Você está na página 1de 3

750

Geoquímica e Integridade Mineralógica do Sistema CO2-rocha-


IV Mostra de Pesquisa
fluído em Reservatórios da Formação Rio Bonito – Bacia do
da Pós-Graduação Paraná
PUCRS

Gesiane Fraga Sbrissa, João Marcelo Medina Ketzer (orientador)

Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais, Faculdades de Engenharia, Física e Química,


PUCRS.
Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono – CEPAC, PUCRS.

Resumo

Existem grandes perspectivas para o armazenamento de CO2 no Brasil e a Bacia do


Paraná surge como um alvo provável por conter reservatórios em potencial. Isto ocorre por ela
apresentar a configuração adequada de rochas necessária para que o armazenamento de CO2
seja alcançado, além de se localizar próxima as maiores fontes emissoras do país. Dentro
deste contexto, este trabalho visa avaliar a interação geoquímica CO2-rocha-fluído em escala
laboratorial e com isto verificar a integridade mineralógica das rochas-reservatório da
Formação Rio Bonito quando submetidas a injeção de CO2.

Introdução

Muitas alternativas estão sendo propostas para reduzir e estabilizar as emissões de


gases de efeito estufa e assim mitigar as mudanças climáticas causadas por elas. Dentre estas
propostas, está o armazenamento geológico de CO2, que se baseia no principio de devolver o
carbono emitido pela queima de combustíveis fósseis novamente para reservatórios
geológicos (Ketzer, 2006). Existem principalmente três tipos de reservatórios para o
armazenamento de CO2: (01) campos de petróleo maduros ou depletados, (02) camadas de
carvão e (03) aquíferos salinos.
No Brasil, o armazenamento de CO2 surge como uma forma de negócio alternativa
sustentada tanto pela técnica de recuperação avançada de hidrocarbonetos em campos de
petróleo como de metano em camadas de carvão. Mas tendo em vista a grande quantidade de
CO2 que deverá ser armazenada para mitigar o aquecimento global, a injeção de CO2 em

IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009


751

aquiferos salinos também deverá ser considerada como opção, devido a sua grande
capacidade de armazenamento (Ketzer, 2006).
Dentro deste contexto, a Bacia do Paraná surge como um alvo em potencial para o
armazenamento de CO2, devido a sua geologia, capacidade e proximidade das maiores fonte
emissoras estacionárias do país. Assim, este trabalho propõe o estudo experimental do sistema
CO2-rocha-fluído nas rochas-reservatório da Formação Rio Bonito (Bacia do Paraná) que
consiste na formação com os reservatórios de maior potencial e assim contribuir com novos
dados para avaliação da potencialidade dos reservatórios desta bacia para o
armazenamento geológico de CO2.

Metodologia

Para a realização deste trabalho serão utilizadas diferentes técnicas as quais abrangem
várias escalas de trabalho; desde perfis estratigráficos até experimentos que simularão a
interação CO2-rocha-fluído.
Serão descritos três testemunhos de rocha, provenientes da Formação Rio Bonito, esta
análise visa à determinação da localização estratigráfica das melhores amostras para os
experimentos com o controle da profundidade, o que é de suma importância, pois a partir dela
se prevê parâmetros físicos químicos como temperatura e pressão.
Serão selecionas 30 amostras para serem analisadas em microscópio ótico segundo o
método Gazzi-Dickson (Gazzi, 1966b; Dickson, 1970; Zuffa, 1980), que consiste em uma
análise quantitativa com contagem modal de 300 pontos por lâmina delgada. Esta é uma
análise estatística tradicionalmente utilizada para a estimativa da composição mineralógica de
amostras de rocha (Gazzi, 1966b). Essa análise permite obter a quantidade percentual de cada
constituinte na amostra, além de avaliados quantitativamente os constituintes são descritos
também individualmente, em aspectos como forma, alterações, arranjo entre os grãos e
relação de ordem de formação entre os constituintes. Ao final da contagem é obtida a
proporção estatística de cada constituinte da rocha amostrada.
As amostras originais e pós reação com CO2 serão analisadas por Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV). Esta análise será de suma importância, pois a partir dela será
avaliada a amostra pós reação a fim de se comparar a mineralogia com a da rocha original e
assim verificar a dissolução e a precipitação de fases minerais quando submetido à injeção de
CO2.

IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009


752

Para as simulações CO2-rocha-fluído serão realizados experimentos em autoclaves de


aço inox AISI 304 com copos de teflon de capacidade de 100 mL em 3 amostras selecionadas,
afim de serem avaliadas em reações a pressão 100 bar (10 Mpa) e temperatura 150°C (em
virtude da profundidade das amostras coletadas e do gradiente geotérmico da área). As
condições utilizadas serão constantes durante o período de 240 h visando à simulação do
reservatório e a interação do CO2-rocha-fluído (Kaszuba et al., 2005).

Resultados Esperados

Os resultados esperados com este trabalho são: avaliação da integridade mineralógica


do reservatório da Formação Rio Bonito com a interação CO2-rocha-fluído, caracterização
petrográfica e estratigráfica do intervalo correspondente a Formação Rio Bonito – Bacia do
Paraná, avaliação e detalhamento das possíveis conseqüências das alterações mineralógicas à
integridade do reservatório e contribuição com novos dados para a avaliação do potencial da
Bacia do Paraná como reservatório alvo para o armazenamento geológico de CO2.

Referências

DICKSON, W.R., Interpreting detrital modes of greywackes and arkoses. Journal of Sedimentary Petrology.
Vol 40, N° 2 (1970), pp. 695-707.
GAZZI, P., Le arenaire del flysch sopra Cretaceo dell Appenino modenese, correlazioni con il flysch de
Monghidoro. Mineral et Petrologica Acta. Vol 12 (1966b), pp. 69-97.
KASZUBA J. P.; JANECKY D. R.; MARJORIE, G. Carbon dioxide reaction processes in a model brine aquifer
at 200 °C and 200 bars: implications for geologic sequestration of carbon. Applied Geochemistry, v. 18, p.
1065–1080, 2003.
KETZER, J.M., Redução das emissões de gases causadores do efeito estufa através da captura e
armazenamento geológico de CO2, in: Carbono: Desenvolvimento tecnológico, aplicação e mercado global.
Curitiba: Editora UFPR. 2006.
MILANI, E.J. Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relacionamento com a
geodinâmica fanerozóica do Gondwana sul-ocidental. Porto Alegre, 1997, 255 p, Tese de Doutoramento,
Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.
ZUFFA, G.G., Hybrid Arenites: their composition and classification. Journal of Sedimentary Petrology. Vol
50, Nº1 (1980), pp. 21-29.

IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009

Você também pode gostar