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“Está bem não estar bem”

O estigma da doença mental

O título deste artigo é uma frase do documentário “The me you can't see”, em portugues “O
meu lado invisível”. O documentário faz parte de um movimento que começou para
desestigmatizar as doenças mentais. Na atualidade é indispensável, trabalhar para erradicar o
estigma da doença mental. Especificamente, não só das pessoas disfuncionais, também das
pessoas que aparentam normalidade mas sofrem em silêncio suas angústias e tristezas
profundas porque não é aceitável, para algumas pessoas, falar sobre doença mental. Quando
falamos de doença mental, não só estamos falando de psicose evidente como a esquizofrenia,
mas também de depressão maior ou distimia, assim também como fobias, transtorno obsessivo
compulsivo, e ataque de pânico. Millones de indivíduos sofrem estes transtornos em silêncio,
alguns cometem até suicidio porque não têm as ferramentas ao não podem acabar com os
sintomas excruciantes destes distúrbios . A meu ver, ninguém está cento por cento em equilíbrio
o tempo todo, todos em algum momento de nossas vidas vamos a lutar para viver com nossos
traumas, nossas angústias, e nossas fraquezas. Por esse motivo, é imperioso desmistificar os
problemas mentais, e falar aberta e objetivamente deles, gerar espaços onde as pessoas
possam pôr em palavras seu sofrimento, procurar ajuda. É fundamental que os tratamentos
psicoterapêuticos e psiquiátricos possam estar ao toque da mão de quem precisa.

“Não se pode tapar o sol com um dedo”

O estigma das doenças mentais data desde a antiguidade, quando as pessoas com doenças
mentais eram afastadas da sociedade por medo e também por vergonha de parte de suas
famílias. Ter um familiar com doença mental era uma desonra para a família, então as pessoas
das famílias com poder econômico e social eram colocadas em asilos e manicômios, e às vezes
esquecidas, negligenciadas e negadas pelo seu entorno. Já os indivíduos de classe sociais mais
precárias eram ocultados, às vezes, nas mesmas moradias, longe do convívio público. Este
padrão, se projeta na sociedade atual, ainda hoje, com toda a informação e avanços em
tratamentos, carregamos aqueles preconceitos e discriminamos aberta ou solapadamente a
quem padece destas perturbações. Com esta atitude, somos cúmplices e parte em impedir que
estes indivíduos se adaptem, e possam viver o melhor possível. Por outras palavras, quem pela
severidade da sua doença é percebido como um doente mental, assim como aquele que pede
uma licença no trabalho por depressão, é segregado e deixado de lado, como se nos lembraram
que a qualquer momento nós também podemos estar em aquele lugar escuro, longe de nosso
controle. Portanto, quem padece e sofre sabe que será castigado e afastado se ousar em pedir
ajuda e sua condição se tornar de conhecimento público no seu círculo social.

“A luz ao final do tunnel”

Contudo, encontramos vários personagens públicos que estão trabalhando para a aceitação das
doenças mentais em todos os círculos e estratos sociais. Por exemplo, os duques de
Cambridge batalham contra o preconceito, até que o mesmo Duque falou de seus problemas
publicamente, produto da trágica perda da sua mãe quando ele era só um adolescente. Assim
como, seu irmão o Príncipe Harry Mountbatten-Windsor, que participou do documentário “O meu
lado invisível”, e relatou seu sofrimento durante anos, e enfatizou a importância de falar a
respeito como parte essencial da cura. Devido ao trabalho ativo da família real neste assunto, o
governo da Inglaterra instaurou um linha telefônica para ajuda ao suicida. A qual, é muito
exitosa, já que evitou o sucidio de um adolescente, que ligou como último recurso ao sua
desesperança. A mãe do menino agradeceu publicamente este serviço oferecido, que
literalmente salvou a vida de seu filho. Efectivamente, a desestigmatização dos problemas
mentais são a chave para uma evolução necessária. Especialmente, considerando que cada
vez são mais são as pessoas que sofrem estas perturbações.

Conclusão

Concluído, ao longo da história da humanidade muitas vezes foi encontrada resistência ao


câmbio, e a aceitação a temas e circunstâncias que foram catalogadas estigmáticas. Ainda
assim, muitos modelos e estruturas arcaicas foram caindo para dar passo a novos conceitos que
nos fazem mais livres e nos permitem viver a nossa humanidade com maior dignidade. Nesse
caminho, vamos quando falamos de desestigmatizar as doenças mentais de todo tipo, desde as
que nos impossibilitam a funcionalidade, até aquelas com as quais conseguimos levar a cabo a
normalidade exigida pela nossa cultura, mas em nosso interior o inferno se revela. Do mesmo
modo, que o documentário, já nomeado, enuncia “Tratar as pessoas com dignidade é o primeiro
passo”. Para isso, é fundamental dar a oportunidade de expressar o que sentimos e padecemos
sem segregar ninguém por isso. O ato de pedir ajuda não nos revela mais fracos, pelo contrário
mostra a nossa força intrínseca. Com efeito, também é a prova irrefutável que ainda na
tempestade mais amedrontadora de nossa psique é a palavra a qual nos abre o caminho até a
cura.

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