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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF)

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS (ICH)


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: – LABORATÓRIO DO ENSINO DE HISTÓRIA III
DOCENTE: PROF. DR. ALESSANDRO PEREGALLI FONTANA

Arthur Assunção Costa - 202111003L

REFLEXÃO SOBRE A DITADURA CHILENA.

11 de Setembro de 1973, é marco de inauguração de um capítulo sombrio e


impactante da história do Chile que marcou profundamente a trajetória política, social e
econômica do país sul-americano A ditadura chilena perdurou por 17 anos, encerrando-se
somente em 1990. Durante esse período, o Chile testemunhou um governo autoritário
caracterizado por repressão política, violações sistemáticas dos direitos humanos e um regime
de terror que visava eliminar qualquer forma de oposição ao regime.
A ditadura de Pinochet não apenas restringiu as liberdades civis, mas também
promoveu uma série de transformações econômicas que mudaram profundamente a estrutura
da economia chilena. Essas políticas econômicas neoliberais tiveram um impacto duradouro,
não apenas no Chile, mas também na forma como o mundo percebeu a aplicação do livre
mercado.
Patrício Quiroga aborda em seu no texto “Da contra revolução à revolução
capitalista, 1973-1976", o estágio inicial do processo que começa nos anos cinquenta e
culmina no golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet em 1973. Durante essas décadas,
o Chile enfrentou turbulências políticas, sociais e econômicas, que desencadearam uma série
de crises e descontentamentos. A crise no modelo de substituição de importações, que
buscava o desenvolvimento industrial do país, tornou-se cada vez mais evidente. Ao mesmo
tempo, eventos globais, como a Guerra Fria e os movimentos de libertação nacional em
várias partes do mundo, exerceram pressões adicionais sobre a política chilena.
O trabalho menciona as propostas dos quatro presidentes da República, entre 1952 e
1973, que tentaram resolver a crise do modelo de substituição de importações. Esses esforços
incluíram reformas econômicas e modernizações promovidas pelo governo de Frei Montalva,
que transformaram o Chile, mas não conseguiram atender às aspirações de mudança social. O
governo de Salvador Allende, que seguiu, representou uma tentativa de forjar um novo tipo
de sociedade, baseado em um programa de governo mais orientado para as classes
subalternas. Isso incluiu uma reforma agrária e mudanças no direito de propriedade, o que
desencadeou a oposição da elite, que foi representado pelo golpe militar de 11 de setembro
de 1973, apoiado por setores da direita e do nacionalismo extremo, marcou o início do regime
autoritário de Pinochet. Esse golpe efetivamente interrompeu a democracia e permitiu que a
elite dominante concentrasse o poder político, marcando o início da transição do Chile de
uma democracia questionada para uma revolução capitalista.
Sob esse contexto, o longa-metragem "Missing" (1982), dirigido por Costa-Gavras, e
"Machuca" (2004), dirigido por Andrés Wood, são dois filmes que enfocam em transparecer
o período sombrio da ditadura chilena. Cada um desses filmes oferece uma perspectiva única
sobre os acontecimentos e as consequências desse regime autoritário que marcou
profundamente a história do Chile.
"Missing" é baseado em eventos reais e segue a história de um jornalista americano,
Charles Horman,, que desaparece durante o golpe militar de 1973 no Chile. O filme é
centrado na busca desesperada de seu pai. "Missing" retrata a brutalidade do regime militar
chileno e a luta de familiares e amigos para descobrir o destino de seus entes queridos. O
longa é uma poderosa crítica ao governo dos Estados Unidos, que apoiou Pinochet, mesmo
diante das violações dos direitos humanos ocorridas no Chile. Tal abordagem ajuda a elucidar
o programa pragmático que os EUA teve de financiar as ditaduras, não somente no Chile,
mas na América do Sul como um todo; através do Plano Condor. Essa perspectiva marca as
configurações globais que esses regimes autoritários possuíam e como parte de seus objetivos
estavam imbuídos em conter potenciais governos de espectro de esquerda radical, dada as
circunstâncias da revolução cubana, que projetou um certo pavor dos Estados Unidos.
O filme "Machuca", por outro lado, é uma obra de ficção que se passa no Chile antes
dos eventos da ditadura. O filme segue a amizade improvável entre dois meninos, Gonzalo e
Pedro, que vêm de classes sociais diferentes e frequentam a mesma escola católica. À medida
que o golpe militar se desenrola, suas vidas são afetadas de maneiras dramáticas. Através dos
olhos das crianças, o filme oferece uma visão comovente das divisões sociais e políticas que
levaram ao golpe de Pinochet. "Machuca" também explora as mudanças profundas que a
sociedade chilena enfrentou durante esse período e como as amizades e relações humanas
podem ser afetadas pela política e pela violência.
É possível estabelecer um paralelo entre “Machuca” e o filme “O menino do pijama
listrado”, retratando essa ótica de análise de dois universos distintos sob o contexto de
famílias que estão na mira do ataque em seus governos autoritários, enquanto o outro lado
vive na comodidade em razão da sua classe ou grupos sociais. Estabelecendo Pedro como um
paralelo ao Shmuel e Gonzalo, ao Bruno. Essa perspectiva de como a existência de diferentes
realidades experienciam um mesmo evento culmina no contexto final do filme “Machuca”
quando somos confrontados a visualizar a violência e decadência que a família de Pedro
Machuca enfrenta após o ataque a vila em que eles moravam em decorrência do golpe, sendo
atingidos por assassinatos, saques e queimas de livros, enquanto Gonzalo retorna para casa e
mantém sua vida de forma comum, como se tudo não passasse de mais um dia.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

QUIROGA, Patricio. DE LA CONTRARREVOLUCION A LA REVOLUCION


CAPITALISTA, 1973-1976.

QUADRAT, Samantha Viz. A reforma educacional da Unidade popular e golpe no Chile


(1973). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História-ANPHU. São Paulo, 2011.

Missing – O Desaparecido (Missing; 1982, EUA, direção: Costa-Gravas

Machuca (Machuca, 2004, EUA, direção: André Woods)

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