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Clínica Médica de Equinos
Clínica Médica de Equinos
CLÍNICA
MÉDICA
DE
EQUIDEOS
2021.1
DOENÇAS
ORTOPÉDICAS DO
DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÕES
“Definido como qualquer problema de natureza músculo-esquelética que
ocorre nos potros jovens, resultado do crescimento e maturidade”.
Existem diversas variantes que são responsáveis pelo aparecimento das Doenças
Ortopédicas do Desenvolvimento:
HEREDITARIEDADE
PREDISPOSIÇÃO
GENÉTICA
ENVOLVIMENTO BIOMECÂNICA
ENDÓCRINO EXERCÍCIO/TRAUMA
NUTRIÇÃO
MANEJO E
SUPERALIMENTAÇÃO
↓ MINERAIS
CRIAÇÃO
TOXICIDADE ADEQUADA
Rápido
Crescimento
OSTEOCONDROSE
DEFORMIDADE
MIELOPATIA
OSTEOARTRITE
ESTENÓTICA
JUVENIL
CERVICAL
FISÍTE
GENÉTICA
A genética pode influenciar sim as manifestações da Doenças Ortopédicas do
Desenvolvimento, quando houver genética suscetível e um ambiente favorável
para expressão das doenças ortopédicas do desenvolvimento, podemos ter a
manifestação de alguma destas enfermidades.
Influência direta - genes...
Influência indireta - conformação, taxa de crescimento, resposta humoral a
ingestão de alimentos.
Como exemplo, a herdabilidade de deformidades angular e flexural nos equinos.
NUTRIÇÃO
Um fator é a superalimentação →
energia e proteína digestível. O desbalanço
mineral de Ca e P (principalmente) e Cu (maturação de cartilagem e colágeno)
também influencia.
Algumas teses sobre a influência nutricional nas DOD são:
O excesso não é o problema, mas sim o desbalanço mineral.
Excesso é problema sim!
ENDÓCRINO
↑ de energia - ↑ ↓ ↓
insulina - T3 e T4 - atuação nos condrócitos, diminuindo
assim a qualidade da cartilagem em desenvolvimento.
DESBALANÇO MINERAL
Excesso - Cálcio (342%) + energia (129%) [mais lesões!] > Fósforo (388%NRC) >
Cálcio (342%NRC) > Controle
BIOMECÂNICA
Exercício - pouco efeito como causador, mas sim como agravante em animais
predisponentes.
QUANDO SE PREOCUPAR?
CUIDADOS NA CRIAÇÃO
É necessário saber que as raças são distintas e requerem necessidades que se
diferem entre si e a velocidade de crescimento dos potros também é diferente. O
criador deve conhecer as necessidades da raça, por exemplo, um Percherón,
Crioulo e um PSI tem diferente necessidades nutricionais e de criação.Um potro
PSI em relação a um potro Crioulo é "obeso", tendo diferente necessidades
(tamanho, instalações, genética, nutrição...)
ÉGUA PRENHE
A prenhez é um momento chave na criação e deve - se montar um plano que
busque o melhor para a égua e para o potro. O ajuste de dieta é fundamental,
uma vez que e égua prenhe se tornará mãe e lactante, é necessário ajuste de
proteínas,minerais e energia no consumo. No período de lactação a demanda
energética aumenta e o aporte de alimentação de qualidade é indispensável. A
fase crítica para a gestação é o 1/3 final, onde o crescimento fetal é mais
acentuado, logo, esse momento também é necessário maior atenção. As éguas
não têm tantas distocias devido ao foto que são capazes de regular o tamanho
feto - útero. Durante toda a gestação é importante cuidar a relação metabólica da
gestante.
PRENHES
20% energia
30% proteína
20% mineral
LACTANTES
40% energia
40% proteína
40% mineral
POTRO
A égua deve receber uma atenção especial na hora do parto. Os potros
respondem bem ao crescimento quando a habilidade materna é boa. O correto é
comer o necessário e ter boa conversão alimentar. Há necessidade de desmame
acompanhado de análise de pastagem (quantidade de energia, proteínas,
minerais) e a partir desta análise, suplementar na ração o que falta no campo.
PÓS - DESMAME
Mais impacto na criação, pois deixa de receber
alimentação da mãe, recebendo ração e
pastagem. Algumas raças, como o Crioulo, pós -
desmame, tem a sorte de serem deixadas com
pastagem de inverno cultivada, mas geralmente o
campo nativo (às vezes pobre, nutricionalmente,
com presença de anoni e outras daninhas), que
pode ter impacto na redução da curva de
crescimento do potro. após 4 ou 5 meses após o
desmame. Os cavalos da raças PSI recebem
alimentação adequada neste período e
monitoramento constante da curva de
crescimento dos potros de um plantel de
qualidade e excelência genética.
As necessidades aumentam com o passar do
tempo...
Se possível, acompanhar o crescimento do potro no
pós - desmame, prevenindo impactos quando se
torne cavalo adulto. Aos 18 meses, o correto é que
tenha atingido entre 85% e 90% do seu PV quando
chegue aos 3 anos (deixa de ser potro e é cavalo
adulto)
FISIOPATOLOGIA
A compressão causa necrose de
capilares que nutrem a placa de
crescimento, com a ↓
de nutrientes
advindos do sangue há um retardo do
Esta compressão retarda o crescimento
crescimento no lado que ficou
no lado medial e não no lateral, que
comprimido.
cresce bem - desvio angular (axial!)
SINAIS CLÍNICOS
Aspecto distal dos ossos - aumento da sensibilidade, aumento de volume (face
medial - inflamação)
Indícios de inflamação!
Apresentação clínica
de Fisítes no exame
clínico e na
radiografia.
TERMOGRAFIA
TRATAMENTO
Controle de crescimento, de dieta (Energia e sobretudo de elementos como o
Ca+) → dieta de qualidade com quantidade balanceada.
Repouso e exercício controlado - potro com mãe num pequeno piquete.
Menos exercícios reduzem o estresse na placa de crescimento
Uso de fármacos AINES - Meloxicam, Firocoxib, Cetoprofeno e similares, que
reduzam a inflamação local e a dor, sem tanto efeito colateral (gastrite em
equinos).
Uso de pomadas com diclofenaco de Na, que também reduzem a inflamação
local.
CIRURGIA - desvios angulares (varus), em casos de severidade, a cirurgia
remove as extroses que são fruto do aumento do crescimento da placa
epifisária
Desvios Angulares
DEFINIÇÃO
Desalinhamento da porção distal do membro em
relação ao eixo central do mesmo.
TIPOS
Valgus - mais comum, desvio lateral da porção
distal do membro→ para fora.
Varus - desvio medial da porção distal do membro
→ para dentro.
Nem sempre os desvios angulares estão ligados a Físites. A maior parte dos
desvios são congênitos, relacionados a articulação do carpo. Esses desvios
tendem a ser mais discretos, podendo ser tratados com casqueamento corretivo e
repouso e as alterações mais graves são resolvidas à nível cirúrgico.
Alguns fatores que colaboram para o aparecimento dos desvios pré - natal, são: a
frouxidão periarticular (em animais prematuros, com aumento da flacidez entre
as estruturas), hipoplasia de ossos cuboides (carpo, tarso, pela calcificação
inadequada), placentite, teratogenia, causas genéticas, alterações hormonais e
nutricionais.
As causas pós - natais são: conformação desfavorável, crescimento excessivo,
presença de físites, sobrecarga em um membro por claudicação em outro
membro (apoio no membro bom)
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é realizado através de inspeção do animal em movimento e em
estação e uso de exames de imagem, como a Radiografia.
Radiografia - nas projeções antero - posterior (carpo) e latero - medial/dorso -
plantar (tarso).
São traçadas duas linhas entre o rádio e o metacarpo e se mede o grau de desvio,
fazendo estimativa para um grau de desvio, que não tem muita importância no
método de diagnóstico. A aparência do desvio, a idade do animal são levadas em
consideração. Esta estimativa se emprega para o grau de elevação do periósteo.
Em casos de correção, utiliza-se grampos que retardam o crescimento defeituoso,
afim de corrigir os desvios angulares do animal.
DESVIO COMPENSATÓRIO
Em relação aos apoios de carpo e de casco - mesmo eixo - só desvio em cima, o
eixo do boleto não acompanha o desvio (varus, compensa valgus).
TRATAMENTO
CONSERVATIVO
REPOUSO - a ossificação é incompleta, exige repouso
EXERCÍCIO MODERADO - 10 a 20 minutos de exercício
CIRÚRGICO
Estímulo ou retardo do crescimento
CONSERVATIVO
Uso de talas ou bandagens, bem forradas e livres de
umidade - 12 à 24 horas →
retira-se 3 à 12 horas e
depois mais 12 à 24 horas com tala. As talas podem ser
feitas de cano de PVC forrado, a fim de evitar o contato
do cano com a pele do animal.
CONSERVATIVO
Analgesia para controle de dor moderada
Casqueamento corretivo - desvio do boleto -
reduz apoio → lateral tira a pinça para
lateral e medial tira a pinça para dentro.
Prolongamento - uso de ferraduras - lateral
(+ ferradura lateral) e medial (+ ferradura
medial) - reduz apoio.
Uso de bandagem funcional - Kinesio tape -
+ sustentação
CORREÇÃO CIRÚRGICA
Com o objetivo de acelerar ou retardar o crescimento.
São elas:
Deformidades Flexurais
As deformidades flexurais são caracterizadas pelo desvio da orientação normal do
membro, detectadas pela permanente hiperflexão de uma ou mais regiões
articulares. O termo deformidade flexural ou tendões contraídos tem sido
utilizado tradicionalmente para representar várias deformidades flexoras nos
membros.
Causas
Podem ser congênitas ou adquiridas:
Congênitas - mal - posicionamento IU, efeitos teratogênicos, hipotireoidismo,
desordem neuromuscular.
Adquiridas - crescimento rápido e dor - os tendões possuem crescimento mais
lento em relação aos músculos e ossos, logo, não acompanha o crescimento e
acaba sofrendo encurtamento. A dor está relacionada a atrofia do tendão do
músculo flexor digital profundo, pela falta de apoio no solo, o membro acaba
sendo menos usado e tende a contrair e causar a deformidade.
Congênitas - Articulação metacarpofalangiana - mais comum das congênitas
Coronopedal
Casco encastelado, talão alto e parede dorsal para frente - alterações na
cápsula do casco.
Alterações no Tendão do FDP - Grau I até 90º e Grau II > de 90º
Metacarpofalangiana
Alterações no Tendão FDS - o casco estará normal, porém a quartela muito em pé -
sem angulação - o boleto se projeta para a frente.
A articulação metacarpofalangiana faz esse movimento pois o TFDS se insere no
final da I falange e início da II falange, se está contraído puxa o tendão flexor
proximalmente para trás e o boleto vai para a frente - "emboletamento".
Geralmente se trata uma vez e vai reavaliando várias vezes o tratamento, como intuito
de saber o sucesso da alternativa empregada. Caso não surta efeito desejado, mudar o
tratamento.
ADQUIRIDO
Nutrição
Exercício controlado - dor causada ao exercitar-se, portanto é necessário
restringir o exercício e restringir a dor do animal com o problema.
Uso de analgésicos e demais alternativas terapêuticas empregadas em casos de
tratamento de alterações congênitas
Casqueamento/ferrageamento - importante, pela falta de apoio do membro ao
pisar e pelo crescimento irregular do casco em caso de deformidades flexurais.
Recomenda-se observar o caso e saber se pode ou não usar os métodos de
ferrageamento e casqueamento. É necessário saber que os potros tem casco
para possibilidade de trabalho em 15 dias de vida.
Casos clínicos
Caso Clínico 1 - Articulação metacarpofalangeana alterada - ao andar, ele joga o
boleto para a frente. Neste caso o tratamento foi feito com o uso de talas de PVC +
bandagem, entre 12 - 24 horas, além do uso de Oxitetraciclina.
O potro apresentou boa evolução ao decorrer do tratamento, apenas com correções
no método conservativo.
Esse animal ainda apresentava caso de arterite séptica e falha na ossificação de ossos
cuboides (central do tarso e III metatarsiano)
Caso clínico 3 - potro com alteração coronopedal (talão e pinça na mesma altura) e
metacarpofalangeana (boleto para frente). O animal era de difícil manejo, os relaxantes
musculares fariam pouco ou nenhum efeito e o casqueamento ou ferrageamento não
iria resolver, pois corrigiria um problema e agravaria o outro, alterando assim a
biomecânica do membro afetado. Neste caso aplica-se casqueamento de manutenção,
extensão de pinça, uso de talas, mas ainda sim com menos chance de resolução. Cabe
ao profissional alertar que pode fazer uso de tratamento conservativo nestes casos,
Artrogripose
A artrogripose é a contratura da cápsula articular e das estruturas tendíneas da
articulação metatarsofalageana, metacarpofalangeana e do carpo. Essa alteração é
congênita, sendo a causadora da distocia em éguas. A conduta frente ao potro com
artrogripose geralmente é a eutanásia ou a fetotomia, evitando assim a morte da
égua. Caso nasça o potro, como única forma de corrigir essa patologia é realizada
uma cirurgia.
Osteocondrose
Imagens de artroscopia
Como acontece?
Problemas na falha de proliferação de condrócitos - responsáveis pela calcificação
e mineralização - na formação do osso subcondral, afetam os fatores de
crescimento da placa epifisária, pela vascularização são estimulados. Quando há
falhas nesse processo de proliferação e diferenciação dos condrócitos causa falha
na composição de matriz óssea (Rápido crescimento, genética, alta de energia na
dieta, exercício intenso estressante, deficiência de Cu, alterações no metabolismo
de insulina, de tireoide). Cartilagem não preenche 100% com cálcio.
LESÕES
Localização
Boleto
1 - Crista sagital
2 - Dorsal da I falange
3 - base do osso sesamoide
4 - côndilo do metacarpo ou metatarso
Lesões císticas
Rótula - côndilo medial do fêmur
Boleto - côndilo medial do metacarpo
Carpo - radio distal, osso do carpo
Quartela - aspecto distal P1
Ombro - cavidade glenóide
Cotovelo - rádio proximal