Concreto Pré-Moldado II

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Módulo

Concreto Pré-moldado II
Aspectos de dimensionamento
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO E O
DIMENSIONAMENTO
Considerações iniciais
• O concreto pré-moldado não deve ser visto como
alternativa ao emprego do concreto moldado no local;

• Escolher o sistema construtivo antes de elaborar o


projeto permite aproveitar melhor o potencial do
sistema construtivo, isto é, o projeto deve ser elaborado
já pensando na pré-fabricação;

 Atentar para a disponibilidade local das tecnologias


necessárias e para a qualificação da mão-de-obra
local;
Recomendações de projeto
• Conceber o projeto da estrutura já pensando na
utilização do concreto pré-moldado;
• Respeitar a filosofia de projeto, isto é, utilizar sistemas de
contraventamento próprio (a estrutura é menos estável
que a monolítica), grandes vãos (menor número de
ligações) e assegurar a integridade estrutural;
• Garantir a adequada integração da estrutura com os
sistemas prediais;
Recomendações de projeto
• Minimizar o número de ligações e tipos de elementos;
• Utilizar elementos da mesma faixa de peso;
• Observar tolerâncias dimensionais:
 Na fábrica: variações nas dimensões dos produtos,
superfícies não lineares ou não planas, falta de
ortogonalidade da seção transversal, variações na
curvatura dos elementos protendidos, posição de
insertos, etc.;
Recomendações de projeto
 No canteiro: desvios de eixos e níveis no início da
construção, desvios de montagem com relação à
posição e ao alinhamento entre os elementos;
• Usar soluções padronizadas sempre que possível:
 Modulação;
 Padronização de produtos entre fabricantes;
 Padronização interna para detalhes construtivos e
procedimentos de produção e de montagem;
Recomendações de projeto
• Procurar sempre adotar as soluções mais simples:
 Máxima economia: os detalhes das ligações são
razoavelmente simples, o desempenho é adequado e
a montagem é rápida;

 Ligações complexas: são mais difíceis de serem


projetadas, para serem produzidas e geralmente
resultam em montagens complicadas no canteiro.
Possibilidade de atraso na montagem e desempenho
menos satisfatório;
Exigências nos projetos
• Nos projetos, o item 5.6.1.2 da NBR 9062 exige que
os desenhos incluam:
 Tipo de concreto e resistência característica prevista
nas situações transitórias e definitiva;

 Tipos de aço com suas dimensões, bitolas, formas


quantidades, detalhes de soldas e emendas;

 Cobrimento da armadura e dos insertos em todas as


faces, inclusive alturas dos suportes da armadura
superior no caso de lajes ou vigas de seção T;
Exigências nos projetos
• Nos projetos, o item 5.6.1.2 da NBR 9062 exige que
os desenhos incluam:
 Armadura adicional a ser colocada na obra, quando
for o caso, identificada independentemente;

 Volume e peso de cada elemento pré-moldado;

 Detalhes das ligações a serem executadas na obra


durante ou após a montagem, incluindo as
características dos materiais constituintes;
Exigências nos projetos
• Nos projetos, o item 5.6.1.2 da NBR 9062 exige que
os desenhos incluam:
 Tolerâncias dimensionais dos diversos elementos pré-
moldados;

 Tratamentos superficiais adicionais para atender a


classes de maior agressividade do ambiente;

 Cuidados necessários durante o transporte, a


montagem e eventual solidarização, de maneira a
garantir a segurança da estrutura;
Exigências nos projetos
• Nos projetos, o item 5.6.1.2 da NBR 9062 exige que
os desenhos incluam:
 Detalhamento do sistema de içamento adotado. Caso
se opte por alças, seu tipo, posição e ancoragem,
sendo respeitados o disposto em 5.3.3;

• O item 5.6.2 da NBR 9062 determina que:


 Se apresentem especificações detalhadas dos
processos construtivos, manuseio, armazenamento,
transporte e montagem dos elementos pré-moldados
e pré-fabricados;
Exigências nos projetos
• O item 5.6.2 da NBR 9062 exige:
 A apresentação de especificações detalhadas dos
processos construtivos, manuseio, armazenamento,
transporte e montagem dos elementos pré-moldados
e pré-fabricados;

 Classe de agressividade ambiental considerada;

 Ações acidentais e permanentes para as quais a


estrutura tenha sido projetada;
Dimensionamento
• Armaduras longitudinais e transversais de vigas, lajes e
pilares calculadas segundo recomendações da NBR 6118.
Detalhamento também realizado conforme a mesma
norma;

• Diferenças básicas em relação ao elemento estrutural de


concreto armado convencional;

 Armaduras das ligações (ver NBR 9062);


 Armaduras construtivas (ver NBR 9062);
Dimensionamento
• Principal função das ligações é a transferência das forças
pelas interfaces a fim de que os elementos interajam
entre si como um sistema único;
• O projeto das ligações não se limita à escolha do
dispositivo de ligação apropriado, mas engloba a
consideração da ligação como um todo.
Inclui juntas, materiais de preenchimento de nichos e juntas,
detalhamento das superfícies das interfaces e das zonas nas
extremidades dos elementos pré-moldados, em regiões
próximas às ligações.
Dimensionamento
• NBR 9062 estabelece modelos de cálculo para alguns
tipos mais comuns de ligação;

• Tolerâncias (e método de cálculo) para as dimensões


são estabelecidas na NBR 9062 a fim de assegurar a
montagem da estrutura;

• Verificação de todas as fases transitórias: içamento,


armazenamento, transporte, montagem, fixação das
ligações);
LIGAÇÕES

Transferência de esforços
Critérios de projeto
Algumas definições
Tipos
Consolos
Transferência de esforços
• Dimensionamento das ligações segue modelos
específicos a depender da ligação e da tipologia.
Esses modelos dependem das diferentes fontes de
deformabilidade da ligação:

 Encaixes;  Barras dobradas;


 Efeito de pino  Aderência
 Atrito  Chaves de cisalhamento
 Chumbadores  Soldagem
 Protensão
Critérios de projeto
• O projeto de ligações estruturais em construções
pré-moldadas deve considerar uma variedade de
critérios:
Comportamento estrutural, tolerâncias dimensionais,
resistência ao fogo, durabilidade e manutenção,
facilidade de manuseio e montagem.

• Os principais critérios de projeto são apresentados a


seguir:
Critérios de projeto
• Comportamento estrutural:
 Resistência: as ligações devem ser projetadas para
resistir às solicitações que atuarão sobre ela ao longo
de toda a vida útil da estrutura;
 Prever redistribuição dos esforços e formar
caminhos alternativos para suporte das cargas a
fim de isolar partes comprometidas da estrutura;
 Levar em consideração não só a resistência, mas
também a deformabilidade e a ductilidade da
ligação;
Critérios de projeto
• Comportamento estrutural:
 Influência das mudanças de volume: efeito
combinado da fluência, retração e variação de
temperatura pode ocasionar tensões de tração nos
elementos e nas ligações. Há duas abordagens:
 1) permitir deslocamentos relativos nas ligações;
 2) fornecer às ligações a restrição necessária para
impedir os deslocamentos;
 Na prática se adota situação intermediária
(ligações deformáveis)!
Critérios de projeto
• Comportamento estrutural:
 Movimentos: as ligações não devem absorver
necessariamente todos os movimentos da estrutura.
Na maioria dos casos, os movimentos necessários
estarão relacionados às deformações nas vigas e lajes
devido ao carregamento e/ou forças de protensão.
 Solução: permitir algum deslizamento na direção
do movimento.
Critérios de projeto
• Comportamento estrutural:
 Ductilidade: É sempre aconselhável projetar e
detalhar as ligações de modo a evitar rupturas frágeis
no caso de a ligação ser submetida a forças acima
daquelas previstas no projeto, sendo desejável um
comportamento dúctil para as mesmas.
 Não deve estar associada apenas com a flexão.
Critérios de projeto
• Comportamento estrutural:
 Durabilidade: é necessário considerar o risco da
corrosão no aço e da fissuração e/ou lascamento no
concreto com a devida atenção para as condições
reais do ambiente onde a estrutura estará exposta;
 Componentes metálicos expostos a meios agressivos
devem possuir proteção permanente;
 Na impossibilidade da inspeção e/ou manutenção
periódicas, as ligações devem ter vida útil superior à
da estrutura.
Critérios de projeto
• Tolerâncias dimensionais:
 Dimensões exatas não existem em estruturas de
concreto, por mais rigoroso que seja o controle de
qualidade;
 Elementos precisam ter certas tolerâncias a fim de
assegurar a montagem da estrutura e o
comportamento estrutural desejado;
 Prover dispositivos para ajustes do elemento nas três
direções para permitir alinhamento e nivelamento do
elemento durante a montagem.
Critérios de projeto
• Resistência ao fogo:
 Quando os componentes de uma ligação estão
expostos ao fogo, a capacidade de transferir esforços
pela ligação é reduzida pelas altas temperatura;
 Nem toda ligação é vulnerável ao fogo e não requer
tratamento especial no projeto.
 Paredes e pisos têm, ainda, função de isolar o fogo e
evitar sua propagação pelo restante da estrutura.
Algumas definições
Algumas definições

Sistema de classificação Ferreira et al (2002)


Algumas definições
Fator de Coeficiente de
Zona Restrição engastamento parcial Classificação da ligação
() (ME/MR)

1 0,00 – 0,14 0,00 – 0,20 Articulada


2 0,14 – 0,40 0,20 – 0,50 Semirrígida de baixa resistência
3 0,40 – 0,67 0,50 – 0,75 Semirrígida de média resistência
4 0,67 – 0,86 0,75 – 0,90 Semirrígida de alta resistência
5 0,86 – 1,00 0,90 – 1,00 Rígida

 3 EI sec 
Fonte: adaptado de Ferreira et al (2002) 1

  1  
 K sec L 
Tipos de ligações
• Ligação para transferência de força de compressão:
 Alternativas: contato, juntas de argamassa ou
almofadas (concreto ou neoprene, aço);
 Contato direto só pode ser feito se for possível
garantir a eficiência do contato;

• Evitar:
 Superfícies irregulares podem comprometer o contato
causando concentração de tensões, compressão
excêntrica e até torção;
Tipos de ligações
• Ligação para transferência de força de tração:
 Alternativas: insertos, emendas, barras salientes, etc.;

 Resistência determinada pela área de aço dos


componentes metálicos tracionados e/ou pela
capacidade de ancoragem dos mesmos ao concreto;
 Traspasse é uma das formas mais comuns (barras
retas ou laços) em ligações concretadas no local;
Cuidado nas tolerâncias e posicionamento das barras de
traspasse, sobretudo na região da emenda!!!
Tipos de ligações
• Ligação para transferência de força de cisalhamento:
 Alternativas: aderência, atrito, efeito de pino, chaves
de cisalhamento, chumbadores transversais, etc.;

Transferência pela chave de


cisalhamento
Transferência por atrito e
efeito de pino (estribos)
Tipos de ligações
• Ligação para transferência de flexão e torção:
 Alternativas: ligação entre as armaduras por meio de
traspasse, chumbamento ou soldagem;
 A ligação mobiliza um binário tração-compressão;
Transferência de esforços
solda

solda

Ligação viga-pilar Ligação pilar-pilar


Consolos de concreto
• Comumente empregados nas ligações viga-pilar, viga-
viga e laje-painel;

Simples de produzir! Difícil de produzir!


Consolos de concreto
• Comumente empregados nas ligações viga-pilar, viga-
viga e laje-painel;

Ligação viga-viga Ligação laje-painel


Consolos de concreto
• Tipos:
 Viga: 1,0 < a/d ≤ 2,0;
 Consolo curto: 0,5 < a/d ≤ 1,0;
 Consolo muito curto: a/d ≤ 0,5;

• Modelos de cálculo:
 Modelo de Bielas e Tirantes: consolo curto;
 Modelo de Atrito-Cisalhamento: consolo muito curto;
 Modelo de viga: viga;
Modos de ruptura típicos
• Flexão: ocorre geralmente devido
ao escoamento da armadura do
tirante.
 Forma-se uma fissura principal
na parte superior, com o
esmagamento do concreto na
parte inferior;
Modos de ruptura típicos
• Fendilhamento da biela: ocorre
devido à seção insuficiente de
concreto na região da biela
comprimida ou por falta de
armadura de costura;
 A armadura de costura aumenta a
ductilidade e a resistência da
biela, pois confina região da biela
e atenua o fendilhamento). Há
fissuras de flexão e na direção da
biela;
Modos de ruptura típicos
• Cisalhamento: em geral, ocorre
em consolos muitos curtos ou
quando os consolos tem elevada
quantidade de armadura de
flexão;
 As fissuras são numerosas e
inclinadas na junta entre o
consolo e o pilar, provocando
escorregamento;
Projeto de consolos
• Consolos curtos:
 Armadura do tirante:
𝑎 𝐹𝑑 𝐻𝑑
𝐴𝑠𝑡 = 0,1 + ∙ +
𝑑 𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑
 Armadura de costura:
𝐴𝑠𝑣 0,4 𝑎 𝐹𝑑
= ∙ 0,1 + ∙
𝑠 𝑑 𝑑 𝑓𝑦𝑑
 Tensão na biela:
𝜎𝑐 ≤ 𝑓𝑐𝑑 (cargas diretas)

𝜎𝑐 ≤ 0,85 ∙ 𝑓𝑐𝑑 (cargas indiretas)


Projeto de consolos

Determinação da largura da biela de compressão (NBR 9062:2006)


Projeto de consolos
• Consolos muito curtos:
μ = 1,4
 Armadura do tirante: Concreto lançado monoliticamente;
𝐹𝑑 𝐻𝑑 μ = 1,0
𝐴𝑠𝑡 = 0,8 ∙ ∙𝜇+
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 Concreto lançado sobre concreto
endurecido, desde que atenda ao
 Armadura de costura: item 6.3.4 da NBR 9062:2006;
𝐴𝑠𝑣 0,5 𝑎 𝐹𝑑 μ = 0,6
= ∙ 0,1 + ∙
𝑠 𝑑 𝑑 𝑓𝑦𝑑 Concreto lançado sobre concreto
endurecido com interface lisa;
 Tensão na biela:
𝑓𝑐𝑘
𝜏𝑤𝑢 ≤ 3,0 + 0,9 ∙ 𝜌 ∙ 𝑓𝑦𝑑 ≤ 0,27 ∙ 1 − ∙ 𝑓𝑐𝑑 ≤ 8 𝑀𝑃𝑎
250
Exemplo 2
• Dimensionar o consolo de concreto pré-moldado.
Dados:
 Vd = 170,00 kN
 Hd = 0,00 kN
 fck = 32,50 MPa;
 fyd = 435,00 MPa;

Dimensões: cm

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