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LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

EDUCAÇÃO E SAÚDE

Ano letivo 2022/2023


1º ano
2º semestre

Conceição Antunes: saoantunes64@gmail.com


Conceitos de Educação e Conceções Pedagógicas
O conceito que cada um de nós tem sobre a Educação e a Saúde, influencia a forma como
planeamos, desenvolvemos e avaliamos as práticas neste campo.

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Educação/Formação
SOBREPOSIÇÃO OU CONFUSÃO DE CONCEITOS

EDUCAÇÃO

OU
FORMAÇÃO
Educação/Formação
Propõe-se as seguintes definições:

FORMAÇÃO – tende a aumentar a competência inicial do sujeito no domínio


da sua própria atividade profissional (em função do seu estatuto),

EDUCAÇÃO – Visa alargar a polivalência sem modificar o seu estatuto tendo


em vista uma sólida cultura geral.
Educação
EDUCAÇÃO – Sistema, conjunto de um todo que procura aprender, saber o que
educar, processo sistémico e contínuo:

EDUCAR(ÇÃO)

ENSINAR FORMAR

CAPACITAR/
TREINAR INFORMAR
DESENVOLVER
Perspetivas da Educação
Três Escolas
Assentam em três teorias

Pessimismo Realismo
Antropológico Otimismo Antropológico
Antropológico

EDUCARE EDUCERE COMPLERE

Behaviorismo Humanismo Cognitivismo


Respostas a este Paradoxo
Visão/Teoria Pessimismo Otimismo Antropológico Realismo
Antropológico Antropológico
Representantes Kant, Durkheim Rousseau, Montessori Comenio, Pestalozzi

Postulado Inicial Mau, Bom, Com aspetos positivos e


O educando é um impotente, capaz de tudo, Define negativos, capaz de algo,
ser: passivo inerte activo,
o que parcialmente ativo, necessita de
quer algum estímulo
espontâneo aprender

Implantação Crescimento espontâneo Ajuda


A educação é: Condução Deixar fazer Cuidado
do
Educare conheci Educere Complere
-mento

O educador é Escultor Jardineiro-(tem um papel Regulador de tráfego


como um: (define o que vai ensinar passivo) (ajuda o educando e tem em
consideração as suas ideias – papel
– impõe) orientador)
Conceito de “Educare” “Educere” “Complere”
Educação/Modelo M. Ped 1 M. Ped. 2 M. Ped. 3
Pedagógico

Enquadramento Behaviorismo Humanismo Construtivismo


Psicológico

O Educando Passivo, recetor, Autoconhecimento, Activo, interpretativo,


moldável Muito ativo, auto- orientado, analisa a
orientado na sua informação
aprendizagem
O Educador Depositor, escultor Facilita condições de Orientador, organiza a
expositor, único com acesso, está informação, facilitador
conhecimento presente, facilitador

Tipo de Sessão Conferencia, Tipo colóquio, dar a Debate fundamentado,


palestra, discurso conhecer, diálogo esclarecimento de
retórico, pergunta resposta duvidas
retroprojeção
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Ato Educativo

Estado Ideal
Métodos e Valores
Recursos
Suas circunstâncias Objetivos
Psicológicas;
É o exercício concreto da educação, isto é, a confluência da
Sociais; atuação do educador com a reação do educando, tendo como
consequência o acesso deste a um nível de maior perfeição
Culturais pessoal.
Conceitos de Educação

“Processo de integração pessoal na cultura que permite projetar e realizar a vida


mais claramente dentro da comunidade e com espírito criativo. Processo pessoal
de construção num contexto sócio cultural” (Castilhero, 1985).

“Educação é o desenvolvimento corretamente orientado” (Simões, 1989).


Conceitos de Educação
O conceito de Educação – parece envolver a ideia de um processo de
desenvolvimento, de algum modo natural e espontâneo e que se deseja global,
estruturado e hierarquizado das capacidades do homem (Dias, 1993).

“Definição da Escola Nova”:


“A educação consiste em favorecer um desenvolvimento tão completo quanto
possível das aptidões de cada pessoa, quer enquanto indivíduo, quer como
membro de uma sociedade”.
Educação de Adultos

“Todos os processos organizados de educação formais e não formais, que prolonguem


ou substituam a educação inicial, graças aos quais a pessoa considerada adulta pela
sociedade possa desenvolver as suas aptidões, enriquecer os seus conhecimentos,
melhorar as suas qualificações técnicas e profissionais, fazendo evoluir as suas atitudes
e os seus comportamentos na dupla perspetiva de um desenvolvimento humano
integral e de uma participação equilibrada e independente no desenvolvimento social,
económico e cultural” (Onde se incluem as questões da saúde).
Educação de Adultos
EIXOS:

1 - Práticas educativas,

2 - Diversidade de instituições,

3 – Atores/Agentes sociais com intervenção direta nos processos


educativos.
Educação de Adultos
1 - Mais importante do que formar o adulto, é refletir o modo como ele próprio se
forma,

2 – A formação é sempre um processo de transformação individual, na tripla dimensão


(saber, fazer, ser),

3 – A formação é sempre um processo de mudança, devendo por isso estar


intimamente articulada com as instituições onde os formandos exercem a sua
atividade profissional.
Educação de Adultos

4 – Formar não é ensinar às pessoas determinados conteúdos mas sim trabalhar


coletivamente em torno da resolução de problemas. “A formação faz-se na produção
e não no consumo do saber”.

5 - A formação deve ter um cariz essencialmente estratégico, preocupado com o


desenvolvimento de competências necessárias à mobilização de recursos aplicados a
situações concretas.
Situação de Formação na Educação de Adultos

Formando: Motivações, espectativas, experiências, conceitos ou


construções acerca das situações….

Formador: Motivações, capacidades, espectativas, metodologias…..

Contexto: Ambiente informal e humano, recursos, organização……

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Educação e Saúde

A saúde é um bem e a educação para a saúde enquanto estratégia de


promoção de saúde é uma missão que deve ser encarada com sentido
pedagógico, didático e de investigação, onde o conhecimento e a
formação adequada são essenciais.

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Formação em Educação e Saúde
▪ Formação numa perspetiva humanista e de desenvolvimento,

▪ Formação orientadas para a relação de ajuda,

▪ Formação contextualizada na formação de adultos.


Educação e Saúde: e a Pedagogia

O QUE É A PEDAGOGIA

PEDAGOGIA ANDRAGOGIA
Educação e Saúde
Forma de conduzir o
processo de educação,
é a sabedoria em
educação
PEDAGOGIA ANDRAGOGIA

Condução/encaminhamento do Trabalho com adultos na sua


processo de educação com autonomização para resolver
crianças e adolescentes ao longo problemas – Arte e Ciência de
das suas etapas de vida e orientar adultos a aprender,
aprendizagens. sempre numa perspetiva de
desenvolvimento e de mudança.
Conceções Pedagógicas Modelo Pedagógico

1. Necessidade de saber: os educandos apenas precisam de saber aquilo que o


educador lhes ensina,
2. Conceito de si: O educador tem do educando a imagem de um ser
dependente. É esta dependência que marca também a auto imagem de quem
aprende,
3. Papel da experiência: Pouca utilidade. Importância da experiência do
educador,
4. Vontade de aprender: critérios internos da lógica escolar/ êxito,
5. Orientação da aprendizagem: aquisição de conhecimentos; centrada nos
conteúdos,
6. Motivação: Estímulos externos (classificação; pressões familiares; apreciações
do educador).
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Conceções Pedagógicas Modelo Andragógico

1. Necessidade de saber: os adultos precisam saber a utilidade e necessidade da


aprendizagem,
2. Conceito de si: os adultos têm consciência da sua responsabilidade de decidir e
auto gerir,
3. Papel da experiência: são portadores de experiências que constituem recursos
para as suas aprendizagens,
4. Vontade de aprender: disponibilizam-se para aprender desde que assumam a sua
utilidade no encarar de problemas reais da sua vida pessoal e profissional,
5. Orientação da aprendizagem: resolução de problemas e atividades do seu
quotidiano. Lógica centrada nos problemas,
6. Motivação: Intrínseca (satisfação profissional; auto estima; qualidade de vida;
realização pessoal) e extrínseca (promoção profissional).
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem

O processo de ensino/aprendizagem da Educação em Saúde tem lugar


na maioria dos casos num cenário de comunicação interpessoal

Logo sem aprendizagem não


No processo de educação há educação. Para se
estabelecem-se processos entre o evidenciar aprendizagem ,
que nos é comunicado e as nossas tem que existe mudança:
várias dimensões, o que possibilita a comportamentos, atitudes,
aprendizagem. reflexão acerca das situações
e dos riscos.
Introdução
EDUCAÇÃO EM SAÚDE > 1. LITERACIA EM SAÚDE
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança

Desde sempre se aprendeu

➢ A aprendizagem está inevitavelmente ligada a toda a história do Homem, desde sempre se


ensinou e aprendeu, e por isso o Homem se interrogou sobre a natureza deste processo.

➢ É facilmente compreensível o valor deste processo chamado aprendizagem e do seu valor


adaptativo na construção do Homem.

➢ É graças a ela que se consegue dar respostas adaptadas, isto é, eficazes em diferentes
contextos ou a novas situações.

➢ Na complexidade contemporânea da prestação de cuidadas de saúde, e concretamente da


enfermagem, conhecer a natureza da aprendizagem e como se processa é uma tarefa cada
vez mais urgente.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança

Domínio da psicologia

➢ Diversidade de noções de aprendizagem em psicologia:

• No inicio deste século existiam explicações para a aprendizagem, o seu estudo está
intimamente ligado com o desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência.

• Contudo, o seu estudo não se processou de uma forma uniforme e concordante. A


aprendizagem foi abordada de formas diferentes pelas diferentes correntes da Psicologia.

• Estas diferentes visões sobre o Homem e particularmente sobre a aprendizagem


conduziram a diferentes abordagens e delimitações deste conceito.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos de
Mudança
Domínio da psicologia

• Apesar de contribuir para uma visão mais eclética do tema, o problema


reside em reduzir toda a diversidade deste processo numa única teoria.
➢ Elementos comuns:
• todas as definições de aprendizagem incluem as noções de mudança e
experiência.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Introdução
Das antigas conceções

➢ A aprendizagem resumir-se-ia a um ”prestar de atenção” aos saberes enunciados pelo


formador, que estão num livro ou que alguém executa. A atenção permitiria um trabalho
cada vez mais perfeito em termos de imitação do modelo teórico ou prático.

➢ A aprendizagem seria apenas um processo cumulativo, como uma pirâmide regular em


que, sessão após sessão, se iriam depositando conhecimentos adquiridos até se chegar ao
topo;

➢ Os conhecimentos seriam semelhantes a coisas que se podem adquirir, colecionar,


acumular e, tal como as coisas quando se tornam inúteis, deitam-se fora e substituem-se
por novos.
Serão ideais sustentáveis?
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Introdução
Aprendizagem humana contemporânea

➢ Aprendizagem é hoje vista como um processo dinâmico e ativo uma vez que não somos
recetores passivos do conhecimento nem espectadores da nossa experiência.

➢ Somos processadores ativos da informação que descodificamos, processamos e


recodificamos em termos pessoais. Todos nós (ainda que cada um à sua maneira)
aprendemos a “aprender’.

➢ Somos capazes de encontrar respostas para situações ou problemas, quer mobilizando a


nossa experiência passada em situações relativamente idênticas, quer projetando no futuro
uma “ideia” ou “solução” que temos no presente.

➢ Interagimos com os estímulos (situações, problemas, etc.) de uma forma pessoal.


Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Introdução
Aprendizagem humana contemporânea

➢ Dois indivíduos submetidos a mesmo “processo’ de formação podem desenvolver


competências diferentes do mesmo modo que dois espectadores de um acidente
rodoviário têm diferentes opiniões sobre o hipotético culpado.

• Como se pode perceber, então, estas diferenças pessoais perante um mesmo


acontecimento ou processo?

✓ É preciso olhar não só para o acontecimento’, mas também, e sobretudo, para


o modo como essa informação é percebida, interpretada e compreendida.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Introdução
Aprendizagem humana contemporânea

➢ A aprendizagem é o processo responsável pela transformação de um estado inicial


(situação presente em termos de competências, saberes, etc), num estado final (aquisição
ou desenvolvimento de novas competências ou saberes), através da experiência (vários
tipos de atividade ou procedimentos)

➢ A experiência, o erro, a reflexão sobre o processo são elementos importantes em todo este
percurso
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Introdução
Conceito

➢ O termo aprendizagem deriva do latim apprehendere, que significa adquirir o


conhecimento de uma arte, ofício ou através do estudo ou da experiência

➢ Para muitos académicos que se têm dedicado ao estudo da aprendizagem, esta surge
descrita como um processo cognitivo através do qual vamos construindo vários
conhecimentos, conceitos, competências, que resultam numa alteração de
comportamento, no sentido de responder adequadamente às novas situações que
enfrentamos, aos desafios com que nos deparamos e aos quais temos de dar resposta.

➢ Importa referir também que a aprendizagem só se torna realmente efectiva se as


mudanças ocorridas tiverem um carácter relativamente permanente no tempo.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Conceito

1. Uma mudança relativamente estável e duradoura do comportamento e do


conhecimento.
2. Relacionada com o exercício e a experiência, com a descoberta, podendo
ocorrer de forma consciente ou inconsciente, num processo individual ou
interpessoal.

3. Tudo o que se aprende ocorre no contexto da sua cultura!


Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Ensino / Aprendizagem
Conceito

➢ Processo deliberado de facilitar que outra pessoa ou pessoas aprendam e


crescam intelectual e/ou emocionalmente fornecendo-lhes situações
planeadas de modo a que vivenciem as experiências necessárias para que
se produzam nelas as modificações desejadas, de uma maneira mais ou
menos estável.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Processo de aprendizagem

Pessoal/
Intencional Dinâmico Contínuo Gradativo Cumulativo
subjectivo
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Processo de aprendizagem

➢ Intencional – É necessária vontade do indivíduo para aprender, a motivação assume um


papel fundamental na aprendizagem, pois ninguém aprende verdadeiramente se não
estiver motivado, se não desejar aprender.

➢ Pessoal/subjectivo – O processo de aprendizagem depende das características daquele


que aprende, da sua experiência pessoal, dos conhecimentos anteriores, das suas
expectativas, crenças e valores... da sua personalidade.

➢ Dinâmico – A aprendizagem só se e fectu a se exi sti r i n teracç ão en tr e o s


participantes. Mais do que um processo linear ou sequencial, importa que o formador
crie as condições de aprendizagem necessárias e conheça os meios pedagógicos para
aplicar eficientemente o seu potencial de comunicação.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Processo de aprendizagem

➢ Contínuo – A aprendizagem ocorre ao longo de toda a vida, constantemente acrescentamos


algo ao que já conhecemos. Estamos sempre a aprender.

➢ Gradativo – Considerando que a aprendizagem é a aquisição ou mudança de


comportamento ou de processos mentais, para que estas alterações se processem é
necessário que o organismo tenha atingido um grau de desenvolvimento adequado aos
mesmos. Esta perspectiva é considerada desactualizada por vários autores hoje em dia.

➢ Cumulativo – Os saberes do indivíduo associam-se no sentido de os novos conhecimentos


serem adicionados aos já existentes.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Níveis de saber

➢ Ao longo da nossa vida aprendemos a andar, aprendemos a falar, aprendemos a descrever


situações, aprendemos a ser simpáticos com um aniversariante, aprendemos a conter-nos
numa situação de conflito, aprendemos significados, aprendemos nomes de países.

Mas pertencerão estas aprendizagens ao mesmo domínio?


Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Níveis de saber

Domínio
cognitivo
(Saber-Saber)

Domínio sócio-
afectivo Domínio
(Saber- psico-motor
Ser/Saber- (Saber-Fazer)
Estar)

(Benjamim Bloom, 1950)


Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Níveis de saber

➢ Domínio cognitivo (Saber-Saber) - Corresponde às aprendizagens relacionadas com o pensamento


lógico e com as operações intelectuais; são exemplos dessas aprendizagens a compreensão de uma
teoria, de conceitos, aprendizagem de regras e de códigos.

➢ Domínio psico-motor (Saber-Fazer) - Corresponde às aprendizagens relacionadas com movimentos do


corpo, com a capacidade de manipular fisicamente objectos, como seja manipular ferramentas ou
utensílios para realizar uma tarefa, resolver situações problema que requerem destreza motora ou a
coordenação de movimentos altamente especializados).

➢ Domínio sócio-afectivo (Saber-Ser/Saber-Estar) - Corresponde às aprendizagens realizadas no


domínio social e afectivo, o que corresponde aos sentimentos, atitudes, comportamentos, à
capacidade de adaptação às mudanças, à capacidade de estabelecer novas relações pessoais,
capacidade de enfrentar desafios.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Níveis do conhecimento
Avaliação
➢ De acordo com Benjamim Bloom,
o domínio cognitivo é, no Síntese
entanto, o mais frequentemente
utilizado. Análise

➢ De acordo com a taxonomia dos Aplicação


objectivos educacionais que
Bloom definiu seis níveis de Compreensão
conhecimento, (portanto no
âmbito do domínio cognitivo ou Conhecimento
“saber-saber”):
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Níveis do conhecimento
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Fatores da aprendizagem

➢ Motivação;
➢ Idade;
➢ Contextos de aprendizagem;
➢ Momento de vida;
➢ Personalidade;
➢ Inteligência;
➢ Aprendizagem anterior e experiência;
➢ Autoconfiança;
➢ Aspetos relacionados com a familiaridade com os conteúdos, com a linguagem usada
e projetos de futuro.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Fatores da aprendizagem

➢ Motivação;
➢ Idade;
➢ Contextos de aprendizagem;
➢ Momento de vida;
➢ Personalidade;
➢ Inteligência;
➢ Aprendizagem anterior e experiência;
➢ Autoconfiança;
➢ Aspetos relacionados com a familiaridade com os conteúdos, com a linguagem usada e
projetos de futuro.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Fatores da aprendizagem Idade

➢ A maturação fisiológica em geral e o sistema nervoso em particular


impedem uma criança de dois anos de idade de aprender, por exemplo, a
fazer recortes com uma tesoura.

➢ A cada estádio correspondem capacidades específicas. Daí decorre que quer


os conteúdos quer as metodologias educativas têm que estar em
consonância com o nível etário e de desenvolvimento do indivíduo.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
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Aprendizagem
Fatores da aprendizagem Inteligência

➢ Existe uma relação entre inteligência e aprendizagem, sendo muitas vezes


difícil separar uma atividade intelectual de uma atividade de
aprendizagem.
➢ Os sujeitos com capacidades intelectuais “significativas”, comummente,
conseguem manipular símbolos, elaborar raciocínios mais adequados,
resolvem os problemas num ritmo mais rápido e com menos erros e fazem
melhores transferências dos conhecimentos.
➢ Durante muito tempo foi atribuída à inteligência a principal razão para
justificar a facilidade ou dificuldade em aprender.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Fatores da aprendizagem Motivação

➢ Faz parte da experiência pessoal a constatação de que é mais fácil


aprender um assunto, uma atividade se se está motivado.

➢ Diz-se que uma pessoa está motivada quando sente uma necessidade
de agir para alcançar um determinado objetivo.
➢ Justificamos muitos comportamentos pela motivação: “ela aprendeu tão
depressa a conduzir porque o desejava muito”; “quando estou motivada,
sou capaz de estudar horas a fio”.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Fatores da Motivação
aprendizagem

➢ A motivação pode ser incentivada por fatores internos e/ou fatores


externos:
➢ Fatores internos (motivação intrínseca) relacionam-se com o prazer de
realização da atividade, por se inserir num projeto pessoal, pela auto-
realização, pelo prazer de aprender; etc.
➢ Fatores externos (motivação extrínseca) podem constituir incentivos
para a aprendizagem: avaliação, recompensas, elogios, ganhos obtidos
e castigos evitados.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Fatores da aprendizagem Motivação

➢ Pode acontecer que, se a motivação for muito forte, surjam estados de ansiedade que
prejudicam a aprendizagem.

➢ A motivação pode ser, a curto prazo ou a longo prazo.


➢ Pode também falar-se em motivação para iniciar, continuar ou finalizar uma
aprendizagem.

➢ Os/as defensores/as da motivação na pedagogia chamam a atenção para a


importância de o/a aluno/a querer aprender, de ser ativo no processo de
aprendizagem, de se sentir gratificado/a pela construção de saberes, motivado/a pelo
próprio processo de aprender.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Fatores da aprendizagem Aprendizagem anterior e experiência

➢ A maioria dos assuntos que se aprende não são inteiramente novos e têm mais ou
menos uma certa relação com aprendizagens anteriores.
➢ A experiência passada influencia profundamente as aprendizagens.
➢ A transferência de aprendizagem de uma situação para a outra pode facilitar ou dificultar a
nova aprendizagem.
➢ Uma transferência é positiva quando a influência que exerce na futura aprendizagem é
facilitadora, isto é, quando as capacidades utilizadas numa aprendizagem anterior nos
preparam para uma nova aprendizagem
➢ Uma transferência é negativa se inibir novas aprendizagens. Saber andar de carro dificulta a
aprendizagem de andar de barco, porque se queremos, por exemplo, virar à esquerda temos
que virar o leme para a direita. Neste caso, o facto de termos usado de modo diferente um
objeto semelhante (o volante) dificulta a nova aprendizagem.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Aprendizagem
Fatores da aprendizagem Contexto de aprendizagem

➢ A forma como a aprendizagem é encarada, é influenciada por fatores sociais que


efetivamente não têm promovido a igualdade de oportunidades.

➢ Vários estudos sobre o insucesso escolar salientam a relação entre a taxa de


reprovação e os meios social, económico e cultural de origem dos/as alunos/as.

➢ A diversidade de valores, interesses e atitudes de pessoas de diferentes meios


familiares e sociais pode trazer conflitos e dificuldades ao profissional de saúde
que não tem em conta e não aproveita pedagogicamente a dimensão da
heterogeneidade.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Memória
Contexto
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Memória
Contexto

➢ A memória constitui uma espécie de retrato do que somos, composto com


os traços do que fomos.

➢ Porque desde sempre se compreendeu que a memória humana é afetada


pelos sentimentos, emoções e experiências, procurou-se construir
instrumentos que assegurassem que o material retido pudesse ser evocado
na sua integridade.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Memória
Conceito

➢ Processo cognitivo que compreende a retenção e a recuperação da


informação. É um sistema aberto em que a informação entra (aquisição),
é armazenada (retenção), podendo depois ser recuperada (recordação).
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Memória
Tipos

➢ A aprendizagem está intimamente Memória


ligada à memória, dado que o que se Sensorial
aprende tem de se conservar.

➢ Não podemos aprender sem


recordar, nem recordar sem
aprender. Memória Memória
a Longo a Curto
➢ São os conhecimentos, as Prazo Prazo
experiências anteriores que nos
permitem selecionar, organizar e
reconhecer as informações atuais.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Memória
Tipos Sensorial

➢ É pelos sentidos que as informações entram no sistema da memória.


➢ Vários tipos de memória sensorial: visual; auditiva; olfactiva; táctil; gustativa

➢ A memória visual é também designada por memória icónica. O ícone é o registo


visual que contém a informação.
➢ É graças a este tipo de memória que percecionamos o movimento quando vemos
um filme, porque retemos durante um curto espaço de tempo as imagens, o que
nos permite ligar os diferentes fotogramas.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Memória
Tipos Sensorial

➢ É graças à memória auditiva ou memória ecóica que compreendemos o que


ouvimos, dado que retemos por um curto período de tempo a informação
auditiva.

➢ É esta retenção que nos permite ligar as frases que constituem o discurso.
➢ Os sistemas de memória sensorial são elementos do processo percetivo, são
imagens percetivas. Os materiais ou são perdidos ou, se prestarmos
atenção, são processados no armazenamento a curto ou a longo prazo.
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de Mudança
Memória
Tipos Curto Prazo

➢ Armazenamento da informação por um período de alguns segundos após o


desaparecimento do estímulo.

➢ Corresponde a um segundo armazenamento da memória, sendo mais durável e


mais controlada pelo sujeito do que a memória sensorial.

➢ Parte dos materiais da memória a curto prazo é transferida para a memória de longo
prazo.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Memória
Tipos Longo Prazo

➢ A memória a longo prazo permite conservar dados, informações adquiridas, durante dias,
meses, anos e até durante toda a vida. É graças a este tipo de memória que somos capazes
de ler, de reconhecer trajetos, de identificar pessoas conhecidas, de recordar episódios da
nossa infância.

➢ A memória de longo prazo contém dados que têm origem na memória de curto prazo. Para
ser armazenada, a informação sofre um processo de transformação, ou seja, é codificada.

➢ Existem vários tipos de códigos, sendo os mais estudados os que estão relacionados com a
linguagem e com a imagem.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os
Processos de Mudança
Memória
Processo de memorização

1. Perceção seletiva dos estímulos do ambiente;


2. Armazenamento na memória a curto prazo permanecendo até 20 segundos;
3. Codificação ( deixa a memória a curto prazo e entra na memória a longo prazo);
4. Armazenamento de conceitos, proposições, esquemas e imagens, de modo significativo,
na memória a longo prazo;
5. Recuperação;
6. Resposta;
7. Desempenho (padrões de atividade que podem ser observados);
8. Feedback.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os
Processos de Mudança
Esquecimento
Contexto

➢ Esquecer o que foi aprendido faz parte da nossa existência. A não utilização do que se
aprendeu, a interferência de outra aprendizagem, a perda durante a reorganização de
ideias e o esquecimento motivado (que pode ser inconsciente) constituem explicações
para não recordar aquilo que se aprendeu. As ideias, porém, são recordadas por um Iongo
período de tempo, sejam factos ou não.

➢ Ele é condição da própria memória: é porque esquecemos que continuamos a reter.

➢ O esquecimento tem uma função seletiva dado que, numa determinada situação, afasta
materiais que não são úteis ou necessários.

➢ O esquecimento pode atingir a fase de aquisição, retenção/armazenamento ou de


recordação/recuperação.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os
Processos de Mudança
Esquecimento
Conceito

➢ Incapacidade de reter, recordar ou reconhecer uma informação. De notar


que lesões ou doenças cerebrais podem provocar perda de informação que
vai desde o esquecimento à amnésia.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os
Processos de Mudança
Esquecimento
Fatores que explicam o esquecimento

Desaparecimento
Interferência de Motivação
e alteração do
aprendizagens inconsciente
traço mnésico
Educação em Saúde: Aprendizagem e os
Processos de Mudança
Esquecimento
Fatores que explicam o esquecimento Desaparecimento e alteração do traço
mnésico

➢ O esquecimento teria origem na perda de retenção provocada


pela não utilização dos materiais armazenados. O traço enfraqueceria
devido à falta de repetição de exercício.

➢ As alterações ou desaparecimentodo traço mnésico podem


estar relacionadas com as capacidades internas, com os significados
que atribuímos, com as fantasias que temos.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os
Processos de Mudança
Esquecimento
Fatores que explicam o esquecimento Interferência de aprendizagens

➢ Um dos fatores que explicam o esquecimento resulta da interferência de aprendizagens


na retenção de outras aprendizagens.

➢ Duas formas de interferência: inibição proactiva e inibição retroactiva.

• inibição proactiva – corresponde à influência negativa que a aprendizagem anterior


tem sobre a recordação de uma nova informação. Se aprendemos dois tipos de tarefa
– A e depois B -, a natureza de A pode influenciar a recordação de B.

• inibição retroactiva – corresponde ao efeito negativo que a informação nova tem


sobre a anterior: a tarefa B inibe a recordação de A. Neste caso, o processo de
interferência aumenta com o exercício.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os
Processos de Mudança
Esquecimento
Fatores que explicam o esquecimento Interferência de aprendizagens

➢ Muitos/as autores/as consideram que o esquecimento seria provocado


mais por influência das interferências do que do enfraquecimento do traço
mnésico.

➢ O efeito das interferências não é só negativo. Como já vimos, os


conhecimentos anteriores podem facilitar novas aprendizagens: saber
andar de bicicleta facilita aprender a andar de mota; o conhecimento do
latim facilita a aprendizagem de francês, etc.
Educação em Saúde: Aprendizagem e os Processos
de Mudança
Esquecimento
Fatores que explicam o esquecimento Motivação inconsciente

➢ Freud apresenta uma explicação para o esquecimento: as razões baseadas


na noção de recalcamento. O sujeito esqueceria acontecimentos
traumatizantes que teriam ocorrido.
➢ As recordações dolorosas eram inibidas, mantendo-se recalcadas no
inconsciente. O esquecimento teria, portanto, um caráter seletivo:
acontecimentos, representações geradoras de angústia e ansiedade, não
aceites pelo sujeito, seriam reprimidos, mantendo-se na zona inconsciente
do psiquismo.
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem

RELAÇÃO PEDAGÓGICA - o desenvolvimento profissional que decorre da formação, deverá ser


orientado de forma a promover aspetos técnicos e científicos, mas paralelamente, deverá
estimular as componentes relacionais e éticas.

A dimensão relacional, enfatizada pela Comissão Internacional sobre a Educação para o Século
XXI aprender a viver juntos, “só tem significado na relação com o outro diferente e na sua
inesgotável riqueza pessoal” (UNESCO, 1997, p.10).

Esta dimensão, implica o desenvolvimento do conhecimento acerca do outro, da sua história,


tradições.
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem

Este tipo de relação é conhecido no âmbito das Ciências Pedagógicas como “relação
educativa ou pedagógica” e nas Ciências de Enfermagem como “relação terapêutica
ou de ajuda”.

Os seus enquadramentos teóricos cruzam-se em vários pontos e os seus objectivos


são idênticos: promover o desenvolvimento do ser humano.
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem

A relação deve implicar um conjunto de princípios, a saber:


a) A confiança nos educandos,
b) A compreensão e empatia,
c) O respeito,
d) A tolerância e a ajuda,
e) A colaboração,
f) O saber escutar,
g) A comunicação.
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem

a) - A Confiança nos educandos - requer confiar naquilo que os educandos são ou não são
capazes de empreender.

”Entre todos os participantes de qualquer atividade deve estabelecer-se uma relação


de confiança mútua, sobretudo em torno da aceitação das características de cada um e
da certeza que todos podem e são capazes de progredir” Navarro (1995, p.80).
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem

b) - Compreensão e da Empatia - implica a necessidade de ver o mundo do ponto de vista dos


outros, sem que o educador deixe de ser ele próprio. No âmbito da Educação, torna-se
fundamental que os profissionais ponham de lado o egoísmo e os impulsos.

Goleman (1997), considera que estas atitudes só trazem vantagens e abrem caminhos à
empatia, o que faz com que os educadores se preocupem com os outros, promovendo a
tolerância e aceitação das diferenças. Este autor, considera que estas capacidades são cada vez
mais necessárias, já que é com base nelas que as pessoas podem viver umas com as outras, e
com base nas quais se pode também promover o respeito mútuo.
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem
c) – Respeito - supõe a aceitação dos sujeitos e da comunidade relativamente aos
sentimentos, experiências e significados de vida. Lazure (1994, p.131), considera que
“a necessidade humana mais profunda é a necessidade de respeito”.

No processo educativo, o respeito apresenta-se com um efeito libertador, útil e


estimulante.
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem

d) - Tolerância e Ajuda - tem por objetivo contribuir para a construção de um


ambiente favorável, onde o processo educativo seja capaz de acontecer. Aliada à
saudável convivência, a pessoa humana pode ser capaz de sair do “seu fundo” para
construir a sua realização pessoal, aceitando as suas circunstâncias de vida e as suas
limitações, pode ser capaz de crescer feliz (Ortega y Gasset, cit. Por Tavares, 1996).
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem
e) – Colaboração -

A educação alcança-se numa interação recíproca que é responsável


pelo saber comum. Esta dimensão, está relacionada com o facilitar
no terreno a aprendizagem, ou seja, com o princípio da Colaboração.
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem

f) - O Saber escutar - numa relação educativa é um princípio central. Para


Andrade (1995), a tarefa do educador poderia resumir-se ao seguinte:

“Ouvir o que o outro tem para dizer e depois permitir-lhe encontrar as suas
próprias respostas”.
Componentes do Processo Ensino/Aprendizagem
g) – Comunicação - A comunicação na Educação processa-se quando o educador
aceita o que o educando diz sem julgar ou substituir no seu discurso, engrandece o
comentário, diferencia-se do comentário do educando sem rejeitar, desqualificar ou
denegrir.

Educação para a Saúde é um processo de comunicação interpessoal, para proporcionar


informação que desencadeie um exame crítico dos problemas de saúde, que responsabilize
os grupos sociais e indivíduos na escolha de comportamentos que influenciem direta ou
indiretamente a saúde física e psíquica das pessoas e da coletividade.
Educação de Adultos

APRENDIZAGEM NO ADULTO:

▪ Motivação individual (desejo consciente de aprender),

▪ Consciência e controle de si (ambiente descontraído),

▪ Aprendizagem pela reflexão da experiência vivida,

▪ Uso de metodologias ativas (resolução de problemas).


Aprendizagem e os Processos de Mudança

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