No livro “12 anos de escravidão”, de 2013, retrata Solomon Northup, um
homem negro livre que é sequestrado e vendido como escravo nos EUA antes do início da Guerra Civil. Na obra cinematográfica, acompanha em 12 anos as humilhações físicas, psicológicas e emocionais que o protagonista sofre durante esses anos, lutando pela sobrevivência e aguardando pela sua libertação. Fora da ficção, não é diferente, já que muitos indivíduos brasileiros ainda sofrem com tais explorações, sendo causadas pela desigualdade social, como também a fiscalização precária por parte do Governo.
Em primeira instancia, as atividades laborais degradantes estão ligadas a
desigualdade social. É evidente que, em diversas localidades, principalmente nas mais vulneráveis, como por exemplo as zonas rurais, encontra-se pessoas exercendo atividades de forma forçada e sem condições dignas, o que aumenta as exclusões e reduz a sociedade como um todo às características da barbárie. Além disso, devido ao desemprego e baixa escolaridade, assim como a situação das pessoas retratadas nessas regiões, o proletariado acaba se sujeitando a condições de empregabilidade abusiva, tendo salários mal remunerados, jornadas exaustivas e vigilância ostensiva. De acordo com o Art. 149 do Código Penal, define esse imbróglio como trabalho análogo à escravidão, ou seja, um crime extremamente desumano.
Outrossim, desde o período da criação da Lei Aurea, que declarou extinta a
escravidão no Brasil, isto é, a Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888, há uma dificuldade em controlar essas causas terríveis, uma vez que o Estado não oferece o cuidado e a fiscalização correta nos ambientes de serviços. É perceptível que, esse tipo de situação persiste em muitos países da Ásia e Europa, com um número extenso de pessoas trabalhando em fábricas têxteis, entre elas crianças, idosos e mulheres, até mesmo com relatos de exploração sexual associados ao crime de trabalho análogo à escravidão. No Brasil, mais de 2 mil pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão no meio rural em 2022. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos 207 casos registrados no último ano, 2.218 trabalhadores foram libertados. Este é o maior número dos últimos 10 anos.
Diante do exposto, são necessárias ações para coibir o trabalho análogo à
escravidão. Para isso, o Estado deve intensificar suas operações em áreas de maior incidência, como zonas mais isoladas, tais como áreas rurais, com a ajuda do Ministério dos Direitos Humanos que atua na implementação e fomento da política de combate ao trabalho escravo, buscando a garantia da dignidade humana e dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, onde seriam feitas visitas periódicas com agentes para verificar se há irregularidades fiscais e criar mais mecanismos de denúncia e com o apoio de ONG’s como a organização Repórter Brasil que tem um projeto chamado “Escravo, nem pensar!”, onde visa combater o trabalho escravo contemporâneo no Brasil. Dessa forma, será possível realizar resgates e garantir o princípio constitucional da dignidade humana.