Você está na página 1de 44

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA -UNIPAMPA

CLÍNICA
MÉDICA
DE
EQUIDEOS

PROFº MARCOS DA SILVA AZEVEDO

2021.1
DOENÇAS
ORTOPÉDICAS DO
DESENVOLVIMENTO

Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos


As Doenças Ortopédicas do Desenvolvimento são importantes na Medicina
Esportiva Equina, principalmente na categoria dos potros, do nascimento
até o início do treinamento (por volta dos dois anos). Algumas
apresentações clínicas são fáceis em simples inspeção, logo ao visualizar a
alteração. Outras alterações são mais "silenciosas" e exigem um exame
clínico mais aprofundado, até mesmo com o emprego de exames
complementares.

DEFINIÇÕES
“Definido como qualquer problema de natureza músculo-esquelética que
ocorre nos potros jovens, resultado do crescimento e maturidade”.

“Distúrbios do desenvolvimento relacionados às doenças com o mesmo


mecanismo de lesão na placa de crescimento, mais especificamente na
zona de ossificação endocondral”.

Existem várias variantes que são responsáveis pelo aparecimento das


doenças ortopédicas do desenvolvimento.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 01


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Existem diversas variantes que são responsáveis pelo aparecimento das Doenças
Ortopédicas do Desenvolvimento:

HEREDITARIEDADE
PREDISPOSIÇÃO
GENÉTICA
ENVOLVIMENTO BIOMECÂNICA
ENDÓCRINO EXERCÍCIO/TRAUMA

NUTRIÇÃO
MANEJO E
SUPERALIMENTAÇÃO
↓ MINERAIS
CRIAÇÃO
TOXICIDADE ADEQUADA
Rápido
Crescimento

DOENÇAS ORTOPÉDICAS DO DESENVOLVIMENTO

OSTEOCONDROSE
DEFORMIDADE

MIELOPATIA
OSTEOARTRITE
ESTENÓTICA
JUVENIL
CERVICAL
FISÍTE

GENÉTICA
A genética pode influenciar sim as manifestações da Doenças Ortopédicas do
Desenvolvimento, quando houver genética suscetível e um ambiente favorável
para expressão das doenças ortopédicas do desenvolvimento, podemos ter a
manifestação de alguma destas enfermidades.
Influência direta - genes...
Influência indireta - conformação, taxa de crescimento, resposta humoral a
ingestão de alimentos.
Como exemplo, a herdabilidade de deformidades angular e flexural nos equinos.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 02


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

NUTRIÇÃO
Um fator é a superalimentação →
energia e proteína digestível. O desbalanço
mineral de Ca e P (principalmente) e Cu (maturação de cartilagem e colágeno)
também influencia.
Algumas teses sobre a influência nutricional nas DOD são:
O excesso não é o problema, mas sim o desbalanço mineral.
Excesso é problema sim!

Energia é o principal fator agravante - energia desbalanceada entre os minerais.

→ Quanto e de que forma atua? Um estudo realizou a divisão de 3 grupos de


potros - com dieta de pouca energia, grupo controle e 30% a mais que o exigido. O
último grupo foi o que apresentou mais alterações relacionadas as doenças
ortopédicas do desenvolvimento.

ENDÓCRINO
↑ de energia - ↑ ↓ ↓
insulina - T3 e T4 - atuação nos condrócitos, diminuindo
assim a qualidade da cartilagem em desenvolvimento.

Obesidades das mães (cuidados no período gestacional com excesso de


energias na dieta e obesidade) - ↑
peso - ↑
insulina e alterações na glicose
para o feto - ↓IGF1 geram alterações da osteocondrose.

DESBALANÇO MINERAL
Excesso - Cálcio (342%) + energia (129%) [mais lesões!] > Fósforo (388%NRC) >
Cálcio (342%NRC) > Controle

Deficiência - de Cu - redução na qualidade colágeno e cartilagem e osso


menos resistentes

Toxicidade - Zinco → separação de cartilagem + osso subcondral


Desbalanço Ca:P - P gera mais alterações. A relação Ca:P, entre outros efeitos
no organismo é importante em casos de Osteocondrose.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 03


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

BIOMECÂNICA
Exercício - pouco efeito como causador, mas sim como agravante em animais
predisponentes.

Trauma repetitivo - fatores físicos, localização da lesão em articulações.


Correlações: força anormal x cartilagem sadia o força anormal x cartilagem
deficiente (sem resposta ao processo de reparação).

→ Efeitos protetores na composição final e resistência biomecânica =


adaptação, portanto, recomenda - se manter o potro solto, afim de que realize
exercícios espontâneos e permaneça na companhia de outros animais de sua
mesma idade e categoria.

O grande problema de criação que gera o desencadeamento das doenças


ortopédicas do desenvolvimento está na forma com que se realiza o manejo do
potro. Os potros geralmente são iniciados muito cedo no treino pesado.

Exemplo: Um potro com 2 anos mantido superalimentado, que fica no redondel


de um lado para o outro é um erro, o esqueleto não está bem formado, a
estabulação e o arraçoamento foram feitos de maneira equivocada e a criação
predispõe a expressão genética para essas alterações ortopédicas do
desenvolvimento.

QUANDO SE PREOCUPAR?

No momento da cobertura, sabendo qual


animal usar, evitando assim a taxa de
herdabilidade para enfermidades ortopédicas
para progênie. Retirar da reprodução os
animais com possibilidade de passar aos
descendentes essas características e se
permanecer no plantel reprodutor, manter e
reforçar os cuidados pela sua condição
genética, evitando ao máximo a possibilidade
das doenças ortopédicas do desenvolvimento.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 04


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

CUIDADOS NA CRIAÇÃO
É necessário saber que as raças são distintas e requerem necessidades que se
diferem entre si e a velocidade de crescimento dos potros também é diferente. O
criador deve conhecer as necessidades da raça, por exemplo, um Percherón,
Crioulo e um PSI tem diferente necessidades nutricionais e de criação.Um potro
PSI em relação a um potro Crioulo é "obeso", tendo diferente necessidades
(tamanho, instalações, genética, nutrição...)

ÉGUA PRENHE
A prenhez é um momento chave na criação e deve - se montar um plano que
busque o melhor para a égua e para o potro. O ajuste de dieta é fundamental,
uma vez que e égua prenhe se tornará mãe e lactante, é necessário ajuste de
proteínas,minerais e energia no consumo. No período de lactação a demanda
energética aumenta e o aporte de alimentação de qualidade é indispensável. A
fase crítica para a gestação é o 1/3 final, onde o crescimento fetal é mais
acentuado, logo, esse momento também é necessário maior atenção. As éguas
não têm tantas distocias devido ao foto que são capazes de regular o tamanho
feto - útero. Durante toda a gestação é importante cuidar a relação metabólica da
gestante.

PRENHES
20% energia
30% proteína
20% mineral
LACTANTES
40% energia
40% proteína
40% mineral

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 05


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

POTRO
A égua deve receber uma atenção especial na hora do parto. Os potros
respondem bem ao crescimento quando a habilidade materna é boa. O correto é
comer o necessário e ter boa conversão alimentar. Há necessidade de desmame
acompanhado de análise de pastagem (quantidade de energia, proteínas,
minerais) e a partir desta análise, suplementar na ração o que falta no campo.
PÓS - DESMAME
Mais impacto na criação, pois deixa de receber
alimentação da mãe, recebendo ração e
pastagem. Algumas raças, como o Crioulo, pós -
desmame, tem a sorte de serem deixadas com
pastagem de inverno cultivada, mas geralmente o
campo nativo (às vezes pobre, nutricionalmente,
com presença de anoni e outras daninhas), que
pode ter impacto na redução da curva de
crescimento do potro. após 4 ou 5 meses após o
desmame. Os cavalos da raças PSI recebem
alimentação adequada neste período e
monitoramento constante da curva de
crescimento dos potros de um plantel de
qualidade e excelência genética.
As necessidades aumentam com o passar do
tempo...
Se possível, acompanhar o crescimento do potro no
pós - desmame, prevenindo impactos quando se
torne cavalo adulto. Aos 18 meses, o correto é que
tenha atingido entre 85% e 90% do seu PV quando
chegue aos 3 anos (deixa de ser potro e é cavalo
adulto)

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 06


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

O pós - desmame é uma fase crítica da criação dos equinos, logo o


acompanhamento do crescimento, com alimentação adequada e balanceada é
essencial (energias, minerais, proteínas ajustadas). Os cuidados de manejo neste
período são muito importantes, uma vez que são preventivos ao aparecimento
das doenças ortopédicas do desenvolvimento, logo, qualquer problema deve ser
detectado e ajustado para evitar o aparecimento das DOD's.
Entre 2000 - 2010, o crescimento da raça Crioula no Brasil foi notável, um estudo
com cavalos da raça foi realizado, após uma demanda das clínicas de potros com
alterações ortopédicas do desenvolvimento, principalmente ossificação
endrocondral (OD). Isso foi correlacionado com o "boom" nacional do Cavalo
Crioulo e a alta das competições e provas equestres da raça, fazendo assim que
os animais jovens sejam criados de forma inadequada e tenha mais problemas
articulares. Há um aumento súbito na suplementação e do exercício para os
potros, sendo isso fatores agravantes. A obesidade também foi determinada com
correlação neste estudo, o EC era alto e a deposição de gordura excessiva,
aumentando assim o risco das lesões

Como resultado, 79,2% dos animais avaliados tinham doenças ortopédicas do


desenvolvimento. Animais com 1 ano deveriam ter entre 50% e 60% do seu PV
quando adulto (ou seja, não mais que 247 kg), os animais avaliados tinham entre
45 à 87 kg a mais que o recomendado para sua idade - 71, 3% a mais que o
percentual certo!
Peso médio potros avaliados
293,3Kg (71,3%)

Peso médio adulto


411,4Kg

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 07


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Manifestações das Doenças Ortopédicas do Desenvolvimento


Algumas manifestações à simples vista já são detectadas, algumas requerem
exames com inspeção para diagnóstico (exames complementares).
Sinais - claudicação - qual tipo de claudicação? Exames de imagem, bloqueios
anestésicos.

Displasia Fiseal - Físite


É a inflamação da placa de crescimento, que altera o processo de crescimento do
potro. distúrbio na placa de crescimento causado por trauma ou compressão das
camadas cartilaginosas da placa epifisária, resultando em alterações estruturais
na placa de crescimento (físe) que pode resultar em distúrbios de crescimento.

→ Causas - podem ser mecânicas, nutricionais, compressão de placa de


crescimento (claudicação, com apoio sobrecarregado em apenas um membro).

FISIOPATOLOGIA
A compressão causa necrose de
capilares que nutrem a placa de
crescimento, com a ↓
de nutrientes
advindos do sangue há um retardo do
Esta compressão retarda o crescimento
crescimento no lado que ficou
no lado medial e não no lateral, que
comprimido.
cresce bem - desvio angular (axial!)

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 08


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SINAIS CLÍNICOS
Aspecto distal dos ossos - aumento da sensibilidade, aumento de volume (face
medial - inflamação)
Indícios de inflamação!

Apresentação clínica
de Fisítes no exame
clínico e na
radiografia.
TERMOGRAFIA

TRATAMENTO
Controle de crescimento, de dieta (Energia e sobretudo de elementos como o
Ca+) → dieta de qualidade com quantidade balanceada.
Repouso e exercício controlado - potro com mãe num pequeno piquete.
Menos exercícios reduzem o estresse na placa de crescimento
Uso de fármacos AINES - Meloxicam, Firocoxib, Cetoprofeno e similares, que
reduzam a inflamação local e a dor, sem tanto efeito colateral (gastrite em
equinos).
Uso de pomadas com diclofenaco de Na, que também reduzem a inflamação
local.
CIRURGIA - desvios angulares (varus), em casos de severidade, a cirurgia
remove as extroses que são fruto do aumento do crescimento da placa
epifisária

Desvios Angulares
DEFINIÇÃO
Desalinhamento da porção distal do membro em
relação ao eixo central do mesmo.
TIPOS
Valgus - mais comum, desvio lateral da porção
distal do membro→ para fora.
Varus - desvio medial da porção distal do membro
→ para dentro.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 09


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Os desvios angulares ocorrem pela falha de maturação cartilaginosa e de


crescimento.
Valgus - compressão da placa de crescimento lateral e a placa medial segue
crescendo
Varus - placa de crescimento medial não cresce, apenas a lateral

Nem sempre os desvios angulares estão ligados a Físites. A maior parte dos
desvios são congênitos, relacionados a articulação do carpo. Esses desvios
tendem a ser mais discretos, podendo ser tratados com casqueamento corretivo e
repouso e as alterações mais graves são resolvidas à nível cirúrgico.

Alguns fatores que colaboram para o aparecimento dos desvios pré - natal, são: a
frouxidão periarticular (em animais prematuros, com aumento da flacidez entre
as estruturas), hipoplasia de ossos cuboides (carpo, tarso, pela calcificação
inadequada), placentite, teratogenia, causas genéticas, alterações hormonais e
nutricionais.
As causas pós - natais são: conformação desfavorável, crescimento excessivo,
presença de físites, sobrecarga em um membro por claudicação em outro
membro (apoio no membro bom)

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 10


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Também, há presença de hiperplasia de ossos cuboides, inexistência de ossos...

Caso de ossificação incompleta em potro

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é realizado através de inspeção do animal em movimento e em
estação e uso de exames de imagem, como a Radiografia.
Radiografia - nas projeções antero - posterior (carpo) e latero - medial/dorso -
plantar (tarso).
São traçadas duas linhas entre o rádio e o metacarpo e se mede o grau de desvio,
fazendo estimativa para um grau de desvio, que não tem muita importância no
método de diagnóstico. A aparência do desvio, a idade do animal são levadas em
consideração. Esta estimativa se emprega para o grau de elevação do periósteo.
Em casos de correção, utiliza-se grampos que retardam o crescimento defeituoso,
afim de corrigir os desvios angulares do animal.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 11


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

A idade é importante na hora de saber qual a conduta clínica e se é possível


reverter o quadro, uma vez que o fechamento da placa epifisária é fator decisivo e
se a abordagem clínica se der após o fechamento, nenhum esforço surtirá efeito
na reversão do desvio angular neste animal, não existindo correção cirúrgica
válida para a melhoria do quadro. A conduta é tentar uma estagnação do
crescimento entre 1, 6 meses não há nada a ser mais feito. Mas então, em que me
momento intervir? é necessário conhecer o tempo de fechamento correto do local
a ser corrigido.

TEMPO ESTIMADO DE FECHAMENTO DAS PLACAS DE CRESCIMENTO EM MESES

ATENÇÃO! A placa precisa de tempo para crescer após a intervenção.

DESVIO COMPENSATÓRIO
Em relação aos apoios de carpo e de casco - mesmo eixo - só desvio em cima, o
eixo do boleto não acompanha o desvio (varus, compensa valgus).

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 12


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

TRATAMENTO

CONSERVATIVO
REPOUSO - a ossificação é incompleta, exige repouso
EXERCÍCIO MODERADO - 10 a 20 minutos de exercício
CIRÚRGICO
Estímulo ou retardo do crescimento
CONSERVATIVO
Uso de talas ou bandagens, bem forradas e livres de
umidade - 12 à 24 horas →
retira-se 3 à 12 horas e
depois mais 12 à 24 horas com tala. As talas podem ser
feitas de cano de PVC forrado, a fim de evitar o contato
do cano com a pele do animal.
CONSERVATIVO
Analgesia para controle de dor moderada
Casqueamento corretivo - desvio do boleto -
reduz apoio → lateral tira a pinça para
lateral e medial tira a pinça para dentro.
Prolongamento - uso de ferraduras - lateral
(+ ferradura lateral) e medial (+ ferradura
medial) - reduz apoio.
Uso de bandagem funcional - Kinesio tape -
+ sustentação

ATENÇÃO! Cuidado com a necrose por


compressão pelo uso de tala.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 13


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

A maioria dos potros se recupera com o manejo conservativo. O objetivo e


atenção deste manejo é saber qual potro não irá alcançar a correção espontânea.

Do nascimento até 3 semanas →


tratamento
conservativo, com nutrição adequada e exercício
controlado. Raspar a pinça do casco para proporcionar o
equilíbrio (pinça quadrada).

3 - 4 semanas →se não resolver, provavelmente cirurgia.


Deve determinar a origem e o grau do desvio e o custo e
risco desta operação.

As deformidades angulares não tem correção espontânea.

Qual é o momento correto para intervir?


Potros com idade acima de 30 dias - grau moderado à acentuado.
Evolução insatisfatória - principalmente nos boletos (questão de tempo!)
Desvio concomitante nos boletos - varus
Desejo e expectativas do proprietário - (cosmética?)

CORREÇÃO CIRÚRGICA
Com o objetivo de acelerar ou retardar o crescimento.
São elas:

Acelerar o crescimento - elevação de periósteo (lado convexo "Valgus")

Retarda o crescimento - uso de órteses e próteses (lado côncavo "Varus")

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 14


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Deformidades Flexurais
As deformidades flexurais são caracterizadas pelo desvio da orientação normal do
membro, detectadas pela permanente hiperflexão de uma ou mais regiões
articulares. O termo deformidade flexural ou tendões contraídos tem sido
utilizado tradicionalmente para representar várias deformidades flexoras nos
membros.

Encurtamento das unidades tendíneas do metacarpo, articulação


metatarsofalangiana, articulação coronopedal e do carpo.

Causas
Podem ser congênitas ou adquiridas:
Congênitas - mal - posicionamento IU, efeitos teratogênicos, hipotireoidismo,
desordem neuromuscular.
Adquiridas - crescimento rápido e dor - os tendões possuem crescimento mais
lento em relação aos músculos e ossos, logo, não acompanha o crescimento e
acaba sofrendo encurtamento. A dor está relacionada a atrofia do tendão do
músculo flexor digital profundo, pela falta de apoio no solo, o membro acaba
sendo menos usado e tende a contrair e causar a deformidade.
Congênitas - Articulação metacarpofalangiana - mais comum das congênitas

"Potro debruçado" - graves,


pois o animal não se mantém
em estação sozinho,
contratura na zona do carpo
Leve contratura - comum em potros, uma massagem e leve estimulação já corrige
a contratura.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 15


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Adquiridas - a dor geralmente causa contraturas unilaterais, já o crescimento


rápido causa contraturas bilaterais.

Como saber qual é a estrutura tendínea envolvida na alteração?


Pela posição do casco e da quartela, do boleto, tendões...

Coronopedal
Casco encastelado, talão alto e parede dorsal para frente - alterações na
cápsula do casco.
Alterações no Tendão do FDP - Grau I até 90º e Grau II > de 90º

Correção - médico ou cirúrgico? Isso quem determina é o grau da alteração (I ou II)

Metacarpofalangiana
Alterações no Tendão FDS - o casco estará normal, porém a quartela muito em pé -
sem angulação - o boleto se projeta para a frente.
A articulação metacarpofalangiana faz esse movimento pois o TFDS se insere no
final da I falange e início da II falange, se está contraído puxa o tendão flexor
proximalmente para trás e o boleto vai para a frente - "emboletamento".

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 16


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Diagnóstico visual - coronopedal - uso de radiografia, às vezes, para detecção de


osteíte de III falange.
TRATAMENTO
CONGÊNITO
CONSERVATIVO
Cuidados com os que não ficam em pé - atenção com lesões causadas, cuidados a
amamentação (levantar potro de 1 em 1 hora para amamentar)
Restrição ao exercício - menor dor na articulação e menor contração
Analgésicos - contratura dói e animal fica mais alterado e contrai mais - uso de
Meloxicam, Firocoxib (estes não possuem tantos efeitos colaterais)
Oxitetraciclina (2 - 4 gramas E.V.) - relaxamento muscular e tendíneo, atua
quelando o Ca, que não será disponível para a contração muscular
Metocarbamol
Tiocolchicosídeo - Coltrax
Massagens - fisioterapia passiva
Talas de PVC com uso de 12 - 12 horas - bandagem e cuidados que evitem lesões -
limpeza, secagem, descansos para que a pele do animal possa respirar. Os potros
tem pele muito fina e isso inspira cuidados no uso das talas. Dependendo da
equipe, pode fazer 1 dia com tala e intervalos de 3 - 4 horas sem tala.

CIRURGIA - em casos graves é a única correção

Geralmente se trata uma vez e vai reavaliando várias vezes o tratamento, como intuito
de saber o sucesso da alternativa empregada. Caso não surta efeito desejado, mudar o
tratamento.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 17


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

ADQUIRIDO
Nutrição
Exercício controlado - dor causada ao exercitar-se, portanto é necessário
restringir o exercício e restringir a dor do animal com o problema.
Uso de analgésicos e demais alternativas terapêuticas empregadas em casos de
tratamento de alterações congênitas
Casqueamento/ferrageamento - importante, pela falta de apoio do membro ao
pisar e pelo crescimento irregular do casco em caso de deformidades flexurais.
Recomenda-se observar o caso e saber se pode ou não usar os métodos de
ferrageamento e casqueamento. É necessário saber que os potros tem casco
para possibilidade de trabalho em 15 dias de vida.

Essas técnicas corrigem bem alterações à nível de articulação coronopedal e em casos


de alterações de articulação metacarpofalangeana. Nos casos de articulação
coronopedal busca-se baixar o talão (sentar o casco) no sentir palmar - TFDP - baixar o
talão e estender a pinça com uso de suporte, aumentando o "break over" e fazendo
mais força no TFDP, estimulando o tendão a sentar a parte de trás do casco e
aumentar a força. Isso gera desconforto, por isso há necessidade de uso de analgesia.
Na articulação metacarpofalangeana, o que se faz é elevar os talões, com uso de
ferradura mais alta na região do talão, empurrando o flexor para a frente e baixando o
boleto, trabalhando o TFDS, com uso de ferradura mais estendida que causa mais
estiramento do TFDS.
CIRURGIA
Desmotomia - secção de ligamento acessório do
TFDS (art. metacarpofalangeana) ou do TFDP (art.
coronopedal).
Em alterações acima de 90º ou acima de 115º
Tenotomia - secção de tendão do
FDP ou FDS, dependendo do tipo de alteração
existente. Animais que passam pela tenotomia tem
prognóstico reservado ou desfavorável

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 18


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Casos clínicos
Caso Clínico 1 - Articulação metacarpofalangeana alterada - ao andar, ele joga o
boleto para a frente. Neste caso o tratamento foi feito com o uso de talas de PVC +
bandagem, entre 12 - 24 horas, além do uso de Oxitetraciclina.
O potro apresentou boa evolução ao decorrer do tratamento, apenas com correções
no método conservativo.

Esse animal ainda apresentava caso de arterite séptica e falha na ossificação de ossos
cuboides (central do tarso e III metatarsiano)

Caso clínico 2 - animal adulto om alterações na articulação metacarpofalangeana →


quartela "em pé", boleto para frente, casco na posição normal. Para correção destas
alterações foi utilizada uma ferradura com aumento dorsal e pinça alongada. Como
causa desconforto nos tendões, junto utilizou-se anti inflamatórios + analgésicos.

Caso clínico 3 - potro com alteração coronopedal (talão e pinça na mesma altura) e
metacarpofalangeana (boleto para frente). O animal era de difícil manejo, os relaxantes
musculares fariam pouco ou nenhum efeito e o casqueamento ou ferrageamento não
iria resolver, pois corrigiria um problema e agravaria o outro, alterando assim a
biomecânica do membro afetado. Neste caso aplica-se casqueamento de manutenção,
extensão de pinça, uso de talas, mas ainda sim com menos chance de resolução. Cabe
ao profissional alertar que pode fazer uso de tratamento conservativo nestes casos,

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 19


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

mas a chance de resolução é miníma ou inexiste. Apenas a cirurgia seria a


resolução do quadro do cavalo. Realizaria a Tenotomia de TFDS e a Desmotomia
do ligamento acessório do TFDP.

Artrogripose
A artrogripose é a contratura da cápsula articular e das estruturas tendíneas da
articulação metatarsofalageana, metacarpofalangeana e do carpo. Essa alteração é
congênita, sendo a causadora da distocia em éguas. A conduta frente ao potro com
artrogripose geralmente é a eutanásia ou a fetotomia, evitando assim a morte da
égua. Caso nasça o potro, como única forma de corrigir essa patologia é realizada
uma cirurgia.

Hiperflexão de Tendões Flexores em potros neonatos


A incidência destas alterações se dá em maior quantidade nos membros pélvicos,
afetando mais o TFDP. O animal acaba pisando no solo com os bulbos dos talões e
a pinça não toca o solo e toma um aspecto alongado. Esta alteração se dá devido a
fraqueza dos músculos e tendões devido doença sistêmica ou falta de exercício. O
tratamento se baseia em uso de talas, bandagens, exercício controlado e
prolongamento dos talões com ferrageamento corretivo, afim de estimular o tônus
da musculatura dos flexores.

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 20


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Osteocondrose

Imagens de artroscopia

É a falha localizada ou generalizada no processo de ossificação endocondral e


afeta as epífises dos ossos e/ou cartilagem metafisária.
Existem duas apresentações da osteocondrose, são elas:
→ OCD - Osteocondrite Dissecante - desprendimento de "flaps" de cartilagem,
resquícios do osso endocondral
→ Lesões císticas - falhas na ossificação do osso subcondral - cistos
subcondrais

Nomenclatura - Osteocondrose é a condição geral do processo, a patologia em


si. Osteocondrite é usada quando há envolvimento de processos inflamatórios
na articulação (ex.: osteocondrite dissecante com liberação de flaps de
cartilagem não ossificada.)

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 21


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Como acontece?
Problemas na falha de proliferação de condrócitos - responsáveis pela calcificação
e mineralização - na formação do osso subcondral, afetam os fatores de
crescimento da placa epifisária, pela vascularização são estimulados. Quando há
falhas nesse processo de proliferação e diferenciação dos condrócitos causa falha
na composição de matriz óssea (Rápido crescimento, genética, alta de energia na
dieta, exercício intenso estressante, deficiência de Cu, alterações no metabolismo
de insulina, de tireoide). Cartilagem não preenche 100% com cálcio.

LESÕES

Lesões císticas OCD


subcondrais

Lesão pré - existente + condições


para dano = manifestações
clínicas

Falha no suprimento vascular na cápsula epifisária - trauma por exercício agrava o


quadro → necrose de vasos - dificuldade na ossificação da cartilagem →
manifestação da enfermidade!
OCD - flap no raio - x - resquício de camadas ossificadas da cartilagem →
radiopacidade no raio - x
Cisto - falha de preenchimento de região com estrutura óssea, resquício de
cartilagem preenche a falha óssea.
Pressão - lesão cística - pelo liquido sinovial dentro da
abertura existente no osso → cisto + articulação =
pressão que empurra líquido para proximal - falhas são
preenchidas pela migração de líquido. Cistos são 90/95%
em osso proximal
Apoio - bombeamento de liquido sinovial - aumenta o
cisto (Água mole pedra dura, tanto bate até que fura)

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 22


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

Tensão - paredes do cisto, à medida que


movimenta e pressiona a região medial →
parede
do cisto aumenta a carga em determinadas
regiões, que provocam o aumento do cisto. Uso de
parafusos que cruzam o cisto cisto para conter o
crescimento.

Localização

Jarrete - local mais comum para OCD


1 - Cisto intermédio da tíbia
2 - Tróclea lateral do tálus
3 - Maléolo medial da tíbia
4 - Tróclea medial do tálus

Boleto
1 - Crista sagital
2 - Dorsal da I falange
3 - base do osso sesamoide
4 - côndilo do metacarpo ou metatarso

Lesões císticas
Rótula - côndilo medial do fêmur
Boleto - côndilo medial do metacarpo
Carpo - radio distal, osso do carpo
Quartela - aspecto distal P1
Ombro - cavidade glenóide
Cotovelo - rádio proximal

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 23


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 24


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 25


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 26


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 27


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 28


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 29


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 30


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 31


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 32


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 33


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 34


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 35


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 36


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 37


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 38


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 39


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 40


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 41


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 42


Afecções do Sistema Locomotor dos Equinos

SEGUE O RESUMO NAS PRÓXIMAS AULINHASCU...

CLÍNICA MÉDICA DE EQUIDEOS 43

Você também pode gostar