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Contemporânea

Contemporary Journal
3(9): 13910-13930, 2023
ISSN: 2447-0961

Artigo

UMA ADMINISTRAÇÃO GLOBAL PARA A


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A GLOBAL GOVERNANCE FOR ARTIFICIAL INTELLIGENCE

DOI: 10.56083/RCV3N9-025
Recebimento do original: 11/08/2023
Aceitação para publicação: 11/09/2023

Claudio Alves da Silva


Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD)
Instituição: Centro Universitário de Brasília (CEUB)
Endereço: SEPN 707/907, Asa Norte, Brasília – DF
E-mail: calaudyo@gmail.com

RESUMO: O acelerado desenvolvimento da Inteligência Artificial [IA], em


especial da Inteligência Artificial Geral e o eventual advento da
Superinteligência Artificial, afeta a Comunidade Internacional como um todo,
constituindo-se um fato jurídico a clamar por uma regulamentação em nível
global. Transplantando o conceito de singularidade da Física para o Direito,
o presente estudo defende que essas modalidades de IA são questões de
caráter universal, de modo que as iniciativas legislativas locais são
insuficientes para regulamentar de maneira adequada essas formas de IA.
Assim, o presente estudo trata da necessidade de criação de uma forma de
Administração Global. A partir da revisão da literatura sobre Direito
Administrativo Global, conclui-se como oportuna a regulamentação global
para a Inteligência Artificial Geral e para Superinteligência Artificial, a ser
efetivada por instituição nos moldes da Agência Internacional de Energia
Atômica.

PALAVRAS-CHAVE: Direito Internacional Público, Direito Administrativo


Global, Inteligência Artificial, Regulamentação.

ABSTRACT: The accelerated development of Artificial Intelligence [AI], in


particular of Artificial General Intelligence and the eventual advent of
Artificial Superintelligence, affects the International Community as a whole,
constituting a legal fact calling for regulation at a global level. Transplanting

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the concept of singularity from Physics to Law, the present study argues that
these AI modalities are issues of a universal nature, representing a
singularity. Assuming that local legislative initiatives are insufficient to
effectively and adequately regulate these forms of AI, this study deals with
the need for a form of Global Administration. From the review of the literature
on Global Administrative Law, it is concluded that global regulation for
General Artificial Intelligence and Artificial Superintelligence, to be carried
out by institution along the lines of the International Atomic Energy Agency,
is opportune.

KEYWORDS: Public International Law, Global Administrative Law, Artificial


Intelligence, Regulation.

1. Introdução

A Inteligência Artificial [IA] é um novo horizonte que vem sendo


experimentado pela humanidade e, por isso mesmo, um grande enigma,
como que uma Esfinge pós-moderna. A Esfinge é figura mitológica presente
na cultura antiga, com significados antagônicos. Para os gregos, era um
monstro e como tal foi descrita por Sófocles, em Édipo Rei, como responsável
por afligir a cidade grega de Tebas, eliminando aqueles que não conseguiam
decifrar seus enigmas. Para os egípcios, contudo, a Esfinge era figura
protetora e, não por acaso, tem-se a enorme Esfinge postada à frente das
pirâmides de Gizé (Connell, 2013). O mundo atual tem por Esfinge, a IA.
Decifrá-la pode inaugurar um novo período de prosperidade e evolução; não
decifrá-la pode ser tornar a causa da ruína da civilização.
Cumpre fixar que a IA, conforme sua capacidade de funcionalidade
pode ser classificada em três tipos (Baldissera, 2023): (I) Inteligência
Artificial Limitada, em inglês Narrow Artificial Intelligence [NAI], cujos

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exemplos marcantes são a Deep Blue da IBM1, e as assistentes virtuais Siri
e Alexa2, as quais executam atividades programadas, podendo se
autoaprimorar mas não da forma como o cérebro humano; (II) Inteligência
Artificial Geral - Artificial General Intelligence, AGI – a qual teria habilidades
cognitivas semelhantes às dos seres humanos, com raciocínio lógico,
aprendizagem contínua, empatia e compreensão do contexto social, nível
para o qual caminha o chatGPT, segundo Correia (2023); e (III) a
Superinteligência Artificial - Artificial Superintelligence, ASI -, ainda
inexistente, conforme Barney (2023), refere-se a um sistema que
demonstra capacidades intelectuais acima das que possuem os seres
humanos em quase toda área do conhecimento e campo de atuação,
incluindo a ciência, a criatividade e as habilidades sociais. Este estudo se
fixará na Inteligência Artificial Geral e na Superinteligência Artificial como
objeto de uma regulamentação global.
A partir da revisão da literatura sobre Direito Administrativo Global,
tendo por hipótese que as iniciativas legislativas locais são insuficientes para
se contraporem ao desafio da IA, nas formas da Inteligência Artificial Geral
e da Superinteligência Artificial, o presente estudo pergunta: é necessária a
organização de uma Administração Global para a Inteligência Artificial Geral
e para a Superinteligência Artificial e qual o modelo essa nova Administração
Global poderia vir a adotar?
Nesse desiderato, a par desta introdução e de breve conclusão ao final,
o presente estudo se encontra estruturado em quatro tópicos: o primeiro,
tem-se uma ambientação ao problema trazido pela IA; o segundo tópico se
refere à impossibilidade de que a legislação local dê a resposta adequada a
essa problemática; o terceiro se destina a traçar as possibilidades de solução

1
Máquina reativa que apresenta resposta automática para movimentos de xadrez, que ficou
famosa ao vencer partida contra Garry Kasparov, em 1997.
2
Chamadas de memória limitada, que são capazes de tomar pequenas decisões autônomas.

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em nível de Administração Global e o derradeiro apresenta uma proposta de
roupagem para essa Administração Global.

2. E o Homem Criou a IA...

O advento, a popularização e do constante desenvolvimento do


ChatGPT3 - parece ter despertado a humanidade para a necessidade da
discussão sobre as potencialidades e os riscos da IA. No entanto, a concepção
da IA data de 1956, ano em que foi realizara uma conferência proferida no
projeto de pesquisa de verão realizado no campus da Dartmouth College, em
Hanover, New Hampshire, Estados Unidos, na qual Jonh Mccarthy cunhou o
termo “inteligência artificial”, o qual entendia como sendo “a ciência e a
engenharia de produzir máquinas inteligentes” (Prado, 2019). O objetivo
daquele projeto era descobrir a maneira de fazer as máquinas usarem a
linguagem, formar abstrações e conceitos, resolver problemas reservados
aos humanos e melhorar a si mesmas.
Passados quase 70 anos do evento da Dartmouth College, os objetivos
daquele projeto se fazem presentes no cotidiano. Novas ferramentas foram
incorporadas à IA, permitindo-lhe “invadir” o de sistema operacional da
civilização humana (Harari, 2003), isto é, a capacidade de utilizar e de
produzir linguagem. Nessa toada, vindo a IA a dominar a linguagem humana,
ela poderá criar suas próprias e convincentes narrativas, induzindo, por
exemplo, a escolha de políticos e tomada de posição em debates de interesse
da sociedade.
Nessa senda, há algum tempo que a IA é usada para interpretar os
interesses dos usuários, por exemplo, a partir de buscas na internet. Esse
simples mecanismo tem se mostrado suficiente para induzir pessoas a se

3
Nome que combina "Chat", referindo-se à sua funcionalidade de chatbot, e "GPT", que
sigla para Generative Pre-trained Transformer e que, ao tempo deste estudo encontra-se na
versão GPT-4.

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agregar em bolhas de pensamentos, sugerindo, por exemplo, a participação
em determinados grupos nas redes sociais. Resulta disso a preocupação com
as possibilidades de que uma Inteligência Artificial Geral ou de uma
Superinteligência Artificial consiga ampliar seus domínios sobre a linguagem,
formando abstrações e conceitos e, a partir disso, seja capaz induzir os seres
humanos a adotar comportamentos, pensamentos e hábitos, impondo, como
um “deus artificial”, seus “decálogos”, listando “pecados” e impondo métodos
de expiação, como cancelamentos, situação preocupante num mundo que
caminha para a adoção de moedas virtuais.
Os primeiros passos nesse caminho já foram dados. O GPT-4 é capaz
de criar redações e poesias e, por intermédio da técnica chamada deepfake,
a IA, com base em algoritmos que reconhecem padrões de comportamento
corporal de dada pessoa, é capaz de manipular imagens, produzindo
conteúdo falso com tanto realismo que são percebidas como verdadeiros
(Ramalho Lima, 2020).
Por isso, em 22 de março de 2023, o Future of Life Institute divulgou
sua carta aberta do defendendo a regulação da IA e a interrupção por menos
seis meses, do desenvolvimento de sistemas de IA mais poderosos que o
GPT-44, a fim de que os laboratórios de IA e os especialistas independentes
pudessem, em conjunto, desenvolver e implementar protocolos de segurança
para design e desenvolvimento avançados de IA, a fim de garantir que sejam
seguros. Uma vez propostos esses protocolos, haveria constante auditoria e
supervisão dos desenvolvedores de IA por especialistas externos
independentes. A missiva propôs a imposição da moratória por entes
governamentais, caso os laboratórios IA não interrompessem seus trabalhos
voluntariamente.
Esse posicionamento do Future of Life Institute traz consigo o
sentimento de que a IA poderia representar para a humanidade um risco

4
Disponível em: https://futureoflife.org/open-letter/pause-giant-ai-experiments/.

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comparável ao enfrentado no início da Era Nuclear. Certo é que a IA constitui-
se em fato jurídico novo, impossível de ser enfrentado ou de receber solução
definitiva isolada por parte de um Estado ou de um bloco regional, como
adiante se verificará.

3. “Um Galo Sozinho Não Tece uma Manhã” - a Ação Isolada de


um Estado é Insuficiente no Enfrentamento do Enigma da IA

Dado ao seu alcance global, a IA é um fato jurídico cujo tratamento


adequado não pode ser encontrado apenas com a adoção de ações locais
ou regionais. O Direito local não possui cabedal jusprincipiológico/normativo
suficiente para obter a harmonização ou a pacificação social exigida pela
sociedade nessas situações.
Isso porque o Direito de um Estado singular, diante de um fato
jurídico, exerce seu papel de forma similar à descrita por Albert Einstein na
Teoria da Relatividade. Einstein, ao conceber a Teoria da Relatividade Geral,
gizou que as três dimensões do espaço - comprimento, largura e
profundidade - e a dimensão do tempo estão juntas, formando como que
um tecido espaço/tempo, o qual nos rodeia e é deformado pela presença
de corpos celestes massivos, criando o que sentimos como sendo a força
de gravidade (Toniato, 2020).
O Direito, como ciência social aplicada, é igualmente um tecido,
porém, composto por princípios e normas jurídicas os quais, sob a ação de
um fato juridicamente relevante, com as suas indissociáveis circunstâncias,
colmatam a resposta adequada para a realização da dignidade da pessoa
humana e para a consequente pacificação social.
O fato jurídico, acontecimento que repercute no Direito, é que amolda
a atuação do Direito, fazendo reagir o tecido jusprincipiológico/normativo
para harmonizando a relação social, segundo os valores de dada sociedade,
em dado tempo. Essa harmonização decorre da interpretação do Direito,

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isto é, da interpretação de quais princípios e normas, como substância do
tecido jusprincipiológico/normativo, são adequados a dar a resposta do
tecido à pressão nele exercida pelo fato, equilibrando o sistema, resgatando
a paz social e realizando a dignidade da pessoa humana.
A resposta do tecido jusprincipiológico/normativo depende das
seguintes variáveis: (I) a ocorrência de um fato que tenha repercussão no
Direito, com todas as circunstâncias que o envolvem; (II) os princípios
jurídicos e as normas jurídicas vigentes; (III) os valores da sociedade na
qual o fato se deu (espaço); e (IV) o momento histórico de sua ocorrência
(tempo).
Para melhor compreensão desta visão do Direito, mobiliza-se a
hipótese do adultério. A resposta que o tecido jurídico fornece para esse
fato é variável no espaço e no tempo, segundo os valores de dada
sociedade, em dada época: a Lei de Moisés indicava a lapidação; as
Ordenações Filipinas, vigentes no período colonial brasileiro, prescreviam a
pena de morte para a(o) adúltera(o) e para o(a) amante; o Código Penal
Brasileiro, até 2005, previa pena para o adultério, entre quinze dias e seis
meses de detenção – dando margem à aplicação de medidas alternativas,
o que corresponde ao fato de que os valores da sociedade já não admitiam
a restrição da liberdade como resposta adequada. Por fim, a Lei nº
11.106/2005, revogou o artigo do Código Penal que considerava o adultério
fato típico, passando as suas consequências desse ato ao campo do Direito
Civil (Icizuka et al., 2007).
Portanto, pode-se afirmar que o Direito é relativo quanto ao espaço e
quanto ao tempo em que atua, estando em constante reconstrução, do
mesmo modo que o Universo encontra-se em constante expansão. Por isso,
Coelho (2009) ensina que “o Direito é um vir a ser, um dever ser, um vir a
ser, um devir, na forma em que efetivamente ele venha a ser. [...] um ser
devindo”.

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Há, todavia, fatos jurídicos que, devido ao seu caráter universal,
devem ser respondidos também de forma universal. Valendo-se dos
ensinamentos da Física moderna, pode-se afirmar que há fatos que se
constituem em singularidades no campo Direito. São questões de tal
complexidade e de tal ordem que a resposta satisfatória não pode ser
encontrada apenas no Direito por uma dada sociedade em dado espaço
geográfico ou tempo.
Na Física as singularidades afastam as aplicações das leis conhecidas,
ou seja, as leis físicas formuladas são insuficientes para compreender e
solucionar o fenômeno vislumbrado (Ribeiro, 2022). Transplantando esse
conceito para o Direito, é possível ver que nessa Ciência Social há questões
que constituem singularidade, como aquecimento global, a energia nuclear
e, objeto de nosso estudo, a IA nas formas Inteligência Artificial Geral e da
Superinteligência Artificial 5.
As normas nacionais são incapazes de trazer, por si, solução para a
singularidades, como a IA, nas modalidades da Inteligência Artificial Geral
e da Superinteligência Artificial, como as leis da Física não respondem à
singularidade do buraco negro. Mas, no Direito, as singularidades podem
ser respondidas por uma Administração Global.

4. A Necessidade de “Outros Galos” Para que a Manhã “Se vá


Tecendo Entre Todos”

Quando dado fato jurídico representa uma singularidade, a resposta


deve ter um caráter universal, maior, acordado, aceito e aplicado no âmbito
das nações, como são exemplos o terrorismo e o aquecimento global, cujas
soluções não podem ser alcançadas pela ação de um único Estado porque
problemas globais exigem soluções globais (Cassese, 2007).

5
Porém não há óbice para que a legislação local trate da Inteligência Artificial Limitada.

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Contudo, soluções globais exigem um espaço global para a sua
discussão. Esse espaço passou a ser consolidado, notadamente, a partir da
década de 1990, com o fim da União Soviética. Não obstante, já vinha sendo
gestado desde o final da Segunda Guerra Mundial, com a criação de
instituições que criam regimes de regulação internacional, como Banco
Mundial, o Fundo Monetário Internacional, o Conselho de Segurança das
Nações Unidas, a Agência Internacional de Energia Atômica, entre outros.
Nesse espaço o Direito Administrativo Global (DAG), conforme Kingsbury et
al. (2016).
Todavia, a ideia de uma administração internacional e a construção de
um espaço global possuem raízes mais antigas. Na segunda metade do
Século XIX muitas iniciativas foram adotadas, valendo mencionar a
Convenção de Paris de 1883, sobre a propriedade industrial, e a Convenção
da União de Berna, de 1886, relativa à propriedade intelectual.
No, o espaço global ainda é um espaço em construção, que Locke
(1994) definiria como “Estado de Natureza” 6, porque inexiste um poder ou
ente maior capaz de regular a sociedade das nações. Assim, esse espaço
pode se desvirtuar para o que Locke (1994) denominava “Estado de Guerra”,
quando entes – Estados – procuram se impor uns sobre os outros.
É certo que, ainda hoje, inexiste um governo mundial ou uma
Constituição global, tampouco um órgão executivo ou judiciário que se
imponha a toda a comunidade de Estados (Cassese, 2002). Não há um

6
Sobre Estado de Natureza, aduz Jonh Locke “14. [...] Há, ou algum dia houve, homens em
tal estado de natureza? A isto pode bastar responder, no momento, que todos os príncipes
e chefes de governos independentes, em todo o mundo, encontram-se no estado de
natureza, e que assim, sobre a terra, jamais faltou ou jamais faltará uma multidão de
homens nesse estado. Citei todos os governantes de comunidades independentes, estejam
ou não vinculadas a outras. Pois não é toda convenção que põe fim ao estado de natureza
entre os homens, mas apenas aquela pela qual todos se obrigam juntos e mutuamente a
formar uma comunidade única e constituir um único corpo político; quanto às outras
promessas e convenções, os homens podem fazê-las entre eles sem sair do estado de
natureza [...]” [LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil: ensaio sobre a
origem, os limites e os fins verdadeiros do governo civil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994, p.
83-90].

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“Governo Civil Global” persistindo o “Estado de Natureza” nas relações
internacionais, o que não constitui impedimento para a existência de um
espaço global organizado, por meio de negociação ou de convenções.
Esse espaço global tem sido construído consensualmente entre os
Estados e ocupado por Organizações Internacionais, as quais estipulam
regras válidas e obrigatórias, como as convenções da Organização
Internacional do Trabalho; órgãos aptos a dirimir conflitos e impor decisões,
como tribunais arbitrais e o órgãos de solução de controvérsias da
Organização Mundial do Comércio, a Corte Internacional de Justiça e os
tribunais de Direitos Humanos das organizações regionais; e órgãos
executivos, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, capaz de
fazer impor a paz no território de determinado Estado.
Nesse quadro, Cassese (2019) giza que o espaço global (I) não possui
um governo, mas uma governança; (II) é administrado não por um acordo
de vontade, mas de interesses; (III) as decisões globais não são gerais, mas
restritas, limitadas a cada um dos múltiplos setores que a compõe. Essa
multiplicidade de setores da Administração Global foi catalogada em cinco
diferentes formas de regulamentação pelo Global Administrative Law Project
(GAL Project) da Escola de Direito da Universidade de Nova Iorque
(Kingsbury et al, 2016).
A primeira forma de regulamentação vislumbrada pelo GAL Project é a
administração por organizações internacionais formais, estabelecidas pela
forma comum do Direito Internacional, mediante tratados ou acordo
executivo, possuindo estruturas bem estabelecidas e um órgão central para
a tomada de decisões. Muitas estão constituídas sob o Sistema das Nações
Unidas, como o Conselho de Segurança, a Organização Mundial da Saúde, a
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o Alto Comissariado das
Nações Unidas para Refugiados.
A segunda forma de regulamentação seria a administração baseada na
ação coletiva de redes transnacionais de arranjos cooperativos entre

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autoridades reguladoras nacionais. As redes transnacionais de acordos de
cooperação não possuem um órgão para tomada de decisões e é marcada
pela cooperação informal dos reguladores dos Estados.
Verdier (2009), ao estudar as redes transnacionais, opina tratarem-se
de um fenômeno contemporâneo, derivado da desagregação do Estado na
condução das relações internacionais. Por isso são fóruns multilaterais
descentralizados, os quais têm por membros agências reguladoras nacionais,
com autonomia limitada em seus Estados de origem, no entanto facilitam a
cooperação multilateral em questões que são de interesse mútuo. As redes
transnacionais teriam como vantagens a velocidade, a flexibilidade, a
abrangência e a capacidade de foco em problemas regulatórios complexos.
São exemplos dessa modalidade de governança o Comitê de Supervisão
Bancária da Basiléia, a Organização Internacional das Comissões de Valores
Mobiliários (IOSCO) e a Rede Internacional de Concorrência (ICN).
A terceira tipologia de regulamentação recairia sob a administração
distribuída por reguladores nacionais, sob tratado, rede ou outros regimes
de cooperação. Diferentemente das redes transnacionais, há uma
formalização da atuação regulamentadora. Nessa sede de regulamentação,
alguma agência reguladora nacional, amparada em tratado ou regime de
cooperação, adota decisão sobre questões que afetam o interesse de outro
Estado ou de vários outros Estados, no exercício da jurisdição regulamentar
extraterritorial. Os integrantes do GAL Project manobram, como exemplo
dessa regulamentação, a decisão dos Estados Unidos de proibir a importação
de certas espécies de camarão e de produtos de camarão, cuja pesca era
feita por arrasto e matava tartarugas ameaçadas de extinção. A Índia, a
Malásia, o Paquistão e a Tailândia levaram o caso ao Painel da Organização
Mundial do Comércio. O Painel condenou os Estados Unidos,
considerando que a proibição imposta era inconsistente com o Artigo XI do
GATT, o qual limita o uso de proibições ou restrições de importação, e não

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encontrava justificativa no Artigo XX do GATT, o qual giza as exceções gerais
às regras, inclusive por razões ambientais7.
O quarto tipo de regulamento é nominado de administração por
arranjos híbridos intergovernamentais e privados. Nesse modelo, há a
intersecção de atores privados e governamentais. O exemplo proeminente
considerado pelos integrantes do GAL Project foi o Internet Corporation for
Assigned Names and Numbers – ICANN uma entidade internacional, sem fins
lucrativos responsável pela alocação do espaço de endereços de Protocolos
da Internet; pela atribuição de identificadores de protocolo; pela
administração de nomes de domínio de primeiro nível genérico [gTLD] e com
códigos de países [ccTLDs], assim como as funções de gerenciamento do
sistema de servidores raiz. Esses serviços eram prestados mediante contrato
havido com o governo dos Estados Unidos com a autoridade para atribuição
de números na internet [ANA - Internet Assigned Numbers Authority]. Hoje,
é uma parceria público-privada, cujas decisões se dçao por concenso
dedicada a preservar a estabilidade operacional da Internet, promover a
concorrência e conseguir a ampla representação das comunidades globais da
Internet8.
Por derradeiro, temos a administração por instituições privadas com
funções de regulação. No mundo globalizado, há organismos privados que
realizam funções reguladoras, exercendo papel não assumido por instituições
públicas internacionais e, nesse contexto, adquirindo relevância porque
essas atribuições reguladoras assumidas pelo ente privado tornaram-se
transnacionais e, consequentemente, as suas decisões atingem nível global.
O exemplo considerado pelos integrantes do GAL Project é a Organização
Internacional para Padronização [International Organization for
Standardization – ISO, que não é o acrônimo da entidade, mas palavra de

7
Disponível em https://www.wto.org/english/tratop_e/envir_e/edis08_e.htm.
8
https://web.archive.org/web/20090522153338/http://www.icann.org.br/new.html.

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origem grega, que significa igualdade], entidade que congrega os órgãos de
padronização/normalização de cento e sessenta e dois países, aprovando
normas para produtos e regras direcionados a todo o mundo, em diversas
áreas de interesse econômico e técnico9.
Assim, há diversos tipos de modalidade que poderia ser assumido por
uma entidade global para administrar a IA. Desde modelo menos robusto das
redes transnacionais, até as tradicionais organizações internacionais formais,
passando pela regulamentação distribuída, por uma forma de
regulamentação híbrida ou mediante regulamentação privada.

5. Um Modelo para a Administração Global da IA

Problemas globais exigem soluções globais. Mais do que um problema


global, a IA é uma singularidade do Direito, que se encontra ao nível do uso
pacífico da energia nuclear e da não proliferação de armas nucleares; do
combate ao terrorismo e das ameaças climáticas.
Nesse sentido, a necessidade uma autoridade reguladora foi
recentemente aborda em duas cartas abertas de grande importância para a
temática da IA. A primeira, já mencionada, de autoria da Future of Life
Institute10, e a segunda proveniente da OpenAI11, a desenvolvedora do
ChatGPT. Ambas convergem para a necessidade de regulamentação da IA,
no alerta para os riscos profundos para a humanidade trazidos pela IA e na
possibilidade de grande mudança e de ganhos. As Cartas nos trazem indícios
de como deveria ser o funcionamento dessa agência regulamentadora.
A Future of Life Institute defende que as políticas de governança devem
contemplar a criação de autoridades novas e capazes dedicadas à IA; a
supervisão e o rastreamento de sistemas de IA altamente capazes e grandes

9
https://www.iso.org/about-us.html.
10
https://futureoflife.org/open-letter/pause-giant-ai-experiments/.
11
https://openai.com/blog/governance-of-superintelligence#SamAltman.

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pools de capacidade computacional; a criação de sistemas de proveniência e
de marca de água para ajudar a distinguir os reais dos sintéticos e para
rastrear fugas de modelos; a criação de um ecossistema robusto de auditoria
e certificação; a responsabilidade por danos causados pela IA; o
financiamento público robusto para a investigação técnica em matéria de
segurança da IA; e a criação de instituições com bons recursos para lidar
com as dramáticas perturbações econômicas e políticas que a IA pode vir a
causar.
A OpenAI, por sua vez, parte do pressuposto de que os governos ao
redor do mundo poderiam estabelecer um projeto, englobando muitos dos
esforços já existentes, limitando a taxa de crescimento da capacidade de IA,
fiscalizando, ainda as empresas individuais de IA – essa proposta se parece
com o modelo de redes transnacionais. Em outra vertente, propõe a criação
de uma agência nos moldes da AIEA, no entanto, voltada somente para a
Superinteliência Artificial. Nessa senda, a OpenIA admite que, ultrapassado
determinado limite de capacidade da IA ou de recurso computacional, seria
necessária uma autoridade internacional apta a inspecionar sistemas, exigir
auditorias, testar a conformidade com os padrões de segurança, impor
restrições aos graus de implantação e níveis de segurança.
Diante da complexidade e da demora para a criação dessa agência, a
carta propõe que desde já as empresas acordem voluntariamente em
começar a implementar elementos que poderiam ser estabelecidos pela
futura agência, não descartando a possibilidade de que, singularmente,
Estados poderiam adotar essa medida. Por fim, propõe uma forma de
autorregulação, a partir capacidade das empresas de tornara
Superinteligência Artificial segura.
A OpenAI propõe o uso simultâneo de vários dos tipos de
regulamentação entabulados pelo GAL Project e também defende a
desnecessidade de aplicação dessas formas de regulamentação ou

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mecanismos de licenças e auditorias para projetos abertos abaixo de um
determinado nível de IA.
Diante desses posicionamentos, cabe retomar os nichos de
regulamentação estabelecidos pelo GAL Project, para procurar aquele que
melhor se amolda ao enfrentamento da questão da IA. É perceptível que nem
todos os problemas globais ali catalogados pelo GAL Project representam
uma singularidade para o Direito.
Nessa senda, talvez o mundo fosse um pouco mais caótico ou menos
avançado sem uma administração por arranjos híbridos como o trazido pela
ICANN; ou talvez fosse um pouco mais caótico pela ausência de padrões
internacionais, como a ISO. De igual modo, a ausência de associações
regulatórias informais ou de redes regulatórias transnacionais poderia tornar
o combate a certas condutas indesejáveis mais difícil. Contudo, a falta dessas
instituições e de seu nicho regulatório não indica em ameaça à organização
social a nível internacional e, menos ainda, local. A humanidade estaria
alguns passos atrás, mas não estaria exatamente ameaçada. Logo esses
nichos não são instrumentos adequados para o enfrentamento de uma
singularidade do Direito.
Essas modalidades de regulamentação funcionam e ocupam nicho
próprio no espaço globalizado do DAG e não se descura que estas formas de
regulamentação possam ser empregadas em algum espaço específico da
própria IA, notadamente no que diz respeito à Inteligência Artificial Limitada
e em complementação à regulamentação a ser conferida por um ente global
mais robusto destinado a regular a Inteligência Artificial Geral e a
Superinteligência Artificial.
Este ente global mais robusto deve derivar da administração por
organizações internacionais formais. O modelo adequado talvez seja o
atualmente utilizado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA,
em português – em inglês o acrônimo é IAEA, International Atomic Energy
Agency), uma agência dentro da família das Nações Unidas, possuidora de

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estrutura legal e órgãos de governança, como uma Conferência Geral,
composta por representantes de Estados Membros e um Conselho de
Governança para a formulação das políticas da agência.
Nessa senda, conveniente destacar que a edição do Diário de Notícias
de 13 de junho de 202312 reportou a declaração dada à imprensa mundial
pelo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres em favor
da agência internacional, com funções regulatórias, para supervisionar o
desenvolvimento da IA nos moldes da AIEA. Para além, adiantou que está
sendo preparada uma conferência da ONU sobre o tema, ainda este ano, a
ser realizada no Reino Unido, bem como a criação de um órgão consultivo
para IA.
De todo modo, é fato que inexiste essa agência internacional. Logo, é
salutar que iniciativas locais e regionais têm sido adotadas para
regulamentar a IA. Nesse contexto, vale citar que o Conselho da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE], apresentou, por
proposta da UE, “Recomendações sobre a Inteligência Artificial”, adotadas
por seus membros13 e as iniciativas da União Europeia [UE], tanto pela
edição, em 19 de fevereiro de 2020, do Livro Branco sobre IA14, quanto pela
proposta, em fase final de tramitação, de um Regulamento para a IA15, em
21 de abril de 2021, bem como pela edição de Resolução sobre IA16, de 3 de
maio de 2022.
Essas iniciativas regulatórias regionais possuem aplicabilidade maior
quanto à Inteligência Artificial Limitada, tangenciando, a Inteligência
Artificial Geral e a Superinteligência Artificial. De qualquer modo, a
existência de normatizações em âmbito local, blocos regionais ou no seio de

12
“Guterres apoia criação de agência internacional para supervisionar inteligência artificial”.
Diário de Notícias. Funchal, 13 jun. 2023.
13
https://legalinstruments.oecd.org/en/instruments/OECD-LEGAL-0449.
14
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:52020DC0065.
15
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=CELEX:52021PC0206.
16
https://www.europarl.europa.eu/doceo/document/TA-9-2022-0140_PT.html.

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organizações internacionais não contrariam a ideia da necessidade de criação
de uma regulamentação global sobre o tema por parte de organização
internacional formal específica para tratar de IA. Pelo contrário. Essas
iniciativas pavimentam a construção da futura regulamentação global do
tema e os eventuais insucessos das normas locais em impor conduta aos
grandes desenvolvedores de IA reforçarão a busca pela integração a um
esforço coletivo para a solução do enigma dessa Esfinge pós-moderna.

6. Conclusão

A IA desafia a sociedade humana do século XXI e seu futuro.


Conquanto pareça longíquo um eventual domínio das máquinas, os efeitos
maléficos da IA já são tão notáveis quanto seus benefícios, especialmente
no que tange à afrontas a direitos humanos e fundamentais, alguns deles os
mencionados no Blueprint for na AI Bill of Rights17, lançado pelo Governo dos
Estados Unidos, como a algoritmos impedindo acesso de pessoas mais velhas
a benefícios de saúde e pessoas negras sendo impedidas de fazer transplante
de rim porque um sistema de IA presumiu que corriam menos risco de
doença renal.
A IA, inevitavelmente, caminhará com a humanidade, de forma cada
vez mais próxima. Constitui-se em fato jurídico que afeta a vida no planeta
bem como a forma como se dá a convivência e a cultura entre os povos.
Há um espaço global e o desejo de que uma Administração Global
transparente, nos moldes da Agência Internacional de Energia Atômica, surja
e ordene o caminhar deste admirável mundo, atribuindo responsabilidades,
salvaguardas, direitos, deveres, sistemas de fiscalização e de verificação de
um regulamento global para a Inteligência Artificial Geral e para a

17
Disponível em: https://www.whitehouse.gov/ostp/news-updates/2022/10/04/blueprint-
for-an-ai-bill-of-rightsa-vision-for-protecting-our-civil-rights-in-the-algorithmic-age/.

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Superinteligência Artificial. Nessa senda, é importante o envolvimento dos
diversos governos e a participação mesmo de desenvolvedores para que a
construção se faça da maneira mais adequada e segura. Afinal, como ensina
o poeta, “um galo sozinho não tece a manhã: ele precisará sempre de outros
galos”18.

18
João Cabral de Melo Neto, “Tecendo a manhã”.

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