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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Electrotécnica

DISCIPLINA: Comunicações Sem Fio

FICHA 4

ARQUITETURA DA REDE GSM (MS, BSS)

4º Ano – 1º SEMESTRE 2023 P.Laboral

1 Equipe de Trabalho: Eng.º LM e Eng.º HB


1. Introdução
A arquitectura do sistema, foi desenhada de forma a minimizar a complexidade das estações base de
transmissão, para em caso de alterações topológicas, como a criação ou sectorização de células, o custo
seja o menor possível.

Outro conceito importante em conta no desenho, foi a gestão e manutenção centralizada da rede bem
como a interligação a outras redes, particularmente à rede fixa. Esta arquitectura pode ser observada na
Figura 1.1.

Figura 1.1 - Arquitectura de um sistema Celular.

Neste sistema de serviço de telefonia celular, a área de serviço é dividida em regiões (clusters) que
utilizam todo o espectro de frequências disponível. Estes por sua vez, são subdivididos em regiões
menores (células) que utilizam um subgrupo de frequências do espectro.

Esta abordagem sugere a possibilidade de ter-se muitos equipamentos (antenas, estações de rádio, etc.)
conforme a área de cobertura. Com isto, a tecnologia celular, tal como descrito nas fichas anteriores,
apesar da sua complexidade, tem grandes vantagens, dentre as quais podemos mencionar:

 Permite reduzir a potência de transmissão;


 Permite descentralizar toda a informação;
 Os problemas de cada célula são tratados dentro dela própria;
 Permite um maior número de utilizadores por possibilidade de reutilização de frequências; e
 Mobilidade efectiva.

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1.1. Blocos Funcionais
Para que uma chamada ocorra com sucesso, todos os blocos devem-se comunicar, e cada um deles tem a
sua função específica. Esta conexão entre os blocos não é trivial, é mesmo para garantir não só aspectos
de segurança e autenticidade, mas também aspectos de mobilidade e cobrança dos subscritores.

1.1.1. Estação Móvel ou MS (Mobile Station)

Situa-se no extremo do sistema, que para além da parte de rádio e funções de processamento para acesso
à rede através do interface rádio, deve incorporar o interface para com o homem (microfone,
auscultador, visor, teclado, etc.) e ou o interface para interligação com equipamento terminal
(computador pessoal ou fax). Outro aspecto significativo da arquitectura da estação móvel, é o módulo
do assinante, onde está envolvido mais que uma simples identificação. O SIM (Subscriber Identity
Module) é essencialmente um cartão inteligente contendo toda informação relactiva ao assinante e
alguma informação do sistema.

1.1.2. Subsistema de Estação Base

Do termo BSS (Base Station Subsistem em inglês), é responsável pelo estabelecimento da ligação entre a
Estação Móvel e o NSS (Networking Switching System). O BSS agrupa as infraestruturas de
máquinas que são específicas aos aspectos rádio celulares. O BSS encontra-se em contacto directo com a
estação móvel, através do interface rádio, incluindo portanto o equipamento responsável pela
transmissão e recepção do percurso rádio e sua gestão. Necessitando de controle, o BSS encontra-se
também em contacto com o OMC (Operation and Maintenance Centre) através duma rede de
comunicação de dados a funcionar sobre X.25. Os equipamentos abrangidos por este subsistema são:

 BTS - Base Transceiver Station. A BTS compreende os dispositivos de transmissão e recepção


de rádio, incluindo as antenas, bem como o processamento de sinal específico do interface rádio;
 BSC - Base Station Controller. O BSC é responsável por toda a gestão do interface rádio,
através do comando remoto da BTS e da MS, e principalmente da atribuição de canais de rádio
bem como o controle de handover. Está ligada por um lado ao centro de comutação (MSC), e
por outro a várias BTS’s.

1.1.3. Subsistema de Comutação da Rede


O Subsistema de Comutação da Rede – NSS (Network Switching System), inclui as principais funções
de comutação, bem como as bases de dados necessárias para os assinantes e para a gestão da mobilidade.

Dentro do subsistema NSS, as funções de comutação básicas são executadas pelo MSC (Mobile
Switching Centre), que tem como principal papel o da coordenação e estabelecimento de chamadas de

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e para os assinantes do sistema. O MSC tem ligações com os BSS’ s, com as redes externas, com o OMC
e com as bases de dados.

1.1.4. Bases de Dados


Na topologia GSM, três importantes bases de dados do sistema, que armazenam informação sobre os
assinantes e equipamento devem ser consideradas:

 O HLR (Home Location Register) – que guarda a informação sobre níveis de assinaturas,
serviços suplementares e a posição actual, ou mais recente, dos assinantes da própria rede.

 VLR (Visitors Location Register) - associada a cada MSC, ela conserva informação sobre
níveis de assinantes, serviços suplementares e a posição actual dos assinantes “visitantes” dessa
área.

 AuC (Authentication Center) – base de dados bastante importante, contêm toda a informação
adequada para evitar as intromissões no interface rádio e a utilização indevida do equipamento.

1.1.5. Subsistema de de Operação e Suporte


É um bubsistema de operação e gestão, OSS (Operation and Suport System), este desempenha diversas
tarefas, requerendo todas interacção com as infra-estruturas, tal como com a BSS ou o NSS. As
principais funções do OSS são:

 Operação e manutenção das máquinas da rede. Responsável por este serviço está uma máquina a
que se dá o nome de OMC (Operation and Maintenance Centre), e que é considerada a
interface entre o homem e a rede, permitindo a este efectuar operações de manutenção, assim
como fazer a gestão de todas as máquinas do sistema.

 Gestão das assinaturas, taxação e contabilização. Normalmente é uma máquina independente


que se ocupa destas tarefas. Com ligação ao HLR para consulta e actualização de dados
referentes aos assinantes, assim como também para taxação. Este aspecto, de taxação e
contabilização, é um assunto para o qual não existem especificações dedicadas nas
recomendações do sistema, sendo assim um processo livre. No entanto tem-se verificado uma
convergência de princípios aplicados para uma mais fácil interligação de redes e uniformização
neste aspecto a nível internacional.

 Gestão do equipamento móvel. Parte desta tarefa é realizada na operação de rede pelas máquinas
da infra-estrutura. Contudo, existe uma máquina, identificada como sendo EIR (Equipment
Identity Register), responsável pelo armazenamento dos dados relativos ao equipamento
móvel. Um exemplo da necessidade da gestão do equipamento móvel é o de procurar MS’ s
roubadas ou com funcionamento estranho.

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Na Figura 2.1 podemos observar um exemplo de um sistema móvel, onde são apresentadas as diversas
entidades envolvidas no sistema, bem como as ligações entre elas.

Figura 2.1 – Exemplo de Arquitectura de um sistema móvel

2. Estação Móvel (MS)


O desenvolvimento das Estações Móveis para GSM e consequentemente para DCS tem-se traduzido
num verdadeiro desafio para a indústria das comunicações, tendo estas que compatibilizar a crescente
exigência de capacidade de processamento, com o, cada vez menor, tamanho e custo dos móveis. O
meio para este desenvolvimento tem sido conseguido pela convergência das normas envolventes e da
tecnologia.

Diferentes tipos de estações móveis têm diferentes potências de emissão e diferentes alcances. Um
móvel portátil tem uma potência de emissão mais baixa, e consequentemente menos raio de acção, do
que um móvel instalado num veículo. Existem cinco classes de potência de emissão de móveis, de
acordo com a norma GSM. Estas classes são apresentadas no seguinte quadro:

Quadro 2.1 – Classes de Potência de Emissão.

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2.1. Arquitectura
Servindo simultaneamente de terminal ao utilizador e estabelecimento de ligação via rádio com o
sistema, a MS constitui um exemplo da combinação das tecnologias de informação e electrónica. Para o
desenvolvimento dos terminais GSM houve que ter em conta também as características de radiação da
antena tal como a compatibilidade electromagnética em relação ao funcionamento simultâneo com
outros sistemas.

 Estes conceitos obrigaram à utilização do mais moderno que há em integração de circuitos


electrónicos e processamento digital de sinais, combinados com a cada vez mais optimizada
utilização dos processadores.

 Outro conceito não menos importante é a alimentação, tal como baterias ou cargas, que
embora tenham conhecido uma evolução nos últimos tempos, esta não tem acompanhado a
evolução do restante sistema.

Assim, a Estção Móvel é um terminal móvel do usuário composto por microfone, teclado, unidade de
controle, bateria, unidade de rádio e antena. A sua função principal é fazer a interface
electromagnética entre o usuário e a rede. Estes equipamentos podem ser classificados como:
portátil, veicular ou transportável, dependendo de suas dimensões e capacidade de potência e carga. A
pesar dessas distinções, a Figura 2.2 mostra o diagrama de blocos de uma MS.

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Figura 2.2 - Diagrama de blocos de uma MS.

A arquitectura das Estações Móveis para GSM tem como base sempre os Processadores Digitais de
Sinal, o seu desenvolvimento guiou-se pelos três critérios essenciais de optimização, sendo estes:

 Custos de fabrico;
 Autonomia;
 Dimensões e peso do equipamento.

O diagrama de blocos apresentado na Figura 2.2 representa apenas um exemplo da arquitectura da MS


de uma forma geral. Assim, a MS incorporará sempre três subsistemas principais:

 Subsistema Rádio - Este subsistema tem como funções a filtragem e amplificação do sinal
captado pela antena na recepção, e a geração, modulação e amplificação do sinal a ser
transmitido, na transmissão.

 Subsistema Processador de Sinal Banda-base - Este subsistema engloba toda a interface


acústica (microfone, auscultador e altifalante), o processamento digital do sinal (codificação da
voz, codificação/descodificação do canal) e a desmodulação do sinal recebido.

 Subsistema de Controle - Este módulo é responsável pelo controle dos subsistemas anteriores,
rádio e processador de sinal banda-base, e pela gestão das interfaces externas, tendo portanto o
controle de todo o terminal.

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2.2. Subscriber Identity Module (SIM)
O Subscriber Identity Module – SIM é considerado por vezes uma entidade integrante do Sistema
Móvel. Com excepção das chamadas de emergência, o móvel só pode operar quando estiver presente
um SIM válido. O móvel deve conter funções de segurança que permitam efectuar a autenticação do
assinante, ou seja, uma chave secreta de autenticação e um algoritmo de encriptação. O SIM guarda três
tipos de dados:

 Dados fixos, gravados antes de ser efectuada a assinatura. Por exemplo, a chave de autenticação
do assinante (Ki) e algoritmos de segurança;
 Dados temporários da rede. Por exemplo, o código de identificação da área de localização, o
TMSI (Temporary Mobile Subscriber Identity) e as redes onde o acesso é negado;
 Dados relacionados com o serviço. Por exemplo, o idioma por defeito e informações
relacionadas com custos de chamadas e serviços.

O módulo SIM é suportado por um cartão que deve ser colocado no móvel. Este cartão segue as
normas ISO para o efeito. Existem dois tipos de cartões fisicamente diferentes. O tipo ID-1 que é do
tamanho de um cartão de crédito comum e o tipo Plug-in que é normalmente retirado do cartão
anterior, sendo muito mais pequeno do que o do tipo ID-1 e é colocado dentro do móvel, conforme
mostra a Figura 2.3. Os interfaces lógico e físico com os dois tipos de cartões são idênticos em ambos os
tipos de cartões.

Figura 2.3 – Cartão SIM tipo ID-1 e Plug-in.

A norma GSM define uma série de aspectos relacionados com segurança que devem ser suportados pelo
SIM. Estes aspectos são:

 Algoritmo de autenticação A3;


 Chave de autenticação do assinante Ki;
 Algoritmo para gerar a chave de encriptação A8;
 Chave de encriptação Kc;
 Controle de acesso aos dados armazenados e funções executadas no SIM;

Como já foi referido anteriormente, o SIM contêm uma série de dados necessários para o correcto
funcionamento do móvel. Esta informação pode ser relacionada com o assinante móvel, com serviços

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GSM e relacionada com a PLMN. Os requisitos para o armazenamento de informação são divididos em
dois tipos, de acordo com a norma GSM: obrigatório e opcional.

Os dados que a norma impõe que sejam guardados no SIM são:

 Informação administrativa: descreve o modo de operação do SIM;


 Identificação do CI do cartão: identificação única de cada SIM e do seu emissor;
 Tabela de serviços do SIM: Indica quais os serviços opcionais implementados no SIM;
 Identificação Internacional do Assinante móvel (IMSI);
 Informação de localização: inclui a identificação temporária do assinante (TMSI), a informação
da área de localização, o valor corrente da periodicidade de actualização periódica de localização
e o estado da actualização de localização;
 Número de sequência da chave de encriptação e a própria chave de encriptação(Kc);
 Informação relativa aos canais BCCH: lista de portadoras de frequências utilizadas na selecção de
célula;
 Classe(s) de controle de acesso;
 PLMN’ s esquecidas;
 Período de procura da HPLMN;
 Idioma preferido do assinante.

Note-se que a informação relacionada com a localização, a chave de encriptação e o número de


sequência da chave de encriptação devem ser sempre actualizadas após terminar a chamada e quando o
móvel é correctamente desactivado.

Além da informação anterior o SIM deve também guardar a seguinte informação relacionada com os
aspectos de segurança:

 Número de Identificação Pessoal (PIN);


 Indicador se PIN activo ou desactivo;
 Contador de erros de introdução do PIN;
 A chave para desbloquear o PIN (PUK);
 Contador de erros de PUK;
 Chave de autenticação do assinante, Ki.

Todos os dados relacionados com o assinante, tais como o PIN e o PUK, que tenham sido transferidos
para o móvel durante a operação devem ser removidos após o SIM ter sido retirado ou o móvel ter sido
desactivado.

2.3. Características da Estação Móvel


As características ou capacidades do equipamento móvel fazem parte do sistema GSM, pois permite tirar
partido ou não das capacidades do sistema. Existem três tipos de características: básicas, suplementares e
adicionais.

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 Afixação do número chamado (M). Esta característica permite ao assinante verificar o número
antes de efectuar a chamada;
 Indicação de progresso na chamada (M). Permite ao utilizador aperceber-se se a chamada
está em progresso. Esta indicação pode ser feita por intermédio de sons, música, mensagens ou
indicação visual com base na sinalização trocado com o sistema;
 Indicação do País/PLMN (M). A indicação de qual a rede e país em que o móvel está
registado. Esta informação é útil para que o utilizador se aperceba de quando está em roaming, e
se a rede escolhida está correcta;
 Selecção de País/PLMN (M). Quando existe mais do que uma rede disponível numa
determinada área, deve ser permitido ao utilizador efectuar a escolha da rede de serviço.
 Teclado (O). O meio físico pelo qual o utilizador deve introduzir o número pretendido, bem
como controlar o móvel. Este meio não é obrigatório que seja um teclado, pode ser por
intermédio de voz, de um DTE ou outro equipamento;
 IMEI (M). Cada MS deve ter uma identificação única, a qual deve ser enviada para a PLMN
sempre que solicitado. Esta identificação é criada pelo fabricante;
 Indicação e reconhecimento de Mensagens Curtas (M). Esta característica permite a entrega
de mensagens curtas à MS pela rede. Podem também ser obtidas mais informações respeitantes à
mensagem, tal como hora de chegada, emissor, etc.
 Indicação de overflow de Mensagens Curtas (M). Indicação dada ao utilizador de que não
possível receber mais mensagens, pois a memória destinada ao efeito está completa.
 Interface com DTE/DCE (O). O móvel pode dispor de uma ligação standard para
interligação de um DTE.
 Interface com ISDN (O). O móvel pode dispor de uma ligação standard para interligação à
RDIS.
 Função de Acesso Internacional (O). A MS pode ter uma tecla cuja função primária ou
secundária está marcada com “+” e permite enviar sinalização para o sistema gerando um código
de acesso internacional no sistema. Esta função pode ser útil pois o código de acesso
internacional não está normalizado. Em Portugal este código é “00”, mas pode diferir noutros
países.
 Indicador de Serviço (M). Terá de ser disponibilizada ao utilizador i nformação indicando se é
possível efectuar uma chamada, tanto por razões de sinal como por o móvel estar registado na
rede. Esta informação pode ser combinada com a indicação de País/PLMN.
 DTMF (M). A MS deve ser capaz de gerar os tons necessários a cumprir o protocolo DTMF.
 Comutador ON/OFF (M). Deve ser disponibilizado ao utilizador meios para desligar ou ligar o
móvel em qualquer circunstância. Esta comutação de estado deve ser realizada de uma forma
“soft” para permitir avisar o sistema quando desligamos o aparelho.
 Gestão da identidade do assinante (M). A identificação do assinante está contida no SIM
(IMSI). O equipamento móvel deve saber manusear esta identificação de forma a terminar uma
chamada sempre que o Sim seja removido, etc.
 Chamadas de Emergência (M). Deve ser permitido a qualquer utilizador estabelecer
chamadas de emergência, mesmo quando não tenha sido introduzido o PIN correctamente ou o
SIM.

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As capacidades suplementares estão directamente relacionadas com a operação dos serviços
complementares, como por exemplo a afixação do número de telefone. Estas capacidades suplementares
são a indicação de custos de chamadas e o controlo de serviços suplementares.

Em adição aos serviços anteriores, existe uma série de serviços permitidos neste sistema. Estes serviços
podem ser por exemplo o barramento de chamadas, contador de custos de chamadas, marcação
abreviada ou a selecção do tipo de mensagens curtas.

3. Base Station Subsystem (BSS)


Como foi referido anteriormente, o subsistema de estações base é o principal responsável pelas funções
de rádio do sistema. Assim, além da gestão do recurso rádio da rede, o BSS trata do handover das
chamadas em curso. Outra responsabilidade deste subsistema é a gestão dos dados de configuração das
células como também o controle do nível de potência na estação de base e estação móvel.

Este subsistema possui também autonomia para tratar a maior parte de possíveis falhas do sistema, não
tendo assim nestes casos que intervir o OSS.

3.1. Arquitectura

O subsistema estação base, contém todo o equipamento, incluindo o de transmissão e de controle,


necessários para assegurar a ligação entre os assinantes distribuídos e movendo-se através das várias
células que compreendem a área de cobertura. A arquitectura deste subsistema está representada na
Figura 3.1, e tal como se pode observar inclui dois tipos de equipamento:

 A BTS, que inclui os recursos rádio e de sinalização necessários a assegurar o tráfego numa
determinada célula.
 O BSC, que controla todas as BTS’ s e respectivos interfaces rádio necessários para cobrir a área
do BSS.

Figura 3.1 – Sistema de Estações Base.

A BTS é basicamente responsável pela camada física do interface rádio. O modo de acesso ao canal de
rádio adoptado pelo sistema GSM é do tipo TDMA, o que permite a um único transreceptor rádio
(TRE) servir simultaneamente 16 canais de débito parcial ou 8 canais de débito total.

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Um BSC pode compreender uma ou mais BTS’s, de modo a abranger diversas arquitecturas possíveis da
rede. Além da gestão dos recursos rádio das BTS’s que controla, o BSC também monitoriza as principais
funções de operação e manutenção destas. A gestão dos handovers entre células, é feita autonomamente
pelo BSC, desde que as células envolvidas no processo sejam controladas pelo mesmo.

Além dos equipamentos anteriores, fazem parte também deste subsistema os Conversores de Voz,
conhecidos por Speech Transcoders ou também por Transconding and Rate Adaptation Unit (TRAU).
Os speech transcoders são utilizados para adaptar o formato GSM de codificação de baixo débito (13
Kbits/s), utilizados no canal rádio, para o utilizado na rede fixa (64 Kbit/s). São instalados entre o BSC e
o NSS, devendo ficar geralmente no local da comutação, de modo a tirar partido das capacidades da
codificação de fala do sistema, podendo também ficar junto do BSC. Quando o equipamento fica
colocado junto ao MSC, pode-se assim reduzir os custos de interligação, agrupando-se quatro canais de
voz GSM num canal PCM.

Toda esta arquitectura deve apresentar flexibilidade em relação à cobertura que se pretende, dependendo
da área a cobrir, edifícios e tipo de arruamentos. Poderá existir uma cobertura omnidirecional ou
sectorizada, de acordo com as necessidades de tráfego, dando assim origem a diversos tipos de
configurações ao nível do BSS, como mostra a Figura 3.2.

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Figura 3.2 - Configurações típicas dos BSS’s.

3.2. Estação Base de Transrecepção (BTS)

A Estação Base guarda todo o equipamento de transmissão rádio para uma determinada configuração de
antenas, além do necessário equipamento para monitorização. Existem no mercado diversas
configurações para estações base, desde equipamento reduzido, para exteriores ou interiores ou
equipamento móvel. Um exemplo deste equipamento para interiores, sob a forma de bastidores pode ser
observado na Figura 3.3.

Em termos de funcionalidade basicamente a BTS assegura a recepção e transmissão rádio, tendo para
isso um ou mais transreceptores (TRX/TRE) para assegurar a capacidade requerida. A BTS disponibiliza
diversas funções, relacionadas quer com o recurso rádio, quer com operação e manutenção do sistema.

Figura 3.3 – Estações Base para interior.

3.2.1. Funcionalidade

As funções de recurso comum são funções que dizem respeito a todos os móveis na área de cobertura e
não apenas a um ou outro móvel. As funções de recursos comuns incluem os recursos gerais do sistema
de transmissão e recepção utilizado para tráfego com todas as estações móveis ligadas à célula. Estão
incluídas neste tipo de funções:

 Sistemas de Difusão de Informação

O BSC define mensagens de informação para serem guardadas e regularmente difundidas pela BTS no
canal de broadcast: informações como identidade da célula, lista de células vizinhas, LAI, lista de
frequências usadas pela célula e indicador de controle de potência. Ao aparecer uma falha no transceiver,

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onde é feita a difusão de informação, a falha é transmitida ao BSC, o qual envia um canal de informação
para seleccionar um novo TRX que toma a responsabilidade da emissão destas informações.

 Paging - Outra situação é quando o sistema não sabe onde se encontra um determinado
usuário. Para localizá-lo, a rede utilizará o recurso de Paging. Ela enviará uma mensagem de
Paging para a BSC controladora da última área informada por esse assinante. Assim, a BSC irá
enviar mensagens de Paging para todos os terminais móveis (celulares) localizados naquela área
no momento.

Utilizando o IMSI do assinante, a BSC irá perguntar a todos os terminais móveis (celulares) qual deles
possui o IMSI em questão. O terminal móvel (celular) que responder é o procurado.

O Paging é usado também quando um terminal móvel (celular) recebe uma chamada. A BSC então envia
o Paging para poder alocar um canal de controle.

Figura 3.4 - Paging.

 Pedido de Canal pela Estação Móvel - Ao receber um pedido de canal por parte da MS, a
BTS informa o BSC, pelo que este responde com a atribuição de um canal de controle dedicado
(DCCH) para sinalização entre o MSC e a MS. A partir deste canal, é então atribuído um canal
de tráfego para comunicação de voz e dados.

As funções de recursos dedicados são responsáveis pelo tráfego individual de cada MS ligada à estação
base. Incluem as seguintes funções:

 Activação do Canal - Através desta função, o BSC obriga a BTS a activar um canal de recursos
dedicados para uso do seu canal lógico associado. Ao ser atribuído o canal, o BSC informa o
TRX/TRE sobre diversos parâmetros, tais como tipo e codificação do canal.
 Desactivação do Canal - Função inversa à anterior, ou seja, a BTS desactiva o canal.
 Início de Encriptação - É executado pela BTS e suportado pela chave de encriptação, chave
esta que é processada no procedimento de autenticação do parâmetro RAND (numero aleatório)
e a chave de assinante individual.

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 Detecção de Handover - A BTS tem atenção para com o acesso aleatório ao canal que foi
inicializado para handover.

As funções de canal terrestre incluem diversas funções que lidam directamente com codificação de voz e
adaptação dos débitos de dados. Estas funções são:

 Codificação de Voz. Esta função está localizada na TRAU (Transcoder and Rate Adaptation
Unit) remota no BSC, e trata de efectuar a codificação de voz, feita entre 64 Kbit/s e 13 Kbit/s.
 Controlo na Banda de TRAU Remotas. É adicionada informação de controlo a dados e voz.
Além disto, 4 canais de informação são multiplexados num canal de informação de 64 Kbit/s
entre o BSC e a BTS.
 VAD/DTX. O detector de actividade de voz (VAD) detecta se quem falou mais recentemente
está ou não a falar, e em caso de silêncio o recurso rádio é informado e a transmissão rádio é
desligada, DTX (Discontinuos Transmission).

As funções de multiplexagem e codificação destinam-se a formatar a informação nos canais físicos.


Incluídas neste tipo de funções estão as funções de:

 Multiplexagem no Percurso Rádio. Os canais lógicos são multiplexados nos canais físicos. −
Codificação de Canal e Interleaving. Esta função trata de formatar a sequência de bits em cada
timeslot do canal físico.
 Encriptação e Operação Inversa. A voz é codificada e descodificada utilizando a chave de
encriptação. Esta chave é gerada no Centro de Autenticação (AuC) e carregada no TRX.

O controlo dos recursos rádio são assegurados pelas funções de:

 Medidas de Qualidade. São feitas medidas de qualidade e de intensidade de sinal em todos os


canais dedicados activos de uplink. Em relação ao downlink, as medidas de qualidade e
intensidade do sinal, assim como dos níveis de sinal das BTS’ s vizinhas são feitas na MS e
enviadas ao BSC onde são processadas.
 Medidas de Alinhamento Temporal. Esta função trata de enviar um sinal à MS para avançar o
timing da transmissão à BTS de modo a compensar os atrasos de propagação. A BTS
continuamente analisa e actualiza o alinhamento temporal, sendo este alinhamento em seguida
enviado ao BSC juntamente com os dados medidos no uplink.
 Controlo de Potência da BTS e da MS. Estas potências são controladas pelo BSC de modo a
minimizar o nível de potência transmitido, de forma a reduzir a interferência cocanal.
 Transmissão e Recepção. A transmissão de rádio inclui frequency hopping utilizando
comutação em banda base com diferentes transmissores para cada frequência. A recepção inclui
igualização e diversidade.
 Falha na Ligação de Rádio. A função ao detectar um falha, imediatamente informa o BSC.

Deverá existir sincronização entre BTS pertencentes ao mesmo BSC. A sincronização da BTS é feita
tendo em conta a Frequência de Referência cuja informação temporal é extraída das ligações PCM do
BSC, e o Número de Trama, que pode ser colocado e lido no contador de número de trama.

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3.3. Controlador de Estação Base (BSC)

As recomendações GSM, relativamente ao BSC, impõem grande flexibilidade ao nível de hardware,


software e rede, de modo a permitir diversificar o tipo de configurações. A existência do BSC é
justificada por inúmeras vantagens, desde a simplificação das BTS’ s, passando pela descentralização do
MSC, o que significa a concentração dos serviços e funções de comutação telefónica no MSC, deixando
para o BSC a gestão de rádio da rede, até à maior eficiência das estruturas de dados.

Quanto a disposição, normalmente opta-se sempre que possível em colocar o BSC e MSC no mesmo
local, evitando assim as ligações.

3.3.1. Funcionalidade

Um grande conjunto de funções executadas pelo BSC é relativo à gestão rádio da rede. O sistema rádio
de um sistema celular está normalmente sob grande pressão devido à taxa de crescimento de assinantes
que continuamente entram no sistema. Estes objectivos são conseguidos pelas funções:

 Administração dos dados descritivos e de configuração das células. É possível por


intermédio de um comando definir e obter a descrição de células bem como alterar e remover
descrições e definições.

 Administração dos dados do sistema de informação. Os dados do sistema de informação


são dados específicos a uma determinada célula difundidos para as estações móveis, quer estas
estejam em modo de espera ou dedicadas. Esta informação pode ser por exemplo se a célula está
ou não barrada a acessos, a máxima potência de emissão permitida na célula, informação relativa
às frequência das estações base vizinhas, etc.

 Administração dos dados de localização. Para assegurar as funções de localização é utilizada


uma série de dados que podem ser alterados, corrigidos ou removidos. Por exemplo os dados
relativos ao algoritmo de construção das listas de células, a histerese, e offset podem ser alterados
de forma a balancear o tráfego numa determinada área.

 Medidas de Tráfego. O BSC executa uma série de funções relacionadas com medidas de
tráfego.

Além das funções anteriores o BSC está também responsável por carregar todo o software para as
estações base, visto que estas não tem discos rígidos. Assim em caso de falha ou de activação as BTS’s
têm de carregar todo o software a partir do BSC. Além desta função o BSC tem de assegurar todos os
mecanismos que permitam estabelecer, manter e terminar ligações rádio com os móveis. Na fase de
estabelecimento de ligações com os móveis estão envolvidos os seguintes passos:

 Estabelecimento de uma ligação para sinalização. Na fase de estabelecimento de chamadas


a comunicação passa a ser feita através dos canais de sinalização próprios para o efeito atribuídos
pelo BSC. Se a ligação tem inicio no móvel é verificada a situação de tráfego do BSC. Se tem
inicio no MSC já tinha sido verificada quando existiu o paging.

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 Atribuição de canal de tráfego. Depois da atribuição do canal de sinalização inicial, o próximo
passo para o MSC é mandar o BSC atribuir um canal de tráfego para a ligação em causa. Se todos
os canais de tráfego estiverem ocupados pode ser feita uma tentativa de encontrar um canal nas
células vizinhas.

Depois de estabelecida a ligação com o móvel o BSC não termina por aqui o seu trabalho mas antes
inicia aqui as mais complexas funções de forma a supervisionar e manter as ligações em curso. A
intensidade do sinal e qualidade de voz são permanentemente medidas pela MS e BTS sendo então
transmitidas para o BSC, permitindo-lhe assegurar com eficiência os seguintes mecanismos:

 Controlo de potência na MS e BTS. O BSC calcula a potência de emissão dos móveis e


estações base com base nas medidas que lhe são enviadas. Esta informação é enviada para os
móveis e BTS com uma periodicidade de 480 ms de forma a preencher os objectivos do controlo
de potência.

 Localização. A função de localização continuamente avalia o estado da ligação rádio entre o


móvel e a BTS e, se necessário, sugere um handover para outra célula. Esta decisão é tomada
com base nos resultados das medidas tanto da célula em causa com das células vizinhas.

 Handover. O handover é o processo pelo qual uma ligação activa á transferida para outra célula.
Existem diversos tipos de handover, com várias causas possíveis e diferentes entidades
envolvidas. Este mecanismo será estudado mais tarde.

 Frequency Hopping. As sequências de hopping são definidas pelo BSC que as envia para os
móveis e estações base.

 Mensagens Curtas. O BSC assegura a gestão das listas de espera, envio e repetições de
mensagens curtas.

FIM

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