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A Primeira República Portuguesa

A Primeira República Portuguesa (1910-26) constituiu a primeira tentativa persistente de


estabelecer e manter uma democracia parlamentar. Apesar das intenções e dos ideais generosos e do
entusiasmo inicial, os republicanos foram incapazes de criar um sistema estável e plenamente
progressista. A República foi prejudicada pela frequente violência pública, pela instabilidade política,
pela falta de continuidade administrativa e pela impotência governamental. Com um total de quarenta
e cinco governos, oito eleições gerais e oito presidentes em quinze anos e oito meses, a República
Portuguesa foi o regime parlamentar mais instável da Europa ocidental.
Não é de surpreender que muitos dos juízos acerca da Primeira República tenham sido
severos. Consumidas pelas paixões da defesa ou do ataque políticos, as testemunhas ainda vivas e a
sua descendência apenas produziram material de propaganda. Os escritores do Estado Novo susten-
taram que a República tentou ir demasiado longe, demasiado depressa, e procurou destruir os
fundamentos do Portugal tradicional.
Os críticos mais pronunciadamente da extrema direita, quer portugueses
quer estrangeiros [1], têm insinuado que a República não passou de uma conspiração maçónica,
sublinhando, consequentemente, a imagem de «República de pesadelo». Quando lhe perguntaram,
numa entrevista por escrito, porque falhara a Primeira República, o ex-primeiro-ministro Marcello
Caetano respondeu: «A falência da Primeira República ficou a dever-se, na minha opinião, à política
religiosa inicialmente adoptada, assim como às instituições parlamentares, que facilitaram a
pulverização dos partidos e a
instabilidade e a fraqueza dos governos. [2]
Os escritores de esquerda têm acusado os dirigentes republicanos de terem sido demasiado
fracos, dema- siado lentos nas reformas e tímidos na materialização dos ideais. Alguns insinuaram
que a República falhou por causa de as suas políticas terem
favorecido a classe média e reprimido persistentemente as justas reivindicações das classes
trabalhadoras. [3]
Apesar das concepções opostas sustentadas por vários republicanos e monárquicos quanto
àquilo que era ou podia ser uma república, uma análise da discussão das questões abordadas indica
que algumas das mais importantes questões no decurso dos primeiros anos da República podiam ter
sido encaradas no âmbito do parlamentarismo, uma vez que foram discutidas finalmente e
constituíram assunto para compromissos partidários por volta de 1926.

Queda da monarquia

Após a derrota da Monarquia do Norte em 1919, a questão monárquica, exceptuando o


barulho à sua volta, perdeu muito do seu significado. O regime republicano iniciou um entendimento
com os monárquicos, legalizando-os como partido com lugar no Parlamento em 1921, e fez diversas
amnistias. Começara igualmente uma aproximação relativamente à igreja católica. Em 1923, o
presidente da República investiu publicamente o novo núncio apostólico, entregando-lhe em Lisboa
os símbolos do cargo. Diversos partidos, a imprensa e o Parlamento discutiram aspectos referentes à
restauração de alguns dos direitos e privilégios dos católicos antes de 1910, especialmente quanto ao
culto e à educação. Por volta de 1926, a questão religiosa era menos perturbadora. Os nacionalistas
propuseram que a instrução católica fosse restaurada como ensino particular. Também por volta de
1926, muitos republicanos começavam a discutir a ideia de criar um novo corpo representativo em
que participassem os grupos com inte- resses económicos e as profissões, versão precursora da futura
Câmara Corporativa do Estado Novo.
A Primeira República deixou uma herança, frustrada e ambígua, de planos, propostas, de
tímidos começos e de realizações pouco duradouras. Sob alguns aspectos, os republicanos podiam
estar orgulhosos do seu trabalho e da sua visão. Foram realizadas significativas reformas na instrução
primária e no ensino secundário, assim como se fizeram esforços quanto à política fiscal, às condições
laborais e à política de salários.
Portugal entra no século XX mergulhado numa profunda crise política, económica e social. O
regime monárquico ficou fortemente abalado com as cedências que se viu obrigado a fazer perante o
Ultimato britânico de 1890.
Uma verdadeira onda de contestação e de patriotismo ferido varreu então todo o país. É na
sequência destes acontecimentos que, a 31 de Janeiro de 1891, surge a primeira tentativa para
derrubar a Monarquia. O rei D. Carlos sobrevive-lhe, mas já não consegue travar a ascensão do
Partido Republicano, sobretudo nas cidades, onde o eleitorado duplica em 20 anos.
As duas décadas que medeiam entre o Ultimato e a implantação da Republica em Portugal são
marcadas por uma luta constante pelo poder entre as forças monárquicas e as republicanas. Uns e
outros arregimentam os aliados possíveis: os monárquicos, a Igreja; os republicanos, o operariado.
Uns e outros recorrem a todos os meios ao seu alcance. É neste contexto de ruptura social que vai
ocorrer a tragédia do Regicídio.

Analiso as fontes
1. Quais eram as principais criticas feitas ao regime monárquico português?
R: O regime monárquico provocou o aumento das dividas de Portugal para com outros países,
dos
impostos, do desemprego, o que causou várias
críticas a essas mesmas falhas.

2. O republicanismo era bem aceite em Portugal no início do século XX? Justifica.


R: Sim! Porque claramente, vemos que uma parcela dos republicanos era influenciada pelo
positivismo corrente no século XIX. Fortalecida em valores de natureza racional, o governo
republicano estaria naturalmente mais apto em relação às tradições e desmandos que permeiam a
monarquia. Além dos positivistas, também devemos destacar que alguns textos influenciado pelo
socialismo utópico abraçavam a causa republicana e seus preceitos democráticos como forma de
atendimento aos anseios populares.
Desse modo, ao tomar tais características, vemos que o republicanismo não só empreende a
função de instrumento de ataque ao regime imperial. Ao ser tomado por diferentes tendências, a
república assume a capacidade de oferecer resposta a diferentes sectores da intelectualidade daquele
tempo. Além de atacar a Coroa e a escravidão, a defesa de um novo modelo político nos revela as
nuances do cenário político e intelectual dos fins do século XIX.

3. Comenta a frase sublinhada na fonte 2c: “Que a nação tome conta dos seus destinos”
R: Significa que a nação não tomava a conta de si própria e a República queria que a não
começa-se a tomar conta de si próprio.

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