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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

RELATÓRIO 5 – Pt. B

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA CONJUNTA DE UMA AMOSTRA DE SOLO

Murilo Heryaldo Pinheiro Tarozzo


Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque
IC – 535 – Ensaios Laboratoriais de Mecânica dos Solos

Campinas

2018
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS.............................................................. 3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 3
2.1. Ensaio de Peneiramento................................................................ 4
2.2. Ensaio de Sedimentação................................................................ 5
2.3. Análise da Cruva de Distribuição Granulométrica.......................... 7
2.3.1. Coeficiente de Uniformidade................................................. 7
2.3.2. Coeficiente de Curvatura...................................................... 8
3. PROCEDIMENTOS............................................................................... 8
3.1. Ensaio de Sedimentação................................................................ 9
3.2. Ensaio de Peneiramento................................................................ 11
4. RESULTADOS...................................................................................... 13
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................... 14
6. CONCLUSÃO........................................................................................ 16
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 17
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A análise granulométrica é a determinação do tamanho das partículas


presentes em um solo, expressa como uma porcentagem da massa seca total.
A forma de se determinar a curva granulométrica varia para o tamanho dos
grãos.

Neste trabalho, foi coletada uma amostra de solo e realizado os ensaios


para análise granulométrica, a fim de se determinar a curva e o tipo de solo da
amostra.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com a NBR 6502:1995, a granulometria dos solos é dada da


seguinte forma:

Classficação Diâmetro dos grãos


Pedregulho Entre 60,0 e 2,0 mm
Areia grossa Entre 2,0 e 0,6 mm
Areia média Entre 0,6 e 0,2 mm
Areia fina Entre 0,2 e 0,06 mm
Silte Entre 0,06 e 0,002 mm
Argila Menor que 0,002 mm
Tabela 1. Classificação granulométrica

No ensaio de granulometria, a forma de se obter as porcentagens


dependerá do tamanho das partículas que compõem o solo. Para partículas
maiores que 0,075 mm, realiza-se o ensaio de peneiramento. Já para
partículas menores que 0,075 mm, deve-se utilizar o processo de
sedimentação em água destilada.

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2.1. ENSAIO DE PENEIRAMENTO

Este ensaio consiste em agitar uma amostra de solo em um conjunto de


peneiras com aberturas progressivamente menores. As peneiras utilizadas
neste ensaio seguem o padrão da tabela 2:

# N° da Abertura
Peneira (mm)
2'' 50,000
1'' 25,000
3/4'' 19,000
3/8'' 9,500
4 4,800
10 2,000
16 1,200
30 0,600
40 0,420
60 0,250
100 0,150
200 0,075
Tabela 2. Tamanhos de peneiras

A menor peneira a ser utilizada é a #200 (0,075 mm). Após a vibração


do conjunto de de peneiras, determina-se a massa de solo retida em cada
peneira. Em seguida, determina-se o percentual de massa retida em cada
peneira em relação a massa seca da amostra.

𝑀𝑠 (#𝑖) (a)
𝑃𝑟 (#𝑖) = 100
𝛴𝑀𝑠 (#𝑖)

Em que Ms é a massa de sólidos.

Com cada massa retida determinada, acumula-se estes valores e, então,


determina-se percentualmente a quantidade de solo que passou por cada
peneira.

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2.2. ENSAIO DE SEDIMENTAÇÃO

O tamanho das partículas menores do que 0,075 mm, para cada tempo
t, será calculado através da fórmula de Stokes adaptada para uma forma mais
prática.

𝜇 𝑧 1/2 (b)
𝐷𝑖 = 0,005530 ( )
(𝜌𝑠 − 𝜌𝑤 ) 𝑡

Onde:
z ,em cm, é a distância entre o centro de volume do bulbo do densímetro
e a superfície de suspensão
(𝜌𝑠 − 𝜌𝑤 ) ,em g/cm3, é a diferença entre massa específica dos sólidos e
a massa específica da água, respectivamente, de acordo com a temperatura.
μ em Pa.s, desprezando a potência de 10-4, é a viscosidade dinâmica da
água, que varia com a temperatura.
t, em min, é o tempo decorrido desde o início do ensaio até a o tempo da
leitura.
Resultando Di em mm.

A porcentagem de partículas “que passam”, com diâmetro menores que


o calculado pela equação (a), após um tempo qualquer t, é dada pela seguinte
equação:

100 𝜌𝑠 (c)
𝑃 (< 𝐷𝑖 ) = ( 𝑟(𝐻) − 𝑟𝑤 (𝐻))
𝑀𝑠 𝜌𝑠 − 1

Onde r (h) é a leitura obtida na suspensão e rw(h) é a leitura obtida na


solução de controle (água).
A massa específica da água (𝜌𝑤 ) varia de acordo com a temperatura, e é
dada pela tabela 3:

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Tabela3. Massa específica da água

A viscosidade dinâmica da água (μ) também varia com a temperatura,


segundo os valores da tabela 4:

Tabela 4. Viscosidade dinâmica da água

Para o cálculo das alturas de queda (z), são utilizadas as equações (d) e
(e) de calibração do densímetro nº 4 do laboratório de mecânica dos solos, da
FEC, UNICAMP:

𝑧 = 20,9 − 0,196 𝐿 (d)

𝑧 = 20,1 − 0,196 𝐿 (e)

Sendo a equação (d) usada para as 3 primeiras leituras, e a equação


(e), para as demais leituras.

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Os valores L são iguais aos valores das leituras na suspensão (r(H))
com um adicional de correção, devido a formação de um menisco na haste do
densímetro.

𝐿 = 𝑟 (𝐻) + 0,5 (f)

2.3. Análise da curva de distribuição granulométrica

Conforme mostra a figura 1, os solos pode ser descritos como bem


graduados, mal graduados ou descontínuos, com base na observação do
formato da curva granulométrica.

Fig. 1. Curva granulométrica e graduação do solo

Da curva granulométrica, podem ser definidos alguns parâmetros.

2.3.1. Coeficiente de Uniformidade

Este coeficiente é a razão entre os diâmetros correspondentes a 60% e


10%, da curva granulométrica.

𝐷60 (g)
𝐶𝑢 =
𝐷10

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Esta relação indica a “não uniformidade” do material. Considera-se
uniforme solos com Cu < 5, de uniformidade média se 5 < Cu < 15, e não-
uniforme se Cu > 15.

2.3.2. Coeficiente de Curvatura

𝐷30 2 (h)
𝐶𝑐 =
𝐷60 𝐷10

Onde D30, é o diâmetro correspondente a 30% na curva granulométrica.


Em solos bem graduados, Cc apresenta um valor entre 1 e 3, segundo Caputo (

3. PROCEDIMENTOS

Nos ensaios de Peneiramento e sedimentação, os seguintes materiais


e equipamentos são utilizados:

- Conjunto de Peneiras (#10, #16, #20, #30, #40, #60, #100, #200)
- Densímetro
- Dispersor elétrico, com copo com chicanas
- Haste de agitação
- Proveta de vidro
- Balanças de precisão
- Termômetro
- Cronômetro
- Solução defloculante
- Cápsulas de alumínio e porcelana
- Funil
- Seringa de borracha
- Água destilada

No ensaio de granulometria, realiza-se primeiro o ensaio de


sedimentação e, sem seguida, o ensaio de peneiramento.

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3.1. Ensaio de Sedimentação

Inicialmente, a amostra de solo é levada misturada com água destilada


e levada para o copo do dispersor. A amostra é deixada no dispersor por pelo
menos 10 minutos.
Em seguida, a amostra é misturada com uma solução defloculante e
transferida para a proveta. Com uma haste de agitação, a proveta é agitada
repetidamente, para garantir a homogeneização da suspensão.

Fig. 2. Homogeneização da suspensão.

Apoiando a proveta sobre uma superfície, aciona-se o cronômetro, e


introduz-se o densímetro, de forma lenta e com leve rotação. O densímetro
deve ser solto já próximo de seu ponto de equilíbrio.

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Fig. 3. Leituras dos valores do densímetro.

Ao lado dessa proveta, deve ser mantida outra proveta, contendo água
destilada com o defloculante, onde deve ser mantido um termômetro e o
densímetro nos intervalos entre as leituras.

Fig. 4. Solução controle de água destilada com defloculante

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As leituras na suspensão devem ser realizadas nos tempos de 0,5 min,
1 min, 2, min, 4 min, 8 min, 15 min, 30 min, 60 min, 120 min, 240 min, 480 min
e 1440 min.
Para cada leitura realizada, deve-se inserir o densímetro na proveta de
controle (água destilada e defloculante) para realizar a leitura nele, e medir sua
temperatura.

3.2. Ensaio de Peneiramento

Após o término do ensaio de sedimentação a proveta contendo a


suspensão é então lavada na peneira #200 (0,075 mm). A porção retida nesta
peneira é recolhida e levada para uma estufa para uma secagem completa e
então resfriada.

Fig. 5. Lavagem na peneira #200

Após a secagem, monta-se o conjunto de peneiras que será utilizado


no ensaio, conforme tabela 1. As peneiras são colocadas umas sobre as
outras, começando com a peneira de maior abertura no topo, e colocando
peneiras menores abaixo, em sequência descrescente, até o prato, que deve
recolher o solo que passar na peneira de menor abertura.

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Fig. 6. Colocação da amostra seca no conjunto de peneiras

O conjunto então é vibrado, de forma a garantir a correta passagem


das partículas através das peneiras, por pelo menos 10 minutos.
Os grãos retidos em cada peneira são recolhidos e pesados em
balança.

Fig. 7. Massas de solo retidas em cada peneira

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4. RESULTADOS

No Laboratório de Mecânica dos Solos, da Faculdade de Engenharia


Civil, UNICAMP, foi realizado o ensaio de granulometria conjunta em uma
amostra de solo, com massa inicial de 50g, e massa específica dos sólidos de
2,95 g/cm3. Os resultados obtidos são mostrados a seguir:

Ensaio de SEDIMENTAÇÃO
z (cm): rw (H):
r(H): Di (mm): R (H)
Tempo Temperatura ρw μ (10^-4 Equações de Leitura na % que
Leitura na Diâmetro - rw
(min) (°C) (T°C) Pa.s) calibração do solução passa
suspensão equivalente (H)
densímetro controle
0,5 17 0,99877 10,83 20,5 16,784 0,0755 7,7 12,8 38,7
1 17 0,99877 10,83 18,5 17,176 0,0540 7,7 10,8 32,7
2 17 0,99877 10,83 17 17,470 0,0385 7,7 9,3 28,1
4 17 0,99877 10,83 16 16,866 0,0268 7,7 8,3 25,1
8 17 0,99877 10,83 15,5 16,964 0,0190 7,7 7,8 23,6
15 17 0,99877 10,83 15 17,062 0,0139 7,7 7,3 22,1
30 17 0,99877 10,83 14 17,258 0,0099 7,7 6,3 19,1
60 17 0,99877 10,83 13 17,454 0,0070 7,7 5,3 16,0
120 17 0,99877 10,83 12,5 17,552 0,0050 7,7 4,8 14,5
240 17 0,99877 10,83 12 17,650 0,0035 7,7 4,3 13,0
480 17 0,99877 10,83 11 17,846 0,0025 7,7 3,3 10,0
1440 17 0,99877 10,83 9,5 18,140 0,0015 7,7 1,8 5,4
Tabela 5. Resultados para o ensaio de sedimentação

Os resultados da tabela 5 foram obtidos, para cada tempo, através das


leituras de temperatura, r (H) e rw (H). As informações de massa específica
(ρw) e viscosidade (μ) da água foram obtidas das tabelas 3 e 4,
respectivamente, conforme mostrado na seção 2.2.

As informações de alturas de queda (z) foram obtidas através das


equações “d”, “e” e “f”. Os valores de Diâmetro equivalente e a porcentagem
que passa foram obtidos através das equações “b” e “c”, respectivamente.

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Ensaio de PENEIRAMENTO
Massa
Abertura % retido % que
Peneira Retida % retido
(mm) acumulado passa
(g)
2'' 50 0 0 0 100
1'' 25 0 0 0 100
3/4'' 19 0 0 0 100
3/8'' 9,5 0 0 0 100
4 4,8 0 0 0 100
10 2 0 0 0 100
16 1,2 0,56 1,12 1,12 98,88
30 0,6 2,17 4,34 5,46 94,54
40 0,42 2,03 4,06 9,52 90,48
60 0,25 6,81 13,62 23,14 76,86
100 0,15 7,39 14,78 37,92 62,08
200 0,075 9,72 19,44 57,36 42,64
Tabela 6. Resultados para o ensaio de peneiramento

Com os resultados no ensaio, a porcentagem retida em cada peneira foi


obtida através da fórmula “a”. A porcentagem que passa, portanto, é a
diferença entre a quantidade total e a retida.

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com os resultados obtidos na seção 4, pode ser traçada a curva


granulométrica mostrada a seguir:

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Granulometria Conjunta
100,00

90,00

80,00

70,00

Porcentagem que passa (%)


60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
0,001 0,010 0,100 1,000
Diâmetro dos grãos (mm)

Fig. 8. Curva granulométrica resultante do ensaio

Pode-se observar que a curva possui um formato mais “deitado”, o que


demonstra que a amostra de solo é bem graduada, possuindo diversos
tamanhos de partículas.

Pode-se confirmar isso através dos coeficientes Cc e Cu. Observando a


curva, tem-se um D60 de aproximadamente 0,1437 mm, D10 aproximadamente
igual a 0,0026 mm e D30 aproximadamente igual a 0,0460 mm. Aplicando as
fórmulas “g” e “h”, é obtido Cu = 55,26 e Cc = 5,66. Confirma-se, então, que se
trata de um solo não-uniforme, já que Cu é maior que 15. No entanto, Caputo
(1996) disse que solos bem graduados possuem Cc entre 1 e 3, o que não
ocorreu aqui.

Por fim, analisando a curva granulométrica, pode-se obter as frações de


cada tipo de solo que compõe a amostra. Pela curva, a amostra é composta,
aproximadamente, de 8% de argila, 27% de silte e 65% de areia. Além disso,

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observa-se que a areia é majoritariamente fina (54% da areia), seguida de uma
porção média (38% da areia).

O solo pode ser descrito, então, como uma Areia fina e média, silto
argilosa.

6. CONCLUSÃO

Neste trabalho foi executado um ensaio de granulometria conjunta em


uma amostra de solo. Como resultado, conlcluiu-se que se trata de um solo
principalmente arenoso.

O ensaio de sedimentação se mostrou bastante demorado de ser


executado. O processo de secagem do material é prolongado, e a própria
leitura levou 24 horas (1440 minutos) para ser finalizada. O fator tempo leva a
um aumento nas probabilidades de erro do experimentador, o que demonstra a
necessidade de alguém com experíência para realizar o ensaio.

Já o processo de peneiramento se mostrou mais simples. O processo


de secagem do material é o processo mais longo, enquanto que o restante do
ensaio é rápido e fácil execução.

Os resultados se mostraram bastante precisos e demonstram


claramente seu objetivo, que é de determinar as frações de tamanho das
partículas que compôem o solo. No entanto, já é de conhecimento comum que
a granulometria afeta o comportamento apenas para solos granulares
(grossos). Já para solos finos (diâmetros menores que 0,075 mm) a interação
entre as partículas com água e vazios é o que dita seu comportamento.

Apesar disso, as classificações baseadas na granulometria tanto para


solos finos ou grossos são empregadas de forma universal, atendendo bem as
necessidades geotécnicas.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DAS, B. M.; SOBHAN K.; Fundamentos de Engenharia Geotécnica.


8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
NOGUEIRA, J. B.; Mecânica dos Solos – Ensaios de Laboratório.
São Carlos: EESC-USP, 1995.
CAPUTO, H. P.; Mecânica dos Solos e suas aplicações – Volume 1.
6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS; NBR 7181 –
Solo – Análise Granulométrica – Versão Corrigida 2 . Rio de Janeiro, p. 12.
2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS; NBR 7211 –
Agregados para concreto - Especificação. Rio de Janeiro, p. 9. 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS; NBR 6502 –
Rochas e Solos. Rio de Janeiro, p. 18. 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS; NBR NM ISO
3310-1 – Peneiras de ensaio - Requisitos técnicos e verificação - Parte 1:
Peneiras de ensaio com tela de tecido metálico (ISO 3310-1, IDT). Rio de
Janeiro, p. 20. 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS; NBR NM ISO
3310-2 – Peneiras de ensaio - Requisitos técnicos e verificação - Parte 2:
Peneiras de ensaio de chapa metálica perfurada (ISO 3310-2:1999, IDT).
Rio de Janeiro, p. 13. 2010.

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