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Material Probabilidade para Estudos - 001

Bruno Oliveira Cardoso

Probabilidade
Definição

Evento é qualquer grupo (subconjunto) de resultados


contidos no espaço amostral S. O evento é denomi-
O termo probabilidade se refere ao estudo da aleatoriedade e nando simples se consistir um único resultado e com-
da incerteza. posto se consistir em mais de um resultado.
Em qualquer situação em que ocorrem diversos resultados,
a teoria da probabilidade oferece métodos de quantificação Exemplo 3:
das chances ou possibilidades de ocorrência associadas aos Considere um experimento em que cada um de três veículos
diversos resultados. A linguagem da probabilidade é cons- que trafeguem em uma determinada estrada siga pela saída à
tantemente usada de maneira informal em contextos escritos esquerda (E) ou à direita (D) no final da rampa de saída. Os
e falados. Exemplos incluem declarações como: “é provável oito resultados possíveis que compõem o espaço amostral são:
que a média Dow-Jones cresça no final do ano”, “há 50% de EEE, DEE, EDE, EED, EDD, DED, DDE e DDD. Dessa
chance de o titular buscar a reeleição”. forma, há oito eventos simples, dentre os quais estão E1 =
{EEE} e E5 = {EDD}. Os eventos compostos incluem:
Espaços amostrais e eventos
• A = {DEE, EDE, EED} o evento em que exatamente um
Um experimento é qualquer ação ou processo cujo resultado dos três veículos vira à direita;
está sujeito à incerteza. Dessa forma, os experimentos que
• B = {EEE, DEE, EDE, EED} o evento em que no má-
são de interesse incluem jogar uma moeda uma ou diversas
ximo um dos veículos vira à direita;
vezes, selecionar uma ou várias cartas de um baralho, pesar
um pedaço de pão. • C = {EEE, DDD} o evento em que os três veículos viram
na mesma direção.
O espaço amostral de um experimento → Represen-
tado por S, é o conjunto de todos os resultados possíveis desse Suponha que, quando o experimento é executado, o resul-
experimento. tado seja EEE. Então, o evento simples E1 terá ocorrido, da
Exemplo 1: mesma forma que os eventos B e C (mas não A).
Se examinarmos três fusíveis em sequência e anotarmos o Exemplo 2: Continuação
resultado de cada exame, o resultado do experimento é qual- Quando o número de bombas em uso em cada um dos dois
quer sequência de N e D de 3 elementos, de forma que postos de seis bombas for observado, haverá 49 resultados
possíveis, de forma que haverá 49 eventos simples: E1 = {(0,
0)}, E1 = {(0, 1)}, ... , EE4 9 = {(6, 6)}.
S = {N N N, N N D, N DN, N DD, DN N, DN D, DDN, DDD} Exemplos de eventos compostos são
• A = {(0, 0), (1, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 4), (5, 5), (6, 6)} o
Exemplo 2:
evento em que o número de bombas em uso é o mesmo
Dois postos de gasolina estão localizados em uma determi- nos dois postos;
nada interseção. Cada um possui seis bombas. Considere
o experimento em que o número de bombas em uso em de- • B = {(0, 4), (1, 3), (2, 2), (3, 1), (4, 0)} o evento em que
terminada hora do dia é determinado para cada posto. Um o número total de bombas em uso é quatro;
resultado experimental especifica quantas bombas estão em
uso no primeiro posto e quantas são usadas no segundo. Um • C = {(0, 0), (0, 1), (1, 0), (1, 1)} o evento em que no
resultado possível é (2, 2), outro é (4, 1) e outro ainda é (1, máximo uma bomba está em uso em cada posto.
4). Os 49 resultados em S são exibidos na tabela a seguir.
Algumas relações sobre a teoria dos conjuntos
Um evento é essencialmente um conjunto, de forma que as
relações e resultados da teoria elementar dos conjuntos podem
ser usados para o estudo dos eventos. As operações a seguir
serão usadas para construção de novos eventos, a partir de
eventos conhecidos.

1. A união de dois eventos A e B, representada por A ∪ B


e lida ”A união B”, é o evento que consiste em todos os
resultados que estão no evento A ou no B ou em ambos
(de forma que a união inclui resultados em que ocorram

Eventos
A e B, bem como aqueles em que exatamente um ocorre),
isto é, todos os resultados em ao menos um dos eventos.

No estudo de probabilidade, estaremos interessados não ape- 2. A interseção dos dois eventos A e B, representada por A
nas nos resultados individuais de S, como também em qual- ∩ B e lida “A interseção B”, é o evento que consiste de
quer grupo de resultados de S. todos os resultados que estão em ambos A e B.

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3. O complemento de um evento A, representado por A’, é membro da família visita a clínica uma vez e é designada
o conjunto de todos os resultados em S que não estão aleatoriamente a um posto. O experimento consiste em
contidos em A. registrar o número do posto para cada membro. Um
resultado é (1, 2, 1) para A no posto 1, B no posto 2 e
Exemplo 2: Continuação C no posto 1.
Para o experimento em que é observado o número de bom-
bas em uso em um posto de gasolina de seis bombas, assuma a) Relacione os 27 resultados do espaço amostral.
A = {0, 1, 2, 3, 4}, B = {3, 4, 5, 6} e C = {1, 3, 5}. Então b) Relacione todos os resultados do evento em que os
três membros seguem para o mesmo posto.
• A ∪ B = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6} S; A ∪ C = {0, 1, 2, 3, 4,
5}, c) Relacione todos os resultados do evento em que todos
os membros seguem para postos diferentes.
• A ∩ B = {3, 4}, A ∩ C = {1, 3}, A’ = {5, 6}, A ∪ C’ = d) Relacione todos os resultados do evento em que nin-
{6} guém segue para o posto 2.

Definição Axiomas, Interpretações e Propriedades da Probabil


Quando A e B não possuem resultados em comum, Dados um experimento e um espaço amostral S, o objetivo da
são chamados eventos mutuamente exclusivos ou probabilidade é atribuir a cada evento A um número P(A),
disjuntos. denominado probabilidade do evento A, que fornecerá uma
medida precisa da chance de ocorrência de A. Para assegurar
que as atribuições de probabilidade sejam consistentes com
Uma representação gráfica de eventos e manipulações de
nossas noções intuitivas de probabilidade, todas as atribuições
eventos é obtida pelo uso de diagramas de Venn. Para cons-
devem satisfazer os axiomas a seguir (propriedades básicas)
truir um desses diagramas, desenhe um retângulo cujo interior
de probabilidade.
representará o espaço amostral S. Então, qualquer evento A
é representado como o interior de uma curva fechada (nor- 1. Para qualquer evento, A, P(A) ⩾ 0.
malmente um círculo) contido em S. A Figura 1.1 mostra
exemplos de diagramas de Venn. 2. P(S) = 1.
3. a) Se A1 , A2 , · · · , Ak for um conjunto finito de eventos
Figura 1.1: Diagrama de Venn mutuamente exclusivos, então P (A1 ∪ A2 ∪ · · · Ak ) =
∑k
i=1 P (Ai )
b) Se A1, A2, A3, · · · for um conjunto infinito de eventos
mutuamente exclusivos, então P (A1 ∪ A2 ∪ A3 · · · ) =
∑k
i=1 P (Ai )

O Axioma 1 reflete a noção intuitiva de que a chance de

Exercícios
ocorrência de A deve ser não-negativa. O espaço amostral
é, por definição, o evento que deve ocorrer quando o experi-
mento é realizado (S contém todos os resultados possíveis),
de forma que o Axioma 2 diz que a maior probabilidade pos-
1. Quatro universidades - 1, 2, 3 e 4 - estão participando de sível de ser atribuída a S é 1. O terceiro axioma formaliza a
um torneio de basquete. Na primeira etapa, 1 jogará com ideia de que, se desejarmos que a probabilidade de ao menos
2 e 3 com 4. Os dois vencedores disputarão o campeo- um de diversos eventos ocorra e que dois eventos não ocorram
nato e os dois perdedores também jogarão. Um resultado simultaneamente, a chance de pelo menos um ocorrer será a
possível pode ser representado por 1324 (1 ganha de 2 e soma das chances dos eventos individuais.
3 ganha de 4 nos jogos da primeira etapa e 1 ganha de 3 Exemplo 1:
e 2 ganha de 4). No experimento em que uma única moeda é lançada, o es-
paço amostral é S = {H, T}. Os axiomas especificam que P(S)
a) Relacione todos os resultados de S. = 1, de forma que, para completar a atribuição de probabili-
b) Represente por A o evento em que 1 ganha o torneio. dade, falta apenas determinar P(H) e P(T). Já que H e T são
Relacione os resultados de A. eventos disjuntos e H ∪ T = S, o Axioma 3 implica que
c) Represente por B o evento em que 2 seja um dos fi-
nalistas do campeonato. Relacione os resultados de 1 = P (S) = P (H) + P (T )
B. Essa expressão implica que P(T) = 1 - P(H). A única liber-
d) Quais são os resultados de A ∪ B e de A ∩ B? Quais dade permitida pelos axiomas nesses experimentos é a proba-
são os resultados de A1? bilidade atribuída a H. Uma possível atribuição de probabili-
dades é P(H) = 0,5, P(T) = 0,5, enquanto outra atribuição
2. Uma família de três pessoas – A, B e C – tem plano de possível é P(H) = 0,75, P(T) = 0,25. De fato, representar p
uma clínica médica que sempre possui um médico em por qualquer número fixo entre 0 e 1, P(H) = p e P(T) = 1 -
cada posto 1, 2, e 3. Durante determinada semana, cada p é uma atribuição consistente com os axiomas.

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Propriedades de probabilidade
Isto é, se houver N resultados possíveis, a probabilidade
atribuída a cada um será 1/N. Consideremos um evento A,
Proposição → Para qualquer evento, A, P(A) = 1 - P(A’). com N(A) representando o número de resultados contidos em
No Axioma 3a, assuma k=2, A1 = A, e A2 = A′ . Já que A. Então
por definição A’, A ∪A’ = S enquanto A e A’ são disjuntos, ∑ ∑ 1 N (A)
1 = P(S) = P(A ∪ A’) = P(A) + P(A’), de onde segue o P (A) = P (Ei ) = =
N N
resultado. Ei em A Ei em A

Proposição → Para quaisquer dois eventos A e B, P(A ∪ Depois de contarmos o número N de resultados no espaço
B) = P(A) + P(B) - P(A ∩ B) amostral para calcular a probabilidade de qualquer evento,
Exemplo 2: devemos contar os resultados nele contidos e obter a razão
Em um determinado bairro residencial, 60% de todos os la- entre os dois números. Dessa forma, quando os resultados
res assinam o jornal metropolitano publicado em uma cidade forem igualmente prováveis, o cálculo das probabilidades se
próxima, 80% assinam o jornal local e 50% de todos os lares resume na contagem.
assinam os dois. Se um lar for selecionado aleatoriamente, Exemplo 3:
qual será a probabilidade de ele assinar (1) ao menos um dos Quando dois dados são lançados separadamente, há N = 36
jornais e (2) exatamente um dos dois jornais? resultados. Se os dois dados forem justos, todos os 36 resul-
1
Fazendo A = {assinaturas do jornal metropolitano} e B = tados serão igualmente prováveis, então P (Ei) = . Dessa
36
{assinaturas do jornal local}, as informações fornecidas impli- forma, o evento A = {soma dos dois números = 7} consistirá
cam P(A) = 0,6, P(B) = 0,8, e P(A ∩ B) = 0,5. A proposição em seis resultados (1, 6), (2, 5), (3, 4), (4, 3), (5, 2) e (6, 1).
anterior se aplica a dar P(assinaturas de ao menos um dos jor- Assim,
nais)
N (A) 6 1
P (A) = = =
N 36 6
= P (A∪B) = P (A)+P (B)−P (A∩B) = 0, 6+0, 8−0, 5 = 0, 9

Exercícios
O evento de um lar assinar apenas o jornal local pode ser
escrito como A’ ∩ B [(não-metropolitano) e local]. A Figura
2.4 implica que
1. Uma empresa de fundos mútuos oferece a seus clientes
′ ′ diversos fundos: um de mercado, três de títulos diferen-
0, 9 = P (A ∪ B) = P (A) + P (A ∩ B) = 0, 6 + P (A + B)
tes, (curto, médio e longo prazos), dois fundos de ações
pela qual P(A’ ∩ B) = 0,3. De forma similar, P(A ∩ B’) = (médio e de alto risco) e um misto. Dentre os usuários
P(A ∪ B) - P(B) = 0,1. Como ilustrado na Figura 2.5, onde que possuem cotas em apenas um fundo, seguem as por-
se vê que centagens de clientes nos diferentes fundos.

Mercado 20% Ações de alto risco 18%


P (exatamente um) = P (A∩B ′ )+P (A′ ∩B) = 0, 1+0, 3 = 0, 4
Título curto prazo 15%
Ação de risco médio 25%
Título intermediário 10%
Figura 2.1: Probabilidades Título longo prazo 5% Misto 7%

Um cliente que possui cotas em apenas um fundo é sele-


cionado aleatoriamente.
a) Qual é a probabilidade de o indivíduo selecionado pos-
suir cotas do fundo misto?
b) Qual é a probabilidade de o indivíduo selecionado pos-
suir cotas em um fundo de títulos?

Resultados igualmente prováveis


c) Qual é a probabilidade de o indivíduo selecionado não
possuir cotas em um fundo de ações?
Em muitos experimentos que consistem em N resultados, é 2. Uma empresa de consultoria em informática apresenta
razoável atribuir probabilidades iguais a todos os N eventos suas propostas de três projetos. Represente por Ai =
simples. Tais eventos incluem exemplos óbvios, como lança- {projeto i fechado}, para i = {1, 2, 3} e suponha que
mento de uma moeda; ou um dado não viciado uma ou duas P(A1) = 0,22, P(A2) = 0,25, P(A3) = 0,28, P(A1 ∩ A2)
vezes (ou qualquer número fixo de vezes); ou selecionar uma = 0,11, P(A1 ∩ A3) = 0,05, P(A2 ∩ A3) = 0,07, P(A1
ou diversas cartas de um baralho de 52 cartas bem embara- ∩ A2 ∩ A3) = 0,01. Expresse em palavras cada evento
lhado. Com p = P(Ei ) para cada i, a seguir e calcule sua probabilidade:

N ∑
N
1 a) A1 ∪ A2
1= P (Ei ) = p = p · N então p =
i=1 i=1
N b) A′1 ∩ A′2 [sugestão: (A1 ∪ A2 )’ = A′1 ∩ A′2 ]

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c) A1 ∪ A2 ∪ A3 mesmo fornecedor e há cinco deles disponíveis na área. Com


d) A′1 ∩ A′2 ∩ A′3 os fornecedores representados por D1 , ..., D5 , há N = n1 n2 n3
= (5)(12)(9) = 540 3-tuplas da forma (Di , Pj , Qk ), havendo
3. Represente por A o evento de que a próxima solicitação 540 formas de escolher primeiro um fornecedor de eletrodo-
de assistência de um consultor de um software estatís- mésticos, depois um encanador e por fim um eletricista.
tico seja relacionada ao pacote SPSS e por B o evento

ajuda ser relacionada ao pacote SAS. Suponha que P(A) Arranjos e Permutações
Probabilidade e Estatística de a próxima solicitação de

= 0,30 e P(B) = 0,50. Qualquer sequência ordenada de k objetos selecionados de


(a) Por que não é o caso de P(A) + P(B) = 1? um conjunto de n objetos distintos é denominada arranjo de
tamanho k dos objetos. O número de arranjos de tamanho k
(b) Calcule P(A’). que pode ser criado a partir dos n objetos é representado por
(c) Calcule P(A ∪ B). Ak,n .
(d) Calcule P(A’ ∩ B’).
n!
Pk,n =
Técnicas de contagem
(n − k)!
Exemplo: Há 10 assistentes de professores disponíveis
Quando os diversos resultados de um experimento são igual- para correção de provas em um determinado curso. O pri-
mente prováveis (a mesma probabilidade é atribuída a cada meiro exame consiste em quatro questões e o professor deseja
evento simples), a tarefa de calcular probabilidades se reduz selecionar um assistente diferente para corrigir cada uma (ape-
a uma contagem. Em particular, se N for a quantidade de nas um assistente por questão). De quantas formas diferentes
resultados de um espaço amostral e N(A) for a quantidade de os assistentes podem ser escolhidos para a correção? Aqui, n
resultados contidos em um evento A, então = número de assistentes = 10 e k = número de questões =
4. O número de atribuições diferentes de correção então será
N (A)
P (A) = A4,10 = (10)(9)(8)(7) = 5040.
N
Há, entretanto, muitos experimentos para os quais o esforço
despendido na elaboração de tal lista é proibitivo porque N Nota
é muito grande. Explorando algumas regras gerais de conta-
Para qualquer inteiro positivo m, m! é lido “fatorial
gem, é possível calcular probabilidades sem relacionar os re-
de m” e definido por m! = m(m - 1) ... (2)(1). Além
sultados. Essas regras também são úteis em vários problemas
disso, 0! = 1.
que envolvem resultados que não sejam igualmente prováveis.
A regra do produto para pares ordenados → Se o pri-
meiro elemento ou objeto de um par ordenado puder ser se- Combinações
lecionado de n1 formas e para cada uma dessas n1 formas, o
segundo elemento do par pode ser selecionado de n2 formas, Há muitos problemas de contagem em que é fornecido um
o que faz com que o número de pares seja n1 n2 . conjunto de n objetos distintos e se deseja contar o número
Exemplo: de subconjuntos não-ordenados de tamanho k. Por exemplo:
Uma família se mudou para uma cidade e precisa dos ser- no bridge importam apenas as 13 cartas da mão e não a ordem
viços de um obstetra e de um pediatra. Há duas clínicas de em que elas são dadas. Na formação de um comitê, a ordem
fácil acesso e cada uma tem dois obstetras e três pediatras. A em que os membros são relacionados normalmente não tem
família obterá benefícios máximos de seguro de saúde se esco- importância.
lher uma clínica e selecionar os dois especialistas. De quantas
Definição → Dado um conjunto de n objetos diferentes,
formas isso pode ser feito?
qualquer subconjunto não-ordenado de tamanho k é denomi-
Represente os obstetras por O1 , O2 , O3 , e O4 e os pediatras
nado combinação. O número de combinações de tamanho
por P1 , ...P6 . Desejamos então determinar o número de pares
k que podem ser formadas a partir de n objetos distintos é
(Oi , Pj ) para os quais Oi e Pj estão associados à mesma clínica.
representado por (nk ). (Essa notação é mais comum na proba-
Como há quatro obstetras, n1 = 4 e para cada um há três
bilidade do que Ck,n , que seria análogo à notação de permu-
escolhas de pediatra, n2 = 3, a aplicação da regra do produto
tações.)
fornece N = n1 n2 = 12 escolhas possíveis.
O número de combinações de tamanho k de um determi-
Uma regra do produto mais abrangente → Se um dado nado conjunto é menor que o número de arranjos porque,
de seis lados é lançado cinco vezes consecutivas em vez de quando a ordem não importa, diversos arranjos correspondem
apenas duas, cada resultado possível é um conjunto de cinco à mesma combinação. Considere, por exemplo, o conjunto A,
números como (1, 3, 1, 2, 4) ou (6, 5, 2, 2, 2). Denominaremos B, C, D, E, consistindo em cinco elementos. Há 5!/(5 - 3)! =
um conjunto ordenado de k objetos uma k-tupla (assim um 60 arranjos de tamanho 3. Há seis arranjos de tamanho 3 que
par é uma 2-tupla e um trio é uma 3-tupla). Cada resultado consistem nos elementos A, B e C, já que esses três elementos
de experimento de lançamento de dados é uma 5-tupla. podem ser ordenados de 3 . 2 . 1 = 3! = 6 formas: (A, B,
Exemplo: C), (A, C, B), (B, A, C), (B, C, A), (C, A, B) e (C, B, A).
Suponha que o trabalho de reforma da casa envolva a com- Esses seis arranjos são equivalentes a uma única combinação
pra de diversos utensílios de cozinha. Eles serão comprados do A, B,C. De forma similar, para qualquer outra combinação de

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tamanho 3, há 3! arranjos a cada uma obtida pela ordenação


dos três objetos. Dessa forma,
(15 ) (10 ) 15! 10!
·
(5 ) (5 ) 60 N (D3 )
60 = A3,5 = · 3!; então = = 10 P (D3 ) = = 3 3
= 3!12! 3!7! = 0, 3083
3 3
3! N (25
6 )
25!
Essas dez combinações são 6!19!
A, B, C A, B, D A, B, E A, C, D A, C, E A, D, E, B, C,
Então a probabilidade de ao menos 3 impressoras a jato de
D B, C, E B, D, E C, D, E
tinta serem selecionadas é
Pk,n n!
(nk ) = =
k! k!(n − k)!
P (D3 ∪ D4 ∪ D5 ∪ D6 ) = P (D3 ) + P (D4 ) + P (D5 ) + P (D6 )
Exemplo:
Uma mão de bridge consiste em quaisquer 13 cartas selecio-
nadas de um baralho de 52 cartas sem importar a ordem. Há (15 ) (10 ) (15 ) (10 ) (15 ) (10 ) (15 ) (10 )
(5 12 3) = 52!/13!39! diferentes mãos de bridge, o que dá cerca 3 3 4 2 5 1 6 0
= + + + = 0, 8530
de 635 bilhões. Como há 13 cartas em cada naipe, o número (25
6 ) (25
6 ) (25
6 ) (25
6 )
de mãos formadas unicamente por paus e/ou espadas (sem

Probabilidade Condicional
cartas vermelhas) é (21 63) = 26!/13!13! = 10,400,600. Uma
dessas (2 16 3) mãos é formada totalmente por espadas e outra
por paus, de forma que há [(2 16 3) - 2] mãos formadas total-
As probabilidades atribuídas a diversos eventos dependem do
mente por espadas e paus na mão. Suponha que uma mão de
que seja conhecido sobre a situação experimental quando a
bridge seja dada de um baralho bem embaralhado (ou seja, 13
atribuição é feita. Depois da atribuição inicial, informações
cartas selecionadas aleatoriamente entre as 52 possibilidades)
parciais sobre ou relevantes para o resultado do experimento
e seja
podem estar disponíveis. Essas informações podem fazer com
A = a mão formada inteiramente por espadas e paus com
que revisemos algumas atribuições de probabilidade. Para
os dois naipes
um determinado evento A, usamos P(A) para representar a
B = a mão formada por exatamente dois naipes.
probabilidade atribuída a A. Agora interpretamos P(A) como
Os N = (51 23 ) resultados possíveis são igualmente prováveis,a probabilidade original ou incondicional do evento A. Nesta
de forma que
seção, examinamos como a informação “ocorreu um evento B”
(26 ) afeta a probabilidade atribuída a A. Quando os experimentos
N (A) −2
P (A) = = 13 52 = 0, 0000164 são mais complicados, a intuição pode nos enganar, portanto
N (13 )
queremos uma definição geral de probabilidade condicional
Como há (42 ) = 6 combinações formadas por dois naipes, que forneça respostas intuitivas em problemas simples.
das quais espadas e paus são tal combinação, Para quaisquer dois eventos A e B com P(B) > 0, a pro-
[(26 ) ] babilidade condicional de A dado que ocorreu B é definida
6 13 − 2 por
P (B) = = 0, 0000983
(52
13 )
Ou seja, uma mão totalmente formada por cartas de exa- P (A ∩ B)
P (A|B) =
tamente dois dos quatro naipes ocorre cerca de uma vez a P (B)
cada 10.000. Se você joga bridge apenas uma vez por mês, é Exemplo: Suponha que, de todos os indivíduos que com-
provável que nunca receba uma dessas mãos. pram uma determinada câmera digital, 60% incluem um car-
Exemplo: Um armazém de universidade recebeu uma en- tão de memória opcional na compra, 40% incluem uma pilha
trega de 25 impressoras, das quais 10 são impressoras a laser extra e 30% incluem um cartão e uma pilha. Considere a
e 15 são a jato de tinta. Se 6 das 25 forem selecionadas alea- seleção aleatória de um comprador e sejam A = compra de
toriamente para serem verificadas por um técnico, qual será a cartão de memória e B = compra de pilha. Dessa forma, P(A)
probabilidade de que exatamente 3 delas sejam a laser (sendo = 0,60, P(B) = 0,40 e P(compra de ambos) = P(A ∩ B) =
as outras 3 a jato de tinta)? 0,30. Dado que o indivíduo selecionado comprou uma pilha
Represente por D3 = exatamente 3 das 6 selecionadas são extra, a probabilidade de compra de um cartão opcional é
impressoras a jato de tinta. Assumindo que qualquer conjunto
específico de 6 impressoras tem a mesma chance de ser esco- P (A ∩ B) 0, 30
lhido em relação a qualquer outro conjunto de 6, temos resul- P (A|B) = = = 0, 75
P (B) 0, 40
tados igualmente prováveis, de forma que P(D3) = N(D3)/N,
onde N é o número de formas de escolha das 6 impressoras Isto é, de todos os que compraram uma pilha extra, 75%
dentre as 25 e N(D3) é o número de formas de seleção de 3 im- compraram um cartão de memória extra. De forma análoga,
pressoras a laser e 3 a jato de tinta. Assim, N = (2 65 ). Para
P (A ∩ B) 0, 30
obter N(D3), pense em primeiro escolher 3 dos 15 modelos a P (B|A) = = = 0, 50
1
jato de tinta e então 3 impressoras a laser. Há ( 35 ) formas de P (A) 0, 60
escolha de 3 modelos a jato de tinta e (1 30 ) formas de escolha
de 3 impressoras a laser. Nesse caso, N(D3) é o produto des- A regra da multiplicação para P(A ∩ B)
ses dois números (visualize um diagrama de árvore – estamos
realmente usando a regra do produto), de forma que A Regra da multiplicação P(A ∩ B) = P(A�B) · P(B)

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Essa regra é importante porque freqüentemente se deseja P(A) = 0,30 e P(B) = 0,10. Assumindo que as máquinas fun-
P(A ∩ B), ao passo que P(B) e P(A�B) podem ser especifi- cionem de forma independente uma da outra, a probabilidade
cados pela descrição do problema. Considerando a expressão desejada será
P(B�A) obtém-se P(A ∩ B) = P(B�A)· P(A).
Exemplo: P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = 0, 30 · 0, 10 = 0, 03
Quatro indivíduos responderam a uma solicitação de um
banco de sangue para doação. Nenhum deles doou sangue A probabilidade de que nenhuma das máquinas precise de
antes, de forma que seus tipos sanguíneos são desconhecidos. serviço é
Suponha que apenas o tipo O+ seja desejado e apenas um
P (A′ ∩ B ′ ) = P (A′ ) · P (B ′ ) = 0, 70 · 0, 90 = 0, 63
dos quatro indivíduos tenha esse tipo sanguíneo. Se os doa-
dores potenciais forem selecionados em ordem aleatória para

Var. Aleat. Discretas e


determinação do tipo sanguíneo, qual será a probabilidade de
que pelo menos três indivíduos tenham de ser testados para
obtenção do tipo desejado?

Distr. de Probabilidade
Fazendo B = primeiro tipo não O+ e A = segundo tipo não
3
O+, P(B) = . Dado que o primeiro tipo não é O+, dois dos
4
três indivíduos restantes não serão O+, de forma que P(A�B)
2
= . A regra de multiplicação agora fornece: Independentemente de um experimento gerar resultados quan-
3
P(pelo menos três indivíduos foram testados) = P (A∩B) = titativos ou qualitativos, os métodos de análise estatística re-
2 3 6 querem que sejam enfocados certos aspectos numéricos dos
P (A|B) · P (B) = · = = 0, 5. A regra da multiplicação
3 4 12 dados (como proporção de amostra x/n, média x̄ ou desvio
é mais útil quando o experimento consiste em diversas etapas padrão s). O conceito de variável aleatória nos permite passar
consecutivas. dos resultados do experimento propriamente ditos para uma
função numérica dos resultados. Há dois tipos fundamental-
mente diferentes de variáveis aleatórias: variáveis aleatórias
P (A1 ∩ A2 ∩ A3 ) = P (A3 |A1 ∩ A2 ) · P (A1 ∩ A2 ) discretas e variáveis aleatórias contínuas.
Uma variável aleatória discreta é uma variável, cujos valo-
res possíveis constituem um conjunto finito ou podem ser rela-
= P (A3 |A1 ∩ A2 ) · P (A2 |A1 ) · P (A1 ) cionados em uma sequência infinita na qual haja um primeiro
elemento, um segundo e assim por diante. Uma variável alea-
Seguindo o exemplo anterior: tória é contínua se seu conjunto de valores possíveis consiste
em um intervalo completo da reta de números (Reta Real).
1 2 3 1
· · = = 0, 25
2 3 4 4
Definição

P(A ∩ B) Quando os eventos são independentes Para um dado espaço amostral S de um experimento,
uma variável aleatória (va) é qualquer regra que asso-
A definição de probabilidade condicional nos permite revisar
cie um valor a cada resultado de S. Em termos ma-
a probabilidade P(A) originalmente atribuída a A quando so-
temáticos, uma variável aleatória é uma função cujo
mos informados posteriormente da ocorrência de outro evento
domínio é o espaço amostral e o contra-domínio é um
B. A nova probabilidade de A é P(A|B). Em nossos exem-
conjunto de números reais.
plos, normalmente ocorria de P(A|B) ser diferente da proba-
bilidade não-condicional P(A), indicando que a informação
”B ocorreu´´ resultou em uma alteração da possibilidade de As variáveis aleatórias normalmente são representadas por
ocorrência de A. letras maiúsculas, como X e Y, próximas ao final do alfabeto.
Há outras situações em que a possibilidade de ocorrência A notação X(s) = x significa que x é o valor associado ao
de A não é afetada pelo conhecimento da ocorrência de B, resultado s pela va X.
de forma que P(A|B) = P(A). Frequentemente a natureza Exemplo 2 Continuação:
de um experimento indica que dois eventos A e B devem ser O Exemplo 2.3 descreveu um experimento no qual foi de-
considerados independentes. A e B são independentes se, e terminado o número de bombas em uso de dois postos de
somente se, P (A ∩ B) = P (A) · P (B) gasolina. Defina as vas X, Y e U por
Exemplo: X = o número total de bombas em uso nos dois postos
Sabe-se que 30% das lavadoras de roupa de uma determi- Y = a diferença entre o número de bombas em uso no posto
nada empresa requerem manutenção enquanto estiverem na 1 e o número em uso no posto 2
garantia e somente 10% das secadoras de roupa precisam de U = o máximo de bombas em uso nos dois postos
manutenção. Se alguém comprar uma lavadora e uma seca- Se o experimento for realizado e o resultado for s = (2, 3),
dora de roupas feitas por essa empresa, qual é a probabilidade então X((2, 3)) = 2 + 3 = 5, podendo-se dizer que o valor
de que ambas as máquinas precisem de conserto? observado de X foi x = 5. De forma similar, o valor observado
Seja A o evento em que a lavadora precisa de manutenção de Y seria y = 2 - 3 = -1 e o valor observado de U seria u =
em garantia e B o evento análogo para a secadora. Então máx.(2, 3) = 3.

24 de setembro de 2023 6
Material Probabilidade para Estudos - 001
Bruno Oliveira Cardoso

Exercício p(0) = P (X = 0) = P (lote 1 ou 3 ou 6 é enviado) =


3
= 0, 5
6

1. Uma viga de concreto pode apresentar falha por cisalha- 1


p(1) = P (X = 1) = P (lote 4 é enviado) = = 0, 167
mento (C) ou flexão (F). Suponha que três vigas com 6
defeito sejam selecionadas aleatoriamente e o tipo de fa- 2
lha seja determinado para cada uma delas. Seja X = p(2) = P (X = 2) = P (lote 2 ou 5 é enviado) = = 0, 333
6
número de vigas entre as três selecionadas que falharam
por cisalhamento. Relacione cada resultado no espaço
amostral juntamente com o valor de X associado. Ou seja, a probabilidade 0,500 é atribuída para o valor 0
de X, a probabilidade 0,167 é alocada para o valor 1 de X e a
probabilidade restante, 0,333, é associada ao valor 2 de X. Os
2. Para cada variável aleatória definida a seguir, descreva valores de X juntamente com suas probabilidades especificam
o conjunto de valores possíveis da variável e diga se é coletivamente a distribuição de probabilidade ou função de
discreta. massa da probabilidade de X. Se o experimento fosse repetido
diversas vezes no longo prazo, X = 0 ocorreria na metade das
a) X = número de ovos não quebrados em uma caixa de vezes, X = 1 em um sexto das vezes e X = 2 em um terço das
ovos padrão selecionada aleatoriamente vezes.
Expondo em palavras, para cada valor possível x da va-
b) Y = número de estudantes ausentes no primeiro dia riável aleatória, a função de massa de probabilidade
de aula em uma lista de chamada de um determinado (fmp) especifica a probabilidade de observar aquele valor
curso quando
∑ o experimento for realizado. As condições p(x) = 0
e todos os x possíveis p(x) = 1 são obrigatórias para qualquer
c) U =número de vezes que um jogador balança o taco fmp.
de golfe antes de atingir a bola

d) X = comprimento de uma cascavel selecionada alea-


toriamente em metros.
Resolva
e) Z = quantia ganha em royalties pela venda de uma 1. Suponha que visitemos a livraria de uma universidade
primeira edição de 10.000 livros-texto durante a primeira semana de aulas, e observemos se a
próxima pessoa a comprar um computador comprará um
f) X = tensão (psi) no encordoamento de uma raquete laptop ou um desktop. Seja
de tênis selecionada aleatoriamente {
1 se o cliente comprar um laptop
X=
2 se o cliente comprar um desktop
Distr. de Probab. para Var. Aleatórias Discretas • Se 20% de todos os compradores durante aquela se-
Quando são atribuídas probabilidades a diversos resultados mana selecionarem um laptop, a fmp de X será ?
de S, elas, por sua vez, determinam probabilidades associadas 2. Considere um grupo de cinco doadores de sangue poten-
aos valores de qualquer va X em particular. A distribuição de ciais: A, B, C, D e E. Desses, apenas A e B possuem
probabilidade de X expressa como a probabilidade total 1 é o tipo O+. Cinco amostras de sangue, uma de cada in-
distribuída (alocada a) entre os diversos valores possíveis de divíduo, serão testadas em ordem aleatória até que seja
X. identificado um indivíduo O+. Seja a va Y = número
Exemplo: de testes necessários para identificar um indivíduo O+.
Seis lotes de componentes estão prontos para embarque em Então a fmp de Y é
um fornecedor. O número de componentes com defeito em
cada lote é mostrado a seguir:
p(1) = P (Y = 1) = P (A ou B identificados primeiro) =?
p(2) = P (Y = 2) = P (C, D, ou E prim. e então A ou B) =?
p(3) = P (Y = 3) =
P (C, D, ou E prim. e seg., então A ou B) =?
p(4) = P (Y = 4) = P (C, D, e E, todos feitos primeiro) =?
p(y) = 0 se y ̸= 1, 2, 3, 4
Um desses lotes será selecionado aleatoriamente para em-
barque a um cliente específico. Seja X o número de peças com
defeito no lote selecionado. Os três valores possíveis de X são
0, 1 e 2. Dos seis eventos igualmente prováveis, três resultam
em X = 0, um em X = 1 e os outros dois em X = 2. Sejam
p(0) a probabilidade de X = 0 e p(1) e p(2) as probabilidades
dos outros dois valores possíveis de X. Então

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