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Artigo - CBC
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ENGENHARIA CIVIL
LEONARDO RIGONI
CACOAL
2017
LEONARDO RIGONI
CACOAL
2017
RESUMO
Diante da ampla produção de álcool e açúcar, este trabalho objetivou dar uma destinação ao
bagaço da cana-de-açúcar, utilizando sua cinza como material pozolânico em substituição
parcial do cimento Portland em argamassas, visando benefícios como: redução do uso de
cimento Portland e destinação adequada deste resíduo para redução de impactos ambientais.
Para tal, foi coletado o bagaço da cana-de-açúcar, que passou pelo processo de queima para
produção da cinza. O método experimental abordou à produção e caracterização da cinza e o
seu emprego como adição mineral na substituição parcial do cimento Portland com teores de
0%, 10%, 20% e 30% avaliando à resistência à compressão e resistência à tração por
compressão diametral. Pode-se observar que à adição da cinza do bagaço de cana-de-açúcar
provocou um decréscimo nas resistências em relação ao traço de referência, mas se mostrou
como um material que possibilita a substituição do cimento Portland por até 10% de adição de
cinzas, visto que a redução na resistência é menos significativa.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ARGAMASSA
De acordo com NBR 13281 (ABNT, 2001), argamassa é uma mistura homogênea de
agregados miúdos, aglomerantes inorgânicos e água, incluindo ou não na mistura aditivos ou
adições, apresentam propriedades de aderência e endurecimento e pode ser dosada em obra ou
em instalações próprias (argamassas industrializadas).
As argamassas são divididas em três finalidades distintas: argamassa de assentamento,
argamassa de revestimento e argamassa de assentamento de revestimento.
a) Argamassa para assentamento: é utilizada para unir blocos cerâmicos ou tijolos das
alvenarias.
b) Argamassa para revestimento: é aplicada por cima de superfícies como paredes ou
tetos, tendo como finalidade cobrir, proteger e tornar a superfície plana.
c) Argamassa para assentamento de revestimento: é utilizada para assentamento de
porcelanatos, cerâmicas e azulejos de revestimentos.
Fazzan et al. (2014), estudou a viabilidade da utilização das cinzas do bagaço de cana-
de-açúcar como adição mineral em argamassas cimenticías, utilizando cimento Portland CP
V-ARI Plus com relação agua/aglomerante de 0,5 e agregado/aglomerante 2,5 e corpos-de-
prova com substituições parciais do cimento Portland por cinzas do bagaço da cana-de-açúcar
com proporções de 10%, 20% e 30%. Os resultados dos traços estudados, apresentados na
Figura 2.5, o traço com adição de 10% apresentou melhores características mecânicas e
concluíram que é possível a substituição do cimento Portland por um material alternativo,
uma vez que a redução é menos significativa e a economia do material será maximizada.
ensaios mecânicos e físicos. A avaliação das cinzas através do ensaio de índice de atividade
pozolânica comprovou a reatividade das cinzas do bagaço de cana-de-açúcar e com relação
aos ensaios de compressão, foi utilizado cimento Portland CP V-ARI Plus e traço 1:3
(cimento: areia), relação água/cimento de 0.48 e substituições parciais de 0, 10%, 20% e 30%
e tal, concluiu que os ensaios de compressão realizados com teores de 0 a 30%, indicou que é
possível a substituição de até 20% do cimento, sem provocar prejuízo na resistência.
Macedo (2009) avaliou o desempenho de argamassas com adição de cinza do bagaço
de cana-de-açúcar, com substituição do agregado miúdo por cinzas do bagaço da cana-de-
açúcar, através de ensaios de resistência à compressão e a tração por compressão diametral e
analisou suas propriedades mecânicas. O cimento utilizado foi o CP V ARI-Plus, com
substituições de parte do agregado miúdo por cinzas do bagaço de cana-de-açúcar nas
porcentagens de 0, 3%, 5% ,8% e 10%, e tal concluiu que o resultado do ensaio de resistência
a compressão mostrou um aumento em todos os teores de incorporação das cinzas do bagaço
de cana-de-açúcar e atribuiu o efeito devido preenchimento dos vazios pelos grãos finos da
mesma, e com relação ao ensaio de resistência tração por compressão diametral houve um
acréscimo na resistência do traço contendo 3% de cinzas do bagaço de cana-de-açúcar em
relação ao traço sem adição.
Cordeiro et al. (2006), realizou a caracterização da cinza do bagaço da cana-de-açúcar
para emprego como pozolana em materiais cimenticíos de uma amostra selecionada de cinza
produzida sob condições de queima controlada e analisou o índice de atividade pozolânica
com cimento Portland da mesma. O bagaço foi submetido a condições de queima com
temperaturas controladas entre 400 e 900°C para produção das cinzas. O índice de atividade
pozolânica deu-se pela relação entre as resistências à compressão de argamassa com adição de
cinzas e argamassas sem adição de cinzas, o traço utilizado foi 1:3 (cimento: areia), relação
água/aglomerante 0,52 e substituição do cimento Portland por de 35% de cinzas. E tal,
concluiu que a cinzas do bagaço de cana-de-açúcar apresenta-se como matéria-prima com
potencial para produção de pozolana, especificamente as cinzas produzidas a queima com
temperatura controla de 600°C, que apresentou atividade pozolânica adequada.
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3 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa tem por finalidade analisar o emprego das cinzas do bagaço da cana-de-
açúcar em substituição parcial do cimento Portland, portanto foi utilizado o CP II-Z (Cimento
Portland composto com pozolana), Figura 3.1. A escolha do tipo de cimento Portland se deu
em função da disponibilidade de mercado.
Figura 3.2 - (a) bagaço da cana-de-açúcar coletado, (b) processo de queima, (c) cinzas
geradas pelo processo de queima, (d) cinzas passantes na peneira com abertura de 2mm
O agregado miúdo utilizado no ensaio foi adquirido no comercio local, sendo areia
tipo quartzosa, Figura 3.3(a). A caracterização do agregado miúdo foi realizada utilizando-se
um agitador de peneiras com dispositivo para controle de tempo e vibrações, Figura 3.3(b), de
acordo com a NBR 7217 (ABNT, 1987a), a massa específica dos sólidos foi determinada com
emprego do frasco de Chapman seguindo as recomendações da NBR 9776 (ABNT, 1987b),
sendo realizado dois ensaios, Figura 3.3(c).
A classificação dos grãos foi realizada conforme NBR 6502, (ABNT, 1995) areia fina
tem os grãos compreendidos entre 0,06 e 0,2 mm de diâmetros, areia média tem os grãos
compreendidos entre 0,20 e 2,60 mm de diâmetros e areia grossa tem os grãos compreendidos
entre 0,60 e 2,0 mm de diâmetros.
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Figura 3.3 - (a) agregado miúdo, (b) agitador de peneiras, (c) frascos de Chapman
3.4 ÁGUA
estável. Terminado o período de cura inicial os corpos-de-prova foram retirados dos moldes,
identificados e imersos em um tanque com água para cura final, Figura 3.5, onde
permaneceram 27 dias, até o momento dos ensaios.
Ao todo foram moldados 18 corpos-de-prova para cada traço e no processo de retirada
dos moldes foram descartados os corpos-de-prova que apresentaram anomalias.
Figura 3.5 - Corpos-de-prova imersos em tanque com água, (a) CP 01, (b) CP 02, (c) CP
03 e (d) CP04
De acordo com a NBR 7215 (ABNT, 1996), foram moldados 5 corpos-de-prova, para
cada dosagem de cimento-cinza, a fim de determinar a resistência à compressão aos 28 dias
de idade, adotando-se a média aritmética das resistências obtidas no ensaio.
Os corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de resistência à compressão em uma
prensa eletrohidráulica com indicador digital de força e capacidade de 100 toneladas, Figura
3.6.
As exigências de resistência mecânicas para argamassas, são definidas pela NBR
12281 (ABNT, 2001) Tabela 3.6.
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Figura 3.6 – Prensa com corpo-de-prova posicionado (a), Ruptura do corpo-de-prova (b)
De acordo com a NBR 7222 (ABNT, 1994), foram moldados 7 corpos-de-prova, para
cada dosagem de cimento-cinza, a fim de determinar a resistência de tração por compressão
diametral aos 28 dias de idade.
Os corpos-de-prova foram posicionados com seu eixo horizontal no centro do suporte
da prensa para receber a aplicação da carga e a resistência de tração por compressão diametral
foi determinada adotando-se a média aritmética dos resultados obtidos no ensaio, Figura 3.7.
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Figura 3.7 – Prensa com corpo-de-prova posicionado (a), ruptura do corpo-de-prova (b)
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O agregado miúdo utilizado no ensaio foi areia do tipo quartzosa, considerada como
areia média fina. A caracterização do agregado miúdo foi realizada de acordo com, NBR 7217
(ABNT, 1987a), apresentada na Figura 4.1, a massa específica dos sólidos foi determinada
com emprego do frasco de Chapman conforme NBR 9776 (ABNT, 1987b), sendo realizado
dois ensaios e o valor da massa específica foi obtida pela média aritmética das duas
determinações, resultados apresentados na Tabela 4.1.
Através dos resultados obtidos, pode-se observar que à adição das cinzas do bagaço de
cana-de-açúcar provocaram um decréscimo nas resistências à compressão em relação ao traço
com 0% de adição de cinzas, adotando-se o mesmo como traço de referência, à adição de 10%
de cinzas provocou decréscimo de 3,89%, adição de 20% de cinzas provocou decréscimo de
21,40% e adição de 30% de cinzas provocou decréscimo 28,02% em relação ao traço de
referência. Estudos feitos por Fazzan et al (2014) também apresentaram decréscimo nas
resistências à compressão aos 28 dias de idade dos corpos-de-prova, como pode ser observado
na Figura 2.5.
cimento-cinza. A Figura 4.4, apresenta a média dos resultados das resistências à tração por
compressão diametral em função do teor de substituições das cinzas do bagaço de cana-de-
açúcar.
Observou-se através dos resultados obtidos nos ensaios, que à adição das cinzas do
bagaço de cana-de-açúcar provocou decréscimo na resistência de tração por compressão
diametral, tomando-se como referência o traço com 0% de adição, houve um decréscimo
significativo nas resistências dos traços com adições de cinzas. A adição de 10% de cinzas
provocou decréscimo de 25,40%, à adição de 20% provocou decréscimo de 31,90% e à adição
de 30% provou decréscimo de 37,23% em relação ao traço de referência.
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5 CONCLUSÃO
Com base nos estudos realizados, o uso da cinza do bagaço da cana-de-açúcar como
material pozolânico em substituição do cimento Portland, conclui-se que:
Os corpos-de-prova com adição de cinzas apresentaram um gradativo escurecimento
na coloração em função do acréscimo de cinzas do bagaço da cana-de-açúcar.
Os ensaios de resistência à compressão com teores entre 0 e 30%, apresentaram a
possibilidade de substituição do cimento Portland por até 10% de cinzas sem provocar
prejuízo na resistência.
A substituição parcial do cimento Portland por até 30% de adição de cinzas do bagaço
da cana-de-açúcar, pode ser realizada, desde que não seja solicitado do material resistências
acima de 6,5 MPa, a mesma encontrada no traço de referência.
A adição de até 30% de cinzas, atendeu os limites de resistência à compressão para
argamassas estabelecidos na norma vigente.
A cinza do bagaço de cana-de-açúcar se mostrou como um material alternativo para
substituição do cimento Portland, visto que proporciona uma economia na produção de
argamassas e destinação adequada ao resíduo para redução de impactos ambientais.
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REFERÊNCIAS