6.53.51-Aula 7 - Introdução A Balística Forense

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QUÍMICA E FÍSICA FORENSE

Aula 7 - INTRODUÇÃO À BALÍSTICA FORENSE

Olá aluno e aluna na aula de hoje vamos começar a falar sobre a balística forense,
abordando seus pontos principais. Bons estudos.

Introdução à balística

A balística corresponde à uma área das ciências forenses que estuda as armas de
fogo, as munições, o comportamento e os efeitos de um projétil em alvos, sempre que
um crime tenha sido cometido com disparos desse tipo de armas.

Buscam comprovar a utilização da arma, correlacionar uma arma em particular


ao evento, as condições em que os disparos foram realizados, identificar um suposto
atirador e os impactos sobre materiais e vítimas.

É uma área de extremo interesse nas ciências forenses, visto que principalmente
os grupos criminosos organizados têm se armado com cada vez maior capacidade de
fogo, tornando as cenas de crimes por eles praticados cenários perfeitos para estudos
balísticos.

O conhecimento balístico tem sido amplamente empregado na distinção da


origem de um disparo em confrontos das forças de segurança com os grupos
criminosos, onde vítimas civis acabam por se tornarem vítimas. Contudo, os
conhecimentos da balística são extremamente amplos e abrangentes, merecendo
publicações exclusivas para o tema. Neste capítulo serão apresentados apenas alguns
elementos fundamentais para a compreensão dos fenômenos balísticos básicos, bem
como da importância desta ciência na investigação das cenas de crimes onde armas de
fogo tenham sido empregadas.

Armas de fogo e energia dos projéteis

Existem vários tipos de armas, com calibres, mecanismos de carregamento e


disparo, canos e munições distintas. Com base nestas diferenças, muitas classificações
podem ser ofertadas pela bibliografia, inclusive de tipos já obsoletos. Pela razão óbvia
de limitação de espaço, neste volume traremos apenas algumas definições e
classificações mais básicas e focadas naqueles tipos de armamentos e munições mais
comumente encontrados no contexto forense. Iniciemos pela definição de arma de
fogo.

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Segundo o inciso XIII do art. 3° do Regulamento para Fiscalização de Produtos


Controlados (R-105), instituído pelo Decreto n°3.665, de 20 de novembro de 2000
(BRASIL, 2000), arma de fogo é:

“Arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados
pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está
solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do
propelente, além de direção e estabilidade ao projétil’.

As armas de fogo podem ser de cano longo (espingardas, carabinas, rifles, fuzis)
ou de cano curto (pistolas, revólveres). Além disto, com relação ao mecanismo de
disparo, podem ser por ação de ferrolho, semiautomáticas e automáticas. Ainda, uma
classificação importante para o âmbito forense, o cano pode ser de alma lisa ou raiada.

A ranhura do cano, que pode ser dextrógira ou sinistrógira, existe no sentido de


promover a rotação do projétil em torno do próprio eixo, reduzindo o arrasto
aerodinâmico, o que promove maior alcance e estabilidade na trajetória. Desta forma,
os disparos com armas de canos raiados tendem a ofertar maior exatidão e precisão nos
disparos.

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Contudo, ao contrário das armas com canos lisos, as de cano raiado imprimem
no projétil as marcas da ranhura, que poderão ser empregadas na identificação da arma
responsável por um disparo.

É importante salientar que, muito embora a ranhura de uma arma seja uma
característica de produção, em função das condições de uso, conservação, manutenção
e tipo de munição, estas marcas tendem a se tornar únicas. É como se fosse uma
‘impressão digital’ dos disparos daquela arma, este é um exame muito empregado na
identificação de uma arma responsável por um disparo, como mostraremos mais
adiante.

Ainda com relação ao mecanismo de funcionamento das armas de fogo, a


alimentação das armas modernas ocorre por retrocarga, ou seja, a munição é inserida
na câmara de disparo pela parte anterior do cano. Uma vez inserida, com a arma
engatilhada, aciona-se o gatilho e o percussor irá deflagrar o iniciador (espoleta) na
parte anterior do cartucho. Esta, por sua vez, irá inflamar a carga principal cujos gases
de explosão irão impulsionar o projétil.
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As munições devem ser de calibre compatível com o da arma, ou seja, cada arma
tem a munição para a qual foi concebida. Existem diferentes formas de definir o calibre
de uma arma, mas três são as principais. Numa destas formas o diâmetro externo do
projétil, que determina o calibre, é expresso em milímetros (mm) (9 mm; 7,62mm;
5,56mm). Em uma segunda maneira, o calibre é expresso em frações de polegadas
(0,38 polegadas; 0,40 polegadas; 0,50 polegadas). Estas duas formas são as mais
comuns de se expressar os calibres de armas de canos raiados. Na terceira forma, o
calibre é expresso em fração de massa de chumbo equivalente a uma libra (453,6
gramas).

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Originalmente, esta massa de uma libra de chumbo foi dividida em distintas


frações, e uma destas frações foi convertida em uma esfera. O tamanho da esfera
determina o calibre da arma. Por exemplo, numa arma calibre 12, a massa de uma libra
foi dividida em 12 partes iguais e com uma delas se fez uma esfera que determinava o
calibre. Sempre com base em uma esfera de chumbo.

Cada tipo de munição ofertará ao projétil uma quantidade de energia que


dependerá de diversos fatores, tais como: calibre, massa do projétil, geometria do
projétil, comprimento e ranhura do cano, tipo e quantidade de explosivo da carga
principal, munição nova ou recarregada e o próprio estado de conservação da arma,
dentre outros. É claro que além dos fatores relacionados à própria arma e munição,
eventualmente alguns fatores ambientais também podem imprimir modificações na
energia entregue por um projétil.

É de fácil compreensão o fato de que quanto maior for à energia do projétil maior
serão os danos causados em um alvo. Como já informado anteriormente, outros fatores
também determinarão a extensão dos danos, e devem ser levados em consideração no
momento da avaliação pericial.

Perícia em estojos e projéteis

Uma vez executado o disparo da arma de fogo, muitos registros serão impressos
por esta tanto no estojo quanto no projétil. Quando o projétil atinge o alvo ou alguma
superfície no entorno ele é recolhido para avaliação pericial. Contudo, é de extrema
importância que se tenha cuidado no momento da remoção deste projétil do material
no qual está inserido. Se for de cadáver, o médico legista deverá executar a remoção e
limpeza cuidadosa com posterior embalagem e envio para o exame balístico. Se for
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alguma outra superfície (alvenaria, madeira, solo, metal) procede-se a extração do


projétil desta, buscando causar o mínimo de danos ao mesmo. Se houver fragmentação
do projétil no impacto, os fragmentos deverão ser recolhidos com os mesmos cuidados
e na maior quantidade possível.

Os estojos deflagrados de munições também são vestígios muito importantes e


podem conter informações úteis sobre a arma de um crime. A maioria das armas
semiautomáticas e automáticas ejetam os cartuchos imediatamente após a execução de
um disparo e, muito raramente, o atirador se preocupa com o recolhimento destas
evidências. Infelizmente, em muitas cenas de crimes a importância dos estojos é
sonegada e não raramente se tornam suvenires nas mãos dos curiosos. Lembrando que
em uma cena de disparo de armas de fogo o número de estojos pode dar um indicativo
da quantidade de disparos realizados por um ou mais atiradores, visto que nem sempre
todos os projéteis são recuperados.

Mas antes de criarmos a falsa ideia de que o fato de se haver encontrado projéteis
e/ou estojos de munições empregadas em ações criminosas por si só solucionar um
caso, é importante destacar que todos os testes balísticos com estes vestígios são
comparativos. Quer dizer que é necessário dispor da arma suspeita de ter realizado os
disparos.

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De posse desta e com o uso de munição semelhante, realizam-se disparos e os


projéteis e estojos resultantes destes disparos são comparados com aqueles encontrados
na cena do crime. Os testes com os projéteis buscam comparar os padrões de ranhuras
criadas pelas raias do cano. Como já foi dito, muito embora o padrão de raias seja o
mesmo para um determinado tipo de arma, o conjunto arma-munição-conservação
determina sutis diferenças no padrão impresso no projétil.

As amostras da cena do crime e dos disparos realizados pelos peritos são


detalhadamente examinadas em microscópios ou lupas e um amplo registro fotográfico
é mantido. Lembremos que, por se tratar de peças metálicas, os projéteis podem sofrer
oxidação e ter parte das ranhuras apagadas. No laudo, o perito indicará se existe
semelhança ou não, relatando a possibilidade de que a arma em questão pode ter
efetuado os disparos na cena, ou a descartando.

Quando um projétil é estilhaçado, a identificação é mais complexa, pois muitas


marcas das raias do cano são perdidas. Mas ainda assim todos os fragmentos possíveis
são recolhidos a fim de buscar algum vestígio que possa levar à identificação da arma
que efetuou o disparo. Casos clássicos da necessidade de identificação de armas têm
sido os dos confrontos entre policiais e traficantes, nos quais civis são alvejados.

Executa-se a perícia nas armas dos policiais que participaram do confronto, a


fim de determinar a origem do disparo. Claro que, para tal, deve haver coincidência no
calibre. Já quando os estojos (cápsulas) podem ser recuperados, outros tipos de marcas
podem ser identificados. São tão ou mais valiosas e conclusivas do que aquelas
encontradas nos projéteis no sentido de identificar uma determinada arma. Contudo,
em caso de óbito decorrente de projétil, o teste comparativo entre projéteis, conforme
descrito acima, é imprescindível.

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Nos estojos, buscamos marcas deixadas pela câmara, pelo extrator e,


principalmente, pela ação do percussor sobre a espoleta (iniciadora). Este conjunto de
marcas tende a ser característico de uma determinada arma, pelas razões já
apresentadas anteriormente.

Igualmente aos relatos nos laudos sobre as impressões deixadas sobre os


projéteis, às marcas impressas pela arma sobre os estojos geram evidência pela
semelhança, ou seja, devem ser realizados disparos com a arma suspeita, com o mesmo
tipo de munição. Neste caso, os estojos produzidos nestes disparos são comparados
com aqueles encontrados na cena do crime. As análises são realizadas em microscópios
ou lupas, e amplo registro fotográfico é realizado.

JAMAIS ESQUEÇA ISSO

“NÃO IMPORTA quantos erros você cometa ou quão devagar é seu


progresso, VOCÊ AINDA ESTARÁ À FRENTE daqueles que não
estão tentando.”

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR (Aula 7)

Caro aluno e aluna, vamos fazer uma atividade. Analise a imagem abaixo e em
seguida preencha como o nome correto as linhas que estão marcadas.

(A)_________________________________________________________________
(B)_________________________________________________________________
(C) _________________________________________________________________
(D) _________________________________________________________________
(E) _________________________________________________________________
(F) _________________________________________________________________
(G) _________________________________________________________________

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