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FAOSC- FACULDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

SOCIEDADE EDUCACIONAL PALMITOS


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL

ALUNO

A PRÁTICA DA CONTAÇÃO DE
HISTÓRIAS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ALFABETIZAÇÃO

Chapecó - SC
Novembro, 2022.
ALUNO

A PRÁTICA DA CONTAÇÃO DE
HISTÓRIAS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ALFABETIZAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Pós-Graduação em Educação
Infantil e Anos Iniciais do Ensino
Fundamental da Faculdade do Oeste de Santa
Catarina Palmitos (SC), como requisito parcial
à obtenção do grau Especialista.

Orientadora: Profª. Esp

Chapecó -(SC)
Novembro, 2022
ALUNO

A PRÁTICA DA CONTAÇÃO DE
HISTÓRIAS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ALFABETIZAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Pós-Graduação em Educação
Infantil e Anos Iniciais do Ensino
Fundamental da Faculdade do Oeste de Santa
Catarina Palmitos (SC), como requisito parcial
à obtenção do grau Especialista.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA
Dedico está monografia a todos que sempre estiveram ao
meu lado me auxiliando e apoiando, especialmente minha
família e professora.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pela iluminação e energia dedicada para


concluir este trabalho. Á minha família que esteve sempre ao meu lado me acompanhando e
apoiando todas as minhas conquistas e auxiliando nas dificuldades encontradas ao longo da
Pós-Graduação.
A minha professora que não poupou esforços para me orientar e sanando todas as
dúvidas sempre que necessário. Aos colegas conquistados, agradeço em terem me
proporcionado; amizade, carinho e companheirismo.
Sou grata com todos que contribuíram para amenizar as dificuldades enfrentadas
durante a Pós-Graduação, onde senti muitas vezes dificuldades, mas sempre me incentivaram
a nunca desistir.
“Ninguém caminha sem aprender a caminhar,
sem aprender a fazer o caminho caminhando,
refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a
caminhar”. (Paulo Freire)
RESUMO

Este trabalho objetivou compreender a importância da leitura para a alfabetização. O trabalho


estruturou-se a partir de uma abordagem qualitativa, buscando os métodos de como contar e
estimar a criança pelo gosto da leitura. Este trabalho propôs-se a responder o seguinte
problema de pesquisa: Como ocorrem as práticas de contação de história e como elas
auxiliam na alfabetização? É através das literaturas lúdicas que a criança se prepara para a
vida assimilando a cultura do mundo em que vive, a ele se integrando, adaptando-se as
condições que o mundo lhe oferece, a cooperar com seus semelhantes e a conviver como um
ser social. A Literatura Infantil deve ser compreendida como abertura para a formação de uma
nova mentalidade à iniciação lúdica do pré-leitor mesmo antes de iniciado o processo de sua
alfabetização. Através do prazer pela leitura infantil, a criança estará transformando o
imaginário no seu cotidiano.

Palavras-chaves: Literatura. Aprendizagem. Desenvolvimento.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 9
2. CONTEXTO HISTÓRICO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS...................................... 11
2.1 A ORIGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL E SEU HISTÓRICO................13
2.2 A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO
DE PEQUENOS LEITORES.................................................................................................. 21
2.3 CONTOS INFANTIS: PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS E SUA ATUAÇÃO NO
CAMPO EDUCATIVO............................................................................................................ 25
2.3.1 Características dos contos infantis e a importância dos contos no desenvolvimento
infantil...................................................................................................................................... 31
2.4 PRÁTICAS QUE OS PROFESSORES DEVEM ADOTAR PARA A CONTAÇÃO DE
HISTÓRIAS.............................................................................................................................. 34
2.4.1 Habilidades de linguagem..............................................................................................35
2.4. 2 Habilidades de Corporeidade.......................................................................................35
2.4.3 Habilidades Interpessoais 37
2.5 LITERATURA E A IMPORTÂNCIA DO CONTATO DIRETO COM A
BIBLIOTECA...........................................................................................................................37
3. O QUE É ALFABETIZAÇÃO?........................................................................................ 39
3.1 AS DIMENSÕES DO APRENDER A LER E A ESCREVER.......................................... 42
3.2 MÉTODOS SINTÉTICOS: DA SOLETRAÇÃO À CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA... 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 46
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 48
ANEXOS..................................................................................................................................51
INTRODUÇÃO

O título: “a prática da contação de histórias e sua contribuição para a alfabetização”


constitui uma prática voltada para o início da vida, na primeira infância, onde o ler, o acesso
aos livros, o contato são práticas primordiais e permanentes com os bebês de 11 meses a 24
meses de vida. Desta forma, quanto mais cedo o bebê tiver contato com livros e perceber o
prazer que a leitura produz, maior é a probabilidade de nele nascer de maneira espontânea, o
amor aos livros.
Há relatos de poetas e escritores que descobriram no decorrer de sua vida que seu
amor à literatura e, mesmo, muitas de suas poesias e de seus contos tiveram o seu nascedouro
já na sua primeira infância. Da mesma forma, outras pessoas descobriram a origem de sua
aversão a toda e qualquer forma de literatura também na infância.
Ouvir histórias é o primeiro passo, é o início da aprendizagem para ser um leitor,
queremos dar a nossa contribuição proporcionando momentos cada vez mais prazerosos,
tendo em vista a intensa troca afetiva que ocorre entre quem ouve e quem conta a história.
Nos momentos de leitura e contação de boas histórias há um desenvolver de
afetividade pessoal, um diálogo estabelecido, uma provocação de construção desse diálogo,
para que a comunicação seja crescente entre educadores e bebês. Não somente entre esses
dois atores, mas todas as interações possíveis como com outros pequeninos, com o grupo,
com a própria magia do momento.
O processo de formação de alunos em conjunto com a literatura visa em um trabalho
desafiador, pois é necessário formar alunos leitores fluentes capazes de interpretar,
questionar, analisar e compreender o que está escrito explícito e ou implícito no texto.
Pensando em várias possibilidades de como é trabalhado a literatura infantil na formação de
alunos leitores e sua importância, surgiu o interesse de estudar esta temática.
A contação de história estimula a curiosidade na criança, desperta o imaginário, a
construção de idéias e faz com que ela vivencie situações de alegria, tristeza, medo, ajudando
a resolver esses conflitos. Além disso, ela ajuda na capacidade cognitiva nas estruturações
mentais das crianças, fornecendo elementos para a imaginação, estimula a observação e a
expressão de ideias. Além disso, proporciona emoções por meio das ilustrações fazendo com
que a criança pensa e reflita sobre a história que foi contada.
O professor tem um papel fundamental para elevar a criatividade da criança, é através
do trabalho lúdico e com contos clássicos torna a aula mais atrativa, prazerosa, dinâmica e
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mais próxima da realidade dos alunos. Esses recursos ensinam valores, ajuda a enfrentar a
realidade social e desenvolve a produção, a criatividade e a criticidade já na primeira infância.
O presente trabalho tem o objetivo de descrever breves reflexões sobre a utilização da
literatura na alfabetização. Sendo que ela é fundamental para se formar alunos leitores e,
ainda melhor junto com a família, pois assim os professores terão grandes chances de formar
alunos leitores críticos, competentes, que gostarão cada vez mais de ler. Como diz Coelho
(2000) “A literatura em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nessa
sociedade em transformação: a de servir como agente de transformação, seja no espontâneo
convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola”.
2. CONTEXTO HISTÓRICO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

A Contação de história é uma prática antiga que surgiu muito antes da escrita,
quando as pessoas utilizavam da oralidade para narrar acontecimentos à comunidade,
transmitindo assim ensinamentos, valores, costumes, mitos e crenças de geração a geração,
também usavam desta prática para o entretenimento, diversão e lazer.
O homem aprimorou os seus talentos e se especializou nas artes para ganhar a admiração
dos seus semelhantes, como afirma Tahan (1966). Usando a arte de contar histórias para ganhar
a admiração das pessoas acabou por tornar-se o centro de atenção popular, através do prazer
oferecido por meio das histórias.
A contação oral de histórias na antiguidade era vista como inferior às atividades de
escrita, no entanto, as pessoas se reuniam ao redor de fogueiras para narrar lendas e contos,
pelas quais disseminavam a cultura e os costumes locais. A história tem sido utilizada pelo
homem para vincular verdades, conservando as tradições ou difundindo novas ideias. Mas esta
era uma atividade dos simplórios – aqueles que não sabiam ler nem escrever. Com o tempo,
descobriu-se que as histórias entretinham, causavam admiração e conquistava as pessoas,
fazendo do contador o centro das atenções (SOUZA, 2011).
Bussato (2003) afirma que há registros antes e depois de Cristo, percebendo- se, desta
forma, a importância da oralidade na vida do homem desde os tempos mais remotos até a
contemporaneidade. É notável a necessidade e a vontade de comunicação do ser humano,
compreendendo-se como fundamental a permanência da contação de histórias. Mesmo que,
com o passar dos tempos, os contos sejam modificados recebendo as influências do mundo
contemporâneo, devem-sepreservar a essência e o poder da palavra em encantar as pessoas.

É um fato inegável e curioso, não só no Brasil, mas também em outras partes do


mundo. Se por um lado os velhos contadores tradicionais estão desaparecendo, porque
nas comunidades rurais a televisão ocupa implacavelmente seu lugar, nos grandes
centros urbanos a quantidade de gente que se dedica a essa arte está crescendo.
Ninguém mandou, não é uma moda importada; parece que se trata de um sentimento
de urgência que faz nascer das cinzas uma ética adormecida, uma solidariedade
não mais do que básica, num mundo de cabeça para baixo (MACHADO, 2004, p.31)

Nesse sentido, as informações foram sendo disseminadas inicialmente pela “memória


viva” onde a relação entre o dizer e o ouvir se fazia interdependentes em um estado de entrega,
intensidade, admiração e conquista desafiando o processardo tempo. “O homem descobriu que
a história além de entreter, causava admiração e conquistava a aprovação dos ouvintes. O
contar de histórias tornou-se o centro da atenção popular pelo prazer que suas narrativas
proporcionavam” (BERNARDINO, SOUZA, 2011).
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Com o surgimento e evolução dos sistemas de escrita, a Contação de história, que


antes era vista como prática superior foi perdendo espaço em virtude da separação entre a
cultura erudita/instruída e a popular/leiga, visto que reunir grupos ao redor de fogueiras para
ouvir lendas, contos e histórias reais ou inventadas se tornou algo simplório e de pouco valor
intelectual (passatempo), por também não ter relação direta com ganhos monetários, a ponto de
ser considerada ação inferior, o autor Schermack cita que (2012, p. 01):

Assim entendido, antes da escrita, os saberes da humanidade eram transmitidos por


meio da oralidade e, à medida que o falar tornou-se insuficiente para expressar e
manifestar a cultura de uma sociedade, o homem começou a pensar em materiais
palpáveis que organizassem o conhecimento adquirido, isto é, a escrita. Dessa forma,
a oralidade materializou-se trazendo consigo a necessidade da leitura em um
determinado suporte, decorrendo que as histórias foram narradas a partir de um
texto escrito, causando impacto positivo entre os ouvintes, posto que a qualidade dos
escritos fosse mais bem elaborada e a multiplicidade dos textos tornou-se mais
socializada.

Com o reconhecimento do valor eminente das artes em geral (fonte indispensável para
formação humana), como veremos a seguir, a Contação de história volta a ganhar certo espaço
na sociedade (agora letrada), exemplo nas instituições educativas, como é o caso do Brasil,
avançando lentamente por todas as modalidades, isto é, desde a educação infantil até o
ensino superior.
Muitos lingüistas, escritores, profissionais e estudantes sempre levantam esta questão
quando vão escrever. Entretanto, esta não é uma questão central que influencia na realização de
um trabalho com a atividade de “contação de histórias”. Mas, entende-se que compreender a
diferença pode auxiliar na adoção de uma outra e na forma de levar esta atividade aos grupos
específicos. De acordo com Ferreira (2008):

História é a narração dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, emparticular,
e da humanidade, em geral. Um conjunto de conhecimentos, adquiridos através
da tradição e/ou mediante documentos, acerca da evolução do passado da
humanidade. Ciência e método que permitem adquiri-los e transmiti-los. Narração
de acontecimentos, ações, fatos ou particularidades relativos a um determinado
assunto. [...]. Estória é: narrativa de ficção; exposição romanceada de fatos
puramente imaginários (distinta da história, que se baseia em documentos ou
testemunhos); conto, novela, fábula: estórias de quadrinhos./ Ant. História.
(FERREIRA, 2008, p.454)

A arte de contar histórias proporciona à criança possibilidades de fazer diferentes


leituras do mundo, podendo criar e imaginar situações que a faça estabelecer relações consigo
própria e com o mundo que a cerca. A história proporciona o desenvolvimento da criatividade,
possibilita o desenvolvimento da autoestima, da confiança da criança, o que afeta o seu pleno
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restabelecimento, como mostram alguns trabalhos que salientam o seu uso terapêutico para
favorecer a recuperação de crianças hospitalizadas ou não (ARAUJO, 2009).

2.1 A ORIGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL E SEU HISTÓRICO

Para melhor entendimento da realidade atual da educação infantil, é necessário fazer


uma revisão histórica da trajetória desse nível de ensino, considerando que as creches e
instituições infantis tiveram sua origem nas obras assistencialistas de muitas congregações
religiosas. Que tinham como objetivo atender as crianças enjeitadas pela sociedade, porém,
conforme alerta Kuhlmann Jr. (1998), é preciso lembrar que essas instituições não tinham
nenhum dever pedagógico com a criança.
Realizar uma revisão histórica sobre a infância e a educação infantil no Brasil nos leva
a compreender o contexto histórico-social e cultural. Diante desse contexto, decidiu-se pela
elaboração desse trabalho, que será construído, através de uma pesquisa bibliográfica, sendo
que o trabalho se iniciará pela investigação sobre a história da educação infantil, contando
com o auxílio de trabalhos publicados por pesquisadores como Kuhlmann Jr. (1998),
Manacorda (1989), Santana, (2011).
A educação no Brasil, conforme afirma Freitas (1986) sempre foi organizadaconforme
o ordenamento social, político e econômico do país. E pode-se dizer que a Educação Infantil
não ficou alheia á transformações da sociedade, pois atualmente ela se encontra organizada
com o objetivo de atender as exigências de uma sociedade firmada nos preceitos do
neoliberalismo e da globalização. Por isso que é válido conhecer a trajetória histórica da
Educação Infantil.
A Educação Infantil como nível de ensino no Brasil, pode-se dizer que tem um
longo percurso histórico, porém a forma como se apresenta atualmente, essa realidade é
recente. Mais propriamente foi a partir da Constituição de 1988, que esse nível de ensino, foi
reconhecido como a etapa inicial da Educação Básica, segundo Rebelo (2015, p.15):

A inserção da educação infantil na educação básica, como sua primeira etapa, é o


reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial
para o cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art. 22 da Lei: “a educação básica
tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar – lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer – lhes meios para progredir no
trabalho e nos estudos posteriores”.
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Portanto pode-se afirmar que foi somente no final da década de 1980 que a Educação
Infantil recebeu um novo significado, assim como também novas atribuições, visto que por
muito tempo as escolas de Educação Infantil foram consideradas como “depósitos de crianças”,
onde as mesmas eram cuidadas durante o dia, enquanto suas mães estavam no mercado de
trabalho. Essa realidade pode ser conferida na argumentação de Oliveira (1996) ainda segundo
ele as instituições pré-escolares nasceram no século XVII em resposta à situação de pobreza,
abandono e maus-tratos de crianças pequenas cujos pais trabalhavam em fábricas, fundições e
minas criadas pela Revolução Industrial que se implantava na Europa Ocidental.
Diante dessas palavras fica evidente que por muitos anos a Educação Infantil possuía
um perfil assistencialista. Sendo que creches e escolas de Educação Infantileram vistas somente
como um meio de auxiliar as famílias de baixa renda, Brasil (1998, p.17):

O uso de creches e de programas pré-escolares como estratégia para combater a


pobreza e resolver problemas ligados à sobrevivência das crianças foi, durante muitos
anos, justificativa para a existência de atendimentos de baixo custo, com aplicações
orçamentárias insuficientes, escassez de recursos materiais; precariedade de
instalações; formação insuficiente de seus profissionais e alta proporção de crianças
por adulto.

Além dessa realidade deve-se citar que, por muitos anos a infância não era respeitada,
chegando, em muitos momentos da história ser consideradas como seres desprovidos de
intelectualidade. Como exemplo dessa afirmação pode-se recorrer às primeiras formas de
educação no Brasil colonial, onde conforme explana Farias (2005), a educação jesuítica
considerava a criança como um “papel em branco”, uma “tabula rasa”, uma “cera virgem”, que
deveria ser modelada ao bel prazer de seu mestre. Porém vale a ressalva de que nesse período
somente as crianças dos colonizadores brancos é que tinham direito a essa educação, Santana
(2011, p.3) cita que:

A instrução que os jesuítas destinavam aos curumins era muito mais aculturação do
que educação propriamente dita. Esta era oferecida aos filhos dos colonizadores que
além de aprender a ler, escrever e contar cursava Letras, Ciências e Filosofia; aqueles
que desejavam seguir a carreira religiosa estudavam Teologia e os demais iriam para
a Universidade de Coimbra em Portugal.

Portanto, além da discriminação as crianças indígenas e negras os jesuítas ignoravam


muitos aspectos da infância das crianças brancas. Não levava em consideração a necessidade de
a criança receber afeto, não respeitavam o seu desenvolvimento psicológico, como salienta
Santana (2011, p. 15): “A criança era ignorada como um ser intelectualmente capaz de produzir
conhecimentos,entretanto vista como receptora das informações transmitidas pelos jesuítas”.
15

Pode-se afirmar que foram objetivos, além de simplesmente cuidar das crianças, filhas
de operários, mas também educá-las, que motivaram, ao longo da história, pedagogos como
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1822), Jean-Ovide Decroly (1871 -1932) e Maria Montessori
(1870 – 1925) a criarem propostas pedagógicas para ser desenvolvidas com essas crianças.
Propostas essas que objetivavam a amenizar o alto índice de mortalidade infantil. Ainda para
Oliveira, (1996, p. 22):
Apenas quando segmentos da classe média foram procurar atendimento em creche
para seus filhos é que esta instituição recebeu força de pressão suficiente para
aprofundar a discussão de uma proposta verdadeiramente pedagógica, compromissada
com o desenvolvimento total e com a construção de conhecimento pelas crianças
pequenas.

A história estabelece o século XIX como o marco do surgimento das escolas infantis.
Manacorda (1989) aponta que, além das experiências assistencialistas como as iniciativas de
Jean Fredéric Oberlin (1771) ou da marquesa de Pastoret, tem, também a iniciativa de Robert
Owen, que no ano de 1816 abriu o “Instituto para a formação do Caráter Juvenil”, que era uma
instituição voltada para atender os filhos dos operários, de sua fábrica têxtil de New Lanark, na
Escócia.
Pode-se citar o desenvolvimento científico e tecnológico que aconteceu no final do
século XIX, que forçou as mudanças na concepção de infância, como afirma Kuhlmann Jr.
(1998, p. 64): “o desenvolvimento científico e tecnológico consolidou as tendências de
mitificação da ciência e de valorização da infância que vinha sendo desenvolvidas no período
anterior.” E diante desse novo modo de pensar, começaram os investimentos na educação para
as crianças menores, “do foco na educação dos trabalhadores jovens e adultos, passou-se a
privilegiar as instituições para a infância, a escola primária, o jardim-de-infância, a creche [...]”
(KUHLMANN JR. 1998, p. 75).
Ao se abordar a origem da educação infantil não se pode esquecer-se de citar Frederich
Froebel (1782-1852), que através de seus estudos no século XIX, tornou-se “um dos primeiros
educadores a considerar o início da infância como uma fase de importância decisiva na
formação das pessoas - ideia hoje consagrada pela psicologia, ciência da qual foi precursor”
(FERRARI, 2008, p. 47).
É importante considerar que as ideias defendidas por Froebel, levaram muitos teóricos a
perceberem a importância da educação infantil na formação do indivíduo. E como
consequência dessas novas ideias, vários países europeus, como a França a Itália e Inglaterra
criaram as escolas de educação infantil. Culminando com a divulgação dessas instituições na
Exposição Internacional, que ocorreu em Londres no ano de 1851, incentivando outros países a
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também criarem escolas de educação infantil. No Brasil pode-se considerar o ano de 1899,
como o marco inicial da educação infantil. Quem embasa essa afirmação é Kuhlmann Jr
quando diz que (1998, p. 75):

No ano de 1899, ocorrem dois fatos que permitem considerá-lo como marco inicial do
período analisado. Em primeiro lugar, fundou-se o Instituto de Proteção e Assistência
à Infância do Rio de Janeiro, instituição pioneira, de grande influência que
posteriormente abriram filiais por todo o país. Em segundo lugar, foi o ano da
inauguração da creche da companhia de Fiação e Tecidos Corcovado (RJ), a primeira
creche para operários que se tem registro.

É importante ressaltar que embora a criação das instituições de educação infantil no


Brasil, ter sido copiada dos moldes europeus, a sua finalidade aqui era diferente, “enquanto
na França e nos países europeus, ela era proposta em nome da ampliação do trabalho industrial
feminino, aqui ainda não havia uma demanda efetiva daquele setor” (KUHLMANN JR. 1998,
p. 75). Na verdade o objetivo da criação da escola de educação Infantil era para atender as
necessidades das mães que eram empregadas domésticas.
Assim como em geral toda a educação brasileira viveu períodos de transformações e
incertezas até a metade do século XX, devido as grandes transformações políticas pelas quais o
país passou, a educação infantil também sofreu intensas transformações. Para Brasil, 1998,
p.13): “A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente
nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher
no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias”.
Foi com a promulgação da Constituição de 1988, que estabeleceu ser dever do Estado
prover a educação infantil para crianças com idade entre zero e cinco anos (BRASIL, 1988).
Culminando com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, que reconheceu
as creches e pré-escola como a fase inicial da educação básica. Quanto ao público a que se
destina esse nível de ensino, a LDB determina que as creches ou os CEI (Centro de Educação
Infantil), atenderão crianças até cinco anos de idade. Sendo que não há a obrigatoriedade de
cumprimento dos duzentos dias letivos, ou oitocentas horas de aulas, como éimperativo para os
demais níveis da educação básica. E tão pouco deve haver rigidez nas avaliações, visto que
como defendem Libâneo, Oliveira e Toschi (2012,
p. 346) “não há também, avaliação com objetivo de promoção, mesmo para o acesso para o
ensino fundamental. A avaliação, na educação infantil, destina-se ao acompanhamento e ao
registro do desenvolvimento da criança”.
Outro documento que orienta a educação infantil no Brasil é o Referencial Curricular
Nacional para Educação Infantil (RCNEI), (BRASIL, 1998) que garante que as instituições de
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educação infantil devem ser ambientes onde é propício o desenvolvimento integral da criança.
Deixando claro que, atualmente, a educação infantil, precisa ser sistematizada e organizada de
tal maneira que possibilite o desenvolvimento das habilidades e a socialização da criança.
Para sanar a lacuna que se criou quanto à organização do trabalho pedagógico na
Educação Infantil, pode-se dizer que foi necessária a criação de vários dispositivos
reguladores, por exemplo, a Resolução CNE/CEB nº1 de 7 de abril de 1999, que
regulamentou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), tendo
como finalidade “orientar as instituições de educação infantil [...] na organização, na
articulação, no desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas” (LIBÂNEO;
OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p.347).
No ano de 2009, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) publicou a Diretriz
Curricular Nacional para a Educação Infantil, através da Resolução nº 5, de
17 de dezembro de 2010 que se trata do resultado de várias discussões de representantes de
entidades como União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME),
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Fórum Nacional de Conselhos Estaduais de
Educação, MIEIB (Movimento Inter fóruns de Educação Infantil do Brasil), da
SEB/SECAD/MEC e de especialistas da área de Educação Infantil. Pode-se dizer que este
documento veio para sanar as duvidas e normatizar a Educação Infantil, visto que se trata de
um documento basicamente de, Brasil, (2013, p. 83):

Caráter mandatório orienta a formulação de políticas, incluindo a de formação de


professores e demais profissionais da Educação, e também o planejamento,
desenvolvimento e avaliação pelas unidades de seu Projeto Político-Pedagógico e
servem para informar as famílias das crianças matriculadas na Educação Infantil
sobre as perspectivas de trabalho pedagógico que podem ocorrer.

Porém esse documento não significou o fim das discussões em torno da Educação
Infantil, pois a educação como um todo não é um processo inerte, sendo que vive em constante
transformação, sempre se adaptando ao novo contexto histórico. No que diz respeito à
Educação Infantil se faz necessária a constante revisão dos documentos norteadores,
objetivando atender a necessidade de adaptá-la as novas exigências impostas pelo
desenvolvimento social, econômico e político do mundo. Ajustá-la às novas concepções e práticas
pedagógicas, visto que se trata de um nível de ensino que ainda gera muito conflito e dúvidas
entre os educadores.
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Como é possível constatar, o RCNEI (1998) estabelece a Linguagem oral e escrita


dentre os eixos a serem trabalhado pelo professor na educação infantil, e uma prática
pedagógica que pode auxiliar o professor na hora de trabalhar esse eixo é a contação de história.
Conforme explanam Souza e Bernardino (2011, p. 237) “A contação de histórias é uma
estratégica pedagógica que pode favorecer de maneira significativa a prática docente na
educação infantil e ensino fundamental”.
É importante ressaltar que, por muito tempo essa prática não era considerada importante,
visto que muitos professores somente a utilizavam como um passatempo, ou entretenimento
para as crianças.
Porém, conforme vários estudos, desenvolvido por pesquisadores como Malba Tahan
(1966), Fanny Abramovich (1991), Moacir Gadotti (1982), e tantos outros que se debruçaram sobre
esse tema, constataram que a contação de histórias pode se tornar um importante auxiliar na prática
pedagógica na educação infantil. Os mesmos estudos apontaram, por exemplo, que ao utilizar a
contação de história o professor estará estimulando o desenvolvimento da criatividade, da imaginação,
da oralidade e facilitando o aprendizado, visto que é: “Através duma história que se podem descobrir
outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e ser, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo
historia, geografia, filosofia, sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que
tem cara de aula” (ABRAMOVICH, 1995, p.17).
Além disso, é importante considerar que quando a criança participa da contação de
história tem o prazer pela leitura incentivado, por isso o professor da educação infantil deve ter
a ciência que uma criança que é incentivada desde cedo a se tornar um leitor, dificilmente
mudará esse hábito. “O compromisso do narradoré com a história, enquanto fonte de satisfação
de necessidades básicas da criança. Se elas as escutam desde pequeninas, provavelmente
gostarão de livros, vindo a descobrir, neles, histórias como aquelas que lhes eram contadas”
(BRASIL, 2006, p.26).
Outro elemento importante é o desenvolvimento da oralidade e da escrita quea contação
de história possibilita na criança, pois segundo assegura o RCNEI (1998) “A criança que ainda
não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio da escuta da leitura do professor,
ainda que não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um texto já é uma forma de
leitura” (RCNEI, 1998, p.141).
Através da contação de história o professor estará contribuindo para o desenvolvimento
do senso crítico, posto que as brincadeiras e os jogos de faz de conta, podem contribuir para o
estabelecimento de valores e conceitos, colaborando para a formação psicossocial da criança,
através do entrosamento com indivíduos de personalidade e cultura diferente. Por isso é
19

importante o professor saber que o indivíduo “formado nesse processo, será um homem que
pensa, avalia, critica e escolhe. Quem sabe fazer escolhas é um homem livre” (BRASIL, 2006,
p. 25).
Isto significa dizer que ao explorar a fantasia, estimulada pela contação de história, a
criança aprende a ter responsabilidade, a não ter preconceitos, a viver em sociedade. E sem
perceber a criança vai construindo o seu conhecimento sobre o mundo. Portanto, aqui se
chama atenção para a necessidade, da qualidade sobre a literatura utilizada na contação de
história, o autor Gregorin Filho (2009, p. 11) alerta que, “estudar a literatura produzida para
crianças e jovens não é tarefa fácil, atividade menos fácil ainda é trabalhar diretamente com as
próprias crianças, estar atendo ao seu gosto, sabe ouvir suas opiniões sobre este ou aquele
livro”.
Esse alerta mostra a necessidade do professor de educação infantil, ter a preparação
adequada para trabalhar com as crianças, bem como “estar bem preparados para a escolha das
obras como para o convívio com a criança leitora” (GREGORIN FILHO, 2009, p. 12). É
preciso o professor variar o repertório de gêneros textuais utilizados na contação de histórias.
Pois através da “leitura diária de diferentes gêneros pelo professor aumenta cada vez mais a
curiosidade e o conhecimento sobre a linguagem” (SANTOMAURO, ANDRADE, 2008, p.57).
Ao trazer obras literárias para a sala de aula, o professor sabe que carrega mais do que
simples histórias em suas mãos. Traz expectativas, experiências sensorias, memórias e
emoções que só podem ser vivenciadas a partir deste universo imaginário. Por isso, o principal
fator considerado, quando a leitura está em foco, é a riqueza do processo de encantamento pelas
palavras e de tornar-se leitor apartir delas.
Trabalhar com Literatura não se restringe a decodificar, resumir ou assimilar textos
prontos e acabados, mas sim criar possibilidades para a construção de conhecimentos que
tenham significado para os alunos. É, sobretudo, inspirar-se e comover-se com a obra lida,
com os pensamentos e sentimentos presentes unicamente naquele livro (ABRAMOVICH,
1995).
As histórias infantis oportunizam atividades que objetivam a interdisciplinaridade na
alfabetização tornando esta menos cansativa e repetitiva para as crianças. Ao trazermos o
mundo da imaginação dos contos para a realidade das crianças conseguimos abordar algumas
temáticas que puderam ser trabalhadasdentro dos objetivos da educação infantil.
É papel de o professor possibilitar situações nas quais as crianças possam interagir
com as obras apresentadas, ampliando seus conhecimentos neste universo. Através desta
experiência, a criança pode perceber o texto literário como elemento constitutivo do seu
20

patrimônio histórico e cultural, como conquista pessoal e social, fonte de criatividade e


observação.

2.3 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA

No Brasil a literatura e o processo de formação da criança sempre estiverem fortemente


relacionados. A literatura está inserida na formação do pequeno leitor, pois alem dos tipos e
gêneros textuais utilizados na vida do usuário da língua, tem também os textos escritos que tem
a intenção de trabalhar a linguagem, criar novas perspectivas, chegam então os textos literários.
A literatura abre portas para o universo da imaginação, incentivando a criança desde
muito cedo a praticar a leitura prazerosa. O hábito da leitura além de ser fonte de lazer, é um
aumenta a proficiência da escrita e da própria leitura, contribuindo para a formação de uma
sociedade com cidadãos leitores, pensantes e críticos.
Para as crianças a literatura é vista como uma forma de lazer, de entretenimento, sem
ser obrigatória ou um compromisso. É uma maneira de viajar pelo mundo da imaginação sem
sair do lugar. E é claro que nessa fase as obras literárias têm cunho pedagógico. Como é
descrito no livro de Mindé Badauy de Menezes e Wilsa Maria Ramos sobre a literatura infantil
(2006, p.19), que expõe uma idéia de literatura mais ampla:

[...] À medida que a criança deixou de ser considerado “um adulto em miniatura”,
também na literatura aparece à preocupação com livros adequados aos seus interesses,
necessidades, faixa etária e características próprias. Isso resulta em um casamento
com a pedagogia, passando os educadores a ser os autores da literatura infantil e
juvenil, de caráter moralista, direcionada para a formação e informação das crianças e
dos jovens [...].

Os livros que interessam para as crianças devem recorrer ao caráter imaginoso:


traduzidos em mitos, aparições da antiguidade, monstros ou realidades dos tempos modernos;
exposto numa forma expressiva qualquer: lenda, conto, fábula, quadrinhos, etc.
A literatura tem um papel fundamental na formação do pequeno leitor. A literatura
infantil traz muitas possibilidades, meios, sonhos... Por isso a literatura tem um papel
fundamental para o processo de formação de cada cidadão.
Competindo com a internet, televisão, rádio e o cinema, o livro geralmente sai
perdendo. O fato de muitas pessoas não gostarem de ler pode estar ligado ao fato de não terem
sido, quando crianças, apresentados à literatura infantil. Extremamente importante para o
21

desenvolvimento, pois auxilia na formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua


volta, os significados simbólicos da literatura infantil tornam a compreensão de certos valores
básicos da conduta humana ou convívio sociais, mais fáceis.

2.2 A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO


DE PEQUENOS LEITORES

Quando as crianças chegam à escola é que a literatura passa a ter o poder de construir
uma ligação lúdica entre o mundo da imaginação, dos símbolos subjetivos, e o mundo da
escrita, dos signos convencionais impostos pela cultura sistematizada. A escola tem como um
de seus papéis fundamentais a formação da personalidade da criança, a literatura é importante
para auxiliar nessa construção, pois é através dela que a criança ocupa o espaço privilegiado de
acesso a leitura. O trabalho de leitura possibilita a formação de leitores, com base na introdução
de textos diversificados.
Tanto no meio escolar como no familiar, pois ela é um segmento que ainda precisa
alcançar seu auge, uma vez que, nos países desenvolvidos, esta é uma prática que possui certa
fama para a vida das crianças, uma vez que o incentivo a essa prática parte não somente das
escolas, mas também dos pais.
O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o pai, a mãe,
os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. Nesta fase a história que
marca é a história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos que
aconteceram com ela ou com pessoas da sua família.
O primeiro contato com a literatura é primordial no desenvolvimento da criança, quanto
mais estímulos ao mundo da literatura, melhor será a formação do pequeno leitor. É de grande
importância a criança ser inserida no mundo da leitura pelos pais leitores, possibilitando o
envolvimento, interesse e criando condições favoráveis para a aprendizagem. E depois vem às
histórias contadas para dormir, ou para fazer algum medo, tipo as de bruxas, que se elas forem
malcriadas a bruxa vem, enfim, várias são as histórias e vários são os motivos de serem
contadas nessa fase. Abramovich cita que (2006 p.16-17):
22

[...] O primeiro contato da criança com um texto é feito oralmente, através da voz da
mãe, do pai, ou das avós, contando contos de fada, trechos da Bíblia, histórias
inventadas (tendo as crianças ou os pais como personagens), livros atuais ou
curtinhos, poemas sonoros e outros mais... Contados durante o dia numa tarde de
chuva, ou estando todos soltos na grama, num feriado de domingo – ou num momento
de aconchego, à noite, antes de dormir, a criança se preparando para um sonho rico,
embalado por uma voz amada [...].

À medida que cresce, já é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da
história que mais lhe agrada. A criança passa a interagir com as histórias, acrescentam detalhes,
personagens. Essas histórias reais são fundamentais para que a criança estabeleça a sua
identidade, compreendendo melhor as relações familiares.
Contar e ouvir uma história aconchegada a quem se ama é compartilhar uma
experiência gostosa, na descoberta do mundo das histórias e dos livros. Deve começar a ser
compreendida como abertura para a formação de uma nova mentalidade à iniciação lúdica do
pré-leitor mesmo antes de iniciado o processo de sua alfabetização. Para formar bons leitores e
cidadãos críticos é muito importante que os responsáveis estimulem as crianças através do
mundo encantado da Literatura Infantil.
Diante desta realidade os professores e pais devem buscar os principais meios e práticas
que incentive o habito pela leitura, ampliando assim o universo da criança, despertando
interesse e gosto pela leitura em crianças de 4 a 6 anos. Por tanto o grande desafio das escolas é
investir na formação continuada dos professores, para que com esta capacitação, tenham maior
disposição e qualificação para lidarem com as crianças. Pois à criança passa por um processo
de construção do conhecimento, é através das atividades que realiza, estabelece relações entre
conteúdos novos e conhecimento que possui. Para Abramovich (2006, p.20):

[...] Claro que pode contar qualquer tipo de história á criança: comprida, curta, de
muito antigamente ou dos dias de hoje, contos de fadas, de fantasmas, realistas,
lendas, histórias em forma de poesia ou de prosa... Qualquer uma, desde que ela seja
bem conhecida pelo contador, escolhida porque a ache particularmente bela ou boa,
porque tenha uma boa trama, porque seja divertida ou inesperada ou porque dê
margem para alguma discussão que pretende que aconteça ou porque acalme uma
aflição...

A escola deve estimular o desenvolvimento e valores da leitura com livros adequados


com cada faixa etária, propor vivências do cotidiano familiar, predominar imagem sem texto
escrito ou com textos, livros com dobraduras simples, contar histórias com roupas máscaras e
objetos caracterizados, as crianças acreditam realmente no contador das histórias, ainda
segundo Abramovich (2006, p.20): “O critério de seleção é do narrador... E o que pode suceder
23

depois depende do quanto ele conhece suas crianças, o momento que estão vivendo, os
referenciais que necessitam e do quanto saia aproveitar o texto [...].”
E o quanto é importantes livros apenas com ilustrações, eles fazem as crianças criarem
sua própria história, aguçam o seu lado criativo e desafiador.
A escola deve organizar um espaço lúdico, onde será aos poucos o que lhe atrai. Nas
mesmas histórias contadas e lá ficarão livros para que cada uma escolha o seu e aos poucos
comece a gostar da leitura, aprendendo concepção Coelho (2000, p.16) diz:

[...] A escola é hoje o espaço privilegiado em que deverão ser lançadas as bases para a
formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de
maneira abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente, a
percepção do real em suas múltiplas significações, a consciência do eu em relação ao
outro, a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente dinamizam o estudo
e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e consciente – condição
sine qua non para a plena realidade do ser [...].

O ato de contar histórias, vivenciadas apenas na primeira infância raramente são


narradas pelos pais, pois ainda pequenos as crianças se envolvem com os meios de
comunicação. Pois os pais ultimamente andam estressados com a correria do dia-a-dia e, com
isso, elas só irão vivenciar o ato de ouvir histórias somente quando forem para as creches ou
iniciarem a alfabetização. Quanto mais histórias a criança ouvir e ler, melhor será o seu
desempenho na hora de contar e escrever sobre o que acontece com ela ou mesmo sobre o que
passa por sua imaginação. E assim também é com o domínio da escrita que será facilitado.
Através da leitura o professor pode ensinar ao aluno ler corretamente e permite que
conduza uma interação social com a criança favorecendo na formação de um leitor crítico. Por
isso, quanto mais cedo elas tiverem contato com os livros, mais cedo as crianças perceberão o
prazer que a leitura produz e maior será a probabilidade de tornar-se um adulto leitor.
Abramovich (2006, p.148) diz que “Importante é explorar, discutir, clarear. Não cobrar. Fazer
vibrar”.
Quando a criança ouve ou lê uma história e tendo ela a capacidade de comentar,
indagar, duvidar ou discutir, realiza-se então uma interação verbal, que neste caso, vem ao
encontro às noções de linguagem. O convívio com o texto literário no processo de formação
possibilita ao aluno o conhecimento de si mesmo, do espaço que ela está inserida no meio
social.
A escola deve considerar a leitura como meio insubstituível para a conscientização e
construção de saberes, buscando estratégias para que todas as crianças tenham um pleno
desenvolvimento da escrita e da leitura, não fazendo da leitura uma prática constante apenas na
24

alfabetização e nas séries iniciais, mas uma prática diária em todas as fases da vida escolar.
Hoje a criança é vista como protagonista de seu desenvolvimento como ser ativo na construção
de seus diferentes saberes.
A escola junto com os profissionais da educação deve organizar criar e adequar, em seu
plano de aulas, propostas e estratégias efetivas de leitura, favoráveis à formação de leitores.
Essa situação torna-se mais presente com o passar dos dias, confirmando como um dos motivos
relacionado à exclusão social e cultural dos membros de uma sociedade detentora de inúmeros
contrastes.
Não podemos afirmar que os livros de literatura infantil, no espaço escolar, trarão à
criança o acesso ao saber, pois a leitura proporciona a integração do aluno ao universo letrado.
Por isso os educadores que desenvolvem atividades com a leitura literária em sala de aula
precisam estar conscientes de sua responsabilidade na formação de leitores literários, pois a
aprendizagem do aluno como leitor literário pode ser bem ou malsucedida. Melo (2015, p.02)
diz que:

[...] Sabemos que a partir do momento em que a criança tem acesso ao mundo da
leitura, ela passa a buscar novos textos literários, faz novas descobertas e
consequentemente amplia a compreensão de si e do mundo que a cerca. Nesse
cenário, professores e coordenadores pedagógicos devem atuar em sintonia,
assegurando que o trabalho com a literatura infantil aconteça de forma dinâmica, por
meio de práticas docentes geradoras de estímulos e capazes de influenciar de maneira
significativa o desenvolvimento de habilidades orais, leitoras e escritoras.

O professor deverá explicitar aos seus alunos que, ao ler, realiza um exercício de
raciocínio, tornando-nos indivíduos praticantes da categoria, sujeitos cultos, justos, solidários,
sábios e criativos. Um profissional da educação sem preparo, desconhecedor de técnicas e
metodologias adequadas, não se efetivará nesse processo. Ao buscar novas práticas leitoras, o
professor obterá oportunidades, sempre renovadas, melhorando, significativamente, estruturas
textuais disponibilizadas em seu dia a dia. A escolha de bons livros, em especial os literários,
favorecerá sua capacidade de criar, sensivelmente, sua individualidade cultural, ainda segundo
Melo (2015, p.02):

As atividades de leitura devem ocorrer desde os primeiros dias de aula, mesmo com
crianças que ainda não conhecem nenhuma letra, pois, por meio da visão e da audição,
elas realizam a leitura de ilustrações e acompanham a leitura do texto feita pelo
professor. Nessa fase inicial, em contato com os livros, elas aprendem a manuseá-los,
a reconhecer suas formas, a perceber a diagramação e iniciam suas experiências com
os modos de composição textual...
25

Porém não basta apenas que os alunos vão à escola em busca apenas de alfabetização, o
saber ler e escrever já não representa avanço em relação às demandas sociais e culturais da
sociedade. É necessário saber fazer uso social da leitura e da escrita em seu cotidiano de forma
lógica, reflexiva e que permita o acesso às informações e conhecimentos necessários ao pleno
desenvolvimento da cidadania em todos os contextos sociais, ainda segundo Melo (2015,
p.02):

Independentemente do tipo de livro que utilizem em sala de aula, orientamos que os


professores destinem pelo menos 25 minutos diários das aulas para proporcionar a
seus alunos um momento de leitura, que pode ser realizado de forma coletiva ou
individual, sistematicamente, não deixando para trabalhar apenas no dia destinado a
atividades de Língua Portuguesa...

A literatura também é lazer, um bom livro é capaz de nos levar a outros mundos, de dar
vida aos nossos sonhos, de nos fazer chorar. Mas, o que mais acontece hoje nas escolas é que o
aluno ao invés de criar o hábito de ler, passa a achar a leitura chata ou desnecessária, isso
acontece quando o professor utiliza o livro de literatura, na escola, com o intuito de ensinar
teorias, fazer análise sintática, atendendo a estruturalismos de forma imposta, com certeza a
leitura será frustrante para o aluno.

2.3 CONTOS INFANTIS: PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS E SUA ATUAÇÃO NO CAMPO


EDUCATIVO

Contar histórias é um recurso utilizado por diversas civilizações no mundo enquanto


manifestação da socialização de códigos morais. Neste sentido, apropriação do ato de contar
histórias foi praticada por culturas clássicas como a grega.
O processo de socialização de histórias se torna um eficaz meio de contextualizar
situações a serem problematizadas. No contexto da educação infantil é essencial enquanto
instrumento que potencializa o desenvolvimento de múltiplas habilidades como atenção,
concentração e abstração.
Compreender os contos de fadas, lendas e parlendas remetem há uma análise sobre suas
origens pelo mundo e pela história social. Os contos de fadas são narrativas antigas, geralmente
mitos difundidos por diferentes povos como meio educativo, sendo eles: Hindus, persas,
gregos, judeus, entre outros. Essas primeiras histórias eram conhecidas como mitos e eram
26

expressões narrativas de conflitos, experiências da vida cotidiana nas suas mais diversas
configurações.
Os contos avançam na história e se fazem presentes em todas as sociedades da nobreza
a condição plebéia, destacando-se durante toda a Idade Média e Moderna até chegar à literatura
de forma geral. Por volta do século XVII, as narrativas foram sendo recontadas por escritores,
como Perrault, La Fontaine e os irmãos Grimm, que lhes deram um estilo mais elegante e as
transcreveram da tradição popular alemã para como as conhecemos hoje.
Eles fazem parte da nossa literatura, socializa conhecimento e sempre repassa alguma
mensagem. Os contos são histórias curtas e simples as quais são repassadas de geração em
geração, e com passar do tempo foram adquirindo diferentes formas, sentidos e contextos.
É no ouvir e no contar, que as crianças desenvolvem seus sentimentos, moral e social.
Os contos devem ser narrados de maneira lúdica, para despertar a imaginação e desenvolver o
entendimento sobre a importância do conto na vida cotidiana. Bettelheim, em seu livro „A
psicanálise dos contos de fadas‟ (2002, p.19), diz:

Só partindo para o mundo é que o herói dos contos de fada (a criança) pode se
encontrar; e fazendo-o, encontrará também o outro com quem será capaz de viver feliz
para sempre; isto é, sem nunca mais ter de experimentar a ansiedade de separação. O
conto de fadas é orientado para o futuro e guia a criança – em termos que ela pode
entender tanto na sua mente inconsciente quanto consciente – a ao abandonar seus
desejos de dependência infantil e conseguir uma existência mais satisfatoriamente
independente.

Como podemos observar acima, o ato de contar histórias possibilita que o herói se
personifique em quem ouve a história, automaticamente orientando para o futuro moral e
social. Bettelheim (2002) compreende que os contos de fadas ao serem trabalhados na
formação de contação possibilitam que os indivíduos vivenciem a história e aprendam com
seus erros e acertos, tal como, na antiguidade e fase medieval era feito pelos poetas e cântaros
de rua, ou seja, os chamados poetas raposos.
Sendo assim, alguns dos contos tradicionais populares reinam valores e princípios, são
apresentados de modo simbólico, muito dos fundamentos dos contos serve de inspiração para o
viver, entender conceitos para a nossa realidade. Sendo assim Bettelheim (2002, p.7):

É característico dos contos de fadas colocar um dilema existencial de forma breve e


categórica. Isto permite a criança aprender o problema em sua forma mais essencial,
onde uma trama mais complexa confundiria o assunto para ela. O conto de fadas
simplifica todas as situações. Suas figuras são esboçadas claramente; e detalhes, a
menos que muito importantes, são eliminados. Todos os personagens são mais típicos
do que únicos.
27

De acordo com Bettelheim no trecho acima, os contos de fadas simplificam a realidade,


possibilitando o entendimento. Segundo Coelho (2000), o mito perde-se nos princípios dos
tempos e são narrativas que nos falam de deuses, duendes e heróis fabulosos ou de situações
em que o sobrenatural domina, mas sua verdade está nas formas de lidar com a vida prática, ou
seja, com as ações morais e éticos da sociedade.
Os contos também são caracterizados por virem de tradições orais, de diversas culturas
do folclore, onde esses contos não possuíam fadas. Eram contos diferentes, pelo qual, eram
compostas por vinganças, mutilações, tortura entre outras. Nos dias de hoje são repassados
como pontos positivos cheios de esperança e de amor. Em análise a origem dos contos percebe-
se as profundas alterações, pois como já citado, antigamente os contos causavam um impacto
negativo, não havia preocupação com a parte lúdica que hoje é tão importante para a formação
das crianças.
Através dos contos de fadas, o aprendizado acontece quando repassam um valor
significativo para as crianças. Devemos despertar o valor da imaginação, o mundo de fantasia.
As histórias através dos contos de fadas são uma da maneira mais significativa que a
humanidade encontrou para expressar suas experiências, na qual é de suma importância, o ato
de contar um conto tem uma função importante para a formação humana e educacional, para
todas as idades da criança ao adulto onde Tatar (2004, p.12) também comenta sobre a
importância que contar um conto de fadas pode ter para o relacionamento de crianças e adultos:

Por meio de histórias, adultos podem conversar com crianças sobre o que é importante
em suas vidas, sobre questões que vão do medo do abandono e da morte a fantasias de
vingança e triunfos que levam a finais “felizes para sempre”. Enquanto olham figuras,
lêem episódios e viram páginas, adultos e crianças podem estabelecer o que a crítica
cultural Ellen Handler-Spitz chama “leitura interativa”, diálogos que ponderam os
efeitos da história e oferecem orientação para o pensamento sobre assuntos similares
do mundo real. Esse tipo de leitura pode assumir muitas feições diferentes: séria,
brincalhona, meditativa, didática, empática ou intelectual.

No trecho acima, Tatar (2004) explica que através da prática de contar histórias assuntos
de seriedade podem ser transliterados para o entendimento da criança, fato que possibilita sua
participação e compreensão. Os contos infantis sofreram influencias dos padrões sociais da
época, muitos acreditavam que os contos foram escritos para certo público alvo, que nesse caso
seria o grupo do público infantil. Deste modo a criança trabalha os seus sentidos e
sentimentos, tristeza, raiva, insegurança, alegria, tranquilidade, angústia, ansiedade e medo. É
através do exercício de faz-de-conta que a criança lida com seus sentimentos e imaginações. Os
personagens dos contos sempre retratam seu caráter sendo eles bonitos, feios, pobres ou ricos,
28

são importantes para as crianças, através disto eles podem ter sua própria visão de mundo, que
está sempre em constante mudança. Sob está situação, Bettelheim (2002, p. 82) afirma:

Quando todos os pensamentos mágicos da criança estão personificados num bom


conto de fadas – seus desejos destrutivos, numa bruxa malvada; seus medos, num lobo
voraz; as exigências de sua consciência, num homem sábio encontrado numa
aventura, suas raivas ciumentas, em algum animal que bica os olhos de seus
arquirrivais – então a criança pode finalmente começar a ordenar essas tendências
contraditórias. Isto começado, a criança ficará cada vez menos engolfada pelo caos
não manejável.

Bettelheim, no trecho acima, ilustra a materialização dos personagens como fonte de


criticidade na criança e até no adulto, pois ao pensar sobre a história o comportamento dos
personagens se podem estabelecer paralelos de observação e reflexão moral sobre o certo e
errado. Historicamente os contos no início não eram destinados às crianças, mas a sociedade
dos adultos como entretenimento ou como forma de mostrar feitos da cultura local.
É no mundo imaginário que a criança, pode iniciar a reflexão, desde o inicio da vida
escolar, aonde através do conto, a criança tem como auxilio, onde o texto literário possibilita
superar e proporcionar muitos dos seus pontos afetivos, medos, alegrias e frustrações.
Com o passar do tempo que descobre que os Contos interagem com nossa mente
independentemente da idade, ajudam crianças e idosos a interpretarem e interagir com a
sociedade e a si próprio pode analisar também que cada conto nos repassa uma lição, se
usarmos o conto de modo consciente podem ajudar as pessoas a resolverem seus problemas
emocionais de forma prazerosa. Nesse sentido, Bettelheim (2002, p. 32) afirma:

Os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a


criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, e também sugerem as
experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o caráter. Os contos de
fadas declaram que uma vida compensadora e boa está ao alcance da pessoa apesar da
adversidade – mas somente se ela não se intimidar com as lutas do destino, sem as
quais não se adquire verdadeira identidade. Estas estórias prometem à criança que, se
ela ousar se engajar nesta busca atemorizante, os poderes benevolentes virão em sua
ajuda, e ela o conseguirá.

Acima, Bettelheim enfatiza que os contos de fada possibilitam o exercício do conflito


pessoal na constituição do caráter. De forma geral, os contos permitem a condição de
esperança, ou seja, mesmo nas adversidades perseverar é uma necessidade, neste sentido, o
conto de fadas e a contação de histórias se tornam um instrumento de empoderamento dos
sujeitos.
As crianças quando estão em contato com a literatura, somente no ouvir ela passa a criar
sua própria imaginação, sempre possibilitando novas descobertas. Apesar dos contos serem
29

irreais, não significa que são falsos, pois a narração é participação do narrativo acontece na
vida real.
A criança pode compreender que em nosso dia a dia lidamos com sentimentos bons e
ruins e, desde os primórdios, as sociedades utilizam os contos com finalidades educativas seja
para instruir encorajando empreendedorismo ou para desencorajar práticas que não sejam
adequadas, porém de uma forma ou de outra, estaremos sempre ouvindo em algum momento:
[...] era uma vez!
Quando as crianças têm contato com o mundo da contação de história, é executado o ato
de compreender o mundo, pois ler e ouvir histórias são, antes de tudo, compreender, e
compreender é ser. As histórias são instrumentos pedagógicos com muitos poderes, o conto de
fadas é utilizado há bastante tempo nas escolas como instrumento pedagógico, mas cave ao
educador saber administrar e trabalhar com um meio que atraia os alunos para o meio lúdico,
criativos e imaginários das histórias.
A história ao ser contada com a oralidade permite a interação entre o contador e o seu
publico ouvinte, um dos principais objetivos de contar uma história é estimular a imaginação e
ao mesmo tempo um momento de diversão. Hoje em dia ainda muitos dos educadores não
descobriram o quanto as histórias podem ajudar; muitos apenas utilizam, apenas para acalmar
os alunos e não veem as possibilidades que pode acontecer por trás de uma simples história.
Acredito que o momento de contar histórias e também o trabalho que se possa fazer
com elas têm uma função, digamos, em si e ao mesmo tempo uma função ligada ao papel que o
exercício da imaginação desempenha no processo de construção de conhecimento como um
todo.
Assim, desde antigamente, o ser humano narrava suas histórias de modo que transmitia
seus valores culturais, espirituais e morais. Um bom e velho adulto todo nós sentimos
necessidade de ouvir e também contar histórias, para compreender o que ela nos transmite
dependendo o ponto de vista de cada um a história pode transformar o nosso dia como também
a vida de uma pessoa. As histórias são método de instrumentos preciosos, muitas das histórias
transmitem e descrevem os medos, as angústias, os enigmas, os questionamentos da nossa vida
(TATAR, 2004).
O homem desde os princípios primórdios sempre buscou identificar e saber sobre suas
origens, o porquê da sua existência em fim, para compreender o sentido de sua existência. Na
mitologia grega, variadas histórias eram contadas principalmente as que hoje conhecemos
como as histórias populares na qual eram contadas no intuito com a intenção de repassar,
explicar a compreensão de criação do mundo.
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Apesar de serem simbólicos na educação, não eram destinadas às crianças, pois suas
histórias continham conteúdos sobre adultério, canibalismo e/ou incesto. Esses contos narravam
o destino dos homens, eles eram contados por relatores que herdavam essa função de seu
antepassado, sendo uma tradição de seu povo.
A valorização da infância se deu no início na Revolução Industrial, no século XVIII,
quando a burguesia se estabilizou como classe social e buscou instituições que estivessem a seu
favor. A primeira instituição, nesse momento, é a família, nela se tentou manter as divisões de
trabalho, como por exemplo, o pai com o papel de apoiar financeiramente e a mãe gerenciar as
atividades domésticas. Com essas atividades pré-estabelecidas pela sociedade burguesa, quem
se beneficiava por esse esforço conjunto era a criança (TATAR, 2004).
A criança passa a ter um novo papel, e com isso surgiram novas ferramentas e
mecanismos que auxiliavam na valorização da vida infantil, como os brinquedos, os livros, a
psicologia infantil, a pedagogia e a pediatria. Porém essa valorização vem de uma natureza
simbólica na qual buscavam idealizar uma imagem de criança perante a sociedade, sendo assim
a infância era de interesse dos adultos.
A literatura infantil trouxe marcas evidentes desse período da Revolução Industrial, por
ser uma sociedade que cresce por meio da industrialização, as obras literárias infantis
transformaram em mercadoria.
Com o tempo e a valorização da vida infantil, esses contos foram modificados para
amparar a vida imaginária das crianças, assim, construídas histórias populares baseadas na
cultura que as cercavam. Esses contos com essa abordagem atual teve origem na Europa no
final do século XVII e tinha como característica personagens que enfrentavam grandes batalhas
e desafios com o intuito de vencer o mal (BETTELHEIM, 2002).
A prática de leitura de contos de fadas nas escolas acontece no mundo há milhares de
anos, porém diversos professores ainda não conseguiram descobrir a sua importância em sua
missão de educadores. Os contos têm a função de incentivo à leitura para as crianças, pois
possui o objetivo de transmitir valores, que determinam certas atitudes, possibilitando a melhor
convivência entre os alunos no âmbito escolar.
As histórias desenvolvidas em sala de aula pelos alunos ou professores permitem
perceber que as crianças utilizam estados afetivos dessemelhantes aos do seu meio social,
fazendo assim com que a presença dos contos na sala de aula possa ser uma grande estimulação
a aprendizagem da leitura. A criança, ao adquirir gosto pela leitura, se desenvolverá melhor na
escrita e ampliará seu conhecimento de informação.
31

2.3.1 Características dos contos infantis e a importância dos contos no desenvolvimento


infantil

Os contos de fadas caracterizam-se por possuir uma simbologia fixa, já estruturada, com
personagens simples e fáceis de serem compreendidos pelas crianças. Entretanto, o que garante
o sucesso dos contos de fadas (das versões que contamos atualmente), entre as crianças, é a
utilização de problemas reais e o final sempre feliz, facilitando assim a identificação da criança
com as histórias.
Os personagens são simples. São seres que apresentam qualidades ou defeitos
exageradamente destacados. Entre os tipos figuram os pais, a madrasta, a avó, as cortes do rei,
os trabalhadores que entram em alguns contos como povo que sofre e batalha, as bruxas, os
monstros e as fadas.
Quanto à estrutura dos contos de fadas é extremamente simples, o que talvez contribua
para seu sucesso junto às crianças. A narrativa inicia com uma situação de equilíbrio, que é
alterada pelo conflito por parte do herói. A seguir a personagem, com a ajuda dos seres ou
objetos mágicos, vence os obstáculos saindo vitoriosa e garantindo um final feliz.
O encantamento proporcionado pelos contos de fadas que gera na criança o momento de
imaginação, onde se torna possível o desenvolvimento de habilidades e opiniões mais expostas.
Assim, mesmo apresentando essa grande importância na composição e na formação da criança,
observa-se que a literatura infantil não é muito trabalhada nas escolas e em ambiente social,
sendo que quando usada é mostrada apenas como entretenimento. Cecília Meireles (1979, p.
64) permite o entendimento claro dessa importância da literatura infantil na educação da
criança:

Insistimos na permanência do tradicional na literatura infantil, tanto oral quanto como


escrito, porque por ele vemos um caminho de comunicação humana desde a infância
que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação. Por
essa comunhão de histórias, que é uma comunhão de ensinamentos, de estilos de
pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma
sociabilidade que tanto se discute. A literatura tradicional apresenta esta
particularidade: sendo diversa em cada país, é a mesma no mundo todo.

Para a Educação Infantil a leitura dos contos de fadas é uma atividade importante, tendo
assim que é de responsabilidade do professor observar como as crianças estão se interagindo
com a história narrada, pois ao realizar a narrativa a criança passa a ter o livro como um amigo,
responsável pela mediação de uma história que a levará ao mundo de fantasia, o que se torna
muito importante ao seu desenvolvimento. Ainda segundo Meireles (1979, p. 64):
32

É que a mesma experiência humana sofre transformações regionais, sem por isso
deixar de ser igual nos seus impulsos e idênticas nos seus resultados. Se cada um
conhecer bem a herança tradicional do seu povo, é certo que se admirará com a
semelhança que encontra, confrontando-a com a dos outros povos. [...] É um
humanismo básico, uma linguagem comum, um elo entre as raças e os séculos.

Ao contar história para a criança, se torna uma arte e através dela se equilibra o ouvir e
o sentir, somente com o uso harmônico da voz. A autora relata que um professor não deve
simplesmente pegar um conto e começar a ler sem um breve conhecimento antes, pois isso não
se torna positivo.
Abramovich (2006) descreve que é de extrema importância que para se ler um conto é
necessário saber como realizar a leitura, pois são nesse momento que acontecem várias
aprendizagens, novas palavras, músicas.
Através do conto de fadas e do contar histórias podemos trabalhar de diferentes modos o
cotidiano e, torna-se possível despertar o prazer de ouvir. Para a formação da criança, é
importante, pois estimula vários pontos do desenvolvimento da criança sendo elas: a
criatividade, leitura, imaginação, os contos passam a ser um veículo de comunicação entre elas.
O mundo do faz de conta não permite apenas a entrada no mundo imaginário, pois os
conteúdos imaginários provem de vivências anteriores que as crianças adquiriram. Sendo
assim, permite-se imaginar situações e viajar na história sendo contada pelo professor, porém
contar histórias é viajar num mundo, onde tudo é permitido, sendo que as fantasias do faz de
conta vira criatividade, além disso, podemos expandir o vocabulário e imaginação da criança, a
parte lúdica tem uma essencial importância.
O faz de conta pode ser um aliado na sala de aula juntamente com a contação de
historia, explorando e atendendo as diversidades das crianças na fase mais importante, a do
desenvolvimento, promovendo ricas aprendizagens sempre aproveitando os conhecimentos e
ideias dos alunos, aprendendo e ensinando de forma prazerosa tanto para o professor quanto
para nossos pequenos, precisa-se reacender a chama do ensinar de forma lúdica. Cunha (2007,
p. 23) explica:

Às vezes, o faz-de-conta não imita a realidade, mas ao contrário, é um meio de sair


dela, um jeito de assumir um novo estado de espírito, como, por exemplo, quando a
criança veste uma fantasia de palhaço e vai para o fogão fazer comidinha, ou então,
veste a fantasia de fada e vai correr e brincar de pegador. Quando existe representação
de uma determinada situação, (especialmente se houver verbalização), a imaginação é
desafiada pela busca de soluções para os problemas criados pela vivência dos papéis
assumidos. As situações imaginárias estimulam a inteligência e desenvolvem a
criatividade.
33

No trecho acima, Cunha demonstra que nem sempre o faz de conta provocada pela
contação de histórias imita o real, às vezes sua função é possibilitar a fuga da situação abrindo
alento para outra maneira de pensar e viver a situação. Deste modo, o educador em sala de aula
deve sempre conciliar o brincar com o faz de conta, na educação infantil, e trabalhar as partes:
psicológicas, motoras, cognitivas e sociais da criança.
A brincadeira faz parte do meio de aprendizagem infantil onde seu desenvolvimento
pode alcançar níveis de diferentes complexibilidades, exatamente para possibilitar a interação
entre os pares em uma situação imaginaria em uma negociação de regras e convivências e de
conteúdos temáticos.
A criança necessita viver experiências e que sejam repassadas a ela sugestões
simbólicas da vida. No mundo do faz de conta existe o bem e o mal, sendo repassados os
contos isso possibilita à oportunidade para a criança criar relações com seus próprios
sentimentos, e saber que existem as derrotas e as vitórias.
Os contos de fadas são importantes para a formação e a aprendizagem das crianças. As
histórias contribuem para o início da aprendizagem, prepara o aluno para ser um „bom ouvinte‟
e um „bom leitor‟, mostrando um caminho diferente de novas descobertas do mundo.
Conciliando o faz de conta com o brincar, os educadores podem desenvolver múltiplas
habilidades e competências, neste sentido, Bettelheim (2002, p, 20) traz considerações
importantes sobre alguns aspectos essências que devem ser priorizados e utilizados nas
cotações de histórias, vejamos:

Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e
despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida deve estimular-lhe a
imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções: estar
harmonizadas com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas
dificuldades e ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam.
Resumindo, deve de uma só vez se relacionar com todos os aspectos de sua
personalidade-e isso sem nunca menosprezar a criança, buscando dar inteiro crédito a
seus predicamentos e, simultaneamente, promovendo a confiança nela mesma e no seu
futuro.

Bettelheim, no trecho acima, enfatiza a importância dos contos de fada e


automaticamente do ato de contar histórias projetar o futuro, permitindo o despertar da
curiosidade e da vontade de participar da história. A criança e seu pensamento se potencializam
a partir de suas ações e através do brincar, na qual desenvolverá seus sentimentos de forma
lúdica. As crianças têm uma capacidade enorme de expressão de imaginar e representar, sendo
assim, os educadores precisam proporcionar, ensinando o brincar, com o objetivo e a
importância no desenvolvimento infantil.
34

Portanto, o faz de conta é um momento onde a criança tem possibilidades de criar


explorar a imaginação, logo, a contação de histórias se coloca como instrumento educacional e
seus benefícios são variados e ainda nem todos descobertos.

2.4 PRÁTICAS QUE OS PROFESSORES DEVEM ADOTAR PARA A CONTAÇÃO DE


HISTÓRIAS

O grande segredo para ser um bom contador de histórias é ler muito, ler tudo e não ter
pressa para contar a história. Quem conta deve estar disposta a criar uma cumplicidade entre a
história e o ouvinte, oferecendo espaços para a criança se envolver e não pode nunca ser um
repetidor mecânico do texto que ele escolheu contar.
O professor que conta história, abre as portas da imaginação infantil, levando a criança
para um mundo maravilhoso e mágico, repleto de ternura, carinho e suspense. Portanto, ao
contar uma história o professor deve conhecer bem o enredo, pois assim estará se envolvendo
com o tema, vivendo-o e emocionando-se. É importante também ter uma voz clara e agradável,
que se modifica de acordo com a situação e os personagens. Dosar e não exagerar na carga de
emoção.
O professor deve narrar contos que apresentem repetições, diálogos, sons, etc., pois as
crianças adoram participar ativamente da história repetindo palavras, imitando sons e as vozes
de animais. Na hora do conto, o professor deve ser capaz de transformar o clima em mágico,
fazendo com que o aluno, de uma forma descontraída, concentre se e consiga descobrir outros
tempos, lugares e culturas.
Narrar à história de forma descontraída, é uma maneira de prender a atenção das
crianças, com narrativas curtas e atraentes, usando a entonação da voz, falar baixinho quando o
personagem é calmo, aumentar o tom de voz quando é exaltado. Também se podem usar
recursos variados para ajudar no sucesso da narrativa.
Cabe ao professor aprimorar seu conhecimento e habilidades para contar histórias às
crianças. Na contação de histórias, o corpo e as mãos são ingredientes importantes, ajudam a
expressar as idéias. Porém, não se deve nunca exagerar nos gestos, eles devem ser simples e
expressivos. O professor deve ler e estudar a história antes de contá-la e segurar o livro com
cuidado, à altura dos olhos das crianças. Os instrumentos musicais também podem ser usados
para dar mais vida e enriquecer a hora do conto.
35

2.4.1 Habilidades de linguagem

A linguagem humana é uma habilidade técnica, que através dela podem-se construir
vários conceitos. Sendo a linguagem correspondente a comunicação em diferentes eventos
mentais ou comportamentais, o meio para expressar ideias, transmitir sons, linguagem comum,
gramatical, a linguagem propicia afirmações do comportamento cognitivo superior, elas
auxiliam no caminho da fala e na maneira como o indivíduo se relacionam com outras pessoas.
Coelho (2000) afirma que através da história contada podemos realizar as estimulações da
linguagem em todas as variações sejam orais, expressiva corporal e principalmente lúdica.
O desenvolvimento da linguagem é potencializado através da contação de histórias que
em sua prática também contribui na habilidade auditiva e reflexiva. Assim, segundo Coelho
(2000), a contação de histórias se institui novamente como importante componente do processo
educativo e não pode ser deixada de lado em nenhuma das etapas do aprendizado.
É muito importante que desde cedo à criança tenha contato com a leitura e contação de
história proporcionando esse momento de contato com a linguagem, o que ajuda a criança na
diminuição no risco de atraso no desenvolvimento de sua linguagem. Proporcionando
momentos de leitura.

2.4. 2 Habilidades de Corporeidade

A corporeidade está relacionada em meio de uma forma de expressão, na totalidade do


ser humano, em que corpo, vive a razão, emoções, sensações e sentimentos. Enfatizando
que a corporeidade é voltar os sentidos para sentir a vida. O professor é responsável pela
estimulação do desenvolvimento da criança aspectos cognitivo, físico e afetivo sociais durante
o ensino infantil da criança.
Desde o nascimento da criança, na qual já começa seu desenvolvimento motor definido
como toda alteração no movimento conforme a sua idade, o desenvolvimento motor passa por
três aspectos o físico, o cognitivo e o social, o físico dando mudanças no corpo criando as
habilidades motoras, onde desde cedo o educador deve proporcionar vivencias novas,
explorando ambiente algo novo prazeroso, ajudando na aprendizagem motora da criança entre
outros benefícios. Segundo Moreira (1995, p.31):
36

Corporeidade é voltar os sentidos para sentir a vida; olhar o belo e respeitar o não tão
belo; cheirar o odor agradável e batalhar para não haver podridão; escutar palavras de
incentivo, carinho, de ir ao encontro, e ao mesmo tempo buscar silenciar, ou pelo
menos não gritar, nos momentos de exacerbação da racionalidade e do confronto;
tocar tudo com o cuidado e a maneira como gostaria de ser tocado; saborear temperos
bem preparados, discernindo seus componentes sem a preocupação de isolá-los,
remetendo essa experiência a outras no sentido de tornar a vida mais saborosa e daí
transformar sabor em saber.

Como visto no trecho acima, Moreira problematiza a corporeidade enquanto


manifestação do contato da mente com o mundo através do princípio de sentir a vida. A
corporeidade envolve apropriação do mundo através do processo de utilização do corpo e dos
sentidos, neste processo encontram-se diversos desafios e possibilidades educacionais.
Corporeidade educativa, como afirma Coelho (2000), envolve o processo de ensino e
aprendizagem de como a professora conduz a sua aula, pois isso faz a total diferença, uma vez
que, a escola é a preparação para a vida de cada individuo.
Desta maneira, os educadores devem possuir a plena consciência do valor da corporeidade para
um aprendizado significativo.
A contação, jogos, brincadeiras tem um valor fundamental e significativo na vida da
criança, onde ela mesma se introduz em processo de construção que é auxiliada por ela mesma.
Nosso corpo, principalmente das crianças que estão na fase inicial, passam por diversas
descobertas, onde elas descobrem suas capacidades com o corpo e mente capacidades que o seu
corpo tem de desenvolver um movimento que são chamados de coordenação motora.
A criança estabelece entre o seu corpo relações movimentos, o importante não é saber
desenvolve-la, mas o que quer que seja desenvolvido tendo um objetivo sempre e tendo
resultados positivos. Sendo que trabalhar essas atividades que estimulem as habilidades das
crianças desde o inicio da fase de desenvolvimento, pode ser apenas um auxilio a mais
futuramente para que saiba como usar suas habilidades socialmente.
Nos dias de hoje necessitamos de uma educação que seja um pouco mais voltada para a
formação integral do ser humano desde fase inicial, que trabalhe desde o inicio da vida afetiva,
que leve em consideração pensamento que envolva mais o corpo, sentimentos que auxilie na
capacitação de uma vivencia na sociedade.
Na educação muitas vezes dificulta olhar o corpo na educação, necessita-se de que o
educador se inserir em novos paradigmas, onde o conhecimento não seja fragmentado, mas que
se torne mais interdependente e interligado na base sobre trabalhar o corpo na qual a sua
unidade principalmente é levar em fato a unidade cérebro, mente e corpo.
37

2.4.3 Habilidades Interpessoais

A habilidade interpessoal é configuração da maneira como nos relacionamos com as


pessoas ao nosso redor. Está relação pode gerar resultados positivos e, a partir disto, é possível
desenvolver essa habilidade através do trabalho em conjunto nos tornando ágeis na solução de
qualquer problema.
Sendo que é uma das habilidades mais difícil de trabalhar no meio escolar, pois muitas
crianças possuem bloqueios, e tem casos que fica difícil trabalhar com assuntos que relacionam
sentimentos, até mesmo o contato com o próximo.
Ter habilidades interpessoais traz muitos benefícios, pois possibilita a pessoa se
socializar fazer amigos viver de uma melhor forma assim como falta de tais habilidades pode
tornar as pessoas infelizes. Trabalhando desde então diversas habilidades como, por exemplo:
comunicação verbal e não verbal, saber ouvir, saber questionar, o indivíduo podendo identificar
essas habilidades dela mesma, gerando interação é preciso conciliar o lúdico. Segundo Freire
(2000, p.96):

[...] o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade
do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de
ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e
vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.

Segundo o trecho acima, os autores demonstram a relevância do trabalho em equipe do


desenvolvimento consequente da interpessoalidade enquanto habilidade. Essa habilidade pode
ser potencializada e até mesmo adquirida através da contação de história, uma vez que se pode
constatar que ajuda na auxilio da imaginação e criatividade para poder resolver propostas e
problemas, é muito importante relembrar que essa habilidade a criança vai possuindo ao logo
do tempo por isso a criança deve estar sempre em constate aprendizagem.
E os professores são a ferramenta fundamental nesse processo, pois são os professores
que percebem as habilidades interpessoais que cada aluno possui , porem contribui para a
formação pessoal e social.

2.5 LITERATURA E A IMPORTÂNCIA DO CONTATO DIRETO COM A BIBLIOTECA

A biblioteca infantil é uma instituição que abriga um leque de atividades desenvolvidas


não só para crianças e adolescentes, mas para a sociedade em que ela está inserida. Com intuito
38

de fazer com quer estes usuários criem um hábito pela leitura, a biblioteca nós dar um ambiente
onde podemos adquirir e absorver informações. Além disso, também podemos esquecer-nos
dos problemas do dia-dia e adentrar no mundo do saber através dos livros.
A biblioteca infantil é um espaço lúdico por excelência, pois é o lugar de brincar com os
livros e com as letras, do faz de conta, do contar e do ouvir histórias. É o local onde se pode
dançar desenhar e ouvir músicas, ela deve ser um convite a brincadeiras, viajar no mundo da
imaginação.
O contato com o livro possibilita o desenvolvimento da linguagem, cultural e cognitivo
nas crianças, pois estabelece novos padrões de raciocínio abrindo novos espaços através dos
quais as crianças possam se expressar exercitando a criatividade. Nesse sentido, viabiliza a
produção do conhecimento a partir do crescimento do seu repertorio cultural tendo acesso a
outras visões de mundo que possibilitem estabelecer novas relações com o mundo que o cerca.
É importante estimular a leitura na criança como uma experiência valiosa e prazerosa.
Isso será uma grande fonte de satisfação tanto para as crianças quanto para os adultos que as
acompanharem nesta aventura.
Os avanços tecnológicos e as contínuas mudanças sociais reivindicam processos
educativos mais criativos e mais dinâmicos que se realizam à medida que possibilitam à criança
uma educação permanente. Não é o bastante a criança saber ler, se não encontrar o que ler,
onde e que tipo de atividades da Biblioteca a desperta para o desejo de continuar a ler. Sendo
assim, o objetivo máximo a ser atingido pela biblioteca infantil a oferecer jogos e atividades,
deve ser a aquisição de conhecimentos que tenha por base a leitura, a qual acrescente algo de
valor aos jovens.
As atividades de lazer desenvolvidas na biblioteca que têm como objetivo atrair as
crianças e desenvolver a integração, tais como: jogos de xadrez, gamão, damas, ludo, quebra-
cabeças, jogos de memória. Essa secção precisa, no entanto, da assistência contínua da
bibliotecária, a fim de que os competidores, no entusiasmo da brincadeira, não perturbem o
silêncio necessário em uma sala de leitura.
3. O QUE É ALFABETIZAÇÃO?

Uma das palavras que está presente na alfabetização sem dúvida é o alfabeto. É em
torno dele que se desenvolve o processo de alfabetização. O surgimento do alfabeto exigiu que
se desenvolvessem estratégias de ensino e de aprendizagem, a fim de que se possa conhecer
este sistema de escrita.
A alfabetização é um processo amplo, pois abrangem aspectos linguísticos,
psicolinguísticos, sociolinguísticos... Alfabetizar demanda muitos conhecimentos sobre esta
área fundamental na vida das pessoas. Os alfabetizadores são profissionais que devem estar
preparados para ensinar o nosso sistema de escrita. E assim, há a necessidade de que conheçam
amplamente os vários aspectos referentes à alfabetização. Pois é um campo aberto, no qual o
conflito entre teorias é fundamental para o progresso do conhecimento.
Alfabetização é à base de todo o processo de ensino aprendizagem, podendo ser iniciado
já na educação infantil. Para tanto, as escolas e as instituições de educação infantil devem
dialogar entre si para falarem a mesma linguagem e refletirem sobre a complexidade desse
processo, uma vez que muitos professores não encontram dificuldades em dar continuidade ao
processo.
O processo de alfabetização, para ter sucesso, deve partir do vocabulário da criança,
para que assim possa opinar e compreender as ideias. O primeiro contato da criança com o
símbolo gráfico deve estar associado à imagem visual. É importante levar em conta a
compreensão sobre as visões de mundo, de homem e de sociedade que elas têm desde a
concepção para que o professor possa decidir de um modo mais crítico e consciente, sobre os
quais, os ajudarão a realizar os fins de uma educação formada da cidadania de nossos
aprendizes. Para Street (2003, p. 02):

[...] O conceito de práticas de letramento nesses e noutros contextos não é apenas uma
tentativa de lidar com os eventos e os padrões de atividade concernentes aos eventos
de letramento, mas de os ligar a algo mais amplo de natureza sociocultural. [...]
Observei que enquanto parte integrante dessa ampliação, por exemplo, trazemos ao
evento de letramento conceitos e modelos sociais concernentes ao que é, faz funcionar
e dá sentido à natureza do evento. As práticas de letramento referem-se então a uma
concepção cultural mais ampla de determinadas formas de pensar, fazer leituras e
escrever em contextos culturais. Uma questão chave, no nível tanto metodológico
quanto empírico, é então como podemos caracterizar a mudança do observar os
eventos de letramento ao conceituar as práticas de letramento [...].

Segundo o autor acima os rabiscos, os desenhos, os jogos e as brincadeiras de faz de


conta representam a fase inicial da aprendizagem da língua escrita, é a fase do lúdico. Portanto,
atividades presentes nessa etapa de ensino lúdico como a repetição de parlendas. A brincadeira
40

com frases e versos trava-línguas e as cantigas de roda constroem passos em direção à


alfabetização. Isso porque essas atividades propiciam o desenvolvimento da consciência
fonológica, aspecto fundamental para a compreensão do princípio alfabético.
A função pedagógica da pré-escola envolve o favorecimento de novas aprendizagens,
considerando as crianças como parte da totalidade que as envolve. Todas as atividades
desenvolvidas nessa etapa de ensino antecedem de alguma forma, a aprendizagem das técnicas
de leitura e escrita beneficiando o processo de alfabetização.
A criança para se alfabetizar terá que interagir com outras pessoas, ter contato com
textos de diferentes gêneros disponíveis na sociedade e, produzir seus próprios textos. Na
medida em que a alfabetização recebe novos entendimentos e novas dimensões, principalmente
quando é compreendida como um conhecimento importante para a sociedade e, também para a
inserção da criança nesta sociedade, vai exigindo uma escola mais comprometida com este
entendimento, o que implica em práticas adequadas e de profissionais preparados para dar
conta desta aprendizagem.
A alfabetização é definida por Soares (2004, p. 46) como “a ação de ensinar/aprender a
ler e a escrever”. Isto é, uma pessoa alfabetizada é aquela que “adquiriu as tecnologias do ler e
escrever de modo a envolver-se nas práticas sociais de leitura e escrita”.
Assim, tornar-se alfabetizado trazendo consequências sobre o indivíduo, alterando o
seu estado ou condição social, uma vez que “a introdução da escrita em um grupo até então
ágrafo tem sobre esse grupo efeitos de natureza social, cultural, política, econômica,
linguística”. O “estado” ou “condição” que o indivíduo ou grupo social passa a ter sob o
impacto dessas mudanças é que é designado por letramento (SOARES, 2004, p.48).
A criança para se alfabetizar terá que interagir com outras pessoas, ter contato com
muitos textos de diferentes gêneros disponíveis na sociedade e, produzir seus próprios textos.
Na medida em que a alfabetização recebe novos entendimentos e novas dimensões,
principalmente quando é compreendida como um conhecimento importante para a sociedade e,
também para a inserção da criança nesta sociedade, vai exigindo uma escola mais
comprometida com este entendimento, o que implica em práticas adequadas e de profissionais
preparados.
Alfabetizar é muito mais que dar aulas, é mais do que repassar conteúdos, é mais do que
estar ali para atender as exigências legais do mundo escolarizado, é sim querer atuar neste
espaço de forma interativa, midiatizado pela história, cultura e sociedade, é construir uma
escola mais inclusiva, mais humana e solidária e querer estar no mundo e nele fazer história.
Deste modo (STREET, 2003 p. 2):
41

O conceito de práticas de letramento nesses e noutros contextos não é apenas uma


tentativa de lidar com os eventos e os padrões de atividade concernentes aos eventos
de letramento, mas de os ligar a algo mais amplo de natureza sociocultural. [...]
Observei que enquanto parte integrante dessa ampliação, por exemplo, trazemos ao
evento de letramento conceitos e modelos sociais concernentes ao que é, faz funcionar
e dá sentido à natureza do evento. As práticas de letramento referem-se então a uma
concepção cultural mais ampla de determinadas formas de pensar, fazer leituras e
escrever em contextos culturais. Uma questão chave, no nível tanto metodológico
quanto empírico, é então como podemos caracterizar a mudança do observar os
eventos de letramento ao conceituar as práticas de letramento.

Conforme Street afirma acima, o ensino da leitura e da escrita deve ser entendido como prática
de um sujeito agindo sobre o mundo para transformá-lo, afirmando, desta forma, sua liberdade.
Linguagem é o sistema simbólico básico de todos os grupos humanos. Ela fornece
conceitos, formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do
conhecimento. É por meio dela que as funções mentais são socialmente formadas e
culturalmente transmitidas, segundo Jung (2012, p.7):

A linguagem é instrumento de comunicação. Essa concepção é proveniente da teoria


da comunicação. Nessa teoria, a língua é vista como um código, que pretende
transmitir uma mensagem a um receptor. Contudo, perde-se nessa concepção a visão
de que quem faz uso da linguagem está inserido em contextos de vida que mudam
constantemente, o que interfere no uso da linguagem. Por meio dessa concepção
parece que a linguagem é tida como uma ferramenta pronta e acabada que está
disponível quando necessário.

Jung cita que a necessidade historicamente determinada fez que o homem inventasse
meios mais e mais desenvolvidos de representar o que queria transmitir, tanto no que tange à
linguagem quanto aos símbolos. A escrita foi buscada sempre numa evolução do mais
complicado ao mais simples, pois isso provocaria simplificação, economia e agilidade.
A linguagem oral tem uma função prática imprescindível na vida humana e social. É
uma habilidade construída socialmente, a criança ensaia desde o primeiro momento de sua
vida. A relação de comunicação no primeiro ano ocorre por meio de troca de experiências
interpessoais com familiares e professores.
Desde muito cedo a criança se utiliza principalmente da linguagem oral para se
comunicar. Antes de falar com fluência, as crianças já sabem utilizar a linguagem oral para
diversos fins: pedir, solicitar determinadas ações ou objetos, e expressar seus sentimentos,
perguntar ou explorar o mundo a sua volta.
Da mesma forma, mesmo antes de falar, a criança já começa a entender a fala das
pessoas que estão interagindo com ela. Porém a compreensão da linguagem é mais abrangente
42

que a capacidade de falar, e ocorre antes mesmo que a criança possa se expressar
oralmente. De acordo com o Referencial Curricular Nacional (1998, vol. 3, p. 135):

Uma das tarefas da educação infantil é ampliar, integrar e ser continente da fala das
crianças em contextos comunicativos para que ela se torne competente como falante.
Isso significa que o professor deve ampliar as condições da criança de manter‐se no
próprio texto falado. Para tanto, deve escutar a fala da criança, deixando‐se envolver
por ela, ressignificando‐a e resgatando‐a sempre que necessário.

Conforme a citação acima não basta deixar que as crianças falem; apenas o falar
cotidiano não garante a aprendizagem necessária. É preciso que as atividades de uso e as de
reflexão sobre a língua oral estejam contextualizadas em projetos de estudo. A linguagem
evolui dentro das possibilidades de cada aluno, quando o ambiente escolar favorece a expressão
espontânea, a criança se manifesta livremente sem problemas e sem ficar constrangida.

3.1 AS DIMENSÕES DO APRENDER A LER E A ESCREVER

A leitura seria um conjunto de habilidades e de conhecimentos, escrever, portanto


também seria um conjunto de habilidades, de comportamentos e de conhecimentos que
compõem assim o processo de produção do conhecimento. Letrado é aquele que aprende a ler e
a escrever e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, se envolvendo em práticas sociais de
leitura e de escrita (AUGUSTO, 2011).
Não basta apenas saber ler e escrever, ser alfabetizado. É preciso saber fazer uso do ler e
do escrever, respondendo às exigências de leitura da sociedade. É preciso ter a prática da
leitura, pois, para formar cidadãos interacionistas, é preciso conhecer a importância da
informação.
Durante muito tempo a alfabetização foi entendida como mera sistematização do N+A=
NA. Em uma sociedade que se constitui na grande parte por analfabetos é marcada por
reduzidas práticas de leitura e escrita, a consciência fonológica que permitia aos sujeitos
associar sons e letras para interpretar palavras parecia ser suficiente para diferenciar o
alfabetizado do analfabeto (KLEIMAN, 2001).
Fernandez (2001) comenta que com o tempo, a superação do analfabetismo em massa
faz surgir variadas práticas de uso da língua escrita. Tão fortes são os apelos que o mundo
letrado exerce sobre as pessoas, que já não lhes basta a capacidade de desenhar letras ou
decifrar o código da leitura. Seguindo a mesma trajetória dos países desenvolvidos, o final do
século XX impôs a praticamente todos os povos a exigência da língua escrita não mais como
43

meta de conhecimento desejável, mas como verdadeira condição para a sobrevivência e a


conquista da cidadania.
Hoje, tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se
engajar em práticas sociais letradas, respondendo aos inevitáveis apelos de uma cultura
grafocêntrica.
Compreender é conhecer o processo da construção e reconstrução do pensamento diante
da própria experiência, sendo, portanto, importante à interação desta para o redescobrimento de
uma ação. Para melhor compreender o processo de construção da escrita, se faz necessário
fazer uma abordagem sobre os níveis de construção da escrita que, de acordo com as
pesquisadoras e Emília Ferreiro e Ana Teberosk são: pré-silábico, silábico, silábico alfabético e
alfabético.
Inserir a criança no mundo letrado é permitir que ela seja a construtora de seu próprio
conhecimento, tendo em vista sua forma de conhecer e compreender o mundo que a cerca.
Nesse sentido, a escrita é uma linguagem representada, onde as palavras sobrevivem a todo
tempo guardadas pela memória da humanidade e transmite, por meios de ensinamentos
valiosos, todo o seu potencial através do processo ensino aprendizagem, os níveis conceptuais
linguísticos descritos por Ferreiro (1991, p. 65):

 NÍVEL PRÉ-SILÁBICO: Neste nível, escrever corresponde a reproduzir os


traços típicos que a criança identifica como escrita. Para a criança, nesse momento, a
escrita é uma forma de desenhar, não se estabelecendo nenhuma correspondência
entre a pauta sonora e a produção escrita; supõe que a escrita representa os objetos e
não seus nomes; usa letras de seu nome ou letras e números numa mesma palavra; faz
registros diferentes entre palavras modificando a quantidade, a posição e a variação
dos caracteres; caracteriza uma palavra com uma letra inicial; tem leitura global,
individual e instável do que escreve, supõe que para algo ser lido tem que ter no
mínimo três letras (hipótese da quantidade mínima de caracteres); supõe que para algo
poder ser lido precisa ter grafias variadas (hipótese de variedade de caracteres); não
existe uma relação entre fonema e grafema; cada letra pode valer pelo todo e não tem
valor em si mesma; a criança só escreve substantivos por terem significados.
 NÍVEL INTERMEDIÁRIO I: Essa fase caracteriza-se por um conflito. A
criança já conhece e usa alguns valores sonoros convencionais, além de alguns trechos
da palavra; só demonstra estabilidade ao escrever seu nome ou palavras que teve
oportunidade e interesse de gravar. Esta estabilidade independe da estruturação do
sistema de escrita; começa a desvincular a escrita das imagens e o número das;
conserva as hipóteses de quantidade mínima e da variedade de caracteres; começa a
ter consciência de que existe algum relação entre a pronúncia e a escrita.
 NÍVEL SILÁBICO: Nessa fase, a criança já conta os pedaços sonoros (sílaba)
e coloca um símbolo ( letra) para cada pedaço; já aceita palavras com uma ou duas
letras, mas com certa hesitação; utiliza uma letra para cada palavra ao escrever uma
frase; falta definição das categorias lingüísticas (artigo, substantivo, verbo, etc); maior
precisão na correspondência som/letra, mas não ocorre sempre; o essencial nessa fase,
é a sonorização da escrita, já supõe que a escrita representa a fala; pode ter adquirido,
ou não, a compreensão do valor sonoro convencional das letras; já supõe que a menor
unidade da língua seja a sílaba; o sujeito desse nível resolveu temporariamente o
problema da escrita, mas vai se defrontar, mais cedo ou mais tarde, com o problema
44

da leitura. Saber escrever, mas não poder ler, o que foi escrito, é fator gerador do
conflito de passagem para o nível posterior.
 NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO OU INTERMEDIÁRIO II: É mais um
momento conflitante, pois a criança precisa negar a lógica do nível silábico. É a
passagem da hipótese silábica para a hipótese alfabética. É o momento em que se
começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba; estabelece que partes
sonoras semelhantes entre as palavras se exprime por letras semelhantes. Nesse nível
existem duas formas de correspondência entre sons e grafias: silábica (sílaba é o som
produzido por uma só emissão de voz) e alfabética (análise fonética e/ou análise dos
fonemas, que são os elementos sonoros da linguagem e tem nas letras o seu
correspondente); compreende que a escrita representa o som da fala; combina só
vogais ou só consoantes, fazendo grafias equivalentes para palavras diferentes; pode
combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons,
sem tornar, ainda, sua escrita socializável; passa a fazer leitura termo a termo.
 NÍVEL ALFABÉTICO: Nesse nível a criança transpõe a porta do mundo e das
coisas escritas. Consegue ler e escrever o que pensa e fala; compreende a lógica da
base alfabética da escrita; compreende que cada um dos caracteres da escrita
corresponde a valores sonoros menores que a sílaba; conhece o valor convencional de
todas as letras, formando sílabas, palavras e frases, mas, às vezes, ainda não divide a
frase correspondência entre fonemas e grafias; compreende que uma sílaba pode ter
uma, duas ou três letras; pode omitir letras quando mistura a hipótese silábica com a
alfabética. Estar no nível alfabético não significa ainda saber escrever corretamente,
nem do ponto de vista ortográfico nem do ponto de vista léxico. Este é o marco que
Emília Ferreiro advoga como critério básico da alfabetização.

Segundo o autor acima é necessário um trabalho de auxílio aos docentes por parte de
especialistas e psicopedagogos escolares, no sentido de auxiliar e incentivar os professores a
inovarem suas teorias, a buscarem novas práticas para sua sala de aula, principalmente, quando
enfrentam problemas de aprendizagem dos alunos.

3.2 MÉTODOS SINTÉTICOS: DA SOLETRAÇÃO À CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

A ideia é ensinar os três tipos mais comuns de sílabas existentes em português, como
consoante-vogal (ba, na, ma), vogal-consoante (al, ar, na), consoante-consoante-vogal (fla, bla,
tra) (SCHWARTZ, 2008).
Ferreiro (1995) menciona que o objetivo maior da soletração é ensinar a combinatória
de letras e sons, partindo de unidades simples, as letras, o professor tenta mostrar que essas,
quando se juntam, representam sons, as sílabas, que por sua vez formam palavras.
O método tem os mesmos defeitos da soletração: ênfase excessiva nos mecanismos de
codificação e decodificação, apelo excessivo à memória e não à compreensão, pouca
capacidade de motivar os alunos para a leitura e a escrita. Cartilha da Infância (SCHWARTZ,
2008. p. 162):
45

Depois de mostrar as vogais e os ditongos, apresenta as sílabas va-ve-vi-vo-vu,


embaralhando-as nas duas linhas seguintes. Seguem-se palavras formadas de três
letras (vai-viu-vou) e finalmente onze vocábulos contendo as sílabas estudadas; cada
lição se completa com algumas frases sem ligação entre si, escritas sem a maiúscula
na palavra inicial e sem pontuação: “vovó viu a ave”, “a ave vive e voa”, “vovô vê o
ovo” e outras do gênero.

A ordem de apresentação: primeiro, as cinco letras que representam as vogais, depois os


ditongos, em seguida as sílabas formadas com as letras v, p, b, f, d, t, l, j, m, n. As chamadas
“dificuldades ortográficas” aparecem do meio para o fim da cartilha, incluindo os dígrafos, as
sílabas travadas (terminadas por consoantes), as letras g, c, z, s, e x. Ensina-se o aluno a
produzir oralmente os sons representados pelas letras e a uni-los para formar as palavras. Parte-
se de palavras curtas, formadas por apenas dois sons representados por duas letras, para depois
estudar de três letras ou mais. A ênfase é ensinar a decodificar os sons da língua, na leitura, e a
codificá-la, na escrita (SCHWARTZ, 2008).
Atualmente, os métodos fônicos tendem a apresentar pequenas frases, a partir da 2ª ou
3ª folha, para que os alunos desenvolvam gradativamente habilidades de leitura mais
complexas.
Os dois métodos fônicos propõem associações visuais e auditivas com a forma e os sons
das letras e têm o mérito de recomendar a utilização e recursos expressivos de voz,
gesticulação, desenho, teatro, etc. para despertar o interesse das crianças. Ambos giram em
torno de histórias contadas oralmente e o material escrito é muito controlado para apresentar
apenas as palavras cuja decodificação já foi, ou está sendo, ensinada. É preciso professores
experientes, com bons recursos narrativos, para dar vida a histórias didáticas, em que os sons
quando são associados à forma das letras, ou aos nomes dos personagens (FERREIRO, 1995).
A maior dificuldade de aplicar esses métodos é tentar articular o som das consoantes
isoladas, pois elas só ganham sons quando estão acompanhadas de uma vogal. Existem
algumas consoantes, como o (f) e o (v), que podem ser prolongadas com certa facilidade, dando
a impressão que se fundem com as vogais que as acompanham. A maioria das outras não é o
caso, pois essas só são ouvidas claramente quando acompanhadas das vogais (FERREIRO,
1995).
Cada palavra falada é formada por uma série de fonemas, representados na escrita pelas
letras do alfabeto e a percepção destes é desenvolvida no processo de alfabetização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desta pesquisa, foi possível perceber sobre os contos de fadas, que não
nasceram voltados diretamente para o público infantil e sim foi desenvolvendo esta escrita para
as crianças ao longo dos séculos, até se tornar próprio ao público infantil.
Este trabalho permitiu entender que contar histórias de contos de fadas não significa
apenas abrir um livro e apresentar figuras, mas sim estimular a imaginação e curiosidade,
desenvolvendo sua inteligência e suas criatividades, pois, enquanto a criança lê um conto de
fadas, ela se diverte e desperta sua imaginação, que favorece a sua personalidade.
A literatura infantil é fundamental para se formar alunos leitores e, junto com a família,
professores têm grandes chances de formar alunos leitores críticos, competentes e que apreciem
o mundo da leitura. Quando se faz um trabalho significativo, percebe-se um fator construtivo
no desenvolvimento do leitor, que estimula e favorece o trabalho enriquecedor que a literatura
infantil propicia.
Foi possível fazer uma reflexão sobre a importância da literatura infantil na formação de
alunos leitores. As pesquisas possibilitaram compreender como surgiu a literatura infantil desde
seu início até sua chegada ao Brasil, destacando-se Monteiro Lobato que pôde proporcionar e
ainda possibilita uma literatura de qualidade.
O papel da família e professores é de suma importância para que se possam juntos
formar alunos leitores competentes. A família com seu papel de apresentar desde cedo aos seus
filhos o contato com os livros, com as estórias, possibilitando que esses leitores sejam mais
desinibidos, estimulando e sendo parceiras com os professores para que juntos desenvolvam
alunos leitores fluentes e que apreciem uma boa leitura.
Diante do estudo de alguns autores pode-se dizer que alfabetizar lembra ensinar o
código alfabético e letramento como familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da
leitura e da escrita. O importante é perceber que alfabetizar e letrar são processos distintos,
porém, interligados.
Os autores ainda comentam que é possível alfabetizar letrando, isso é, podemos ensinar
as crianças a ler, conhecer os sons que as letras representam e ao mesmo tempo se inserir ao
método científico da alfabetização diante da escrita necessária ao processo de ensino. A criança
precisa superar o seu desenvolvimento de competências individuais, passando a compreender e
reconhecer que ser alfabetizado é capaz de tornar a leitura e escrita no cotidiano como um meio
de conhecer, interagir na realidade, tornando-se praticamente defensor deste processo.
47

Defende-se a opinião de que é preciso proporcionar à criança a oportunidade de expor


suas ideias, enfatizando o processo dialógico, e a partir desta interação, compreenda-se o
funcionamento social da linguagem e da escrita. É necessário, ainda, reconhecer que na relação
com o meio e com o lúdico, de forma especial, as crianças possuem muitas formas de
internalizar os conhecimentos necessários.
48

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ANEXOS

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