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A teoria da modernidade segundo Marx é uma perspectiva crítica do desenvolvimento

capitalista e da sociedade burguesa. Marx analisa a modernidade como um estágio histórico


específico caracterizado pela ascensão do capitalismo industrial. Marx considera a
modernidade como uma época de mudanças profundas nas relações sociais, na produção
econômica e nas estruturas políticas. Ele argumenta que a modernidade é marcada por uma
divisão de classes distintas: a classe capitalista, proprietária dos meios de produção, e a classe
trabalhadora, que vende sua força de trabalho em troca de salários.
Uma das principais contribuições de Marx à teoria da modernidade é a análise da
exploração capitalista. Ele sustenta que o capitalismo é baseado na extração de mais-valia, ou
seja, na apropriação dos lucros gerados pelo trabalho excedente dos trabalhadores. Marx
argumenta que essa exploração é inerente ao sistema capitalista e gera desigualdades sociais
e econômicas. Além disso, Marx destaca que a modernidade é caracterizada pela alienação.
Ele argumenta que, no sistema capitalista, os trabalhadores estão alienados do produto do
seu próprio trabalho, dos meios de produção e até mesmo de si mesmos. A alienação resulta
em uma perda de controle e de conexão com o trabalho realizado, levando a uma sensação
de estranhamento e desumanização.
Para Marx, a modernidade também é marcada por contradições e crises inerentes ao
sistema capitalista. Ele prevê que as contradições entre a classe trabalhadora e a classe
capitalista se intensificarão ao longo do tempo, culminando em uma revolução proletária.
Essa revolução seria um momento de ruptura com a modernidade capitalista, resultando na
transição para uma sociedade socialista na qual as relações de produção seriam baseadas na
propriedade coletiva dos meios de produção.
Em suma, a teoria da modernidade segundo Marx é uma análise crítica do
desenvolvimento capitalista, destacando a exploração, a alienação e as contradições sociais
inerentes a esse sistema. Marx vislumbra a superação da modernidade capitalista por meio de
uma transformação revolucionária rumo a uma sociedade socialista.
A teoria da modernidade segundo Marx é baseada em dois pilares principais: o
materialismo histórico e a análise crítica do capitalismo. Esses elementos se combinam para
fornecer uma compreensão abrangente da formação e estrutura da modernidade na
perspectiva de Marx.
Materialismo Histórico: O materialismo histórico é a base da teoria de Marx sobre a
evolução da sociedade. Ele argumentava que as condições materiais, como a produção e a
organização econômica, são os principais impulsionadores das mudanças sociais. Marx
enfatizou que as relações de produção e a forma como os bens materiais são produzidos e
distribuídos são fundamentais para a estrutura social. Marx identificou diferentes estágios
históricos no desenvolvimento da sociedade, cada um com suas próprias relações de
produção características. Na teoria da modernidade, o estágio mais importante é o
capitalismo, que surge após a queda do feudalismo e é caracterizado pela propriedade
privada dos meios de produção e pela exploração da classe trabalhadora pelo capital.
Análise Crítica do Capitalismo: A análise crítica do capitalismo é central na teoria da
modernidade de Marx. Ele examinou as contradições e as dinâmicas internas do sistema
capitalista para compreender sua formação e estrutura. Marx argumentou que o capitalismo
é um sistema baseado na extração de mais-valia, onde os capitalistas obtêm lucro explorando
o trabalho dos trabalhadores assalariados. Essa exploração resulta em desigualdades sociais,
alienação e crises cíclicas. Marx viu a modernidade capitalista como uma época de
intensificação dessas contradições, com a acumulação de capital levando a uma crescente
polarização entre as classes sociais. Ele previu que as crises econômicas se tornariam mais
frequentes e mais intensas, levando à crescente consciência de classe e à luta revolucionária
do proletariado contra a classe capitalista.
A formação e a estrutura da modernidade, segundo Marx, são, portanto, moldadas
pelas relações de produção capitalistas e pelas lutas de classe resultantes. A exploração e as
contradições internas do capitalismo alimentam as transformações sociais e as lutas sociais
que impulsionam o desenvolvimento histórico rumo a uma sociedade comunista, onde as
desigualdades sociais seriam superadas e a propriedade seria coletiva.
A teoria da exploração da mais-valia de Marx é um conceito central em sua análise
crítica do capitalismo. Ela descreve o mecanismo pelo qual os capitalistas obtêm lucro através
da exploração da classe trabalhadora. Marx argumentava que, no sistema capitalista, a
produção de mercadorias envolve dois elementos principais: o capital constante e o capital
variável. O capital constante refere-se aos meios de produção, como máquinas, ferramentas e
matérias-primas, enquanto o capital variável refere-se à força de trabalho humana, ou seja,
aos trabalhadores contratados para realizar o trabalho necessário na produção.
O trabalho realizado pelos trabalhadores adiciona valor ao produto final. Esse valor é
chamado de valor de uso, que é determinado pela quantidade de trabalho socialmente
necessário para produzi-lo. No entanto, Marx argumentava que sob o sistema capitalista, os
trabalhadores não recebem o valor total do trabalho que realizam.
A diferença entre o valor total do trabalho realizado pelos trabalhadores e o salário que eles
recebem é chamada de mais-valia. A mais-valia representa o valor excedente que os
capitalistas conseguem extrair dos trabalhadores além do necessário para cobrir os custos de
reprodução da força de trabalho. Em outras palavras, é o lucro obtido pelos capitalistas
através da exploração do trabalho dos trabalhadores.
Marx identificou duas formas principais de mais-valia: a mais-valia absoluta e a mais-
valia relativa. A mais-valia absoluta ocorre quando os capitalistas aumentam a duração da
jornada de trabalho, prolongando o tempo em que os trabalhadores estão empregados, sem
aumentar proporcionalmente os salários. A mais-valia relativa ocorre quando os capitalistas
aumentam a produtividade do trabalho, através do uso de tecnologia e métodos de
produção mais eficientes, reduzindo assim o tempo necessário para produzir uma mercadoria
e aumentando o tempo disponível para a produção de mais-valia.
A teoria da exploração da mais-valia de Marx destaca a desigualdade inerente ao
sistema capitalista, onde os trabalhadores são privados do valor total do trabalho que
produzem, enquanto os capitalistas acumulam lucros a partir dessa exploração. Essa
exploração é considerada uma das contradições fundamentais do capitalismo e um dos
principais motores da luta de classes e da busca por mudanças sociais.
A tese da alienação e o fetichismo da mercadoria são conceitos inter-relacionados
desenvolvidos por Marx para analisar as consequências sociais e psicológicas do sistema
capitalista.
Tese da Alienação: Marx argumentava que, no capitalismo, os trabalhadores se sentem
alienados do produto do seu próprio trabalho, do processo de trabalho em si, dos outros
trabalhadores e até mesmo de si mesmos. Essa alienação ocorre devido às características
específicas das relações de produção capitalistas.
Alienação do produto: Os trabalhadores não têm controle sobre o produto final do seu
trabalho. Eles produzem mercadorias, mas não possuem o que produzem. As mercadorias
são propriedade dos capitalistas, que as vendem no mercado em busca de lucro.
Alienação do processo de trabalho: No sistema capitalista, o trabalho é fragmentado e
mecanizado. Os trabalhadores realizam tarefas repetitivas e especializadas, perdendo a
conexão com o processo de trabalho como um todo. Eles se tornam meros apêndices da
máquina, sem controle ou autonomia sobre o trabalho que realizam.
Alienação dos outros trabalhadores: A competição e a divisão de classe na sociedade
capitalista dificultam a solidariedade e a cooperação entre os trabalhadores. Eles são levados
a ver uns aos outros como concorrentes, em vez de companheiros de classe.
Alienação de si mesmo: A alienação do trabalho e a falta de controle sobre sua própria
atividade produtiva fazem com que os trabalhadores se sintam distantes de sua própria
essência e potencial criativo. Eles não se reconhecem no trabalho que realizam e não têm a
satisfação de uma autorealização plena.
Fetichismo da Mercadoria: O fetichismo da mercadoria refere-se à ideia de que, no
capitalismo, as relações sociais entre as pessoas são obscurecidas e disfarçadas pelas relações
entre as mercadorias que elas produzem e consomem. No sistema capitalista, as mercadorias
adquirem uma forma de "fetiche", parecendo ter um valor intrínseco e poder misterioso,
independentemente do trabalho humano envolvido em sua produção.
Marx argumentava que, sob o fetichismo da mercadoria, as relações sociais são
invertidas. Em vez de reconhecerem que são os seres humanos que produzem e controlam as
mercadorias, as pessoas tendem a atribuir um poder mágico e autônomo às mercadorias em
si. Elas se concentram no valor de troca das mercadorias (seu preço de mercado) em vez de
valorizar o trabalho humano que as tornou possíveis.
O fetichismo da mercadoria esconde as relações sociais de exploração subjacentes ao
sistema capitalista, obscurecendo a origem do valor das mercadorias no trabalho humano. As
pessoas tendem a ver o dinheiro e as mercadorias como entidades autônomas e
desvinculadas das relações sociais e das pessoas envolvidas na produção.
Esses conceitos de alienação e fetichismo da mercadoria desempenham um papel
fundamental na crítica de Marx ao capitalismo, destacando as consequências desumanas e
despersonalizantes do sistema econômico e social dominante.
Para Marx, a crise do capitalismo é uma característica intrínseca do sistema econômico em si.
Ele argumentava que as crises são resultado das contradições e das contrariedades inerentes
ao modo de produção capitalista. A crise é vista como uma expressão das tensões e dos
desequilíbrios fundamentais do sistema.
Marx via a crise do capitalismo como uma consequência das seguintes contradições:
Contradição entre a produção socializada e a apropriação privada: No capitalismo, a
produção é socializada, ou seja, depende da cooperação e do trabalho coletivo de muitos
indivíduos. No entanto, a apropriação dos resultados da produção é privada, concentrada nas
mãos dos proprietários dos meios de produção. Essa contradição cria desequilíbrios,
desigualdades e crises.
Contradição entre a expansão ilimitada do capital e os limites do mercado: O capitalismo
depende do constante crescimento e da busca por lucro. No entanto, o mercado é limitado e
não pode se expandir infinitamente. Isso leva a crises de superprodução, onde a produção
excede a capacidade do mercado de absorver as mercadorias, levando à queda dos preços,
ao desemprego e à recessão.
Contradição entre o trabalho vivo e o trabalho morto: No capitalismo, há uma crescente
dependência do trabalho morto, representado pelo capital constante (máquinas, tecnologia
etc.), em comparação com o trabalho vivo dos trabalhadores. Essa relação desigual leva a
uma tendência à substituição do trabalho humano pelo uso de máquinas e automação,
resultando em desemprego estrutural e desigualdades sociais.
Contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção:
Marx argumentava que o capitalismo cria um rápido desenvolvimento das forças produtivas,
como tecnologia e produtividade, mas as relações de produção capitalistas (propriedade
privada dos meios de produção, exploração do trabalho assalariado) se tornam obstáculos
para esse desenvolvimento. Essa contradição leva a crises de sobreacumulação, onde o
capital não encontra oportunidades lucrativas de investimento.
Para Marx, a crise do capitalismo não é um evento isolado, mas sim uma manifestação
inevitável das contradições fundamentais do sistema. Ele argumentava que essas crises
tendem a se agravar com o tempo e podem levar a períodos de instabilidade econômica,
lutas de classe e, potencialmente, a uma reorganização revolucionária da sociedade. A crise,
portanto, é vista como uma oportunidade para a superação do capitalismo e a transição para
uma sociedade mais justa e igualitária.

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