra depois de implantada é tão importante,
quanto à definição da vazão de projeto na fase preliminar. Por isso, devem ser previstos programas de
manutenção e limpeza das seções, incorporação de elementos retentores de sedimentos e lixo, limites e
tolerâncias dimensionais, entre outros.
Os canais artificiais são as estruturas mais empregadas nas obras de macrodrenagem
(escavados nos leitos de rios naturais), cuja seção tornou-se insuficiente para veicular as vazões de
enchentes.
Os canais mantidos em solo apresentam menor custo de implantação, porém necessitam de
maior manutenção, pois estão mais sujeitos à erosão, assoreamento e instabilidade do leito e taludes.
Os canais não revestidos ainda envolvem outros fatores como as características do material que
compõem o leito e a margem do canal.
Um aspecto importante a ser considerado é a proteção dos taludes nos canais escavados em
solo nas transições próximas a pontes, bueiros e outras estruturas especiais.

16.4 Estruturas Especiais

Ao longo dos canais para a drenagem urbana, faz-se necessário o emprego de estruturas
especiais de acomodação do escoamento nas passagens sob pontes, transições de seção, travessias
sob aterros, mudanças de declividade, confluências e outras menos frequentes.

16.5 Bibliografia

 FENDRICH, R. et al. (1997). Drenagem e controle da erosão urbana. Curitiba: Editora


Champagnat.

Você também pode gostar